Fanfic: Eu odeio amar você | Tema: Original

– Você tem certeza de que não quer ficar aqui comigo? – apenas balancei a cabeça, me negando a ficar – não foi uma boa ideia te levar aquele lugar.

– Não repita isso – minha voz estava tão rachada – você me deu um presente, não se preocupe com meu excesso de lágrimas, é que... Eu estava precisando chorar. – continuei encarando o vazio a minha frente.

– Tenha uma boa noite. – ele segurou minha mão e a beijou carinhosamente.

– Obrigada por hoje, você foi incrível. – sorri e apesar da sinceridade nas minhas palavras meu gesto soou falso.  

Dirigi para casa e quanto mais o ponteiro da velocidade subia, mais longe eu estava, sabe aquela sensação de que você nunca vai chegar? Comecei a sentir uma aflição que tomava conta do meu corpo, minhas mãos tremiam, meu estomago dava voltas e voltas e graças a Deus consegui chegar a salvo, nunca senti tanta dificuldade para desafivelar o cinto de segurança, caminhei em volta do jardim e percebi uma movimentação na sala, decidi entrar pelos fundos para evitar os questionamentos dos meus familiares, infelizmente tropecei em minhas próprias pernas e cai de joelhos na grama molhada, eu nunca pensei que isso poderia acontecer comigo, talvez fosse à adrenalina que estava sentindo.

– Precisa de ajuda? – me levantei rapidamente – o que aconteceu com você?

– Não foi nada. – continuei andando, mas ele me puxou.

– Foi àquele cara não foi? O que ele fez? – seu semblante estava sério – me fale agora! – impôs.

– Meta-se com a sua vida! – porque era tão difícil continuar forte? Eu não queria chorar, mas foi impossível me conter.

– Me conta o que foi que fizeram com você. – João me abraçou forte.

– Hoje... Eu vi o Daniel – ele pareceu entender como eu me sentia e me apertou ainda mais forte em seus braços – doeu muito. – solucei.

Meu corpo desabou no gramado e o João continuou ao meu lado, calado me deixando chorar a vida inteira se assim eu quisesse, então ele me ergueu em seus braços e eu aninhei meu rosto em seu peito subindo as escadas lentamente, pude escutar algumas vozes ali perto, mas ninguém apareceu, foi quando notei que estávamos usando a escada que dá acesso a cozinha, quando chegamos ao meu quarto ele me colocou em minha cama e se sentou ao meu lado suas mãos acariciavam meu rosto.

– Sinto muito – ele suspirou – todos foram muito magoados, deve ser difícil para ele agora, eu acredito que um dia todos vão se perdoar. – esse era o João de dez anos atrás, o cara por quem eu me apaixonei.

– Eu espero que ele me perdoe.

– Ele vai não se preocupe – ele retirou meus tênis e os jogou no chão – não é tão fácil para vocês dois recomeçar, tente não forçá-lo a lhe aceitar, ele deve esta precisando de espaço... E tempo.

– Ele perdeu peso – comentei – seu semblante está abatido e se estiver precisando de dinheiro?

– Se quiser eu posso ajuda-lo?

– O Daniel não faz o tipo que aceita ajuda dos outros. – funguei.

– Nós fomos amigos no passado e em nome dos ve...

– Esqueça! O passado foi enterrado e não há nenhuma lembrança que valha a pena. – cortei sua linha de raciocínio o que o fez se calar.

Senti sua respiração em minha nuca e suas mãos me envolverem, senti a tensão fluir do meu corpo, por mais que toda essa situação exigisse nervosismo me senti confortável e segura, pois o homem que estava deitado ao meu lado não era o falso que eu havia conhecido fazia duas semanas meu começou corpo a relaxar ao toque dos seus lábios em minha pele, seus beijos foram ternos e suaves me trazendo a calmaria de que tanto precisava e logo o sono me venceu.

…Today I don't feel like doing anything…

…I just wanna lay in my bed…

– Caralho! – meu corpo quicou na cama, mas era eu quem deveria esta xingando naquele momento, chequei meu relógio ao lado da cama, quem liga para os outros em plena duas horas da madrugada?

– Não vai atender? – o quarto estava escuro, mas a tela do celular iluminava seu rosto, ele desligou. 

– Preciso ir embora! – juro que pensei em pedir para que ficasse, porém meu orgulho era muito maior e deveria ser a noiva dele, afinal quem mais podia ser? – você esta se sentindo melhor? – ele se aproximou de mim e eu simplesmente não tive reação – não vai me responder?

– Estou... Bem... – aquela sensação de não poder sentir meu coração bater, voltou.

– Tenha uma boa noite.

Ele beijou a minha mão, a testa e a minha bochecha, sua respiração aumentou e eu podia sentir seu hálito quente em meu rosto, seus lábios receosos se aproximaram dos meus – engoli seco – já esperava sentir toda a loucura que seria beijá-lo novamente, seus lábios tocaram ligeiramente os meus, seus dedos desenhando círculos em minha nuca...

…Today I don't feel like doing anything…

…I just wanna lay in my bed…

– Se quiser que eu fique por essa noite, basta pedir. – por essa noite? Era muito pouco, nunca se tratou de apenas uma noite, eu sempre desejei mais.

– Eu vou ficar bem – foi impossível esconder uma nota de tristeza em minha voz – só preciso dormir.

– Até amanhã. – ele também pareceu decepcionado, mas não se demorou em me deixar.

Cai na cama quando seus braços me soltarem, João caminhou em direção à porta e se foi, coloquei as mãos junto ao rosto e soltei o ar pela boca, o que estava acontecendo comigo? Toda vez que esse homem aparece na minha frente eu perco o senso e fico totalmente despirocada, eu realmente preciso manter a compostura, de repente os doze trabalhos de Hércules pareciam simplórios e insignificantes.