Fanfic: Eu odeio amar você | Tema: Original

– Alô. – sua voz era um misto de chateação e tédio.

– Preciso de você. – ele respirou profundamente.

– Agora você precisa de mim? Desculpe vou está muito ocupado.

– Quer que eu implore? – fiz beicinho.

– Quem sabe mais tarde quando estiver na minha cama. – agora ele parecia o meu Vitor.

– Desculpe, mas você não faz ideia dos problemas que me aconteceram.

– Vamos simplesmente esquecer, esteja linda hoje à noite, pois a festa é importante.

– Tem alguma regra sobre o traje?

– Esteja sexy e você será o centro das atenções.

Corri em direção ao meu closet, as portas a direita era dedicada às roupas de festa, que eu praticamente não abria, mas tinha tudo que qualquer mulher fosse desejar, eu não ganhava bem, mas como já havia terminado os estudos e meu carro havia sido um presente, decidi gastar meu dinheiro comprando roupas, sapatos e acessórios o lado ruim disso tudo é que as oportunidades eram nulas, felizmente o meu namoro com o Vitor me deu a chance de usá-las, e eu já sabia qual seria o vestido campeão, soltinho e bordado com pedrarias, um pouco acima do joelho, com um belo decote nas costas – gastei o meu salário de dois meses inteiros para tê-lo – peguei minhas sandálias de tiras e coloquei tudo dentro da bolsa eu não queria que ninguém soubesse da festa, desci as escadas e caminhei em direção à porta:

– Aonde você vai? – papai falou por cima dos óculos.

– Vou à pizzaria com umas amigas. – ele sabia que eu não tinha tantas amigas, mas mesmo assim deu de ombros.

– Que horas volta?

– Não sei, é que a Débora pediu para eu ir buscá-la, pois o senhor sabe não é... Esse negócio da lei seca tá pegando todo mundo e ela não quer perder a carteira, se ficar tarde para voltar talvez eu durma na casa dela. – eu estava tranquila, nada como mostrar um “tô nem ai” para deixar seu pai mais calmo.

– Sua mãe já sabe? – droga!

– Já sim, tchau pai!

Caminhei com toda a calma de quem iria dar um passeio com as amigas em direção ao meu carro, minhas mãos estavam tremendo, não gostava de ter que ficar mentindo, mas meus pais são tão chatos! Eles nunca entendem que nós vivemos em um mundo moderno, que eu tenho vinte e seis anos, sou adulta e responsável e quer saber? Não importa! Eu não conseguia ser dona do meu próprio nariz ao menos por enquanto, é complicado esse controle que eles impõem, não podia fazer tudo o que eu gosto – sem mentir – ou sair com quem eu gosto isso é tão chato.

– Você não pretende ir vestida assim? Ficou maluca?! – Vitor já estava pronto, usando jeans, uma camisa de botão rosa chá e um blazer.

– Tudo o que eu preciso esta bem aqui, fico pronta em um minutinho. – sorri enquanto dava tapinhas na minha bolsa

– Nós sabemos que você não vai ficar pronta em um minutinho. – ele se sentou no sofá ligando a televisão.

Corri em direção ao quarto dele, decidi tomar um banho rápido passar óleo perfumado no corpo para dar brilho, eu não tinha secador por aqui e também não queria chegar de cabelo molhado, então fiz o truque que qualquer uma faria em minhas condições, ensopei meu cabelo no gel fiz um topete bem sutil – com o pouco de franja que restava no meu cabelo – colocando um grampo de cada lado, como minha pele possuía um belo tom de avelã não exagerei no blush dei apenas um toque bronzeado, olhos negros batom vermelho, vamos ao vestido? Nossa eu nunca havia me sentido tão poderosa, meus brincos dourados deram um charme final e majestoso.

– Como eu estou? – fiquei de costas e fiz uma pose de mulher fatal, Vitor me olhou da cabeça aos pés.

– Tão linda que estou quase desistindo de ir... Para onde mesmo? – gargalhei.

– Nem pensar, hoje eu vou arrasar! – dei mais um giro, tentando não perder o equilíbrio com as minhas sandálias de salto alto.

Peguei as chaves do carro, como eu não costumo beber álcool sempre, Vitor preferia que eu ficasse ao volante – ser a motorista da vez, já que ontem eu extrapolei – peguei minha clutch coloquei um batom, meus documentos e celular, um cartão de crédito, porque nunca se sabe quando vou precisar de dinheiro.

– Essa festa é tão importante assim? – chequei o espelho retrovisor do carro.

– Sim, é para a marca de jeans que eu trabalho.

– Vai ter fotógrafos não vai? – segurei um pouco mais firme no volante.

– Sim, mas não se preocupe, eu já sei que sei pai não gosta de saber que a filha dele mentiu e ainda por cima acabou saindo na capa de uma revista – ele sorriu pra mim – nós vamos entrar pelos fundos, já falei com a Priscila e esta tudo acertado. – ele enterrou um boné em sua cabeça.

– Trabalhando disfarçado?

– Se eles me reconhecerem vão querer tirar fotos, todos sabem que eu sou o fotógrafo da marca e antes disso eu fui modelo para grandes grifes, sou do tipo que não passa despercebido, entre a direita aqui, já estamos quase chegando.

É ele sabia muito bem como não atrair olhares, usamos o estacionamento privativo do hotel, havia maios ou menos uns cinco carros por lá também, afinal não era só eu que não podia ser vista acompanhada.

– Então deu tudo certo?

– Você é ótima Priscila! – ele a abraçou gentilmente fazendo-a soltou um breve suspiro de encantamento.

A festa ficava na cobertura, o restaurante possuía uma vista linda da cidade, um DJ comandava o som, não havia ninguém da imprensa lá dentro – as entrevistas eram feitas no lobby do hotel assim como a divulgação da nova coleção – os próprios convidados tiravam fotos com seus celulares e publicavam na internet, tratava-se apenas de uma reunião entre amigos, nada muito badalado:

– Pensei que fosse uma daquelas festas que você sempre costuma ir. – falei em seu ouvido.

– A Priscila Muniz costuma reunir os amigos e colegas de trabalho às vezes, dona de uma marca consagrada ela gosta de mostrar que pode tudo, sendo sempre discreta, alguns famosos gostam de manter sua vida pessoal guardada a sete chaves – nos caminhamos em direção a piscina – ela consegue dar o que eles querem, privacidade.

– Deve ser complicado assumir a homossexualidade quando se é um ator machão para o público. – observei o casal de longe.

– Você sabe que não deve comentar esse tipo de assunto, lembre-se esta festa é como o velho ditado ‘o que acontece em Vegas, fica em Vegas’.

– Não esqueça que eu também faço parte da minoria. –o abracei encostando meus lábios de leve nos seus, meu batom era vermelho não podia manchá-lo.

– Felipa?! – Mas que diabos!!! O que ele estava fazendo aqui? Me seguindo?

– Oi! – não consegui reagir.

– O que você faz aqui? – opa! Não era eu quem devia esta fazendo essa pergunta?

– Fui convidada! – Vitor não estava gostando nem um pouco de me ver conversar com outro homem com tanta intimidade – João esse é o aqui Vitor Diniz.

– Seu namorado? – nós erámos namorados, mas de jeito novo, nosso relacionamento era diferente, moderno talvez.

– Sim – Vitor percebeu que eu havia travado, suas mãos se posicionaram em minha cintura.

– Engraçado, por que será que a Felipa não comenta de você para a família? – João parecia estranho, ele estava tentando nos fazer brigar?

– Nós não precisamos da aprovação de outras pessoas, ela me quer e isso basta para mim.

– Em si tratando da Felipa, ela nunca sabe o que quer – seus olhos fitaram os meus – o que você deseja realmente? Poderia ser eu. – ele queria uma declaração que eu... Nem um milhão de anos daria.  

– É melhor aceitar a derrota, porque é na minha cama que ela deita. – gente! Mas o que é isso?

– Para dormir? Suponho. – putz!!! Que jogada traiçoeira.

– Me deixe explicar de uma forma direta, os ruídos que eu ouço dessa mulher são de puro prazer. – Vitor me levou para dentro da festa novamente, João ficou transtornado com aquela afirmação e havia perdido o folêgo.

– Você enlouqueceu? – minhas mãos tremiam – não precisava dizer aquilo.

– Eu vi como ele te olhou – como? – ele tentou lhe intimidar, nosso relacionamento não é baseado em aliança, namoro ou casamento, nós sabemos o que queremos, e parece que esse tal de João ainda consegue mexer com você.

– Hein? – preciso parar com esse tique de me fazer de surda.

– É ele não é, o seu primeiro amor? – ele me encarou e eu me senti confusa – não me diga que já se esqueceu de ter falado comigo sobre esse assunto? Ele se parece muito com a fotografia que você me mostrou.

Que merda! Eu tinha me esquecido completamente sobre aquela noite em que conversamos e admitimos quem um dia já amamos alguém, Vitor me falou sobre sua primeira namorada e como ela o fazia se sentir atualmente ela esta casada e com filhos, e eu comentei sobre o João acabei mostrando uma foto da família reunida na época em que minha irmã e ele ainda eram namorados:

– Desculpe, mas é que eu fiquei nervosa, ele conhece meus pais e pode comentar sobre a festa.

– Pare de agir feito criança! Eu gostaria que você não tivesse tanto medo assim, é tão difícil ser filha dos seus pais?

– Sei lá, eu quero respeitá-los, mas ao mesmo tempo eles não me respeitam não me deixam ser quem eu quero ser.

– Se imponha! – sinceramente eu não queria ter este tipo de conversa aqui, nós estávamos em uma festa e eu estava precisando relaxar, ele percebeu meu olhar distante – vou pegar um pouco de suco já que você não pode ingerir nada alcoólico. – um sorriso tranquilizador surgiu em seus lábios.

Esfreguei meus braços, eu queria não me sentir incomodada, mas não tinha como esconder meu embaraço, respirei profundamente algumas vezes, afinal por que ficar assim? Eu estava linda e em uma festa com convidados famosos, mantenha a postura garota!

– Não gosto dele. – ele encostou seus lábios próximos ao meu ouvido, senti meu corpo inteiro se arrepiar, acalme-se droga!

– Graças a Deus já pensou se eu tivesse que concorrer com você? – quando virei meu rosto percebi a burrada que fiz, meus lábios estavam próximos demais dos seus, senti sua mão passear pelo contorno das minhas costas.

– Você sabe muito bem quem esta na disputa aqui. – Jesus! Minha Nossa Senhora dos homens lindos e maravilhosos!!! Por favor, me salve!!!!!!

– João! – ele me soltou com muito custo e então eu a vi e meu Deus como conseguia ficar mais linda? – O que você faz aqui? – ela me encarou.

– Fui convidada. – quantas vezes eu teria de repetir essa frase hoje?!

– Aqui está. – Vitor me entregou um coquetel de frutas.

– Vitor Diniz? – ela sorriu como um tubarão.

– Nicole você esta linda! – ele tentou parecer gentil.

– Obrigada querido, e você continua perfeito. – ela falava como se os dois já houvessem transado.

– João esse é o...

– Vitor nós já nos conhecemos. – ela ficou pálida.

– Como?!

– Ele namora a Felipa. – seu maxilar travou.

– Inacreditável. – ela uniu as mãos tentando aquecê-las.

– É um bom adjetivo para esta noite, vamos pra casa Felipa? – Vitor apertou a minha cintura.

– Sim. – Graças a Deus!

– Você tem amigos perigosos. – ele murmurou enquanto andávamos em direção ao elevador, depois mordiscou meu pescoço.

– De onde você a conhece?

– Fizemos alguns trabalhos juntos, quando éramos adolescentes, nós tínhamos o mesmo agenciador.

– Humm...

– Não fizemos sexo se é isso que deseja saber! – ele pressionou meu corpo na parede de metal do elevador – já com você... – suas mãos lentamente subiam meu vestido.

– Nem morta que eu vou fazer isso aqui, com uma câmera apontada pra nós dois. – ele virou seu olhar para encarar o meio globo preto encaixado bem a nossa direita.

– Eu posso esperar. – ele deu seu famoso sorriso torto.