Fanfic: CONTRA O TEMPO | Tema: tema livre, de minha própria autoria.

— Minha mãe, me acordou cedo, diria cedo até demais, poderia ter me deixado dormir pelo menos mais uma hora, afinal eu nunca tive certas frescuras, abro o guarda-roupa e escolho a peça menos zoada e a visto, sempre foi assim, não faço questão nenhuma que me admirem, de preferencia nem me notem, era meu primeiro dia de aula, inicio de ano letivo e escola nova, o conjunto perfeito para a pratica do bullying. 

— Não vai tomar café de novo? — Minha mãe perguntou. — To sem fome, tenho uns trocados, qualquer coisa eu compro um lanche. Enfiei a mão no bolso da jaqueta e tirei dois dólares, era tudo o que eu tinha para o tal lanche. Não que eu realmente me importasse, porque afinal de contas eu realmente tinha um problema "sério" com sentir fome e isso com certeza estava diretamente ligado com a minha magreza excessiva.

— Por isso suas notas são um verdadeiro desastre, não da pra pensar direito com a barriga doendo de fome.
— Minha mãe insistiu.
— Tá legal mãe, to pegando um" negócio" aqui. Peguei minha mochila e coloquei nas costas, me despedi da minha mãe e em seguida peguei uma maçã e guardei na mochila, não estava acostumada a comer naqueles horários, mas por via das duvidas ali estava a maçã.
— Parti para a escola, que por sinal não ficava a mais de 2 quarterões da casa onde atualmente moro, digo atualmente porque minha mãe e eu vivemos de aluguel, então bem provavelmente que em 5 ou 6 meses quando vencer o contrato, já estaremos de mudança novamente.

Quando por fim cheguei no portão do colégio, de longe já consegui avistar a corja de descerebrados que fazia fileira na escadaria. Será que eles realmente não tinham nada melhor pra fazer? em que momento da história isso se tornou uma pratica americana? Se eles não fossem tão idiotas talvez desse até um caldo, como diria minha mãe. Com certeza eu quis rir desse pensamento tosco que tive quando comecei a subir os degraus da longa escadaria.
    Mas até que o garoto malhado não era nada mal, o encarei por um milésimo de segundos e voltei a fitar o chão enquanto subia. Eles falavam todos juntos, ao mesmo tempo, mas era possível ouvir as piadinhas sem criatividade que fizeram ao meu respeito, pena que eles não sabem é que eu já ouvi todas essas piadas, desde que entrei no pré escola com 5 anos, não tenho memória de algum ano que eu não tenha sofrido algum tipo de bullying.

Porem sempre fui adepta do foda-se, aprendi convivendo com minha mãe, que foi abandonada pelo meu pai assim que descobriu estar gravida de mim, a típica mulher que sofreria e choraria horrores nas novelas, ao contrario da minha boa e velha mãe a Sra. Rebecca Anderson que foi mais homem do que muito homem.

Quando finalmente encontrei minha sala, o sinal já tinha batido, como é que eu demorei tanto?
Se antes eu queria que ninguém notasse minha existência, agora esse desejo havia caído por terra. Adentrei a sala que por sinal estava quase completa, com exceção de alguns lugares vagos, dei uma rápida olhada procurando um bom lugar pra me sentar, afinal de contas eu passaria um bom tempo naquele lugar, nada mais justo que fosse no canto, assim eu poderia me recostar na parede e quem sabe até tirar um cochilo nas aulas de física e química.

— Bom dia, como se chama a senhorita atrasada?
— Foi a forma debochada com que a professora falou se referindo a mim e ao meu atraso.
— Elle...Elle Anderson, eu de fato estava muito constrangida com aquela situação.
— Ok Elle! Sente-se, por favor. — Falou enquanto anotava algo em uma folha, acredito eu que seja a lista de chamada.

Escolhi um lugar e me sentei, não demorou muito tempo pra professora começar a tagarelar sem previsão para parar, aula de Biologia, realmente seria muita sorte se o primeiro dia de aula tivesse começado com aula de educação fisica. Minha cabeça parecia que iria explodir a qualquer momento, foda-se todas as formas de vida, foda-se as células, eu só queria minha cama pra dormir.

A segunda aula já estava começando quando um grupo de mais ou menos 6 alunos chegaram a sala, apenas uma menina dentre eles, a professora não falou nada, apenas pediu que se sentassem. E no fim das contas eu era a SENHORITA ATRASADA, o mundo parece conspirar contra mim, 4 deles sentaram-se no fundo da sala, um dos meninos sentou pelo meio e o outro no lugar vago exatamente a minha frente. As horas simplesmente esqueceram de passar e a professora estava tão empolgada falava tão rápido que mal respirava, tive a sensação que a qualquer momento ela poderia cair dura sem ar, minha imaginação fértil tratou logo de colocar aquele pensamento macabro em imagens, então ali estava a professora de Biologia estirada no chão, pelo menos nos meus devaneios.

— Se ela continuar falando, talvez eu dê um tiro na cara dela.
— Falou o menino da frente se virando para trás.
— Eu apenas ri do comentário, afinal não era a única a desejar a morte da Srta. Mishell. Foi torturante demais eu diria, mas finalmente havia acabado as três aulas árduas de Biologia, eu estava tão atordoada, a voz dela ecoava dentro da minha cabeça, o sinal que indicava o intervalo tocou, mal tive coragem de me levantar, fui para o refeitório como um zumbi me arrastando, para variar eu não estava com fome, mesmo assim resolvi me sentar, mirei uma mesa vaga e foi lá mesmo que sentei.

— Olá, posso me sentar? — Falou a menina que segurava uma bandeja abarrotada de comida.— Senta ai, respondi não quis ser antipática apenas estava grogue de sono.
— Como se chama?
— Para o meu desespero ela queria mesmo conversar.
— Elle, respondi e me senti na obrigação de devolver a pergunta, afinal de contas pelo menos um pouco da educação que minha me deu eu absorvi. Ela se chamava, Lisa Allen, tinha 15 anos e estava no 2º colegial, exatamente como eu, não fui eu que perguntei todas essas informações, mas ela fez um relatório da vida dela quando eu perguntei por educação qual era seu nome. Lisa realmente gostava de conversar, o bom disso tudo é que ela não se importava se eu ficasse calada apenas a ouvindo falar, bom fingindo prestar atenção.

O intervalo acabou, eu mais que imediatamente me encaminhei pra minha sala, durante todo o trajeto Lisa falou sobre si, ela era um "pouco egocêntrica" mas até que era legal, me despedi da mesma e entrei na minha sala, ela fez o mesmo. A professora ainda não estava ali, me sentei no meu lugar, o garoto a minha frente estava sentado de lado, com as costas apoiada na parede e com as pernas esticadas, tive que passar por cima, pois ele não fez questão nenhuma de abrir caminho.

— Você é nova nessa escola certo? — Ele perguntou e eu assenti com a cabeça.— Então onde estudava antes? Você é de Nova York ou veio de outro estado?
— Eu...eu era de Alphabet City é um bairro pequeno dentro de East Village a leste de Greenwich Village.
— Expliquei tentando me fazer entender, já que o fato de Alphabet City ser um bairro dentro de outro bairro sempre gerava algumas dúvidas.
— Maneiro eu conheço muito bem Alphabet City é um bairro tipicamente alemão, você é de descendência alemã?
— Ele perguntou. — será que estava se baseando no fato da minha pele ser extremamente branca num tom pálido e meus cabelos serem muito mais loiro do que a maioria dos americanos? — Não. — falei praticamente entre os dentes.
— Eu jurava que era, me desculpa mas você é tão diferente. — Sem problemas. — falei e depois fiquei por um bom tempo pensando em que sentido ele quis dizer que eu era "tão diferente".

Enfim a Professora de Matemática entrou na sala, realmente o primeiro dia de aula foi escolhido a dedo pelos diretores, Biologia e Matemática a combinação perfeita.
Meu sono tinha passado e consegui focar um pouco na aula, afinal esse ano eu pretendia tirar notas melhores para agradar minha mãe, mas é tão complicado tirar notas boas quando você muda de colégio a cada 6 meses.

Talvez ter prestado atenção na aula fez com que as horas parecessem passar mais rápido e o sinal que anunciava o final do dia letivo tocou.
Obviamente não hesitei, peguei minha mochila e sai mais do que depressa da sala, meus materiais eu já havia guardado pouco antes do sinal bater.

Andei rápido pelos corredores, para ser franca eu queria mesmo sair dali, o problema não era com essa escola, o problema era com todas as escolas do mundo, nunca fui do tipo simpática, por ser retraída e reservada nunca fui uma pessoa de muitos amigos, então colégio pra mim sempre foi torturante, mas pelo menos agora posso chegar em casa e passar o resto da tarde na internet e continuar a ler alguns livros de ação e mistério que comecei.

                                                      .... 

                                                     Pessoal, comentem por favor!!!
                                           preciso saber se tem alguém acompanhando rsrs