Fanfics Brasil - 15 - Então Eles Eram... Subordinada Ao Prazer

Fanfic: Subordinada Ao Prazer | Tema: Once Upon A Time


Capítulo: 15 - Então Eles Eram...

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O sol brilhava através da janela mais próxima, e eu acordei sentindo-me mais bem disposta desde meu desastrado encontro com a champanhe envenenada. Espreguicei-me debaixo das cobertas antes de puxá-las para o lado e ficar de pé sobre o tapete. Na cabeceira de minha cama repousavam uma toalha e um roupão, assim como uma elegante maleta cinza que presumi que fosse minha. Em seguida, meu estômago roncou lembrando que eu tinha rejeitado uma refeição antes de ir para a cama. Decidindo deixar o banho para depois, desci as escadas, esperando encontrar Robin lá embaixo.


Infelizmente, era Will quem estava ao pé da escada, sentado em um banquinho que parecia deslocado naquele lugar. Ele ficou de pé no momento em que cheguei ao piso inferior.


— Bom dia.


— Bom dia – respondi cautelosamente.


Sem saber muito bem o que eu deveria fazer, dei a volta e entrei na cozinha, mas também não vi Robin por lá. A luz do sol brilhava por trás dos vidros opacos e eu franzi a testa.


— Que horas são? – perguntei.


Ele olhou para o relógio antes de responder:


— São nove e meia.


Pisquei para ele, surpresa.


— Espere, você quer dizer que são nove e meia da manhã? – E quando ele assentiu com a cabeça, perguntei incrédula: — Mas então por quanto tempo eu dormi?


— Aproximadamente dezesseis horas.


Não era de admirar que eu estivesse me sentindo bem. Deixando escapar um suspiro rápido, verifiquei o interior do refrigerador.


— E onde está Robin?


— Está averiguando algumas possíveis pistas. Deixou o complexo cerca de duas horas atrás.


Lancei-lhe um olhar enquanto apoiava um litro de leite na bancada da cozinha.


— Quer dizer que ele deixou você aqui para tomar conta de mim, é isso?


Quando Will assentiu de novo, engoli em seco o meu desapontamento e me dirigi até a despensa. Não seja boba, ele provavelmente não quis acordar você quando foi embora. Mas, pensando no comportamento arisco de Robin no dia anterior, fiquei confusa. Eu queria desesperadamente encontrar alguém para me abraçar e me dizer que tudo estava bem.


Só que nem tudo estava bem, um fato contra o qual eu estava lutando havia um bom tempo. Um problema de cada vez, Regina, disse a mim mesma, abrindo uma das portas da despensa.


Alguns minutos mais tarde, eu comia os cereais com leite que tinha encontrado, olhando para meu novo guarda-costas que lia uma revista de armas. Ele parecia me ignorar, mas de vez em quando eu o percebia tocando o fone preso ao ouvido e sabia que estava conectado com seus homens lá fora. Observei-o por alguns minutos e então apontei a colher em sua direção.


— Sua esposa me disse que você e Robin foram rangers no exército.


Will resmungou sem levantar seu olhar da revista. Outro homem de poucas palavras, pensei, lembrando-me do primeiro passeio de limusine na França e como ele tinha permanecido em silêncio também daquela vez. Recordando que tinha visto aquele homenzarrão mancando quando nos encontramos pela primeira vez, tentei outra abordagem e gesticulei em direção à parte inferior de seu corpo.


— Como você feriu sua perna?


— Uma missão azedou.


— Vocês estavam juntos, você e Robin?


— Não, aconteceu depois que ele partiu.


— Por que ele foi embora?


— O pai tinha morrido.


Receber respostas daquele homem era como arrancar os dentes, mas, como ele estava falando, persisti:


— O que Robin fazia nos rangers?


— Atirador de elite.


Minhas sobrancelhas se ergueram. Sério? Digeri aquela informação por um minuto, mastigando os cereais, e então perguntei:


— E o que aconteceu quando ele foi embora?


O homenzarrão ficou quieto por alguns momentos; permaneci em silêncio também, esperando que ele se abrisse, o que ele finalmente fez:


— Emputeceu um monte de gente.


Minha mandíbula parou de funcionar e eu engoli a comida.


— Por quê?


— Ele se mandou. Encontrou uma brecha legal, ou fez pressão sobre as pessoas certas para conseguir sua baixa completa. A maioria das pessoas achou que ele tinha se vendido, abandonado seu posto. É difícil você se tornar um ranger, e ele simplesmente desistiu de tudo.


— E o que você pensou?


Will olhou para mim.


— Deixei minha opinião sobre isso muito clara para ele.


— Então você também não gostou da ideia? – perguntei, supondo que era isso que ele estava querendo dizer.


Will deu de ombros, voltando os olhos novamente para a revista.


— Ele desistiu de uma vida que muitas pessoas sonhavam ter, abandonando sua equipe. Sim, eu tinha algumas ideias sobre o assunto.


— Mas, então, como se tornou o chefe de segurança dele?


Will suspirou, apoiou a revista no balcão e em seguida virou-se para mim. Apesar de sua carranca, ele estava respondendo às minhas perguntas, e então tentei não me sentir culpada pela insistência.


— Depois que sofri meu acidente, Robin apareceu no hospital. Ofereceu um emprego caso o exército não me quisesse mais. Eu disse a ele para dar o fora e ele se mandou. Eis que, alguns meses depois, eu recebi minha baixa e Robin deu as caras de novo, me oferecendo a chance de montar aquele negócio que a gente costumava falar que iria abrir depois que se reformasse.


— O negócio da empresa de segurança?


Will assentiu.


— Robin deu o capital inicial, mas eu espero comprar a parte dele logo...


— Mas por que acabar com a parceria? Vocês dois não se dão bem?


Will encolheu os ombros.


— Ele tem peixes maiores para pescar e eu prefiro cuidar do negócio sozinho.


Essa informação parecia concluir o assunto, mas eu ainda estava curiosa.


— Como era o Robin naquela época?


— Jovem. – Ao encarar a minha expressão divertida com essa resposta, um início de sorriso contraiu um dos cantos da boca de Will. — Ele sentia necessidade de se auto afirmar constantemente – continuou, pensativo. — Ele sempre quis estar na vanguarda de qualquer coisa, por isso foi uma surpresa quando decidiu ser um franco-atirador. Isso o ajudou, eu acho, a aprimorar a paciência. – Will inclinou a cabeça para o lado. — Ele nunca foi o centro das atenções, mas sabia como relaxar. Desde a morte do pai, no entanto, acho que não tem tido muito tempo para fazer isso.


Perdida por cem, perdida por mil... Minhas perguntas estavam sendo respondidas, então achei que poderia perguntar mais uma coisa que estava revirando na minha cabeça:


— E aquela tal de Marian? Como eles chegaram a ficar juntos?


Os olhos de Will se estreitaram e ele me olhou sério. Mastiguei outra colherada de cereais, tentando ao máximo demonstrar toda minha inocência.


— Provavelmente eu não deveria lhe contar nada sobre isso – murmurou ele.


Continuei mastigando, dando a ele um olhar de expectativa. Demorou um minuto, mas ele finalmente revirou os olhos e respondeu:


— Robin tinha algum grande lance sendo negociado com russos e precisava de alguém para fazer as traduções, tanto na comunicação escrita quanto na oral. Marian se encaixava bem nisso e se tornou a nova assistente pessoal, e a anterior foi transferida para uma posição administrativa.


— Então eles eram...


Amantes? Eu não conseguia me obrigar a falar isso sem rodeios e não tinha certeza de quanto aquele guarda-costas sabia de meu relacionamento com Robin. Fiquei roxa de vergonha sob o olhar investigativo do homem, despejando mais um pouco de cereal em meu prato, mesmo estando completamente satisfeita.


— A relação pessoal entre eles dois nunca foi de minha conta. O que posso dizer é que ela arrastava uma asa para ele, mas Robin é alguém que nunca revela o que sente. De qualquer maneira, quando ele descobriu que Marian estava dedurando seus segredos para o irmão, ele a despediu e a jogou fora. Isso foi há provavelmente três anos.


— E ela, como era? – não pude evitar de perguntar.


— Jovem, inexperiente. Saída das fraldas, como minha avó diria. Mas inteligente e fluente em dois idiomas. Robin a encontrou na Rússia e a trouxe para cá, mas desde que ele lhe deu um pé na bunda, ela está se virando sozinha.


Pobre Marian. Apesar da arrogância dela, eu me sentia mal por aquela pobre jovem deslocada do início. Talvez ela tenha recebido o que mereceu, mas foi duro.


— E Daniel...


Will mudou de posição no banco, seu semblante se aprofundando numa carranca.


— Daniel é o galho podre na árvore genealógica da família, e isso deve lhe dizer algo. É uma porra de desperdício de espaço, se você me perguntasse...


Aquela súbita veemência na voz do guarda-costas calvo me surpreendeu. Uau, agora ele estava mesmo me dizendo o que sentia.


— O que aconteceu entre ele e Robin? – continuei insistindo, imaginando se não estava abusando de minha sorte ao discutir um assunto que era obviamente delicado para aquela família.


— Como assim? Você quer dizer depois que Daniel se tornou tudo aquilo contra o que Robin e eu lutávamos? – rosnou Will. — Seus problemas com o irmão começaram antes de eu sair do exército, mas aquele merdinha roubou trinta milhões da empresa assim que Robin assumiu, e aí fugiu para locais desconhecidos.


Quase perdi a respiração. Aquilo era um bocado de dinheiro.


— Mas o que ele fez com esse dinheiro? – perguntei.


— Sei lá, provavelmente começou a comprar armas. – E diante de meu olhar confuso, Will encolheu os ombros. — Ele ganha dinheiro vendendo equipamentos a países que querem explodir os outros.


Minha colher batia na minha tigela enquanto eu olhava, estupefata, o homem. A expressão ameaçadora de Will intimidava, e parecia que ele queria falar mais alguma coisa, mas quando ele viu meu choque, sua mandíbula se apertou.


— Eu não devia ter dito nada – resmungou ele, pegando a revista mais uma vez. — Esses segredos não são meus para eu revelar desse jeito.


Meu cérebro passou maus momentos tentando encaixar todos esses fatos. Eu dancei com... um negociante de armas? Aqueles olhos sarcásticos apareceram novamente em minha mente, o rosto familiar e bonito. Onde é que eu fui me meter?


Ouvi um clique quando a porta da frente se abriu e Will ficou de pé subitamente, me assustando. Ele relaxou quase imediatamente, e um segundo mais tarde Robin atravessou o saguão e entrou pela porta da cozinha. Eu sorri, aliviada por vê-lo mais uma vez, mas minha felicidade esmaeceu quando ele mal me lançou um olhar.


— Teve sorte? – perguntou Will.


Robin balançou a cabeça, lábios apertados.


— Fiz algumas investigações – respondeu ele. — Devo saber daqui um ou dois dias. Will franziu a testa, mas assentiu.


— Estarei lá fora, se você precisar de mim.


Observei Robin enquanto Will saía da sala.


— Você parece cansado – comentei, inclinando a cabeça para o lado.


— Vou ficar bem. – Robin soltou um suspiro, em seguida, olhou para mim. – Como você está?


— Melhor – Fiz um gesto para a tigela vazia na minha frente. – Meu apetite voltou.


Ele acenou com a cabeça, concordando, e, em seguida, seu olhar se fixou em minhas roupas amarrotadas.


— Deixei algumas roupas e utensílios para seu banho ao pé de sua cama.


— Eu vi, obrigada. Minha ideia era tomar um banho depois de comer alguma coisa. – Eu tremi, subitamente nervosa, porque tinha pouca experiência nessa coisa de seduzir abertamente, então olhei para ele através de meus cílios. — Quer vir comigo?


Ele ficou rígido, as mãos encrespadas ao longo da borda da bancada da cozinha. Notei o fogo em seus olhos e então, para minha surpresa, ele negou com a cabeça.


— Tenho que cuidar de algumas coisas ainda pela manhã.


Eu não esperava por essa recusa, e mesmo que eu soubesse que ele tinha todo o direito de dizer “não”, essa rejeição doeu. Ele está ocupado, alguém está tentando nos matar e, além disso, tem que dirigir um império empresarial.


— Deixe-me ajudá-la a subir as escadas.


Sua mão pegou meu braço, mas eu fiquei firme em meus calcanhares.


— O que você descobriu até agora? – perguntei, olhando para ele.


Robin apertou os lábios, parecendo irritado, só que eu não sabia dizer se fora por causa de minha atitude de desafio ou da situação como um todo. Nunca vou permitir que ele me veja chorando, pensei furiosamente, e olhei desafiadoramente em seus olhos.


— Nada ainda – respondeu, puxando meu braço. — Vamos lá para cima.


Puxei meu braço de sua mão.


— Obrigada, eu posso fazer isso sozinha – respondi com toda a dignidade que consegui reunir.


Sua rejeição sutil, combinada com a indiferença da noite anterior, me irritou e me deixou determinada a fazer as coisas sem ajuda. Eu mal tinha dado um passo escada acima, no entanto, quando Robin me agarrou e arrastou-me em seus braços. Eu reclamei, passando meus braços em torno de seu pescoço, e depois franzi a testa enquanto ele me carregava degraus acima.


— Fique sabendo que eu poderia ter feito isso sozinha – eu disse, tentando não parecer incomodada.


— Você é minha responsabilidade – Robin respondeu, subindo dois degraus de cada vez.


Afe! Eu sou uma “responsabilidade” agora. Bufei:


— Você sabe como fazer uma garota se sentir bem.


— Isso não tem importância, desde que esteja segura.


Revirei os olhos, mas apertei minhas mãos ao redor de seu pescoço. Embora ele não fosse o mais romântico dos homens na face da Terra, eu me sentia mais protegida com ele por perto.


— Será que mais tarde você pode me levar para ver os arredores? – disse, na hora em que chegamos ao piso superior. — Eu adoraria passear perto da água e...


Robin negou com a cabeça.


— Não, enquanto não descobrirmos o que está acontecendo, você tem que ficar dentro de casa.


Meu queixo caiu.


— Quer dizer que estou sob prisão domiciliar?


— Há muitos lugares lá fora que são acessíveis para um atirador de longo alcance. Até que eu possa descobrir uma maneira de diminuir esses riscos, você vai ficar entre estas paredes.


Seu tom não admitia discussão, o que automaticamente me fez querer me rebelar. Tentei, no entanto, enxergar as coisas a partir de seu ponto de vista. Ele havia sido um franco-atirador do exército, então sabia tudo sobre esses perigos de longa distância, e embora a ideia de ter alguém vigiando meus movimentos através de uma mira fosse desconcertante e mais do que assustadora, a perspectiva de viver trancada me abalou.


— E se eu vestisse um colete à prova de balas? – perguntei. — Talvez um capacete de Kevlar? Eles fabricam capacetes disso?


Meu pedido o fez soltar um ronco, no que poderia ter sido uma leve risada. Ele me depositou no chão em frente à porta do quarto e gentilmente me empurrou lá para dentro.


— Tome um banho. A casa é sua, mas nada de ir lá fora.


Ele tirou uma mecha do meu cabelo e prendeu-a atrás de minha orelha, seus dedos descendo pelo meu rosto.


— Olha – disse ele –, preciso que você esteja segura, é isso que importa neste momento.


Tentei encostar meu rosto em sua mão, ansiando por seu carinho, mas ele a afastou e deu um passo para trás. Dando-me um breve aceno de cabeça, ele se virou e me deixou em pé na porta, silenciosamente furiosa. Isso não faz sentido, eu queria gritar para ele, você é o sujeito que o assassino quer pegar, e, no entanto, pode andar pela propriedade inteira!


O banho foi rápido e não ajudou muito a me acalmar. Atirei o roupão sobre meu corpo, enrolei uma toalha na cabeça e desci as escadas novamente, apenas para ser surpreendida por outro enorme segurança na base da escadaria. Eu não esperava que houvesse pessoas estranhas dentro da casa e apertei o roupão firmemente contra meu corpo, enquanto o olhar dele se voltava para cima.


— Onde está o Robin? – perguntei.


— Ele tinha negócios a resolver em outro lugar, senhora. Nós vamos estar por aqui se precisar de alguma coisa.


Engolindo em seco, assenti com a cabeça bruscamente e fugi escada acima para trocar de roupa.



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Autor(a): thaystirling

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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