Fanfics Brasil - 16 - Lembranças Subordinada Ao Prazer

Fanfic: Subordinada Ao Prazer | Tema: Once Upon A Time


Capítulo: 16 - Lembranças

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Depois de dois dias presa dentro daquela linda mansão, comecei a enlouquecer.


Havia muita coisa que uma garota podia fazer ali dentro, mas, embora a casa fosse enorme, eu já havia esgotado todos seus mistérios. Bem, tanto quanto possível quando alguém tem apenas sua curiosidade e a internet. Assisti à televisão, naveguei na internet e tentei me manter ocupada o máximo que uma prisão domiciliar podia permitir. Eu estava mais do que consciente de todas as coisas que poderiam estar acontecendo lá fora, e sempre na expectativa de que um bandido armado ou um assassino profissional conseguisse atravessar todos os bloqueios e aparecesse à minha porta, o que era desgastante demais. Pior ainda, ninguém me contava o progresso das investigações, se é que havia algum. Robin passava a maior parte do tempo ausente de casa, e os seguranças não conversavam comigo, de forma que eu estava por minha própria conta. Parecia uma coisa ilógica eu ficar ressentida de algo que era para meu próprio bem, mas acabei encontrando pequenas maneiras de me rebelar contra isso... Mesmo que fosse apenas em minha mente.


Havia uma janela de banheiro que não estava com grades e cujo vidro não era esfumaçado, que dava para o lado de fora da casa, para uma bem-cuidada paisagem. Eu tomava meus banhos nesse banheiro todas as manhãs apenas para espreitar lá fora, sentindo me tola pela emoção que aquele meu pequeno desafio causava. A janela dava para o oceano que se intrometia na parte de trás da propriedade, e era possível ver uma garagem de barcos alojada perto da borda da água, conectada a um longo píer. Havia geralmente um guarda à vista, e um caminhão de jardinagem trazendo um pequeno grupo de trabalhadores vinha a cada dois dias para garantir que os jardins e os gramados continuassem lindos. Eu morria de vontade de descer até a beira da água, quem sabe até mergulhar meus dedos no mar, sentada no píer, mas invariavelmente eu me lembrava das palavras de Robin sobre alguém me espionando de longe e corria para fechar a janela, de medo. Era esse temor, mais do que qualquer outra coisa, que me mantinha presa dentro da casa e só aumentava minha amargura.


Mas isso não significava, entretanto, que tudo era chato.


Eu tinha livre acesso a todos os recantos do lugar, com exceção do escritório de Robin. Mas, ansiosa para saber tudo que eu pudesse sobre meu patrão/amante, decidi eu mesma fazer minha excursão pela residência, anotando tudo aquilo que conseguisse descobrir. Surpreendentemente, havia poucos itens pessoais, sem fotos da família penduradas na parede ou expostas sobre a lareira. Embora o imóvel fosse lindamente decorado, poderia ser a mansão de qualquer pessoa. E considerando a história que me contaram sobre aquele lugar, eu esperava encontrar alguma coisa única e especial, mas não achei nada que pudesse ligar esse lugar à família Maguire.


Até que, no terceiro dia, encontrei uma antiga pintura na parte de trás do armário do quarto principal.


Era um quadro enorme, quase da minha altura, emoldurado com uma madeira grossa e pesada. Sofri para retirá-lo do grande armário e encostá-lo na parede mais próxima de frente para a luz, então retirei o lençol que o cobria. No início, cheguei a pensar que aquilo fosse de fato uma fotografia, ampliada para quase um tamanho natural, mas notei, depois de uma inspeção mais cuidadosa ao redor do rosto e do cabelo, as sutis e reveladoras pinceladas do artista. Eu não reconheci imediatamente o rosto que olhava para mim, embora pudesse notar uma semelhança tanto com Robin quanto com seu irmão, Daniel. O homem era jovem e usava terno e gravata, num estilo não muito diferente do que se usa hoje, pelo menos aos meus olhos destreinados, e parecia ter mais ou menos a mesma idade de Robin.


O artista, quem quer que fosse, era realmente um mestre em sua arte, capturando o arrogante ar dominador que se expressava tanto nos olhos quanto no rosto do retratado. Enquanto admirava aquele rosto capturado para sempre na tela, finalmente me dei conta, chocada, quem era aquele homem: era Robert Maguire, o antigo patriarca da família Maguire e pai de Robin.


— O que você está fazendo aqui? – Uma voz forte veio de algum lugar às minhas costas.


Pulei de susto e girei sobre meus calcanhares para ver Robin parado sob o umbral da porta do quarto, os olhos encarando firmemente o quadro apoiado na parede. Ele deu um passo para dentro do quarto, mas não se aproximou muito, como se a própria visão daquele retrato o repelisse.


Comecei a balbuciar um pedido de desculpas, mas então tive uma ideia e, nervosa com o fato de ter sido pega, soltei sem pensar:


— Esse quadro ficava pendurado na sala de jantar?


Aquela pergunta era apenas uma distração, uma tentativa de me esquivar de um possível ataque de raiva que estivesse vindo em minha direção, mas pude notar pela reação dele que eu estava certa.


— Por que não há nenhuma foto de família na casa? – perguntei quando ele não respondeu. – Você cresceu aqui, certamente há algumas lembranças de...


— Retirei tudo quando herdei a propriedade. – A voz de Robin era seca e sua postura, rígida. Ele finalmente voltou seu olhar para mim. — Preferi não guardar nenhuma recordação de minha infância.


— Sério?


Aquela resposta pareceu tão estranha para mim, mas eu sabia que minha educação tinha sido radicalmente diferente da dele. Eu havia conhecido sua mãe, e de tudo o que eu ouvira falar sobre seu pai, Robert, a vida de Robin não tinha sido, de fato, um mar de rosas.


— Você não tem lembranças felizes desta casa? – insisti.


A boca de Robin se retorceu cinicamente enquanto olhava para a pintura.


— Meu pai não gostava de diversão, a menos que fosse para impressionar as outras pessoas. As viagens para esta casa eram mais de negócios do que de lazer, normalmente para conquistar novos clientes – ele bufou. — Robert era do velho estilo de pai: os filhos eram para serem vistos e não ouvidos. Nós... Nós não éramos sempre bem-educados...


Tentei imaginar um Robin criança, mas descobri que isso era difícil. Acho que se, quando criança, Daniel tivesse a mesma personalidade de hoje, tenho certeza de que se fazia ouvir. Quanto ao Robin, no entanto...


— E como foi sua infância?


A pergunta era impertinente e, provavelmente, pessoal demais; eu não me surpreenderia se ele não a respondesse. Mas fiquei realmente surpresa... pois ele respondeu!


— Muito estruturada. Você sabia seu lugar, ou então enfrentaria as terríveis consequências. Robert era mais velho e já tinha filhos quando se casou com minha mãe; eu honestamente penso que ela não sabia no que estava se metendo quando se casou com ele. Ele tinha suas ideias de como deveria ser uma família perfeita e que ficaria bem no papel, mas controlava tudo com uma pesada mão de ferro. – Robin se perdeu em silêncio, olhando fixamente para aquela tela que estava a meu lado. — Meu irmão, como deve imaginar, nem sempre cooperava. Mas com o tempo, e quando eu já estava no colégio, Daniel pareceu deixar de lado suas brincadeiras e realmente aprendeu como tocar os negócios.


Em suas palavras havia um tom carinhoso que me intrigou.


— Você o idolatrava, não é verdade? – Diante do olhar severo de Robin, porém, eu rapidamente alterei minha declaração. – Seu irmão Daniel. Você o admirava?


A indecisão se debatia em seu rosto enquanto ele procurava as palavras para responder à minha pergunta. Eu imaginei quanto mais de informação seria possível extrair de Robin antes que ele se fechasse novamente. Quanto, exatamente, o mundo sabia sobre a dinâmica da família Maguire? Estaria eu invadindo um território sagrado? Estava prestes a retirar minha pergunta e me desculpar pela intromissão quando ele finalmente respondeu:


— Daniel me blindou de meu pai de certas maneiras que não compreendi até que fiquei mais velho. Ele e meu pai se confrontavam enquanto crescíamos, quase sempre quando ele entrava em cena para distrair Robert e impedir que meu pai me castigasse por uma desobediência ou outra. Quando ficamos mais velhos e Daniel foi para a universidade, e mais tarde para a vida, perdi aquela barreira protetora, mas a essa altura eu já podia cuidar de mim mesmo...


— E então, quando você descobriu sobre o dinheiro... – disse eu lentamente, e observei sua boca se comprimir em uma fina linha.


— Não vou negar que isso doeu como o inferno... – disse ele, passando a mão pelo cabelo e despenteando as ondas cuidadosamente penteadas. – No começo, eu não queria acreditar, mas os registros financeiros levaram direto para Daniel e fui forçado a ir para o Conselho da empresa com as conclusões. Naquela altura, porém, ele já havia fugido do país, sem se preocupar em se defender, o que o prejudicou aos olhos de todos os envolvidos.


Dei um passo à frente para confortá-lo, mas parei no meio do caminho, sem saber direito o que fazer.


— Que tipo de clientes seu pai recebia aqui? – perguntei.


— Aqueles realmente lucrativos, aqueles que ele queria impressionar. Eu me lembro de um homem, um general reformado da Força Aérea ou coisa parecida, a quem meu pai queria apresentar os prazeres da mesa. Esse homem passou mais tempo respondendo às minhas perguntas sobre a vida no quartel do que prestando atenção a meu pai. Claro que essa interrupção não ficou impune. Meu carro foi “misteriosamente” apreendido e certos privilégios foram revogados, mas nada disso teve muita importância. Menos de um ano depois desse incidente, eu me alistei no exército sem o conhecimento de meu pai, o que foi um último “foda-se” para o velho. – Ele deu uma risada áspera. — Acho que ele conseguiu se vingar no final, o sacana...


Cruzei o espaço que havia entre nós até que fiquei de pé diante dele. Espontaneamente, joguei meus braços ao redor de sua cintura, puxando-o com força para um abraço. O material fino de sua camisa era suave contra minha bochecha.


— Sinto muito que sua infância tenha sido tão complicada – murmurei encostada ao corpo dele, desejando que, de alguma forma, eu pudesse abraçar e afastar toda aquela dor e aquelas lembranças. — Quem sabe agora você possa construir algumas lembranças boas... Ainda não é tarde demais.


Robin permaneceu em silêncio, e eu lancei um olhar para o rosto dele. Ele estava olhando para mim, a cabeça inclinada para um lado, e uma mão subiu para acariciar meu rosto. Aquele fogo queimando lentamente que vi em seus olhos, atiçando o desejo, me fez perceber quão perto eu tinha ficado dele. Exatamente como aconteceu no avião, eu me vi sendo carregada e encostada contra a parede, o belo rosto de Robin aparecendo acima de mim. Uma protuberância reveladora apertou-se contra minha barriga e eu suspirei, levantando meu rosto para um beijo.


De repente, então, ele deu um passo atrás, saindo de meu abraço.


— Eu não posso – murmurou, com os olhos no chão ao meu lado.


Eu pisquei, confusa.


— Mas... Por que não?


Ele parecia frustrado com a decisão.


— Eu não quero... – começou a falar antes de parar. – Marian...


— Marian... – repeti agudamente, exasperada por aquela conexão. Mas o que diabos ela tem a ver com isto aqui? Cruzei meus braços diante do corpo, tentando pisar no ciúme que cutucava meu coração. – Quer dizer que você e ela tiveram alguma coisa.


Foi difícil dizer aquelas palavras, mas a dor em meu peito diminuiu quando Robin negou com a cabeça.


— Não, nós nunca... Mas é que você... Você me lembra Marian, o jeito que ela era antes de tudo acontecer... – Ele parou de falar mais uma vez, claramente perturbado pelo rumo que nossa conversa estava tomando. Mas então a máscara assumiu seu lugar de sempre, recolocando uma expressão pétrea no rosto, a mesma que eu estava cansada de ver. — Por favor, leve isso de volta para o lugar onde estava.


Fiquei olhando enquanto ele saía do quarto, toda aquela conversa me fazendo imaginar quantos outros segredos eu ainda não conhecia.


OQ


No meu quarto dia de cativeiro, estava passando pelo escritório de Robin quando ouvi sua voz vinda lá de dentro. Desde nossa conversa enigmática no dia anterior, eu não tinha visto ou falado com o homem, e ninguém me contava o que estava acontecendo com a investigação. Com a determinação borbulhando dentro de mim, abri a porta sem bater, invadindo o escritório. E imediatamente ficou evidente que tínhamos uma convidada na casa, embora eu não tivesse ouvido nada que indicasse que alguém tivesse chegado... Uma mulher sentada diante da grande mesa virou-se para olhar para mim, e as minhas sobrancelhas se ergueram quando reconheci Belle, a diretora de operações das Indústrias Maguire. Ela também demonstrou estar surpresa ao me ver e ficou olhando para mim e para seu patrão sentado do outro lado da mesa.


— Posso ajudar?


A voz de Robin era cortante quando se dirigiu a mim, seu olhar mostrando sua desaprovação por minha entrada intempestiva.


— Eu... Queria saber quando posso ir para casa.


Na verdade, minha intenção tinha sido a de perguntar sobre o andamento das investigações, mas a presença de Belle me confundiu. Ela era a primeira mulher que eu via naquela propriedade desde o dia em que conheci a mãe de Robin. E sua confusão, seja por causa de minha presença ali ou por causa da situação, era um bálsamo muito bem-vindo, porque mostrava que pelo menos eu não era a única pessoa a não ter certeza do que estava acontecendo naquela casa.


— Nós podemos tratar disso mais tarde, Srta. Mills. – O celular vibrou sobre a mesa e ele o agarrou, colocando-se em pé imediatamente. — Um momento, senhoras – disse ele, dando alguns passos à nossa volta e saindo pela porta.


Fiquei ali olhando o espaço vazio que ele ocupara um segundo antes.


— Você tem alguma ideia do que está acontecendo? – perguntou Belle.


Ela parecia indignada, compartilhando de minha frustração sobre o estado das coisas. Apenas dei de ombros e neguei com a cabeça.


— O que você sabe? – perguntei, tentando avaliar seu conhecimento da situação. Talvez ela soubesse de algo que eu desconhecia.


— Nada, exceto que Will não me deixa ficar longe de vista! – Ela atirou suas mãos para o alto como sinal de sua frustração. – Ele montou um aparato de segurança em cima de mim, mas acontece que não me contou o motivo. Robin me deixou no comando de tudo, também, e eu venho lutando para manter o ritmo e conseguir as informações... – Ela virou um olhar irritado para mim. – Você esteve aqui o tempo todo?


Assenti com a cabeça.


— Ele nem sequer me deixa sair da casa.


Os olhos de Belle se estreitaram astutamente.


— Você sabe de alguma coisa sobre o que está acontecendo? Eu juro, eu odeio quando o Will e o Robin começam a bancar os machos alfa, isso me deixa louca da vida!


— Nem me fale... – bufei. – Estão sendo superprotetores, então às vezes são rudes...


As palavras dela confirmaram minhas suspeitas de que ela não sabia nada sobre o envenenamento, mas eu não tinha certeza sobre quanto eu poderia revelar. A tentação de contar tudo era muito forte, mesmo que fosse só para ter alguém do meu lado. Infelizmente, a oportunidade foi perdida quando Robin entrou pela porta novamente, dessa vez seguido de perto por Will.


— Rob, conte-me o que está acontecendo – exigiu Belle. – Estou recebendo todo tipo de pedidos de reuniões e de compromissos com você, mas não tenho nada para responder a essas pessoas.


— Você precisa de ajuda para fazer seu trabalho? – A voz de Robin ficou gelada quando ele inclinou a cabeça para o lado, olhando para Belle. — Que tal se eu transferir algumas de suas atribuições a outros diretores?


O orgulho varreu o rosto da mulher. Aquela ideia de delegar algumas das funções claramente não a agradou.


Por fim, ela apontou um dedo para o bilionário.


— Você tem até o fim desta semana, e então vou precisar de resposta! – disse ela, olhando como se o estivesse desafiando a discordar de seus termos.


O aceno de cabeça de Robin pareceu acalmar a mulher, e Belle virou-se para ir embora. Ela afastou o braço de Will sobre seus ombros quando passou por ele, mas o homem não pareceu se importar e seguiu pairando sobre ela quando ambos deixaram o escritório. A porta se fechou e então me virei para encarar Robin, apenas para perceber que ele já estava me observando. Ele continuava difícil de decifrar como sempre, e então, respirando fundo, dei a volta à mesa para me colocar ao lado dele.


— Por favor, diga-me como estão as investigações.


Eu não tinha a intenção de que meu pedido soasse como uma súplica. Belle tinha sido muito mais dura em sua demanda por informações e uma parte de mim começou a desejar que eu fosse mais parecida com ela. Entretanto, vi uma leve suavidade tomar conta do olhar de Robin, e uma mão enorme se aproximou para afastar uma mecha de cabelo de meu rosto. Minha respiração ficou suspensa quando as pontas de seus dedos deslizaram pelo meu queixo, descansando em meu pescoço. Imediatamente derreti, pressionando meu rosto contra seu toque.


Apenas para que ele, uma vez mais, se afastasse. Meio desequilibrada, apoiei minha mão na mesa enquanto Robin recuava, seus olhos subitamente obscurecidos.


— Minha responsabilidade é mantê-la a salvo – disse ele, com uma voz fria, enquanto retornava para sua cadeira atrás da escrivaninha.


A raiva começou a se espalhar pelo meu corpo.


— Pois eu poderia cruzar aqueles portões e você não teria como me impedir. – A declaração finalmente conseguiu chamar a atenção dele. Robin se virou em minha direção, o rosto atormentado, mas eu me recusei a dar um passo atrás. — Você me fez mais do que uma prisioneira nesta casa – continuei – e se nega a me contar qualquer coisa. Eu estou cansada disso!


— Você assinou um contrato dizendo que faria tudo o que eu mandasse – rosnou Robin, o rosto feroz. – Você não vai sair desta casa.


Dei um passo atrás e ele me seguiu, então endireitei o corpo e o encarei.


— Esse contrato também diz que eu posso desistir desse meu “emprego” a qualquer momento. Se você não me contar o que está acontecendo, vou desistir e passar por aqueles portões agora mesmo.


Tendo reafirmado minha posição, girei nos calcanhares para me dirigir à porta do escritório. Mas não tinha dado nem dois passos, quando a sala girou e eu fui empurrada contra a parede. O impacto não chegou a machucar de verdade, mas me deixou assustada. Olhei para cima com os olhos arregalados para encarar o rosto de Robin. Aquele estoico executivo já havia desaparecido; eu tinha cutucado demais e a fera estava mostrando os dentes. Ele se destacava acima de mim e agarrou meus braços, seu aperto como aço, mas aquela explosão parecia ter acalmado alguma coisa dentro dele. Claro, o fogo ainda queimava profundamente em seus olhos enquanto acariciava meu rosto.


— Eu tenho tentado resistir a você – murmurou ele, os olhos seguindo seus dedos que roçavam a minha pele. – Estar perto de mim é nocivo, e isso atingiu você. A coisa certa a fazer seria esquecer você, levá-la para algum lugar bem longe de mim...


Meu coração parou. Não me deixe, por favor, pensei, não me importando em observar com muita profundidade aquele meu surto repentino de emoção. Enquanto seu polegar deslizava ao longo de meus lábios, eu o peguei e o prendi entre meus dedos, correndo minha língua ao longo da pele. Ele respirou fundo, o aperto em meu braço ficando mais forte, e seu pomo de adão balançou quando ele tragou saliva. Meu olhar caiu para a boca, as memórias de seus lábios e de sua língua percorrendo meu corpo me faziam respirar com sofreguidão.


— Eu não sou um cavalheiro – rosnou Robin, os olhos seguindo as linhas de meu rosto. Sua mão desceu para meus seios, mas ele cerrou o punho antes de tocá-los, parando a alguns poucos centímetros. – Eu olho para você e tudo que vejo é como poderia quebrá-la facilmente. Você quase morreu por minha causa e...


Sacudi meus braços para me soltar de seu aperto, e, para minha surpresa, ele me liberou. Os olhos de Robin se nublaram e eu sabia que ele pensava que o estava rejeitando, mas, antes que ele pudesse se afastar, tomei seu rosto entre as mãos.


— Pois você quer saber o que estou vendo? – disse eu suavemente, olhando em seus olhos. Meu coração se retorceu ao ver o desejo refletido neles. – Eu vejo um homem enfurecido e bonito, que teve destroçado pela vida todos os sonhos que ele ousou imaginar. Eu não quero nada exceto tentar deixar tudo melhor, mas isso está muito além de minha capacidade. – Acariciei seu rosto com um polegar e, em seguida, peguei sua mão e a trouxe para perto de meus lábios. — Eu prometi lhe dar o que você quisesse e falei sério – continuei, levando a mão aos lábios antes de deixá-la descansar no meu pescoço. — Pode acreditar: sou muito mais resistente do que pareço.


 


 



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Autor(a): thaystirling

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

Robin engoliu, olhando a grande mão que envolvia minha garganta. Ele ajustou seu aperto para ficar um pouco mais forte e inclinou minha cabeça para trás, mas sem perder o contato visual. Mantive as mãos esticadas ao lado do corpo enquanto ele estudava o contraste entre sua mão e a pele pálida e macia de meu pescoço. Quando ele ...


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