Fanfics Brasil - 23 - Você Faria O Mesmo ... Subordinada Ao Prazer

Fanfic: Subordinada Ao Prazer | Tema: Once Upon A Time


Capítulo: 23 - Você Faria O Mesmo ...

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Meu sonho foi estranho: eu não poderia dizer, mesmo no contexto de uma fantasia de meu inconsciente, se eu estava voando ou caindo através do ar. As nuvens me chicoteavam enquanto eu passava por elas, o chão estava tão distante quanto visto da janelinha de um avião. Tinha alguma coisa em meus braços, talvez a razão de minha queda, mas eu não estava com medo. O chão se aproximava rapidamente, mas ainda assim eu me sentia totalmente satisfeita com a situação, embora não tivesse a mínima ideia do porquê.


A sensação real de que alguém estava vasculhando meus bolsos me despertou desse estado de sonolência. Uma vertigem súbita fez minha cabeça flutuar, acho que como reflexo daquele sonho, e antes que eu percebesse que nós estávamos nos movendo, já estava deitada de lado. Minhas mãos estavam atadas em meu colo, meus pés também presos, e eu me encontrava precariamente empoleirada no banco de trás de um carro desconhecido. Quando tentei me sentar, descobri que além de tudo estava presa com os cintos de segurança, as tiras grossas me puxando de volta para o couro quente.


Um homem no banco do motorista falava a um telefone em sua mão grossa. Imaginando que ele ainda não soubesse que eu já estava acordada, examinei os arredores, tentando piscar para espantar a sonolência. Tudo em volta estava coberto de couro preto, daquele tipo caro e com textura, e cheirava a novo, mas o carro em si não me era familiar. O banco de trás era bastante estreito, com muito pouco espaço para as pernas, tanto que eu estava enrolada em mim mesma para não ficar batendo dos lados, então imaginei que fosse um carro esporte. O gemido de um motor acostumado a andar em alta velocidade confirmou essa suspeita, mas não me deu muito mais detalhes. Eu me virei para olhar através da janela para o céu nublado lá fora. O couro rangeu debaixo de mim, atraindo a atenção do motorista. Meu coração saltou ao reconhecer o rosto familiar.


— Will?


Ele se virou para a frente, olhando para a estrada de novo. Jogou o celular no banco do passageiro e então percebi que era o meu, o aparelho que Robin tinha me dado depois que quebrei o antigo em Paris.


— A garota já está acordada?


Meus olhos se arregalaram quando ouvi a outra voz. Olhei para o banco do passageiro à frente, mas não havia mais ninguém no carro. A voz não tinha vindo de nenhuma direção, e Will não pareceu surpreso, embora sua mandíbula se apertasse.


— O efeito do sedativo passou rápido demais – respondeu Will.


Sua voz era rouca, furiosa, soando como se ele não quisesse ter respondido.


Meu celular pousado no banco da frente explodiu em sons, surpreendendo Will visivelmente.


— O que foi isso? – perguntou aquela voz desencarnada, o aborrecimento transparecendo em seu tom suntuoso.


— O telefone da garota.


Will pegou o telefone e olhou para a pequena tela.


— É Robin – acrescentou ele, sem rodeios.


Meu coração começou a bater acelerado ao ouvir aquele nome. Com o peito apertado, mordi meu lábio para evitar que começasse a gritar.


— Atenda – comandou a voz. – Coloque no viva-voz.


Will fez isso e depositou o aparelho em seu colo. Mas, antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, eu exclamei:


— Robin!


— Regina? Onde você está?


Alguma coisa fria dentro de minha alma se derreteu ao ouvir o som daquela voz. Ele soava forte e seguro, e eu precisava desesperadamente de toda aquela segurança.


— Estou no banco de trás de um carro – respondi, odiando o tom desesperado de minha voz, mas ansiosa para contar tudo o que eu pudesse. — É algum carro esporte com todos os bancos de couro preto. Não consigo ver nada a não ser o céu nublado pela janela. Estou com Will... – Parei, sem saber direito como dar a notícia sobre meu sequestro.


Meus olhos encontraram o olhar pétreo de Will, e então o homenzarrão suspirou:


— Sinto muito por isso, Robin.


— Will? – rosnou ele.


Talvez se eu pudesse ver o rosto de Robin seria capaz de decifrar a emoção que ouvi naquela simples palavra... Surpresa, raiva, traição, decepção... Mas naquele momento só havia a palavra e a procura por respostas.


— Eles estão com Belle. – Um profundo pesar tingiu a voz do homem, vi sua boca curvar-se para baixo.


Robin soltou um palavrão.


— Desde quando?


— Não sei, mas eu recebi o telefonema enquanto você discutia com sua família. Você sabe que eu faria qualquer coisa para protegê-la.


— Quer dizer que você armou tudo isso? – Mesmo pelo telefone, a ira na voz de Robin borbulhava. – Você deixou que três homens morressem porque...


— Não! – explodiu Will. – Isso não foi culpa minha. Eu não sabia de nada até que recebi o telefonema e as luzes se apagaram antes de eu desligar o telefone. Juro pela honra que ainda me resta que não estou por trás desse ataque!


— Você pede que eu confie em você depois de raptar minha... – Robin interrompeu a sua frase, e depois perguntou: – Para onde está indo?


— Fazer a troca.


— Mas que porra, Will!


— Você faria o mesmo por ela, não se preocupe em me desmentir – dizendo isso, Will lançou um olhar para mim no banco de trás, e então deu uma risada áspera. — Essa coisa toda é como em Kosovo...


Houve uma pausa do outro lado da linha, então Robin rosnou novamente:


— Porra, Will!


— E quando isso acabar, não culpe a Belle. Tudo isso foi decisão minha. – Will pegou o telefone. – Estou desligando agora. Adeus, Robin.


— Will, espere.


Will encerrou a chamada, olhando para o telefone na sua mão.


— Jogue o telefone pela janela.


Eu me sobressaltei com a voz bajuladora bem ao lado de minha cabeça, e vi Will fazer o que lhe foi dito, baixando o vidro da janela e atirando o celular para fora. Olhei para cima e percebi que a voz vinha dos alto-falantes. Parte de mim estava aliviada com o fato de não haver outra pessoa no carro com a gente, mas eu tinha a sensação desanimadora de que muito em breve encontraria essa voz em pessoa.


— O que aconteceu em Kosovo? – perguntou a voz, em tom de conversa.


— Um informante nos traiu – respondeu Will com a voz neutra. – Nós não percebemos até o dia em que nosso alvo sequestrou a esposa e a família do homem e ele nos entregou para salvá-las.


— E eles todos sobreviveram?


— Não – foi a resposta direta.


— Coitado, embora talvez tenha sido um final apropriado para seus crimes. Traição realmente é o mais desagradável dos pecados, você não acha?


Os dedos de Will presos ao volante estavam brancos por causa da tensão que ele aplicava, mas o homem não respondeu à óbvia provocação.


— E o que você vai fazer com a garota? – perguntou Will, depois de uma breve pausa.


— Mate-a, e depois mate seu amigo quando ele vier resgatá-la.


Eu gemi e apertei meus olhos, as lágrimas escorrendo por entre meus cílios. Quando eu os abri novamente, vi que Will estava me olhando pelo espelho retrovisor.


— E se eu não entregar a garota para você?


— Bem, então vou matar sua deliciosa esposa. Hum... Acho que depois... Ela é mesmo muito gostosinha...


As mãos de Will torceram o volante do carro.


— Ora, seu filho de uma...


Houve uma agitação na outra extremidade da linha e, em seguida, uma mulher gritou de dor. Belle. Com o som, Will desviou o carro da estrada, gritando:


— Pare!


A gritaria parou, mas o soluço baixinho ao fundo era quase tão angustiante.


— Se você não quer que sua mulherzinha preciosa fique com mais marcas – afirmou a voz, não mais divertida─–, você vai parar de me chamar desses nomes. Está claro?


— Claríssimo – disse Will, mas seu perfil denotava sombrio desespero.


Meu coração batia forte, ameaçando saltar do peito. Minha respiração tornou-se instável e rápida.


— Will, por favor... – sussurrei, a garganta se apertando com o pensamento que estava crescendo dentro de mim: eu não quero morrer!


– Cala a boca da garota! – ordenou o assassino.


Eu me contorci, desesperada para escapar, quando Will pegou um pano branco do banco do passageiro e estendeu o braço para mim. Seu longo braço me alcançou facilmente, mas eu lutei, prendendo a respiração e retorcendo o corpo todo na tentativa de escapar daqueles cintos de segurança. Mas Will tinha uma paciência de Jó, e logo manchas dançavam na minha visão quando minha fonte de oxigênio rapidamente esgotou-se. Soltei um suspiro, o aroma adocicado da droga avançando em direção a meus pulmões. Segundos depois, caí na inconsciência.


Dessa vez, não houve sonhos.


OQ


Não sei por quanto tempo fiquei apagada dessa vez, mas os frequentes solavancos que o carro deu foi o que inicialmente me retirou do torpor induzido pelas drogas. No entanto, só quando paramos completamente recobrei plena consciência, com a súbita falta de movimentos me acordando. Houve então o som de uma porta de carro sendo aberta e o banco sendo puxado, em seguida minhas pernas foram agarradas. Lutei de maneira involuntária ao ser retirada do veículo e atirada sobre um ombro, mas meus movimentos débeis não surtiram nenhum efeito. O ar frio circulava para fora da água e eu imediatamente comecei a tremer, a roupa fina que estava usando não se mostrava páreo para a rajada úmida do inverno.


— Você consegue ficar de pé? – a voz de Will trovejou ali perto.


Meu estômago agitou-se, as náuseas ameaçando me dominar, mas consegui emitir um fraco “sim”. O mundo começou a girar novamente, mas Will foi gentil, encostando-me de pé na lateral do carro. Eu cambaleei, colocando a mão no carro esporte brilhante em busca de apoio, e me obriguei a olhar em volta. Gaivotas voavam acima de nós, seus gritos lamentosos ecoando pelo ar. As ondas do mar se quebravam ritmicamente ali perto, mas não consegui enxergar a costa oposta por causa do nevoeiro que se formara sobre as águas. Edifícios de fábricas estavam alinhados ao longo da estrada à beira-mar, bloqueando nossa visão daquele lado. A estrada era estreita e sinuosa, a neblina serpenteando sobre o asfalto irregular, mas vi outro carro a alguns metros, apontado ameaçadoramente em nossa direção.


— É o...


Notei algo pelo canto do olho e virei a cabeça, apenas para ver uma arma na mão de Will. Minha respiração acelerou, mas ele captou meu olhar e balançou a cabeça de leve, mantendo a arma apontada para o chão e escondida atrás de meu corpo.


— Onde está minha mulher? – gritou ele para o assassino, que ainda estava, obviamente, ouvindo tudo lá do carro.


A porta do veículo nas proximidades se abriu, confirmando meus medos. Uma figura esguia, cambaleou para fora do carro quando a porta se fechou atrás dela.


— Will? – chamou Belle, sua voz parecendo metálica ouvida à distância.


— Belle, eu estou aqui! – gritou Will de volta. Pude sentir a tensão vazar de seu corpo enquanto Belle virava a cabeça para nosso lado. Ela veio cambaleando em nossa direção, e só então pude ver que ela estava vendada e também tinha as mãos algemadas atrás das costas.


— Espere até que ela chegue perto de vocês – disse o assassino, sua voz oleosa escorrendo através do sistema de som do carro e fazendo minhas mãos se fecharem em punhos. Mordi meus lábios quando um sólido clique soou atrás de mim, sem dúvida Will preparando sua arma. Meu queixo começou a tremer e eu cerrei os dentes, determinada a ser forte num momento como aquele. Mas, oh, é tão difícil...


— Talvez este seja um bom momento para mencionar que a sua esposa está com uma bomba presa nela.


Ouvi uma curta ingestão de ar. O aperto que Will mantinha sobre meu braço se intensificou. O tom satisfeito que eu podia ouvir na voz polida do assassino ficou ainda mais evidente quando ele continuou a falar:


— E se você está pensando em realizar qualquer ato de heroísmo, lembre-se de que a primeira vítima nesse conflito será sua amada esposa. Então, por favor, atire longe essa arma que está escondendo atrás da Srta. Mills antes que meu dedo fique um pouco mais... nervoso.


Will, apreensivo, imediatamente ergueu sua mão para o ar, acima de minha cabeça, brandindo a arma que ele segurava, e então a atirou para dentro do carro.


— Venha, querida, você está quase chegando – gritou Will para a mulher.


Meu coração se condoeu com a mulher, que vinha tropeçando cegamente em direção ao marido, usando apenas o som da voz dele para se direcionar. Por duas vezes, quase caiu, o que era uma situação perigosa, tendo em vista que estava com as mãos presas às costas, mas nas duas ela conseguiu se reequilibrar.


— Quão rápido você acha que pode levar sua esposa para longe do meu alcance? – uma superioridade bastante presunçosa escorria dos alto-falantes do carro. — Vamos inventar um jogo novo: a bomba que está presa em sua mulher é acionada por sinal de rádio ou por celular? Você só pode dar um palpite. E nem pense em usar seu carro para escapar, ele também pode ter sido preparado por mim para explodir... – Uma risada sombria veio dos alto falantes. — Qual a distância que vocês vão ter que percorrer para garantir sua segurança se tudo isso aqui der errado ou se eu decidir ser um grande filho da puta?


Will rugiu, seu corpo vibrando com o som, mas sua voz estava forte e segura quando voltou a chamar a esposa. As respostas dela vinham cheias de medo e, quando chegou mais perto, Will deu a volta onde estávamos e a pegou em seus braços. Vi uma marca vermelha no alto de uma das bochechas e aquilo que parecia uma pequena queimadura de cigarro em um ombro, mas, no geral, ela parecia estar bem. O soluço alto da mulher rasgou a tensão acumulada enquanto o homenzarrão calvo a esmagava contra seu corpo, beijando o topo de sua cabeça por um longo momento antes de tirar a venda dos olhos e a levantar em seus braços.


Eu soube o momento exato em que Belle me viu porque ela engasgou.


— O que a Regina está fazendo aqui? – exigiu saber, a voz ficando subitamente mais forte.


Os olhos dela caíram sobre as algemas que prendiam minhas mãos, subindo então para o rosto do marido e lhe dando um olhar penetrante, o medo substituído por confusão.


— Meu dedo está ficando impaciente sobre este botão – a voz apressada do assassino saiu através dos alto-falantes. Uma expressão de horror se estampou no rosto da mulher.


— Não! – deixou escapar Belle. – Você não pode deixar Regina aqui!


Quando Will não respondeu e apenas se virou em direção a um beco próximo, os protestos de Belle se tornaram uma gritaria e ela começou a se debater nos braços do marido. Mas aquela mulher miúda não tinha chances, as mãos estavam algemadas nas costas e não havia nenhuma maneira de Will a deixar escapar. Fiquei assistindo enquanto os dois desapareciam, os passos largos do homem levando-os para longe rapidamente. Uma forte dormência caiu sobre mim quando percebi que estava completamente sozinha naquele lugar, provavelmente prestes a morrer. Mas... Como minha vida tinha chegado a esse ponto?


Do lado oposto de onde eu estava, a porta do motorista do outro carro se abriu e um homem saiu. Ele estava vestido casualmente, com apenas uma jaqueta de couro fino para protegê-lo do ar gelado que vinha do mar. Suas calças batiam preguiçosamente por causa da brisa quando ele começou a caminhar em minha direção, o som de seus passos chegando a meus ouvidos cada vez com mais nitidez. Apesar do dia nublado, ele usava óculos de sol com armação estreita que se encaixava bem em seu rosto. Uma parte alheia de meu cérebro notou que ele era quase bonito, daquele tipo que fica na dele, o “cara legal” que você nunca nota realmente. Tendo em vista os acontecimentos até então, eu duvidava que algum dia esqueceria o rosto desse homem, caso eu sobrevivesse.


Eu mantive minha posição quando ele se aproximou, encostando-me no carro para buscar um apoio. Minhas pernas estavam bambas, ameaçando me fazer despencar por causa do medo que eu sentia, mas eu o encarei e tentei imitar o olhar impassível de Robin. Não foi pouca coisa, sobretudo quando ele por fim se deteve perto o suficiente para poder tocar em mim. Ele me examinou silenciosamente e eu notei a crueldade de seu olhar, minha respiração se acelerou, mas eu não estava disposta a recuar.


 


 



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Autor(a): thaystirling

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— É um fato raro eu encontrar um de meus alvos cara a cara – disse ele finalmente, arqueando uma das sobrancelhas. – Claro, também é um fato raro que um de meus alvos me veja e viva para contar a história. Verdade seja dita, eu prefiro desta forma, ficar observando o rosto de uma pessoa nos momentos finais. – Ele riu, o som ...


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