Fanfic: ♥ Intenso - O Caso Portillo II ♥ FINALIZADA | Tema: Anahi e Alfonso

Senti uma espécie de êxtase quando as portas de segurança foram acionadas e entrei na sala. O prazer que senti quando vi Jonas sentado numa cadeira e algemado, foi indescritível.

- Como foi de viagem? - parei de pé em frente a mesa e sorri.

Jonas me encarou com os olhos marejados.

- Eu te suplico senhor, não faça isso comigo.

- Quantas vezes eu vou ter que repetir que você têm que pagar pelo que fez à minha mãe?

- Mas senhor, por favor, me perdoe, eu juro que eu mudei, o senhor sabe que nunca mais me envolvi com drogas ou pratiquei qualquer outro tipo de crime.

- Mas você matou a minha mãe, mesmo que tenha se tornado um santo, isso não altera o que você fez.

- Senhor, minha mulher e meus filhos não têm culpa de nada, como vão se sustentar sem mim?

- Realmente, eles não têm culpa de nada, por isso eu vou cuidar para que eles tenham todo o suporte necessário.

- Sei que minha esposa vai se mudar para a capital pra ficar perto de mim e agradeço senhor.

- Não fiz por você, fiz pelos seus filhos, eles não têm culpa dos seus erros. - respondi indiferente.

- Entendo senhor.

- Eu só passei pra dizer que você será encaminhado hoje mesmo para um presidio, onde irá aguardar o julgamento. Após ser condenado você irá para uma penitenciaria de segurança máxima. Enquanto estiver no presídio poderá receber visitas íntimas de seus filhos e sua esposa, se quiser vê-los.

- Senhor...

- É isso, espero que tenha entendido, até breve! - forcei um sorriso e dei as costas.

Assim que atravessei a porta, meu olhar encontrou Christian e Miguel.

- O que foi? Por que estão me olhando assim? - os dois ficaram quietos e não me responderam. - Vamos embora, já vim fazer o que eu queria. - segui agradecido por eles terem permanecido em silêncio.

Assim que a reunião com a editora acabou fui deixada sozinha. Encarei a tela do computador ainda ligado e fiquei pensando. Há alguns dias quando Alfonso e eu soubemos que teríamos um bebê e logo em seguida que o assassino de sua mãe seria preso, meu marido andava com uma alegria imensamente estranha. Não era só por causa do nosso bebê que ele andava cantarolando no chuveiro e assobiando pela casa.

Alfonso estava com uma paz diferente que alcançava seus olhos e sorriso, uma paz que eu sabia que tinha sido conquistada porque um peso tinha sido tirado de suas costas. Um peso que ele carregou por anos por não ter conseguido salvar a mãe e prendido seu assassino. Agora ele estava tendo seu momento de glória conseguindo fazer justiça, uma justiça tão cega que às vezes eu confundia com vingança.

A porta se abriu de supetão, me trazendo de volta quando minha secretária e outra mulher invadiram a sala.

- Eu preciso falar com ela.

- O que está acontecendo? - fiquei de pé.

- Desculpe senhora, mas ela insistiu em entrar. Estava fazendo um escândalo. - minha secretária deu de ombros.

- Tudo bem, pode me deixar com ela. - sorri, minha secretária acenou e deu as costas. - Em que posso te ajudar?

A mulher de vestes simples e parecendo apenas alguns anos mais velha do que eu se aproximou.

- A senhora é a esposa de Alfonso Herrera, certo?

- Sim, algum problema?

A mulher começou a chorar, me assustando.

- Sou esposa de Jonas Garza, a senhora precisa me ajudar. - ela se ajoelhou na minha frente, desesperada. - Seu marido prendeu o meu, mas eu juro pra senhora que ele é um homem bom, por favor, escute o que eu tenho a lhe dizer. Seu marido se recusou a me ver, a senhora é minha última esperança!

- Por favor, se acalme! - a segurei pelos ombros e a fiz se levantar e sentar na cadeira ao lado da minha. - Se eu puder lhe ajudar de alguma forma, vou fazer isso. Mas antes me conte porque veio até aqui.

- Porque preciso que a senhora me ajude, soube que está esperando um bebê, então consegue entender o que uma mãe é capaz de fazer por um filho. E eu tenho dois que estão sendo obrigados a presenciar o pai ser preso por um crime que ele cometeu a muitos anos, quando ainda era outra pessoa. - falou às pressas.

- Por favor, se acalme, a senhora quer alguma coisa pra beber?

- Não! - ela negou com a cabeça.

- Ok, me diga o seu nome então.

- Meu nome é Elisa Garza, como lhe disse sou esposa de Jonas Garza. - assenti, deixando ela falar. - Eu e meu marido nos conhecemos há cerca de dez anos. Ele tinha saído de uma clínica de reabilitação há cerca de um ano e estava trabalhando. Quando perguntei sobre o que tinha acontecido com ele, Jonas me contou que quando tinha uns 15 anos, ele se viciou em drogas, meses depois quando os pais dele souberam de tudo tentaram interna-lo, mas ele não aceitou e fugiu de casa. Ele se envolveu com gente barra pesada e uma noite, prestes a completar 16 anos, ele conseguiu um revólver e começou a andar pelas ruas. Ele avistou um mercado e decidiu assaltar alguém na saída, qualquer trocado valia para ele comprar drogas. Ele viu uma mulher com um filho, carregados de compras e foi até eles. - Elisa relatou e senti meu estômago embrulhar, imaginando a cena. - Ele mandou a mulher passar a grana, disse que tinha pinta de madame, então algum trocado ela tinha, por isso ele a escolheu. Mas ai o filho dela reagiu e no susto, a arma dele disparou, ele não sabe como apertou aquele gatilho, ele nem sequer mirou, mas o tiro pegou no coração da mulher.

Enxuguei meu rosto rapidamente.

- Jonas me contou que saiu correndo, atordoado, alguma coisa gritava dentro dele que ele tinha matado aquela mulher, que ele havia se tornado um assassino. Ele jogou a arma num córrego, foi pra casa e implorou aos pais para interna-lo de novo na clínica. Na segunda vez ele ficou e disse que todos os dias ele rezava para que aquela mulher tivesse se salvado, a imagem dela caída no chão, foi o que fez ele superar o vício. Quando saiu, ele mudou de cidade, começou a trabalhar, nos conhecemos, ele resolveu fazer um curso, nos casamentos e hoje temos dois filhos. Eu sou dois anos mais velha do que ele e no começo Jonas tinha um pouco de vergonha disso, então ele se empenhou ao máximo pra ser um bom namorado, marido e pai. Sei que ele matou uma pessoa e não tiro a razão de seu marido de querer justiça, mas seu marido parece que está disposto a fazer ele apodrecer na cadeia, não existe nenhuma outra forma do Jonas pagar pelo que fez? Uma pena mais leve, serviços sociais? Ele é réu primário, foi o único crime da vida dele e foi há tantos anos... Se a senhora e seu marido pudessem ver como ele se transformou, como ele é com meus meninos, meus filhos o amam e o Jonas daria a vida por eles. Talvez se um de vocês acreditassem em mim, poderíamos fazer um acordo, se possível. Eu quero que a justiça seja feita, mas não quero ver meu marido preso até o último dia de sua vida e tudo me leva a crer que é isso que seu marido quer fazer. Tenho medo que depois que ele consiga prender o Jonas, meu marido nunca mais consiga sair e seu marido tem poder pra isso.