Fanfic: ♥ Intenso - O Caso Portillo II ♥ FINALIZADA | Tema: Anahi e Alfonso

Fiquei acariciando a cabeça de Rique pensativa. Num rompante peguei o celular e resolvi mandar uma mensagem para Alfonso.

“Que horas você chega? Saudades!”

Me levantei do sofá e subi para o segundo andar com Rique no meu encalço. Suspirei abrindo a porta do meu quarto com Alfonso, lembrando da vez em que o surpreendi de pé próximo à janela. Era nosso aniversário de namoro e ele tinha ido viagem, mas voltara de surpresa bem a tempo para uma comemoração. Lembrei de quando pulei em seu colo, a forma como nos beijávamos enquanto ele nos guiava e se sentava na cama comigo no colo. Mordi os lábios e sorri lembrando da cara dele, quando mais tarde descobriu que eu aceitava me tornar sua esposa.

Mais de três anos já haviam se passado desde que tínhamos nos conhecido e parecia que a cada dia eu me apaixonava ainda mais por ele. Era horrível chegar ao nosso apartamento e não encontrar a presença dominante de Alfonso. Ele preenchia nossa casa, a minha vida. Sem ele era como se eu estivesse sozinha e perdida. Mais uma vez encarei minhas alianças e não sei se era porque nosso aniversário de casamento estava perto, mas senti uma falta absurda dele.

- Queria que estivesse aqui. - sussurrei para as paredes.

Poncho

Bufei fechando os olhos com força e movimentei o pescoço tentando aliviar a tensão nos ombros.

- Alfonso quer se acalmar, por favor. - a advertência de Christian não surtiu efeito.

- Estou tentando merda. - respirei fundo e soltei o ar.

Tudo bem que Christian fosse contra o que eu estava fazendo, mas não dava pra entender o nervosismo e a ansiedade que eu sentia por finalmente ter encontrado o assassino da minha mãe?

A porta se abriu e Noah entrou.

- Cadê ele?

- Estão trazendo ele senhor, vim na frente para avisá-lo.

Respirei fundo e encarei a porta. Esperando.

Christian se levantou e sem precisar encará-lo vi quando parou de pé ao meu lado.

A porta se abriu e senti todo meu corpo enrijecer quando o assassino de minha mãe entrou encapuzado sendo conduzido por outros três homens, entre eles Miguel.

- Sente ele aqui. - apontei a cadeira.

- O que está havendo? Eu juro que não fiz nada. - a voz dele sôo desesperada e abafada pelo capuz.

Meus homens o colocaram sentado na cadeira e algemaram suas mãos para trás. Me aproximei não conseguindo descrever os sentimentos que me dominavam. Prazer, dor, ansiedade, raiva. Tudo se misturava.

Tomando uma respiração aproximei minha mão e puxei seu capuz.

Os olhos negros do assassino de minha mão foram a primeira coisa que visualizei. Ele piscou se acostumando com a claridade e me encarou assustado.

- Quem é você?

Estreitei os olhos e dei um passo atrás encarando-o. Ele estava mais velho, mas era ele. Os mesmos olhos negros, os cabelos castanhos um pouco mais compridos do que me lembrava dos meus pesadelos. Continuava do mesmo tamanho que eu, mas era mais magro. Na época ele deveria ter uns 16, agora deveria estar beirando os 30 anos como eu.

- Quem é você cara? O que ta acontecendo?

- Você não se lembra de mim? - perguntei com a voz fria, a fúria contida dentro de mim.

- Não eu juro que não sei quem é você, o que ta acontecendo? Eu não fiz nada de errado, sou um homem honesto, tenho filhos, uma esposa. Eles devem estar preocupados comigo me deixem ir, por favor, eu juro que ninguém vai saber o que aconteceu. Eu não fiz nada cara.

Fiquei encarando-o ouvindo suas súplicas e me lembrei da minha mãe. Uma mãe que eu não tinha mais por culpa do desgraçado à minha frente.

Pensei nas horas que Any e minha mãe poderiam, mas nunca passariam juntas. Imaginei como elas se tornariam amigas, como minha mãe se encantaria por Anahí e ficaria orgulhosa de mim por ter arrumado uma garota que me amava de verdade.

Me imaginei contando à minha mãe sobre a chegada dos meus filhos com a Any, o brilho que ela traria nos olhos quando ficasse sabendo. Como ela os amaria desde o primeiro instante e os mimaria. Vi ela correndo pela casa do meu pai atrás dos meus filhos, brincando com eles, como fazia comigo. Ela teria ensinado qualquer coisa que eu e Any precisássemos aprender, como trocar uma frauda, dar um banho ou dar de mamar. Ela seria como uma segunda mãe pra Any e minha esposa seria a filha que ela nunca teve.

Fechei os olhos sentindo a dor e a raiva se misturando, pensando em momentos que nunca se realizariam e lembrando de tantos outros que desejei a presença da minha mãe. Ela nunca mais estaria comigo, eu sempre teria uma imagem congelada dela que nunca progrediria. Tudo por culpa dele.

Avancei sobre o assassino de minha mãe e lhe desferi um soco na boca. Seu rosto foi jogado pra trás e ouvi quando ele implorou, mas não tive pena dele. 

A raiva dentro de mim aflorou, transbordou e me dominou. Continuei golpeando seu rosto com ambas as mãos. Atingi a sobrancelha, o olho, a boca, a bochecha e o maxilar diversas vezes. Em alguns momentos o sangue espirrou em minha roupa e senti o estralo que lembrava ossos se quebrando.

Quatro mãos me agarraram e me puxaram pra longe dele, mas eu queria continuar batendo, queria que ele sentisse a mesma dor que havia provocado em mim doze anos atrás. Uma dor que nunca cicatrizou.

- Chega Alfonso, pelo amor de Deus! - Christian gritou me segurando.

- Você vai matá-lo se continuar assim. - Miguel alertou.

Ofeguei encarando o homem com o rosto deformado e desmaiado. Não sei em que momento ele apagou de tão furioso que eu estava, mas nem assim tive o mínimo de pena dele. Aquilo ainda era pouco.

- Me soltem!