Fanfic: Together - Laliter | Tema: Laliter ♥

Capítulo 02.

A carranca de Lali pôde ser vista no momento em que ela abrira a porta da cafeteria. Com passos duros, ela se aproximou do balcão, sentando em um dos bancos próximos a amiga, que sorria.

- Que bicho te mordeu?
- Ele não me mordeu! - Exclamou em exagero.
- Tudo bem. Só não espante meus clientes. - Sussurrou Candela, inclinando-se sobre o balcão.
- Ok, desculpe, estou nervosa. – Bufou, assoprando os fios da franja, que caíam sobre seus olhos.
- Isso eu percebi quando abriu a porta. – Puxando um banco de madeira, sentou a sua frente. – Quer beber algo?
- Qualquer coisa que me acalme.
- Nicolas, traz um chá de camomila para Lali. – Pedira ao funcionário. – Suspirando, Lali levou a mão até a presilha que lhe segurava os cabelos, deixando as ondas negras caírem sobre o ombro. Sentiu alívio. – Vai me contar qual foi o bicho que não te mordeu?!
- Comecei com o pé esquerdo. – Levando a xícara aos lábios, praguejou ao queimar a língua com o líquido. – Aquele capitão insolente... E gostoso. – Arrependeu-se ao ver o risinho de Candela. – Abusado! Arrogante! Estúpido! Que ódio!
- Alguém realmente te impressionou, Lah.
- Não ria! Aquele petulante teve a cara de pau de entrar no meu escritório e me tratar como uma égua reprodutora.
- Você está falando do novo delegado? O que veio ocupar seu lugar?
- O próprio.
- Andei bisbilhotando, ele me parece bem servido.
- Um imbecil!
- Lali, o que, exatamente, ele te fez? – Relutante, ela sussurrou, em tom quase inaudível.
- Me chamou de gostosa.
- Que?
- Me chamou de gostosa! – Repetiu, em um tom mais alto, furiosa demais para perceber o risinho dado por Candela. – Ainda teve o disparate de dizer que me imaginava... Com ele... Minha mesa... Nua... Urgh! – Indignada, apoiou as mãos sobre a bancada. – Quem ele pensa que sou?!
- O que ele pensa que você é, eu não sei, mas que esse cara parece ser quente. – Assoviando, movimentou as mãos, simulando um abano.
- Eu não pretendo me queimar.

- Mas ele te impressionou. Conheço você como a palma da minha mão. Esse tal delegado te fez tremer.
- Fez. Fez... Tremer de raiva! Só se for! Aquele... Asno.
- Querida, você precisa ir para casa, tornar uma aspirina e descansar. Você vai ver, amanhã será um novo dia.
- O desgraçado disse que vai me visitar. Todos os dias! – Resmungou.
- Pense pelo lado positivo, você pode desencalhar! Arranjou um admirador.
- Um jumento seria mais inteligente. – Rebateu, levantando-se e pegando a pasta de trabalho. – Vou embora, amanhã de manhã passo aqui. Se cuida. – Deu um beijo na bochecha de Candela, que riu da raiva da amiga.
- Correr só vai cansá-la, querida. – Dissera ao vê-la sair. – Aposto que ele te alcança.

Uma hora dentro de uma banheira de água quente e uma boa noite de sono pareciam ter sido o suficiente para que ela se recuperasse no dia seguinte. Bem disposta, saiu de casa naquela manhã com um sorriso nos lábios, símbolo de seu bom humor.

O hábito de, todas as manhãs, passar na cafeteria de Candela, havia sido adquirido muito antes, quando ainda era delegada da cidade. Como consequência viera a inseparável amizade com a mesma. Passar ali todas as manhãs era sinônimo de boa conversa e bom café.

Já estava com a mão na maçaneta da porta do lugar, quando outra cobriu a sua.

- Juíza. Bom dia. – Dissera ele, ao abrir a porta.
- E lá se vai meu bom humor. – Murmurou, ignorando-o ao entrar e caminhar em direção ao balcão. – Candela, vou querer pra viagem hoje, estou com um pouco de pressa.
- Bom dia querida, continua de mau humor? – Revirando os olhos enquanto remexia a bolsa, Lali respondeu.
- Na verdade ele já me pegou hoje cedo.
- Pegá-la... Quem me dera. – Suspirou, fazendo-a arregalar os olhos. – Bom dia, Candela. Capitão Lanzani, o novo delegado da cidade.
- Aí está ele. O famoso delegado. – Lali praguejou mentalmente, enquanto tinha certeza de que a melhor amiga estava aumentando o ego dele.
- Então estou famoso? – Com um sorriso zombeteiro, apoiou-se no balcão, pedindo um café puro, antes de continuar. – Me conte uma coisa Candela, a juíza falou muito de mim, ontem?
- Na verdade ela –
- Até mais tarde. – Em um gesto impaciente, tomou o copo de papel nas mãos e saiu apressada em direção à saída, cogitando a possibilidade de deixar aquele incômodo para trás.
- Depois a gente continua essa conversa! – Exclamou Peter, antes de seguir atrás dela. – Você é assim todos os dias?
- Só quando alguma coisa me incomoda. – Olhando de soslaio para ele, segurou-se para não atirar o líquido do copo em seu rosto. – Como, por exemplo uma pedrinha no sapato, daquelas bem chatinhas.

- Então deixe-me cuidar para que não incomode mais. – Pega de surpresa, ela não esperava ser atirada por sobre os ombros dele, como um saco de batatas.

Reik – Que vida la mia.

- Miserável! Me coloca no chão! – Exclamou, se debatendo.
- Estou ajudando a senhorita a resolver aquele probleminha com a pedra no sapato.
- Me ajudaria sumindo da minha frente. – A elegante pasta de couro, agora, servia como arma, na tentativa de fazê-lo parar. Mas Peter não parecia sequer se incomodar. – Está me fazendo passar vergonha!
- Se parasse de se comportar como uma garota mimada, talvez pudesse lhe devolver um pouco de dignidade.
- Eu não sou mimada! – Desistindo de usar a força bruta, tentou a educação. – Por favor, me ponha no chão.
- Falando desse jeito, até poderia fazê-lo. Mas estou tendo uma bela visão do seu traseiro, daqui. – O tapinha desferido em uma das nádegas de Lali, foi a última gota d’água para ela.
- Eu vou acabar com a sua raça, se você não me colocar no chão, agora! – Não fora o tom ameaçador que o fez obedecer, mas sim o fato de já ter chegado à frente do fórum. Nos lábios dele, um sorriso travesso. – Você me deve. – Bradou, com o indicador esticado em sua direção. Estava preparada para dar-lhe as costas, quando um puxão em seu braço a fizera chocar-se contra o peito dele.
- Pago com um jantar, hoje à noite. – Gargalhando, Lalio empurrou, voltando a caminhar para dentro do fórum.
- Nem pensar.
- Te pego às oito! – Exclamou, com os olhos pregados nela.
- Vai sonhando, Lanzani.

Oh sim, ele sonharia. E se Lali pensava que repudiá-lo o afastaria dela, estava muito enganada. Pelo ao contrário, concluiu, meneando a cabeça, com um meio sorriso nos lábios. Ele adorava complicações.

“Só quero conversar, só quero te conhecer, me dá um pouco do seu tempo para te convencer.”

Continua........ - Capítulo 03 - Segunda - COMENTEM.