Fanfic: __A vila__ | Tema: Suspense; Romance; Hot e RBD

Monterrey, 23 set 2013.

Pov. Christopher:

   Minha avó sempre me disse que um dia iriamos colher aquilo que plantamos. Eu nunca entendi o que ela queria dizer até o dia do meu julgamento. Estava no tribunal sendo julgado pelos meus próprios erros. Tá certo que não sou um carinha legal, mas também não entendo porque tanta imprensa para um caso de sequestro.  

   Desde que me conheço por gente moro na vila, mas não é qualquer vila.... é A vila. Eu cresci sobre os olhares do mundo sendo um pobrezinho beneficiado pela Construtora Espinosa Ltda. Era o cúmulo da vergonha viver lá, como se eu andasse com a palavra “pobre” escrito na testa em letras luminosas. Meus pais, Victor e Alexandra me repreendiam diariamente pela forma que via nossa condição. Eles não percebiam que éramos nada diante da cidade? Cobaias de uma experiência para levantar a moral de uma empresa corrupta?

   Tentei sair de lá várias vezes, engraçado que tudo que planejei fora deu errado. Sou ambicioso, sempre quis o melhor para mim, então conheci o meu pior para não voltar para a vila.  O caminho errado é fácil seguir. Tráfico. Drogas. Roubos. Falsificação. Sequestro. Não precisei matar ninguém até hoje, faria se precisasse.

   Teria dado certo meu último passo. Acredito que fui denunciado por um dos meus, impossível alguém de fora saber tudo sobre mim e o sequestro. Fiquei meses estudando os mapas, rotas de fuga, lugares... estaria nos Estados Unidos agora. Teria vida nova longe desse mundinho medíocre. 

− Senhor Christopher Uckermann, pela tentativa de sequestro, extorsão, tentativa de homicídio e roubo o senhor será condenado a dois anos em regime fechado....       

   Olhei para meus pais no meio da multidão de curiosos que assistiam minha condenação e ver como estavam mal por minha causa acabou comigo. De verdade preferia que eles não estivessem lá, como meu irmão Eddy Uckermann que não questão de assistir.

   Fui levado, algemado, para uma viatura. Jurei enquanto me levavam que mataria com minhas próprias mãos o filho da mãe que me enfiou naquela situação. Aquele x-9 iria me pagar caro.

   Estar preso não era tão ruim quanto se via na televisão. Tinha regras, mas se eu não mexesse com os “donos” do local poderia viver tranquilamente. Fiz um único amigo. Era bom ter alguém para conversar e Thomas era um carinha de boa. Ele estava preso por assassinato, acontece que na fuga de um roubo a uma loja matou o dono sem querer, e isso lhe dera uns bons anos para pensar na vida.

   A pior parte da cadeia era o dia de visita. Como me explicaram a humilhação que os familiares passaram para conseguir entrar com revistas abusivas, proibi meus pais de vir me ver, mas dona Ale não desistia de mim. Todo domingo ela estava lá.

− Por que Christopher? – Perguntou entre lágrimas o que me fez chegar aonde cheguei pela milésima vez. – Não fomos bons pais? Não te demos tudo que você quis? Onde erramos Christopher?

− É errado querer ser independente? Parar de ser um coitadinho da Construtora Espinosa? – Respondi nervoso.

− Mas quem disse que somos coitadinhos, Christopher? Trabalhamos e muito. Só porque não pagamos aluguel... isso não nos classifica como pobres coitados meu filho.

− Vocês dois nunca vão entender... e nem pensem que eu volto para aquele inferno. Prefiro ficar aqui do que voltar para a vila. – Bati o punho na mesa assustando minha mãe.

− Para onde vai então? Não temos parentes fora da vila... e não se esqueça que a dona Blanca é sua madrinha, você deve respeito pelo sua generosidade.

− Nunca. Prefiro morar na rua do que voltar naquele inferno e agradecer por misérias.

   Sai da sala de visitas exausto pelo nervoso. Definitivamente minha mãe era muito cabeça dura. Entretanto o único que realmente sentia falta era meu irmão Eddy. Meu irmão me via como seu herói desde a infância, sendo seis anos mais velho que ele, mas acabei com nosso elo no primeiro roubo, ele nunca me perdoou.

[...]

Monterrey, 23 set 2015.

− Grande dia hein cara! – Thomas estava radiante por mim. Era irônico ver meu amigo feliz por minha liberdade e eu triste mesmo sabendo que ele não iria sair nos próximos dez a quinze anos.

− Nem tanto cara, trocaria de lugar com você fácil fácil.

− Vira essa boca pra lá. Aproveita a liberdade e não volte mais para cá.

− E volto pra onde? Esqueceu que não tenho para onde ir?

− Tem sim Christopher, larga mão de besteiras. Seus pais e irmão estão te esperando e você mora na vila. Pode não ser o melhor lugar do mundo, mas tem cama quente, comida farta e mulheres.

− A única mulher pagável na vila casou com Will, um carinha mo certinho. Maite tinha cursas lindas, do resto não havia mais nenhuma do meu gosto. −Thomas ria da minha cara quando o sargento Souza bateu na grade de nossa cela.

− Uckermann, da tchauzinho pro namorado e sai fora.

− Tá me estranhando Souza, aqui é irmandade. – Abracei Thomas e prometi voltar nas visitas.

   Diferente do que imaginei e para minha surpresa, apenas Eddy me esperava no portão da penitenciaria. Fazia uns quatro anos que não nos falávamos e não sei como seria estar com ele. Eddy já tinha carta de motorista pelo visto. Nos vinte passos que dei até chegar a sua frente notei que não existia mais o carinha que decepcionei tanto há uns anos, na minha frente estava um homem feito. O que eu fiz com nossas vida? 

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2 cap e 6 favoritações. 

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