Fanfic: __A vila__ | Tema: Suspense; Romance; Hot e RBD

Guadalajara, 23 set 2013.

Pov. Christian:

   Sentia um frio enorme na barriga, não era a primeira vez que iria me infiltrar com uma vida falsa para conseguir um bom furo de reportagem. Das outras vezes foi mais simples, não havia família. Era eu sendo outra pessoa, vivendo em outra vida. Meu maior caso foi descobri sozinho um tráfico de mulheres em Las Vegas.  Ser um repórter de fama no meu serviço não era muito bom. Cada vez que acabava um serviço tinha que sumir da cidade em questão.  Guadalajara foi a que passei mais tempo, quase três anos. Porém dessa vez fui contratado para descobrir o que rolava dentro de uma tal vila em Monterrey.

   Recebi um e-mail há meses atrás, anônimo como todos os outros. Estavam me mandando uma vida feita, seria um homem chamado Christian Chávez, neto perdido de um senhor chamado Antônio Chávez. Pelo que estudei sobre o caso, Sr. Chávez perdeu a memória depois de um acidente e tudo que sobrou consigo foi uma carta de sua filha Oliva dizendo que seu Christian tinha nascido com saúde.  No e-mail também tinha uma cópia da carta, notícias locais sobre o caso e documentos no nome de Christian.

   Pra mim não era difícil ser outra pessoa. Fui encontrado pela freira Isabel Rivas dentro de uma igreja. Isabel levou-me para um orfanato, mas sempre manteve contato comigo até sua morte. Quando era criança contava para cada família que vinha conversar comigo uma história diferente de como vim parar ali. Hoje nem lembro meu nome... pouco me importava diante dos vários rgs falsos que tenho. Dona Isabel me chamava de Fercho, então reconheço como documento aquele que diz Fernando Rivas.  

   Enquanto olhava os horários de ônibus na rodoviária, pensava em meu carro que vendi junto com tudo que tinha para começar uma vida em Monterrey. Dez horas dentro de um ônibus definitivamente não era meu sonho de consumo. Guadalajara, entretanto, era a única cidade que eu realmente deixei alguém, John não iria esperar meu retorno. Não esperava que fosse lembrar de mim em alguns anos, mas precisava garantir meu futuro antes de assumi a ele.

− Hey...moço...chegamos. – Abri meus olhos e já era noite. – Você desce aqui em Monterrey não? – Uma senhora de idade que seguia comigo na viagem tentava me acordar.

− Sim...

−Chegamos então.

   Desembarquei com as pernas dormentes. Jurei mentalmente que nunca mais entrar em um ônibus na vida. Andei até o restaurante e me informei sobre um hotel próximo, não iria conseguir chegar na vila sem uma noite de sono. Por sorte havia um no quarteirão seguinte. Dormir foi fácil, acordar foi terrível... me sentia doente e preferi ficar uns dias no hotel.

[...]

Monterrey – A vila, 04 out 2013.

   Cheguei ao forte chamado “A vila”, por fora parecia uma prisão ao invés de uma vila. Um calafrio desceu por minha espinha. Poderia voltar atrás, mas a recompensa era grande, qualquer notícia inédita sobre aquele lugar me renderia mil vezes o valor que tinha atualmente no banco. Falei ao porteiro, um jovem garoto, quem eu era... esse arregalou os olhos e abraçou-me. Fiquei sem reação, não era acostumado com esse tipo de coisas.

− Cara... sou o Eddy Uckermann, estamos te procurando há anos. Diga que viu nosso anúncio no jornal? – Concordei com a cabeça, falar sobre o jornal era melhor do que a informação falsa que tinha. – Nossa meu... o Sr. Chávez vai ficar louco quando te ver.

− Espero não atrapalhar, ele é tudo que tenho hoje. – O pior da mentira era ver como somente as pessoas boas confiavam cegamente. Eddy, que aparentava ter um bom coração, nem pediu para ver meus documentos, apenas me colocou para dentro da vila.

− Que atrapalhar o que... Antônio não te deixará nunca.

   A vila por dentro era belíssima, flores e tintas claras dava um ar de vida. Acompanhei o tal Eddy que quase corria entre as casas parando somente na frente de um grande prédio, deveria ser a casa mansão que li nos arquivos. O garoto entrou calmamente informando para uma bela morena quem eu era. A mesma levou às mãos a boca. Christian deveria ser uma lenda no local.

− É um verdadeiro encanto te conhecer Christian. – Saudou-me apertando minha mão. – Meu nome é Maite, grande amiga de Antônio. Espero que fique conosco, e se resolver ficar... me procure para ajeitar sua situação.

− O encanto é meu. Ajeitar minha situação? – Perguntei mesmo sabendo que se tratava do contrato, todos os moradores assinavam um. Entretanto o Christian de Guadalupe, vida falsa que contaria ser a minha, não fazia ideia do que ela estava falando.

− Nada grave, só assegurar sua estadia aqui. Eddy, leve-o logo para o Sr. Chávez, ele esperou demais por esse encontro.

   Eddy me puxou pelo braço por uma porta, sentia meu coração na garganta. E se ele não fosse parecido comigo? Se ele desconfiasse de algo? Tudo poderia dar errado. Entramos num salão de festas, um senhor de cabelos grisalho montava cadeiras e deixa-as em filas perfeitas. Parou quando notou nossa presença.

− Eddy por Deus, que bom que pode vir me ajudar, não tenho mais vinte anos para fazer isso sozinho... – Parou de falar quando seus olhos pousaram nos meus. Tinha ensaiado um texto completo para esse momento, mas não consegui falar. Ficamos assim, nos encarando. Lágrimas brotaram dos seus olhos, respondi apenas com um sorriso sem jeito. – Meu Christian...

   O pobre homem caminhou até mim e desfaleceu em meus braços, tive que segura-lo, pois pensei que fosse cair. Chorava ruidosamente e para minha surpresa meus olhos queimava também. Antônio largou meu corpo e segurou meu rosto. O seu estava vermelho e molhado, mas analisava cada detalhe em mim.

   Eu era o pior demônio no mundo enganando-o. Não sou e nem nunca seria Christian Chávez, quanta dor eu iria causar a esse senhor por uma gorda conta bancária? Tentei afastar isso de minha mente, poderia fazer o bem também. Seria um bom neto e quando fosse sumir deixaria uma boa história para contar.

 − Como você me encontrou Christian meu neto.

− Vi um anúncio no jornal. Sabia que tinha um avô com o mesmo nome e vim. – Menti.

− E sua mãe? Oliva minha filha, onde esta?

− Infelizmente morreu... – Vi uma dor cortante em seus olhos, certamente sonhava em encontrar a filha também.

− Sei que não deve ter sido fácil. Mas com quem você morava Christian?

− Uma vizinha me ajudou nos últimos anos, mas estou sozinho.

− Não mais meu neto. Vou estar com você até não ter mais ar nos pulmões. – Abraçou-me novamente e eu pedi perdão a Deus por mais uma vida falsa que estaria vivendo a partir de hoje. 

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8 favoritações o/

Com 12 postarei o próximo cap. (Pode ser já).

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