Fanfic: De repente (adaptação) | Tema: Vondy
O universo havia conspirado e por isso eu não conseguiria fazer o que precisava, então resolvi me concentrar na outra parte do meu trabalho. Trabalhar com pássaros iluminava meu humor. Depois de conferir as gaiolas para ter certeza de que não havia problema algum comecei a pesar e a medir os pássaros. Quando chegou a vez de Dover, uma coruja que havia sido atropelada por um carro, murmurei baixinho. Ela havia perdido um olho, e por isso ficava nervosa quando as pessoas se aproximavam da gaiola.
— Oi, querida. É hora da comida. — Abri a porta da gaiola e cheguei perto devagar. Soltei a corda que a prendia no poleiro e dei uma boa examinada nela. Depois de levá-la para o escritório, pesei-a com o cuidado de observar a quantia exata em nossos registros, antes de dar comida a ela. — Coma. Você sabe que quer comer. — Levantei o rato até seu bico, mas ela se virou. — Ah, vamos lá, Dover. É um rato gostosinho. Seu preferido.
Ela arrepiou as penas e suspirou. Dover era linda, mas dar comida a ela era um processo bastante frustrante. Levantei o rato até seu bico de novo, certificando-me de que ela estava vendo a comida com o olho bom. Delicadamente, como se estivesse me fazendo um favor, ela deu uma pequena bicada.
— Isso mesmo — cantarolei. — Coma.
Devagar ela levantou a garra e segurou o rato. Suspirei aliviada. Ela precisava comer para ganhar peso. Era assim também que administrávamos os medicamentos nela. Dover era um pássaro esperto e eu suspeitava de que ela soubesse que estávamos colocando algo a mais na comida.
Depois que ela terminou de comer, anotei algumas medidas e levei-a de volta para a gaiola, a qual conferi rapidamente e então limpei a sujeira. Verifiquei todos nossos livros de registros para ter certeza de que nada tinha sido esquecido, fiz algumas anotações sobre nosso gavião asa-de-telha que tinha uma asa machucada, e fechei a loja.
Já me sentia bem melhor no momento em que estava pronta para ir embora. Os aborrecimentos de antes não pareciam um grande problema e eu estava ansiosa para ir para casa. Depois de checar com atenção os medicamentos e a comida para o dia seguinte, apaguei as luzes e caminhei em direção à porta. Peguei as chaves para trancar o portão enquanto me aproximava da entrada. Ninguém mais chegaria ali até a manhã seguinte.
— Dulce Salviñon?
Olhei para o homem em pé do lado de fora do portão do centro de estudos. Calças escuras combinavam com um blazer preto e uma gravata clássica. As únicas coisas notáveis nele eram os caros óculos de sol, apoiados no nariz, e o pequeno aparelho escondido no ouvido, com um cordão em espiral que descia até o colarinho da camisa.
— Sim? — Terminei de trancar o portão e levantei-me. Ele não era um homem muito alto, parecia ter a idade de meu pai, mas irradiava poder. E como tenho a tendência em ter problemas com autoridade, não gostei dele de cara. Na verdade, ele não havia dado motivo algum para não gostar dele, mas as pessoas que se achavam melhores do que você ou que sabiam mais do que você me davam nos nervos.
— Você é Dulce María Salviñon? — perguntou ele de novo. Ele não se apresentou nem tentou parecer simpático. Não ofereceu sua mão para que eu apertasse.
— Quem quer saber? — Pendurei a mochila no ombro enquanto me dirigia à minha velha caminhonete. O cara autoritário veio bem atrás de mim, fazendo meu pescoço se arrepiar ainda mais.
— Se você é Dulce, preciso falar com você em particular.
Joguei a mochila na parte de trás da caminhonete e virei-me para olhar para ele. Não me preocupei em esconder a irritação estampada no rosto quando percebi o quanto ele estava perto de mim.
— Bom, se eu for Dulce, você está com sorte. Não tem mais ninguém por aqui. — Virei a cabeça para o estacionamento vazio.
Nós éramos as duas únicas pessoas ali. Sua expressão gelada pareceu se acalorar um pouco e ele mexeu o rosto no que quase parecia ser um sorriso.
— Senhorita Salviñon, eu gostaria de pedir para que me acompanhe. Tem alguém que gostaria de falar com você.
— Ah, tá. Isso não vai acontecer, Sr. Nervosinho. Olha se está aqui por causa das contas dos medicamentos do meu pai, fiz o pagamento hoje. Se ele pudesse pagar alguma coisa a mais, ele pagaria, mas como ele não pode trabalhar, duvido que isso aconteça logo. — Abri a porta da caminhonete e comecei a subir. Uma mão encostou no meu ombro e eu reagi sem pensar. Segurei os dedos dele e torci, Depois virei e, com o outro braço, tentei imobilizá-lo.
Infelizmente, parecia que ele esperava por esse movimento e reagiu sem problemas. Tirando a mão de mim, desviou-se do meu golpe e afastou-se.
— Quem você pensa que é? — disse eu tirando o cabelo dos olhos. Olhei para ele. O fato de seu sorriso estranho ter aumentado me deixou ainda mais irritada.
— Muito bem, Senhorita Salviñon. Você quase me atingiu.
O cara autoritário balançou a cabeça para mim. Cerrei os punhos ao meu lado para não atacá-lo. Que antipático…
— Aqui está meu cartão. Meu nome é Duvall. Minha patroa ficaria muito feliz se você pudesse nos encontrar para jantar hoje à noite. Ela está hospedada no Parallel e reservou mesa para vocês jantarem juntas às oito e meia no restaurante do hotel. — Olhei para seu cartão e de novo para seu rosto. Que diabos seria aquilo? O Parallel era o melhor hotel da cidade.
Olhei de novo para seu cartão e notei o brasão estranho na parte de cima. Um pequeno pássaro descansava em um galho em volta de um escudo azul. Quem era esse carinha estranho que usava um aparelho no ouvido?
— Quem é a sua patroa?
— A Duquesa Rose Sverelle de Dollange.
Olhei para ele por um momento para ver se ele estava brincando. Não, seu rosto ainda estava sério. Pisquei devagar e olhei de novo para o cartão antes de olhar para o seu rosto.
— Acho que você está falando com a Dulce errada. Não tem porquê uma duquesa estar procurando por mim. — Subi até o assento do motorista e ele fechou a porta depois que coloquei a perna para dentro, tentando dar um sorriso. O sorriso ficava estranho no rosto dele, como se não estivesse acostumado a fazer aquilo com frequência. Abaixei o vidro e tentei devolver o cartão a ele, mas ele sacudiu a mão sinalizando que eu deveria guardá-lo.
— Você é Dulce Salviñon, bióloga de animais selvagens, especialista em aves de rapina? Estudante de pós-graduação, filha de Blanca Salviñon?
— Ah, sou, mas… — Sacudi a cabeça quando ele se aproximou um pouco mais da janela.
— Faço meu trabalho muito bem, Senhorita Salviñon. Mandaram-me encontrar Dulce Salviñon, e eu encontrei. A duquesa tem seus motivos.
Ele encolheu os ombros.
— É claro que a falcoaria é um esporte muito importante em nosso país. Talvez tenha alguma coisa a ver com isso.
— E que país é esse? — Olhei de novo para o cartão, como se pudesse encontrar alguma resposta ali.
— Lilaria.
Ele se afastou do carro e balançou a cabeça para mim. Olhei para ele confusa. Por fim, joguei o cartão no banco do passageiro e coloquei a chave na ignição.
— Tudo bem, Duvall. Talvez eu vá ao jantar, mas sou uma pessoa bastante ocupada. Preciso olhar minha agenda primeiro. — E então engatei a marcha à ré na caminhonete e me afastei.
— Claro.
Ele balançou a cabeça para mim quando mudei a marcha e saí do estacionamento. Pela maneira como sorriu para mim, tive certeza de que ele sabia que eu estava mentindo sobre estar ocupada. Eu o observei entrar em seu carro preto, notando, pela primeira vez, as bandeirinhas no
capô. O que será que uma duquesa queria comigo? Como é que fui descoPonchoa por uma pessoa da realeza? Apertei o botão do rádio e encostei no banco do motorista. Minha cabeça estava procurando motivos para que alguém de um país que eu mal sabia que existia quisesse falar comigo. Talvez ela estivesse interessada no centro de pesquisas. Mas por que viria atrás de mim? Não faria mais sentido se ela entrasse em contato com o Dr. Geller? Ele era o responsável em lidar com as doações ou com qualquer outro tipo de envolvimento da parte dela. Ele não estava na cidade e talvez tivesse se esquecido de me dizer que essa senhora viria até aqui.
A caminhonete falhou quando mudei o rumo e entrei na rampa de acesso à rodovia. O relógio no painel marcava quase cinco e meia. O Dr. Geller ainda devia estar no campo, portanto não adiantava ligar para ele para descobrir o que estava acontecendo. Eu teria que improvisar. Suspirei e acelerei a caminhonete. Não tinha muito tempo para me trocar e voltar para a cidade.
Não que eu tivesse outra coisa para fazer, e talvez ela quisesse ajudar o centro de pesquisas. A equipe estava se virando para usar apenas metade dos suprimentos necessários para reabilitar as aves de rapina machucadas e em tratamento. As gaiolas eram muito menores do que precisavam ser e os medicamentos eram caros. Sempre cortamos coisas do orçamento para podermos comprar mais medicamentos ou equipamento de treinamento.
Autor(a): unbreakableHels
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 90
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taianetcn1992 Postado em 27/10/2020 - 13:17:49
posta mais
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taianetcn1992 Postado em 27/10/2020 - 13:17:40
@dayanerodrigues achei essa fic nos seus favoritos e ameiiii
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taianetcn1992 Postado em 27/10/2020 - 13:17:13
leitora nova e louca querendo mais capitulos
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taianetcn1992 Postado em 27/10/2020 - 12:27:59
menina amando muito essa historia
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dayanerodrigues Postado em 05/10/2020 - 14:22:42
Amei a fic
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stellabarcelos Postado em 20/05/2017 - 01:23:12
Lindos
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stellabarcelos Postado em 09/01/2017 - 10:15:10
A parte boa de tudo isso é que agora eles tem muita certeza de que são um casal para sempre! Lindos
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stellabarcelos Postado em 09/01/2017 - 10:14:34
Esse último comentário foi meu
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Postado em 09/01/2017 - 10:09:49
Que triste ele ir assim! Eu realmente acreditava que ele pudesse se recuperar
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stellabarcelos Postado em 09/01/2017 - 09:31:19
Own que lindooos