Fanfic: A Rosa do Inverno(adaptada) | Tema: Vondy

"Eu prefiro não voltar", gaguejou Dulce. "Acho que estou pronta para me recolher por hoje…"   

"Ah", disse Christopher com cara de quem entende. "Tomou um pouco demais de champanhe?"   

"S-sim", sussurrou Dulce. "É isso. Se você me der licença…"   

"Não." Christopher agarrou o cotovelo dela. "Eu a acompanho até o seu quarto."   

Dulce começou a protestar, mas ele levantou uma das mãos. "Vamos, vamos. Não se esqueça de Lord Derby. Não gostaríamos que você desse de cara com outro dos meus companheiros bêbados no corredor. Eu insisto."   

Dulce não tinha outra escolha a não ser permitir que ele a conduzisse ao seu quarto. Foram pela escada do fundo e não encontraram ninguém. Foi apenas quando estavam chegando à porta do Quarto Rosa que Christopher perguntou, com curiosidade: "Posso indagar o que motivou aquela visita à estufa?".    Ela levantou os olhos para ele. O perfil de Christopher era tudo o que podia ver na luz fraca e ele parecia um pouco ameaçador. Dulce suspirou e, inexplicavelmente, os seus olhos se encheram de lágrimas.   

"Ora, ora", disse Christopher apressadamente. Pôs os dedos debaixo do queixo de Dulce e levantou o seu rosto. "O que eu estou vendo são lágrimas?"   

Dulce piscou, envergonhada da sua própria fraqueza. "Não", disse, a voz sufocada pelos soluços. "Eu apenas… estou com alguma coisa no olho."   

"Não acredito." Christopher tirou um lenço de linho branco do bolso do colete e encostou uma ponta nos cantos dos olhos úmidos dela. "Dulce, o que é? Você não pode me contar?"   

Comovida com o calor da voz dele, Dulce baixou os olhos. "Eu não ouso", suspirou ela.   

"Diga-me. Eu escorracei o horrendo vigário, não foi? E o detestável Lord Derby. Talvez também possa livrá-la do que a aflige."   

"Você não pode", disse Dulce e de repente as lágrimas jorraram, uma verdadeira enxurrada.

Christopher estava tão surpreso como se de repente tivesse começado a chover dentro de casa. Soltou uma praga em voz baixa e então, olhando para um lado e outro do corredor, estendeu a mão para a maçaneta da porta do quarto dela. "Aqui dentro", ordenou ele. "Vamos esclarecer isso, você e eu. Agora."   

Dulce estava perturbada demais para protestar. Por mais que tentasse, não conseguia parar de chorar. Sem pensar, foi direto para a cama, jogando-se sobre ela para soluçar com o rosto mergulhado nos travesseiros macios.   

Nem pensou no que Christopher poderia fazer enquanto ela chorava. Lucy aparentemente tinha descido para jantar, deixando o quarto escuro, a não ser pelo brilho do fogo da lareira, que já estava se pagando. Dulce ouviu Christopher trancar a porta atrás de si para ter certeza de que não seriam perturbados.   

Se Christopher achou o comportamento dela estranho, não disse nada. Quando recuperou o autocontrole e levantou a cabeça do travesseiro, ela o viu de pé a cerca de meio metro da cama. Ele a fitava com uma expressão inescrutável no rosto, os braços cruzados sobre o peito. "E agora", perguntou ele, "você poderia me dizer o que significa tudo isso?"   

Dulce engoliu em seco. Não fazia sentido algum continuar ocultando o fato. Ele ia acabar ouvindo da boca de alguém. Respirando fundo e tremendo, Dulce disse: "Eu… eu ouvi algumas damas fofocando".   

"Ouviu?" A voz de Christopher denotava apenas um interesse distante. "As damas têm a tendência a fazer isso. O que, precisamente, diziam elas?"   

Ela não conseguiu evitar um pequeno soluço. "Que… que o seu irmão Christian morreu em um duelo por causa da minha irmã Maite".   

Ela olhou-o para ver como ele recebia a notícia. Christopher cerrou os dentes um pouco. "Entendo", disse ele com cuidado. A sua voz era impassível. "E onde essas senhoras teriam ouvido essa história, eu me pergunto?"   

"Eu-eu não sei", mentiu ela. Dulce não ousava lhe dizer que a viscondessa era quem espalhara o boato. Ele apenas a acusaria novamente de estar com ciúmes…   

Christopher descruzou os braços e se aproximou da cama. Dulce, começando a tremer um pouco debaixo do olhar direto dele, recusou-se a se intimidar. Levantou o queixo, fitando-o desafiadoramente, apesar de saber que a vantagem era dele, já que ele estava de pé e ela, esticada de costas sobre a cama, as saias infladas como um balão ao seu redor.   

"Isso é verdade?", foi tudo o que ele perguntou.   

Dulce baixou os olhos e em seguida, juntando coragem, olho-o nos olhos. "Sim", disse ela.   

Christopher ficou olhando-a, os músculos do queixo se contraindo enquanto lutava com alguma emoção. Quando readquiriu o controle sobre si mesmo, ele perguntou, com a voz dura: “Como você sabe?”.   

“Ela me contou.”   

“Mas a sua irmã morreu apenas alguns meses depois de Johan na Itália…”

Vendo que ela balançava a cabeça, a voz de Christopher foi sumindo. “O que… o que você está querendo me dizer? Que ela, que a sua Irma não morreu?”   

“Sim”, respondeu Dulce, esforçando-se para que a sua voz não saísse tremida.   

“Por quê? Por que toda essa dissimulação e mentira?” As palavras eram rápidas, enunciadas como se cada uma tivesse sido arrancada do mais fundo dele.   

“É melhor assim.” Dulce se sentou na cama, estendendo as duas mãos enluvadas em um gesto de desamparo. “é melhor que as pessoas pensem que ela está morta. Acredite em mim.”   

“Por quê?” Christopher não podia mais se conter. Estendeu os braços e pegou com firmeza os ombros nus dela. “Por que você precisa fingir que a sua Irmã morreu quando isto não é verdade?”   

“Porque ela morreu”, insistiu Dulce. “Maite Saviñon está morta, você não entende?”   

Christopher apertou os dedos contra os ombros dela e se inclinou para olhá-la mais de perto, até que a sua boca estivesse apenas a alguns centímetros da dela. “Onde está ela?” Christopher sacudiu-lhe os ombros a cada palavra: “Onde… está… Maite… Uckermann?”.   

Dulce balançou a cabeça tão violentamente que a tiara escorregou e caiu-lhe sobre um dos olhos. “Eu não posso dizer! Por favor, não me force a dizer. É melhor assim. Por favor, Christopher. Não me force a dizer.”