Fanfic: A Rosa do Inverno(adaptada) | Tema: Vondy

O medo de Dulce se tornou indignação. Ela estava desesperadamente apaixonada por ele, mas admitia o fato de que Christopher podia ser um completo canalha manipulador. Imagine, dizer a sua hóspede que a anfitriã tinha outros planos para o jantar! E ainda mandando a pobre moça ao quarto de Dulce para fazê-la parar de chorar! Ora, ela não lamentava nem um pouco aquele tapa.   

“Bem, não vou à Casa Portilla sem você”, disse Dulce com lealdade. Anne pareceu alarmada.   

“Oh, nada disso, Dulce. Não poderia de modo algum. Não fui convidada…”   

“Eu a estou convidando.”   

“Mas não tenho nada para vestir e…”   

“Você pode usar um dos meus vestidos.”   

“Não servem. A sua cintura é muito menor que a minha.”   

“Lucy pode soltar o cós. Você pode usar o meu tafetá azul. Vai combinar muito bem com os seus olhos.” Dulce estava decidida. Não ia ficar sozinha com Christopher e Alistair na carruagem, nem mesmo no curto percurso até a propriedade vizinha. Manteria Anne Herbert a seu lado a noite toda, e até o fim do mês também, se isso fosse necessário. Não estava nem um pouco disposta a agüentar os ataques de ciúmes dos dois homens. E, quando a lidar com cada um deles em separado, ora, isso também estava fora de questão. Ela estava no fim de suas forças.   

Dulce descartou todos os argumentos de Anne e mandou um lacaio informar a Casa Portilla para esperar uma pessoa a mais do Solar Uckermann. Depois ela e Lucy se dedicaram a fazer uma verdadeira transformação na aparência de Anne, de uma solteirona respeitável para uma dama elegante e muito atraente.   

Quando Christopher mandou dizer-lhe que ele e Alistair estavam esperando havia meia hora e que, se Dulce não se apressasse, eles se atrasariam para o jantar, Anne Herbert estava radiante e Dulce quase havia recuperado a calma. As duas moças, Anne em um vestido de tafetá-azul-turquesa, e Dulce de verde-maçã, chegaram simultaneamente no alto da escadaria dupla e desceram juntas, Dulce um pouco atrás de sua hóspede, com medo de olhar Christopher nos olhos.

Mas não havia necessidade de se preocupar com isso. Christopher parecia tão relutante quanto ela em repetir algum dos infelizes procedimentos daquela tarde. Ele apenas olhou-a criticamente, como que absorvendo o rosado não muito natural de seu rosto e o brilho febril dos seus olhos. Dulce manteve a vista baixa e só a levantou quando Christopher, sem uma palavra, empurrou Alistair para o lado, tirando-o do caminho e pegando a mão enluvada dela.    Estava quase censurando-o por aquele comportamento rude quando viu Jeremy com suas melhores calças de veludo recostado contra o pilar do corrimão.   

“Jeremy!”, exclamou ela, a voz ainda rouca do choro. “O que está fazendo vestido assim? Não está na hora de ir para a cama?”  

“É claro que não.” Jeremy parecia escandalizado com a ignorância dela. “Eu vou jantar com todos vocês na Casa Portilla”.   

O despropósito dessa ideia e a forma pomposa com que Jeremy a tinha anunciado foi como um golpe para Dulce. Ela começou a rir. “Você não vai de jeito nenhum”, disse ela entre gargalhadas. “Suba imediatamente e vá para a cama!”   

Jeremy ficou olhando-a com ar furioso, as mãos pequenas de punhos cerrados ao lado do corpo, e então Christopher disse, com voz baixa: “Sinto muito, mas ele vem conosco, Dulce. Anahí solicitou especialmente a presença dele.”   

Dulce parou de rir. “Ora, não me importo com o que Anahí diz. Jeremy é um menino e deve estar na cama a esta hora.”   

“Ora, Dulce!”, protestou Jeremy. Ele perdeu o ar arrogante e bateu o pé, mal-humorado. “Como é que posso comer com os adultos aqui no Solar Uckermann, mas não tenho modos o suficiente para comer com vocês na Casa Portilla?”   

“Não é isso, querido, é só que…”   

“Ora, deixe-o vir conosco, Dulce”. Alistair, por delicadeza, tinha oferecido o braço a Anne Herbert. Ele estava se divertindo com o fato de Dulce não parecer nem um pouco à vontade com a escolta de Christopher. “Ele vai ter que se acostumar com isso, mais cedo ou mais tarde.”