Fanfic: A Rosa do Inverno(adaptada) | Tema: Vondy
Christopher olhou-a, com uma sobrancelha ironicamente levantada. “Que diabos, Anahí! Você realmente acha que eu gostaria de ser um duque? Preocupar-me com questões da propriedade o dia todo? Ser sempre perseguido por homens como Herbert, que adorariam ocupar todo o meu tempo com contabilidade? Ter que negociar com os arrendatários, providenciar que o sapé dos tetos de suas casas seja trocado todos os anos, que seus filhos recebam educação e suas esposas estejam satisfeitas?” Levantou os ombros largos com um estremecimento de desagrado. “Esse tipo de vida fez do meu pai um velho, matou-o antes do tempo. Não vou permitir que isso aconteça comigo. Que o moleque do meu caro falecido irmão tenha o diabo do título. Herbert providenciará para que Uckermann não seja totalmente destruído por uns tempos e, dentro de dez anos, quando o menino sair de Oxford, ele pode voltar para cá e assumir o lugar que lhe é de direito nestes sagrados salões.”
“E o que você pretende fazer da sua vida, Christopher?”, indagou Anahí, mas disfarçando a irritação. “Você só pode caçar de novembro a março, e Londres é abominável no verão. O que você precisa, meu querido, é de uma ocupação.”
“O que você acha que eu sou, um americano?”, riu Christopher, de forma pouco agradável, enquanto secava o copo. “Adoro quando você se digna a me aconselhar, Anahí. Sempre me faz lembrar da nossa diferença de idade. Diga-me, o seu marido não se incomoda de você estar sempre correndo e cruzando o pântano para visitar um homem com a metade da idade dele e uma década mais jovem que você?”
“Você tem que beber tanto?”, retrucou a viscondessa Portilla. Christopher, com um suspiro resignado, mentalmente subtraiu um item da lista de atributos dela. “É de dar desgosto ver alguém tão comparativamente jovem ficar tão inchado e barrigudo.”
Christopher abaixou os olhos, passando pela sua gravata plastrão branca com o nó perfeito sobre o colete que vestia o vigoroso peito. “Barrigudo?”, ecoou ele, sem acreditar. “Onde?”
“Você tem bolsas debaixo dos olhos.” Anahí deu um passo para a frente e arrancou o copo de conhaque da mão dele. “E dá para ver que está começando a ficar com papadas, como o seu pai.”
Christopher soltou uma praga e se levantou com um pulo do assento, um tanto instável devido ao conhaque. Com mais de 1,90 m, Christopher sempre fora uma figura imponente, mas no Salão de Recepções Dourado do Solar Uckermann, ele parecia muito mais alto. Sua grande estrutura contrastava com a delicada mobília dourada e de veludo verde, e seus pés, calçados com botas de montaria pretas bem lustradas, pisavam firme sobre os tapetes persas cuidadosamente escovados.
Dirigindo-se a passos largos até um espelho chanfrado pendurado em uma das paredes, Christopher examinou o seu reflexo, procurando sinais de obesidade.
“Pelo amor de Deus, Anahí, não sei do que você está falando. Que papadas?", disse ele.
Ele tinha certeza de que não era por vaidade que não via qualquer sinal de dissipação. Sem dúvida, se as papadas existissem, ele teria notado. Christopher não era tão interessado assim na sua aparência, mas sabia, porque muitas mulheres lhe tinham dito, que era agradável. Porém, estava consciente de que, apesar da roupa bem cortada, parecia deslocado em qualquer salão de recepções, dourado ou não. Ele tinha a compleição trigueira e melancólica de um pirata ou bandoleiro, sem falar no cabelo negro como azeviche, que tendia a se enrolar rebeldemente em contato com a gola do casaco. Em contraste marcante com Lady Portilla, que era tão clara quanto um carneirinho, em Christopher apenas os olhos eram claros, de um cinza que parecia refletir a névoa que emanava incessantemente do pântano em cuja margem o Solar Uckermann estava localizado.
“Eu não quis dizer exatamente que você tem papadas agora”, disse a viscondessa Portilla, de repente muito ocupada com algo sobre a mesa de tampo de marfim. “O que eu disse foi que, se você não tomar cuidado…”
“Não foi isso o que você disse.”
Christopher não tinha certeza sobre o que o deixava mais consternado: o fato de que ela o tinha alarmado a ponto de fazê-lo se levantar da chaise langue ou o fato de que, agora que já estava de pé, poderia muito bem ir para o andar de cima. Poderia ficar infeliz com mais tranquilidade no conforto da sua biblioteca ou mesmo na sala de bilhar, onde poderia fumar e beber à vontade, sem nenhuma mulher implicando para lhe fazer advertências quanto a panças.
Antes, porém, de ter uma chance de inventar alguma desculpa para apaziguar a suscetível viscondessa, com quem já tinha compartilhado algumas horas de prazer em um quarto de hóspedes do terceiro andar naquele dia, Evers entrou na sala e limpou a garganta ruidosamente.
”Sir Arthur Herbert está aqui para vê-lo, my lord.” O mordomo, que havia servido ao pai de Christopher por cinquenta anos e, sem dúvida, serviria ao novo duque de Rawling por mais vinte, não levantou uma sobrancelha diante do óbvio estado de embriaguez do patrão, ainda no começo da tarde.
“Hebert?”, repetiu Christopher, sem acreditar. “O que ele está fazendo de volta tão cedo? Não o esperava antes de amanhã ou depois. O moleque…ãã, Sua Graça, o duque, está com Sir Arthur, Evers?”
O olhar de Evers não se afastou de um ponto acima da cornija de mármore verde da lareira. “Sir Arthur está só, my lord, e, eu poderia acrescentar, em um estado de considerável agitação.”
“Diabos!”, Christopher levantou o braço e esfregou o queixo que, apesar de ainda não ter passado muito tempo depois do meio-dia, já estava áspero devido à barba que despontava. Se Herbert estava sozinho, isso só podia significar que a informação recebida de Aberdeen era falsa, como todas as outras. E Hebert tinha jurado que a fonte era confiável! Agora Christopher precisaria despender mais esforços - e dinheiro - na busca do herdeiro do ducado de Rawling. Como era possível que um menino de dez anos virtualmente desaparecesse da face da Terra?
“Diabos!”, repetiu Christopher irritado. “Traga-o então, Evers. Traga-o para cá.”
A viscondessa soltou um suspiro exagerado no minuto em que o mordomo se afastou o suficiente para não poder mais ouvi-la.
“Ah, Christopher, tenha dó. Você tem mesmo que receber aquele homem asqueroso aqui? Não podia fazê-lo esperar na biblioteca? Não me agrada ficar ouvindo vocês dois tagarelando sobre aquele moleque imprestável.”
“Sim, imprestável!”, Sir Arthur, corpulento e expansivo como sempre, entrou rapidamente na sala, mal dando tempo a Evers de abrir totalmente as portas antes de passar apressado pelo mordomo, que o olhava com suas sobrancelhas arqueadas. “Oh, uma criança extremamente imprestável, de fato, Lady Portilla! Nunca foram ditas palavras mais verdadeiras!”
Autor(a): leticialsvondy
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Sir Arthur estava tão perturbado que nem havia permitido que o lacaio lhe tirasse a capa e o chapéu, de forma que a neve caía dos ombros daquele homem de meia-idade. Evers pairava indeciso por perto, o rosto parecia uma máscara de aflição diante das manchas molhadas que cresciam sobre o tapete debaixo das galochas do advogado. & ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 46
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anne_mx Postado em 04/10/2022 - 10:25:17
Que fanfic linda, amei ver o Christopher colocando a Maite no lugar dela, a declaração dele para Dul foi tão lindaaaaaa, que história extraordinária <3
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janaynafarias Postado em 19/12/2016 - 11:05:58
Amore eu me apaixonei por essa fic! Amo fic d época e essa é apaixonante. Parabéns flor por essa obra prima e delicadeza,espero ler mtas outras mas suas! :*
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millamorais_ Postado em 24/05/2016 - 00:23:32
Ahhh que história linda *---* <3 sem dúvidas uma das melhores de época que já li. Sobre a fic nova, indo favoritar agora é ficar contando os dias para estréia, tipo sou muito curiosa então vc bem que podia postar um trechinho da história né?! Kkkk :*
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minhavidavondy Postado em 23/05/2016 - 01:59:03
Lindo demais!!!!!!!!!
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stellabarcelos Postado em 22/05/2016 - 23:09:04
Ah amei muito a estória! Anahi e mai são duas cobras mas que não conseguiram nada! Muito lindos! Amei! Parabéns
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Grazi 😍😍 Postado em 22/05/2016 - 18:16:46
Já irei favoritar lá! Ansiosa já!
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Grazi 😍😍 Postado em 22/05/2016 - 18:14:32
Não acredito que já acabou 😪 a parte que mais me deixa digamos que emocionada é quando ela fala "Você não pode estar apaixonado por mim." E ele logo lhe pergunta o por quê não pode. Aí como vou sentir falta dessa fanfic! Dul e o Chris super felizes, amo/sou! Adorei, adorei! Obrigada pela adaptação, como já te disse ela foi maravilhosa! ❤️❤️
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Grazi 😍😍 Postado em 21/05/2016 - 19:26:04
Particularmente adoro essa parte! Esse porte másculo do Christopher me encanta de um jeito. E acho tão bonitinho ele "salvando" a Dulce da irmã, porque por Deus! Essa mulher que transformar a Dul em uma prostituta. Ou até mesmo em seu retrato fiel. Essa Anahi é um monstro em forma de gente, misericórdia. E depois vem as melhores parte do livro/adaptação, to ansiosissima. Meu sumiço é que esse mês de maio me deixa tão na bad, que mal sinto vontade de ler, meu vô faz aniversário esse mês e infelizmente ele faleceu, faz tempo, mas a dor volta as vezes. Enfim, chega de falar de coisas tristes... Continua gatinha. Beijocss!
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millamorais_ Postado em 20/05/2016 - 21:14:24
Leticia não consigo ver as fotos da enquete
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millamorais_ Postado em 20/05/2016 - 18:01:26
Meudels, meudels, meudels :o espero que as coisas se resolvam logo, logo agora que o Christopher começou a falar de sentimentos, eu jurava que o Alistair sabia da intenção de Christopher é por isso tava cortejando a Dulce kkkk enquete? Tou lendo pelo cell, aqui não tá aparecendo, assim q entra pelo PC eu voto continuaaaaa