Fanfic: A Rosa do Inverno(adaptada) | Tema: Vondy
Capítulo Cinco
O penetrante vento norte achatava a saia ampla de Dulce contra a armação que ela usava por baixo do vestido, fazendo-se sentir através das dobras da nova peliça de pele de castor e provocando lágrimas nos olhos. Ela afastou o lenço que mantinha pressionado sobre o corte bem acima da linha do cabelo e limpou os olhos com um canto limpo do linho monogramado, para que Jeremy não pensasse que ela estava chorando. Mas era tarde demais quando percebeu que ele a observava, os olhos brilhantes arregalados no rosto de bochechas vermelhas.
“Olá!”, gritou ele para se fazer ouvir sobre o vento. “Vejam o que vocês fizeram, seus palhaços! Vocês fizeram Dulce chorar!”
Os três homens, que trabalhavam desesperadamente para levantar a carruagem da vala em que tinha tombado, levantaram os olhos da sua labuta, a respiração irregular saindo em lufadas brancas de suas bocas. Com os uniformes verdes e brancos da Casa Uckermann, provavelmente estavam com muito mais frio do que ela, mas o esforço tinha feito com que surgisse um brilho em suas testas e o cabelo do lacaio estava grudado ao pescoço.
Dulce desejou, como vinha fazendo na última meia hora, desde que a carruagem derrapara na estrada - se é que poderia chamar de estrada essa triste trilha coberta de gelo que levava ao Solar Uckermann -, que ela e Jeremy nunca tivessem saído de Applesby. A essa altura do dia, estariam em casa, aconchegados perto da lareira, tomando chá da tarde, e não tiritando de frio em um pântano tão inaproveitável e gélido que até os ladrões de estrada se mantinham à distância.
Ao lado dela, Sir Arthur Herbert se mexia de um lado para o outro, desconfortavelmente, e tocou o braço dela com untuosa solicitude. “Srta. Saviñon, não sei como lhe pedir desculpas por esse acidente infeliz.” Sir Arthur vinha pedindo desculpas sem parar desde que a carruagem tombara. Dulce tinha esperanças de que o frio congelasse a língua dele. Infelizmente, a declaração indignada de Jeremy, de que Dulce estava chorando, tinha voltado a despertar a preocupação do executor do espólio. “Tem certeza de que não deseja se sentar? A senhorita está com frio? Posso emprestar-lhe minha capa?”
“Sem dúvida que não”, declarou Dulce com mais firmeza do que sentia. Ela evitou lembrá-lo de que, mesmo se quisesse se sentar, não havia onde fazê-lo, já que a carruagem estava metade dentro e metade fora da vala e não havia qualquer estrutura à vista. “Estou perfeitamente bem, Sir Arthur. Jeremy se enganou, Não estou chorando.”
Virando o rosto para que Sir Arthur não pudesse ver o rosto dela por trás do seu novo gorro de borda larga forrado de pele, Dulce deu a Jeremy o seu olhar de maior desaprovação, as finas sobrancelhas inclinadas para baixo sobre o nariz reto. Logo que chegassem a Rawlings ela teria que achar um momento para falar a sós com ele. Desde que ficara sabendo que era o novo duque de Rawlings, Jeremy estava intolerável.
O novo duque de Rawlings olhou o rosto da tia e gritou, com voz aguda: “Está sangrando de novo! Dul, a sua cabeça está sangrando!”.
Que amolação! Dulce pressionou o lenço de Lord Christopher contra o corte sofrido quando a carruagem tombou. Dulce não sentia muita dor e não entendia por que tanto espalhafato, já que se tratava apenas de um pequeno corte escondido atrás de seu cabelo. Mas estava sangrando bastante, o suficiente para fazer Sir Arthur ficar muito branco e Lord Christopher insistir em sair a pé em busca de ajuda…
“Agora está melhor”, disse Jeremy, sorrindo travesso para ela, mais feliz do que ela tinha visto desde o início da longa jornada para o sul. Mesmo a estadia de uma semana em Londres não tinha sido tão empolgante para o menino quanto esse acidente com a carruagem. Seus olhos brilhavam enquanto narrava mais uma vez como Lord Christopher salvara Dulce de ser esmagada e morta pela barriga de Sir Arthur quando a carruagem derrapou na estrada.
“Logo que sentiu a carruagem se inclinando”, falava Jeremy, num arroubo, levantando o braço e puxando a manga do vestido de viagem verde- escuro de Dulce, “tio Christopher puxou você para cima dele, não foi, Dulce? Para mim ele salvou a sua vida. Acho que Sir Arthur a teria esmagado como uma uva se caísse em cima de você.”
“Chega Jeremy”, disse Dulce suavemente. “Estou bem ciente do fato de que Lord Christopher me salvou a vida. Eu já lhe agradeci.”
Sir Arthur Herbert pigarreou. Vinha ouvindo os comentários do jovem duque sobre o seu peso com constrangimento crescente e parecia ter chegado ao limite. “Vossa Graça, por que o senhor não corre até o topo daquela colina e vê se o seu tio já está chegando com um grupo de resgate?”
Jeremy não precisava de mais incentivo para gastar um pouco da sua energia, aparentemente sem limites. Disparou em direção ao cume coberto de neve, como uma pedra lançada de um estilingue, e Dulce aproveitou a oportunidade para enxugar os olhos novamente. O vento estava mais forte, lançando neve e pequenas partículas de gelo contra eles e ela sentia as bochechas e o nariz congelar. Durante o acidente, a maior parte do longo cabelo de Dulce tinha escapado da rede na qual ela o mantinha preso e seus dedos estavam dormentes demais devido ao frio para pôr as mechas rebeldes de volta no lugar. Naquele momento, os cachos evitavam que suas orelhas enregelassem.
Bateu os pés no chão, sentindo os dedos cada vez mais dormentes dentro das botas de pelica. Não havia nenhum lugar nesse pântano desolado, percebeu, em que pudessem se abrigar do vento. Talvez tivessem sobrevivido ao acidente da carruagem para morrer a apenas alguns quilômetros do seu destino.
“Minha cara Srta. Saviñon”, advertiu-a Sir Arthur. “A senhora está azulada de frio. Por favor, permita que eu lhe empreste minha capa. Eu estarei perfeitamente satisfeito com a manta de colo da carruagem…”
“Não seja ridículo Sir Arthur”, respondeu Dulce batendo os dentes. “Estou perfeitamente bem. Não sei quantas vezes terei que dizer isso para alguém acreditar em mim.” A pulsação dolorida da sua cabeça desmentia as suas palavras, mas não havia razão para dar a Sir Arthur mais uma coisa de que se lamentar. Dulce mordeu o lábio inferior e aguentou a dor em silêncio, contente de ter a desculpa do vento para os olhos lacrimejantes.
“Acho que estamos quase conseguindo, senhor”, gritou um dos cocheiros e Dulce levantou os olhos esperançosa. O lacaio tinha segurado os cavalos e gritava em tom encorajados para a parelha da frente, enquanto dois cocheiros, lá embaixo na vala, empurravam para cima, com toda a sua força, o pesado veículo preto com ornamentos de metal.
Dulce pensou que um homem do tamanho de Sir Arthur poderia ser de grande ajuda empurrando, mas aparentemente ele se achava ser mais útil confortando-a. Naquele exato momento, ainda batia de leve no ombro dela, murmurando: “Tudo vai dar certo, a senhorita vai ver! Eles estão quase conseguindo. São bons rapazes. Lord Christopher só contrata os melhores, a senhorita sabe.”
Mas seriam necessários mais do que três dos melhores homens de Lord Christopher para endireitar a carruagem. Os cavalos estavam agitados e não conseguiam encontrar apoio para as patas sobre a estrada congelada e, quando as rodas da frente da carruagem tocaram a estrada, a parelha pisou em falso e todo o veículo desabou, caindo de novo na vala. Horrorizada com a possibilidade dos cocheiros serem esmagados, Dulce gritou uma advertência e os dois homens pularam para fora do caminho da carruagem bem a tempo. “
Oh!”, gritou Dulce. A essa altura, ela estava realmente começando a ter vontade de chorar. “Oh! Isso é terrível. Aqueles pobres homens! E os pobres cavalos! Quanto mais tempo vai levar, Sir Arthur, para Lord Christopher e o outro lacaio chegarem a pé ao Solar Uckermann? Sei que ainda é cedo, está na hora do chá, mas já está escurecendo…”
“Tenha fé, Srta. Saviñon.” Sir Arthur olhou ao redor, tão desanimado quanto ela. Ele também preferia estar descansando ao lado de uma lareira acesa e tomando chá. “Tenha fé. Lord Christopher Uckermann não vai nos decepcionar.”
Fé em Lord Christopher Uckermann era algo que Dulce não tinha nem um pouco. Apesar de ele ter se abstido de novos avanços na quinzena que se conheceram, naquele horrível dia em Applesby, ela ainda não tinha certeza se confiava nele.
É verdade que ele havia se provado um perfeito gentleman durante sua estada em sua bela casa em Londres. Tinha mandado buscar Sir Arthur e sua esposa para serem seus acompanhantes e, apesar de Dulce não apreciar Sir Arthur, descobriu que gostava bastante da mulher dele. Lady Herbert era tudo o que o marido não era - atraente, bem-humorada e sensata. Apesar de ter cinco filhas, ela assumiu pessoalmente a sequência aparentemente sem fim de compromissos com costureiras, resultante da promessa de Lord Christopher de dar um novo guarda-roupa a Dulce, e se manteve muito mais animada do que a moça depois de meia dúzia de visitas à modistas de chapéus. Entre as provas, Lady Herbert passeou com Dulce por Londres. Ela não protestou nem um pouco contra uma visita à Câmara dos Comuns, apesar de o parlamento ainda estar em recesso, e entrou e saiu de museus com tanto entusiasmo como se nunca tivesse visto um deles.
Lord Christopher providenciou para que o jovem duque também estivesse bem ocupado com lições de equitação no Regent's Park, visitas frequentes ao zoológico e uma série de compras que a deixou furiosa, já que Dulce não aprovava que um menino da idade de Jeremy tivesse o seu próprio rifle, sem falar do enorme cavalo.
gabihs: Fico feliz que tenha gostado, gatenha!! Postado!
Autor(a): leticialsvondy
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 46
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anne_mx Postado em 04/10/2022 - 10:25:17
Que fanfic linda, amei ver o Christopher colocando a Maite no lugar dela, a declaração dele para Dul foi tão lindaaaaaa, que história extraordinária <3
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janaynafarias Postado em 19/12/2016 - 11:05:58
Amore eu me apaixonei por essa fic! Amo fic d época e essa é apaixonante. Parabéns flor por essa obra prima e delicadeza,espero ler mtas outras mas suas! :*
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millamorais_ Postado em 24/05/2016 - 00:23:32
Ahhh que história linda *---* <3 sem dúvidas uma das melhores de época que já li. Sobre a fic nova, indo favoritar agora é ficar contando os dias para estréia, tipo sou muito curiosa então vc bem que podia postar um trechinho da história né?! Kkkk :*
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minhavidavondy Postado em 23/05/2016 - 01:59:03
Lindo demais!!!!!!!!!
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stellabarcelos Postado em 22/05/2016 - 23:09:04
Ah amei muito a estória! Anahi e mai são duas cobras mas que não conseguiram nada! Muito lindos! Amei! Parabéns
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Grazi 😍😍 Postado em 22/05/2016 - 18:16:46
Já irei favoritar lá! Ansiosa já!
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Grazi 😍😍 Postado em 22/05/2016 - 18:14:32
Não acredito que já acabou 😪 a parte que mais me deixa digamos que emocionada é quando ela fala "Você não pode estar apaixonado por mim." E ele logo lhe pergunta o por quê não pode. Aí como vou sentir falta dessa fanfic! Dul e o Chris super felizes, amo/sou! Adorei, adorei! Obrigada pela adaptação, como já te disse ela foi maravilhosa! ❤️❤️
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Grazi 😍😍 Postado em 21/05/2016 - 19:26:04
Particularmente adoro essa parte! Esse porte másculo do Christopher me encanta de um jeito. E acho tão bonitinho ele "salvando" a Dulce da irmã, porque por Deus! Essa mulher que transformar a Dul em uma prostituta. Ou até mesmo em seu retrato fiel. Essa Anahi é um monstro em forma de gente, misericórdia. E depois vem as melhores parte do livro/adaptação, to ansiosissima. Meu sumiço é que esse mês de maio me deixa tão na bad, que mal sinto vontade de ler, meu vô faz aniversário esse mês e infelizmente ele faleceu, faz tempo, mas a dor volta as vezes. Enfim, chega de falar de coisas tristes... Continua gatinha. Beijocss!
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millamorais_ Postado em 20/05/2016 - 21:14:24
Leticia não consigo ver as fotos da enquete
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millamorais_ Postado em 20/05/2016 - 18:01:26
Meudels, meudels, meudels :o espero que as coisas se resolvam logo, logo agora que o Christopher começou a falar de sentimentos, eu jurava que o Alistair sabia da intenção de Christopher é por isso tava cortejando a Dulce kkkk enquete? Tou lendo pelo cell, aqui não tá aparecendo, assim q entra pelo PC eu voto continuaaaaa