Fanfic: A Rosa do Inverno(adaptada) | Tema: Vondy
Enquanto a Sra. Praehurst tagarelava, Dulce viu Christopher baixar o copo de conhaque e levantar uma sobrancelha, com uma expressão engraçada. Seguindo a direção do seu olhar, Dulce percebeu que ele estava olhando fixamente as curvas dos seus seios, que estavam bem visíveis através da fina musselina da blusa. Com o rosto escarlate, Dulce olhou-o com raiva até que ele, sentindo aquele olhar, levantou os olhos. Christopher imediatamente corou, algo que surpreendeu Dulce e a deixou confusa. Se ele era um homem tão sofisticado e atrevido, por que aquele constrangimento?
O constrangimento dela, junto com o álcool recém-consumido, tinham trazido de volta uma boa parte da cor ao seu rosto, e uma mancha rosada apareceu em cada uma de suas faces. Com voz enganosamente suave, perguntou: "Não acredito que os serviços de Lord Christopher ainda sejam necessários, não é, Sra. Praehurst?"
A Sra. Praehurst levantou os olhos, que estavam no punho que ela desabotoava, e os voltou acusadoramente na direção dos homens que pairavam na entrada. “Sem dúvida que não!”, declarou.
Largando a mão de Dulce, a governanta se aproximou com gravidade do patrão e do mordomo. Não foi preciso mais nenhuma sugestão para os dois homens. Com mesuras respeitosas, bateram em retirada e voltaram para o corredor, onde Alistar Cartwright os esperava e cumprimentou alegremente.
A Sra. Praehurst fechou a porta com firmeza atrás deles e voltou para o lado de Dulce, balançando a cabeça. “A senhorita vai ter que perdoá-los, Srta. Saviñon”, disse ela, naquele seu jeito direto, porém bondoso. “Não há uma senhora residindo no Solar Uckermann há…ora, desde que a duquesa faleceu há muitos e muitos anos.” Então Dulce tinha acertado. Ela estava instalada no velho quarto da duquesa e era a primeira ocupante desde a morte da mãe de Christopher.
“Naturalmente, as amigas de Londres de Lord Christopher vêm e se hospedam aqui com frequência, mas o que estou dizendo é que não temos uma dama residindo permanentemente há um bom tempo.”
Dulce perguntou, curiosa: “Lord Christopher dá grandes festas com freqüência?”.
“Ah, quando ele não está em Londres, parece que toda Londres está aqui.” A Sra. Praehurst falava do patrão com orgulho indisfarçado. “Naturalmente, Lord Christopher é muito generoso com as refeições e com os seus caçadores. Sabe, seu estábulo é um dos mais respeitados no mundo equestre. Até o príncipe de Gales…”
Ouviu-se uma batida leve à porta e a Sra. Praehurst correu a atender. Era Lucy Alcott, a camareira que a governanta tinha contratado para Dulce. Ruiva bonita e de olhos grandes, a moça sorriu nervosamente para Dulce e logo foi mandada pela Sra. Praehurst para a câmara de banhos anexa, para esperar a chegada de outras criadas da casa que viriam trazer a água quente para o banho de Dulce.
A interrupção aparentemente desviou o assunto de que a Sra. Praehurst falava, já que ela se esqueceu completamente do príncipe de Gales. Com muita ansiedade, segundo pareceu a Dulce, ela começou a falar de uma grande festa dos amigos londrinos de Lord Christopher, que deveriam chegar na semana seguinte para um baile e uma caçada. Esse fim de semana festivo, a Sra. Praehurst se deu ao cuidado de explicar, estava planejado há muitas semanas e Lord Christopher não tinha visto razão para cancelá-lo ao saber, por Sir Arthur, do paradeiro do herdeiro Uckermann.
“Já que”, disse a governanta com constrangimento evidente, “não havia razão para acreditar na ocasião, Srta. Saviñon, que a senhorita era…ahnn… tão jovem e Lord Christopher tinha pensado que a senhorita…ahnn…não se incomodaria…”
Dulce não pôde deixar de sorrir. O que Lord Christopher obviamente havia pensando era que ela era uma velha solteirona ressequida, ansiosa para aproveitar uma chance de jantar com nobres. “Entendo”, disse ela. “E o fato de eu ser alguém que mal saiu da escola, para usar a expressão tão delicada usada por Lord Christopher, e de nunca ter passado uma temporada* em Londres, significam que vou atrapalhar as festividades?”
“Claro que não”, disse a Sra. Praehurst, com ênfase um pouco excessiva. “Ora, haverá muitas moças como a senhorita hospedadas aqui. As filhas mais velhas de Sir Arthur, por exemplo. A senhorita já as conhece, não?” Diante do sinal afirmativo de Dulce, a Sra. Praehurst continuou, com um brilho inequívoco de orgulho nos seus olhos. “São ótimas moças. Lord Christopher só convida para se hospedarem na casa pessoas das melhores famílias da Inglaterra. O conde de Derby e sua família, o marquês e a marquesa de Lynne e seus filhos, o baronete Sir Thomas Caine, a viúva Lady Seldon e, naturalmente, a viscondessa de Ashbury…” A Sra. Prahurst interrompeu o que dizia com uma risada bem-humorada. “Oh! Esqueci que nenhum desses nomes significa nada para a senhorita, minha cara. Deve me fazer parar quando eu falar demais. Sou velha e tenho uma certa tendência a fofocar!”
Dulce deu um sorriso fraco. Ela tinha certeza de que, se a Sra. Praehurst tivesse a menor ideia de que a recitação que fazia com tanto orgulho da lista de hóspedes para a caçada estava deixando Dulce desanimada em vez de lhe dar prazer, a governanta teria mudado de assunto. A perspectiva de conviver com uma dezena de hóspedes com título de nobreza no fim de semana deixava o coração de Dulce pesado. Sobre o que, em nome de Deus, ela iria conversar com essa viúva, Lady Seldon, ou com a marquesa de Lynne? Sobre as tristes condições dos albergues para os pobres de Londres? A necessidade de melhorar as condições do trabalho infantil? Naturalmente, ela seria incluída em todas as atividades, do jogo de uíste* noturno à cavalgada com os cães de caça. Ora, quanta amolação!
Isso era tudo. Precisava falar com Lord Christopher. Ele não poderia esperar que ela passasse os seus dias na tagarelice ociosa com viúvas herdeiras e suas filhas de cabeça oca. Ela não conhecia nada da sociedade de Londres e não poderia participar das fofocas, mesmo que aprovasse esse passatempo. Não tinha talento para trabalhos de agulha ou música, detestava a caça e desprezava o jogo com paixão. Deus do céu, com o que iria se ocupar? Talvez pudesse entrar em contato com o vicariato local e oferecer os seus serviços. Preferia infinitamente cuidar dos doentes que se prostrar diante dos ricos.
As criadas chegaram com a água para o banho e a Sra. Praehurst as levou para a câmara de banhos, dando a Dulce uma folga da conversa bem-intencionada da governanta. Ouviu-se outra batida leve à porta e, desta vez, a Sra. Praehurst deixou entrar um homem mais velho e corpulento, que apresentou a Dulce como o Sr. Parks, médico da aldeia. O Sr. Parks trazia uma preta, um jeito alegre e o cheiro inequívoco do conhaque que Evers provavelmente lhe oferecera no caminho do quarto de Dulce. A moça não estava tão interessada nas opiniões médicas sobre o seu ferimento quanto na informação que ele poderia lhe dar sobre Jeremy. Ele tinha chegado ao Solar? Estava bem? Ela poderia vê-lo?
O Sr. Parks respondeu afirmativamente às duas primeiras perguntas e fez com o dedo um sinal de que não à terceira. “Não enquanto eu não descobrir como você está, mocinha”, advertiu ele. A Sra. Praehurst tossiu, porém, e ele se corrigiu: “Quero dizer, Srta. Saviñon”. Com a ajuda de Lucy, a Sra. Praehurst conseguiu pentear o cabelo de Dulce, afastando-o do ferimento para que o médico o examinasse bem. Foi apenas quando Dulce viu a reação da camareira que pensou que talvez o ferimento fosse mais grave do que achava. A pobre ofegou e ficou olhando fixamente para a ferida, uma mão cobrindo a boca, enquanto a outra fazia o sinal-da-cruz. O Sr. Parks, porém, não se mostrou surpreendido, apenas com um interesse médico pelo ferimento. Ele virou a cabeça da moça com dedos gentis, fez pressão em vários pontos do crânio dela, perguntando-lhe se ela sentia dor, e daí lhe perguntou se tinha sentido náusea ou tonturas desde o acidente. Diante da resposta afirmativa de Dulce, o médico começou a limpar o ferimento. O Sr. Parks estava preocupado, segundo informou à Sra. Praehurst, com a concussão, apesar de a tontura poder ser simplesmente devido ao choque do acidente e aos solavancos da viagem até o solar. Ignorando Dulce, o médico continuou a explicar que a paciente deveria ser acordada de duas em duas horas e que, se ela parecesse confusa ou desorientada, deveriam chamá-lo imediatamente. “Amanhã”, disse o Sr. Parks, “podem dar-lhe láudano se houver dor.” Continuou a fazer a relação das coisas que Dulce não deveria tentar fazer durante uma semana, como andar a cavalo ou trabalho de agulha. Essa advertência divertiu Dulce, que agora tinha a desculpa perfeita para não participar da caçada de Lord Christopher.
O Sr. Parks saiu, depois de dar instruções cuidadosas para a Sra. Praehurst sobre o láudano para Dulce. Lucy mal tinha aberto a porta para o médico sair do quarto quando um raio de 1,20 m de altura e cabelo escuro passou correndo pelos dois e se dirigiu para a cama de dossel. “Dulce!”, exclamou Jeremy, mergulhando nas cobertas macias, chacoalhando e assustando-a a ponto de Dulce soltar um pequeno grito. “Olá! Ele tirou sangue de você?”
Recuperando-se, Dulce olhou Jeremy com olho crítico. As faces dele estavam muito vermelhas, os olhos brilhantes, mas parecia que a intensidade das cores era de entusiasmo e não de doença. Ela estendeu o braço instintivamente para tirar um pouco do cabelo escuro dele da pequena testa suada. Da entrada, o Sr. Parks exclamou, divertido: “Meu jovem! O que Sir Arthur e eu discutimos com você na carruagem?”.
Jeremy ignorou o médico. “Ele tirou sangue de você, Dulce?”, o menino queria saber.
“Claro que não”, disse Dulce. “Que história é essa de entrar correndo como um desordeiro? Você sabe muito bem que não pode pular no móveis. Não estamos de volta à residência paroquial…”
O Sr. Parks passou, a passos largos, pela Sra. Praehurst, que estava confusa, e pegou Jeremy pelo colarinho. “Meu jovem”, disse ele, com austeridade simulada, “o seu tio Christopher lhe disse que você precisa deixar a sua tia em paz. Ela levou uma pancada terrível na cabeça e não está se sentindo bem…”
“Sei disso”, disse Jeremy, a voz estrangulada porque o Sr. Parks o tinha levantado da cama pelo colarinho. “Se não fosse pelo tio Christopher, ela teria morrido, o senhor sabe. Sir Arthur a teria esmagado. Dulce, você viu o corrimão nas escadas no Grande Saguão? Você acha que o tio Christopher ficaria bravo se eu descesse aquele corrimão escorregando só uma vez?” Enquanto o Sr. Parks o levava para fora do quarto, Jeremy esticou o pescoço para olhar para o médico. “Escuta aqui”, disse ele. “Tire as mãos de mim imediatamente. Eu sou o duque, o senhor sabe.”
O Sr. Parks riu como se Jeremy lhe tivesse contado uma boa piada. “Diga boa noite para a sua tia, Vossa Graça”, disse ele. Jeremy deu uma última olhada para Dulce antes de ser arrastado para fora do quarto. “Não se preocupe, Dulce”, ele lhe garantiu, “eu subo para ver você depois da ceia!”
“Nada disso, você não vem não”, disse o médico.
Lucy fechou a porta rapidamente atrás deles e se apoiou nela, assustada. Do outro lado do quarto, os olhos da Sra. Praehurst estavam bem arregalados atrás dos óculos, mas limitou-se a dizer: “Ora, Sua Graça parece ser um jovem animado”.
Dulce estava cansada demais para discutir. Jeremy era animado, é verdade, ela queria dizer, mas não são animados todos os meninos de dez anos? O que eles esperavam? Uma miniatura de Lord Christopher?
*Período em que a aristocracia rural ia para as suas casas em Londres e época dos grandes acontecimentos sociais - bailes, temporada de teatro e ópera. Estendia-se de final de dezembro ou começo de janeiro a junho. (N.T.)
* Jogo de cartas considerado o ancestral do bridge. (N.T.)
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Autor(a): leticialsvondy
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 46
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anne_mx Postado em 04/10/2022 - 10:25:17
Que fanfic linda, amei ver o Christopher colocando a Maite no lugar dela, a declaração dele para Dul foi tão lindaaaaaa, que história extraordinária <3
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janaynafarias Postado em 19/12/2016 - 11:05:58
Amore eu me apaixonei por essa fic! Amo fic d época e essa é apaixonante. Parabéns flor por essa obra prima e delicadeza,espero ler mtas outras mas suas! :*
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millamorais_ Postado em 24/05/2016 - 00:23:32
Ahhh que história linda *---* <3 sem dúvidas uma das melhores de época que já li. Sobre a fic nova, indo favoritar agora é ficar contando os dias para estréia, tipo sou muito curiosa então vc bem que podia postar um trechinho da história né?! Kkkk :*
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minhavidavondy Postado em 23/05/2016 - 01:59:03
Lindo demais!!!!!!!!!
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stellabarcelos Postado em 22/05/2016 - 23:09:04
Ah amei muito a estória! Anahi e mai são duas cobras mas que não conseguiram nada! Muito lindos! Amei! Parabéns
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Grazi 😍😍 Postado em 22/05/2016 - 18:16:46
Já irei favoritar lá! Ansiosa já!
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Grazi 😍😍 Postado em 22/05/2016 - 18:14:32
Não acredito que já acabou 😪 a parte que mais me deixa digamos que emocionada é quando ela fala "Você não pode estar apaixonado por mim." E ele logo lhe pergunta o por quê não pode. Aí como vou sentir falta dessa fanfic! Dul e o Chris super felizes, amo/sou! Adorei, adorei! Obrigada pela adaptação, como já te disse ela foi maravilhosa! ❤️❤️
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Grazi 😍😍 Postado em 21/05/2016 - 19:26:04
Particularmente adoro essa parte! Esse porte másculo do Christopher me encanta de um jeito. E acho tão bonitinho ele "salvando" a Dulce da irmã, porque por Deus! Essa mulher que transformar a Dul em uma prostituta. Ou até mesmo em seu retrato fiel. Essa Anahi é um monstro em forma de gente, misericórdia. E depois vem as melhores parte do livro/adaptação, to ansiosissima. Meu sumiço é que esse mês de maio me deixa tão na bad, que mal sinto vontade de ler, meu vô faz aniversário esse mês e infelizmente ele faleceu, faz tempo, mas a dor volta as vezes. Enfim, chega de falar de coisas tristes... Continua gatinha. Beijocss!
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millamorais_ Postado em 20/05/2016 - 21:14:24
Leticia não consigo ver as fotos da enquete
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millamorais_ Postado em 20/05/2016 - 18:01:26
Meudels, meudels, meudels :o espero que as coisas se resolvam logo, logo agora que o Christopher começou a falar de sentimentos, eu jurava que o Alistair sabia da intenção de Christopher é por isso tava cortejando a Dulce kkkk enquete? Tou lendo pelo cell, aqui não tá aparecendo, assim q entra pelo PC eu voto continuaaaaa