Fanfic: A Rosa do Inverno(adaptada) | Tema: Vondy

Evers limpou a garganta, já na porta da sala. “Com licença, my lord, se o senhor não precisa mais de mim…

Christopher, que estava de pé diante do fogo, com as mãos atrás das costas, virou-se repentinamente.   

“Não, ainda preciso de você, Evers. Diga a meu valete que vamos partir para a Escócia imediatamente. Preciso de camisas suficientes para uma estada de não menos que três dias. Mande Robert trazer a carruagem leve. Parto tão logo as malas estejam prontas.”   

Anahí, que estava à mesa de trabalho, baixou a pena com que escrevia. “Christopher, você perdeu o juízo? Não pode estar pensando em ir ver essa mulher horrível.”   

“Esta é exatamente a minha intenção”, declarou Christopher. “Por quê? Você acha que não tenho os poderes de persuasão necessários? Uma solteirona escocesa liberal está acima das minhas capacidades?”

Lady Portilla riu. O riso dela, Christopher já havia notado, era um som frio e tilintante como o de uma sineta, sem ressonância e muito cansativo. “Oh, não, my lord. Nós todos sabemos quão persuasivo o senhor pode ser quando põe alguma coisa na cabeça.” O olhar da viscondessa passou rapidamente por ele e Christopher não deixou de notar os belos olhos se abrirem em sinal de apreciação ao se fixarem sobre a sutil protuberância na frente das calças dele. “Mas você deve estar desesperado, querido, se vai até a Escócia com um tempo como este. Qual é a pressa? Sabemos onde o abominável menino está e obviamente ele não vai a parte alguma.”   

“Quero resolver essa questão”, disse Christopher, virando-se novamente para o fogo. “O meu pai está morto há quase um ano e Rawling vem definhando sem um duque todo esse tempo. Já é tempo mais que suficiente, na minha opinião.”   

Anahí riu novamente. “E desde quando você se importa com Rawling? Realmente, Sir Arthur, o senhor é uma má influência sobre Christopher. Quando a gente menos esperar, ele vai querer inspecionar as campinas das ovelhas!”   

Sir Arthur parecia horrorizado com a proposta dessa viagem de Christopher à Escócia. “Eu lhe imploro, my lord, deixe isso para lá! Espere um pouco. Talvez dentro de um ou dois meses, quando tiverem uma chance de se acostumar com a ideia, eles apareçam. O senhor sabe, a srta. Saviñon estava absolutamente convencida da total indiferença do seu pai para com o menino e ficou surpresa ao descobrir que o duque não o havia cortado do testamento…”   

“Eu não tenho paciência para esperar um mês, Sir Arthur”, respondeu Christopher. “Vou partir hoje e aposto que conseguirei os dois - o menino e a tia solteirona - abrigados em segurança aqui em Rawling dentro de uma quinzena.”

“Se você está planejando fazer alguma aposta, é melhor acordar o seu colega, o Sr. Cartwright”, observou secamente Anahí. “Ele está dormindo na biblioteca, se recuperando do jogo de sinuca de ontem à noite. Você o leva com você, Christopher? Você sabe o quanto ele gosta de se insinuar com uma solteirona escocesa.”

“My lord, realmente tenho de implorar que o senhor reconsidere.” Tão agitado estava Sir Arthur com os planos de seu patrão que se levantou da chaise longue e foi para o lado de Christopher. “Temo que o senhor não esteja a par de quão volátil é o humor dessa mulher. Ela despreza resolutamente toda a aristocracia e se recusa de todo a…”   

Christopher riu e pousou uma mão pesada no ombro do cavalheiro. “Herbert, meu velho, vou lhe contar uma coisa sobre as mulheres. Elas são todas iguais.” O olhar rápido que lançou à viscondessa era de zombaria. “Todas elas querem alguma coisa. O que temos de descobrir é o que a srta. Saviñon quer e lhe dar isso em troca do seu sobrinho. É muito simples, na verdade.”   

Sir Arthur não parecia satisfeito. “O problema, my lord, é que acredito que o que a srta. Saviñon quer é…”   

“Sim, Herbert?”   

“A sua cabeça, Lord Christopher. Espetada em uma vara.”