Fanfic: A Rosa do Inverno(adaptada) | Tema: Vondy

“Acredito que já fizeram uma turnê com a Srta. Saviñon”, rosnou Christopher. Mas, quando Dulce lhe deu uma olhada, viu que ele nem mesmo olhava para eles. Christopher fitava o fogo, como se tentando determinar se era preciso atiça-lo. “A Sra. Praehurst deu uma volta com ela hoje de manhã”, completou Christopher suavemente…   

“Ah!” Alistair saltou do sofá para servir uma dose generosa de xerez para Dulce. “E o que achou, Srta. Saviñon? Estava tudo à altura do prometido por Christopher?”   

“Além do prometido”, garantiu-lhe Dulce, rindo e aceitando o copo que ele lhe estendia. “Ora, mal acreditei em Lord Christopher quando disse que o Solar Uckermann era conhecido pelas suas rosas de inverno, mas, agora que as vi por mim mesma, posso dizer que mesmo os elogios feitos por ele não lhes fizeram justiça.”   

Do outro lado da sala, a viscondessa parecia ter fiado admirando o seu próprio reflexo dos vidros escurecidos pela noite das largas janelas. Aparentemente satisfeita com a sua toalete, ela se endireitou e se dirigiu, vagueando, para onde estava Dulce, com as sobrancelhas arqueadas. “Estranho, Srta. Saviñon, que a sua irmã nunca tenha mencionado as rosas do Solar Uckermann para a senhorita. Sem dúvida, a noticia de que Mai Saviñon conseguira fisgar o herdeiro Uckermann deve ter caído como uma bomba na sua aldeia.”   

Dulce levantou as sobrancelhas. Ela não tinha a menor ideia, já que não a conhecia bem, se a viscondessa estava ou não a insultando intencionalmente. “Ora”, disse ela, tentando manter o tom despreocupado. “Talvez a família Uckermann não seja tão conhecida como pensa. Eu com certeza nunca tinha ouvido falar deles até Mai trazer Lord Christian para casa. E ele, sem nenhuma dúvida, nunca disse nenhuma só palavra sobre a estufa.”    

“Acredito nisso!”, riu Alistair. “Que homem ficaria pensando em flores de estufa quando tinha nas mãos uma genuína roseira brava?”   

Dulce sorriu para ele antes de dirigir sua atenção de novo para a viscondessa, que estava carrancuda. “Além disso”, disse Dulce dando de ombros, “o falecido marido da minha irmã não tinha o menor interesse em nada que não fossem cavalos. Era um homem que só gostava de atividades masculinas, se é que a senhora entende o que quero dizer.” Deu uma olhada rápida e maliciosa para Christopher, que lhe retribuiu o olhar com firmeza e, se ela não estivesse enganada, com raiva. Ótimo! Que ele ficasse bravo com ela. Melhor isso do que fazer mais daqueles avanços a que ela não tinha forças suficientes para resistir. Mas a viscondessa tampouco parecia satisfeita. Continuou a vaguear calmamente pela sala e o vulto alto era uma grande vantagem para quem estava de pé. O decote de Lady Portilla, notou Dulce, era ainda mais radical que o dela.   

“Bem, não consigo lhe dizer, Srta. Saviñon”, afirmou a viscondessa com uma alegria obviamente forçada, “o quanto será encantador ter de novo uma mulher no Solar Uckermann! Temo que Christopher seja ótimo para administrar os estábulos, mas que não tenha a menor ideia de como fazer funcionar uma casa. Ele realmente é incompetente em relação a tudo que não sejam cavalos.”   

“Ora, não posso acreditar nisso”, contrapôs Dulce, esquecendo-se, na pressa de correr em defesa de Lord Christopher, ela deveria manter a hostilidade do seu anfitrião. “Ele foi tão solícito durante a minha doença, providenciando que me levassem livros e flores…”   

Christopher pigarreou um pouco alto demais diante do olhar cortante que Lady Anahí disparou contra ele. “Quem não iria querer acelerar a recuperação da Srta. Saviñon”, declarou Christopher galantemente, “para que ela pudesse o mais cedo possível enfeitar estes salões cheios de correntes de ar com seu semblante atraente?”   

Dulce nem sequer percebeu o elogio. Ainda tentava provar que a viscondessa estava errada. “E, para alguém supostamente tão incompetente na administração de uma casa”, continuou ela, “Lord Christopher fez os planos para a caçada e outras festividades desse fim de semana…”   

“Oh, mas isso foi tudo idéia de Lady Portilla”, Alistair interrompeu. “Vamos, Arabella, confesse. Você não tem um salão desses na Casa Ashbury e adora usar o do Solar Uckermann como se fosse seu…”   

“Bobagem”, disse Lady Ashbury, com uma frieza inconfundível na voz.   

“É verdade”, garantiu Alistair a Dulce. “Ela trouxe todos os seus amigos de Londres pelo menos duas vezes apenas nesta temporada.”

“Seu moleque provocador!”, disse Lady Portilla, de rosto fechado. “Não tenho a menor ideia de por que Christopher permite essas suas visitas de um mês de duração. Você não passa de um aborrecimento.”   

“Cartwright”, rosnou Christopher, que estava perto da lareira. “Comporte-se”   

“Ora!”, disse Dulce, virando-se para Alistair com ar confuso. “Eles sempre o maltratam assim tão abominavelmente na sua cara? Não entendo por que o senhor fica aqui!”   

Alistair parecia estar adorando. “Meu Deus, você está defendendo a minha honra! O seu irmão Christian tropeçou em um tesouro lá na Escócia, Christopher. Você acha que existem outras como ela? Eu quero muito uma para mim!”   

Dulce não teve chance de dar uma olhada em Christopher para ver como ele recebia aquela declaração, já que Evers inesperadamente entrou na sala e anunciou que o jantar estava servido. Mas, para grande surpresa de Dulce, o braço que lhe foi oferecido para escoltá-la até a sala de jantar não foi de Alistair, mas o de Christopher. Ele a fitou de cara fechada, como se aquela fosse a última coisa que quisesse fazer. Mas pôs os dedos dela no seu braço e a puxou, não muito gentilmente, pondo-se de pé.   

“Ora, Lord Christopher”, disse Dulce, dando uma olhada por cima do ombro para a viscondessa, que olhava de forma penetrante e maligna para as costas de Christopher, fuzilando-o com os olhos pálidos. “Quanta cortesia da sua parte!”   

“De forma alguma”, retorquiu Christopher friamente. “Você é a minha concunhada, afinal de contas. É meu dever escoltá-la para o jantar.”   

Piscando diante da frieza de Christopher, ela instintivamente tentou se afastar. Ele reagiu apertando-lhe a mão, e Dulce disse: “Desculpe-me, my lord, mas não preciso da sua caridade…”   

“Essa é boa!”, observou Christopher. “Considerando-se que, sem ela, a senhora estaria de volta àquele chalé miserável em Applesby.” Ela tentou tirar a mão do braço com um puxão violento e Christopher disse, com a expressão mais suave: “Não provoque uma cena! Estou querendo falar com você.”   

Ela apertou os olhos, desconfiada. “Sobre o que, por favor?”