Fanfic: Mon jeu, mes règles. | Tema: Vondy

Só ri de uma cicatriz quem nunca foi ferido.

 

Olá, me chamo Dulce e tenho 17 anos. - Fiz uma breve pausa e revirei os olhos antes de prosseguir. - Não vejo sentido algum em estar me apresentando ou escrevendo para você, mas o terapeuta (Olá doutor Juan!) acha que isso pode me ajudar. Na verdade, não é de livre e espontânea vontade que frequento um terapeuta mas Alexandra acha que estou sofrendo silenciosamente após perder minha mãe, o que causou um surto no qual não controlo minha raiva e que conversar com um completo estranho me ajudaria. O que faz tanto sentido quanto essa ideia absurda que ele deu de escrever isso aqui. (Sem ofensas doutor, é, eu sei que você está lendo.) Então vamos lá. Minha mãe faleceu a um ano e 6 meses e, apesar de eu preferir morar com minha tia Ninel, vim morar com meu pai. Não me entenda mal, eu amo meu pai. Mas desde que ele e minha mãe se separaram, não tivemos muito contato. Mas enfim, isso não vem muito ao caso no momento.
Bom, minha tia é modelo e mora fora do país e, quando eu disse que iria morar com ela, meu pai ameaçou entrar na justiça e me obrigar a ficar. Fernando Savinõn não é um homem acostumado a ser contrariado e, para evitar problemas pra minha tia, acabei acatando a sua vontade. 
Dr. Juan acha uma boa ideia que eu descreva como é essa nova família e como eu me sinto. (Mesmo eu já tendo dito isso a ele diversas vezes, então vamos lá.)
Alexandra, a nova esposa de meu pai, é o que eu chamaria de a personificação da elegância. Ela era amiga de infância de minha mãe, mas ela e meu pai se apaixonaram quando Alexandra ficou viúva. Alexandra tem dois filhos de seu primeiro casamento. Angelique, que tem a minha idade e o Christopher. Angel e eu somos amigas e o Christopher... bom, a gente se tolera. Nos tratamos bem em casa, nunca nos falamos quando ele está com os amigos dele. Enfim, Alexandra me trata como uma filha e ela é o motivo de eu estar aqui, as 08h30 de um domingo escrevendo em você. Ela acha que o fato de eu não ser a pessoa mais sociável do mundo é um sintoma do luto. Eu já cansei de dizer que sou assim, mas não adianta. 
Bom, não tenho muito mais o que contar agora. Em breve volto a escrever. - Fechei o pequeno caderno com capa de couro e joguei a caneta sobre a escrivaninha, deixando um breve suspiro escapar enquanto erguia-me da cadeira e jogava-me em minha cama. Eu não contaria sobre a festa que Angel achou ser uma ótima ideia dar e muito menos do que aconteceu na sala. Também não citaria minha ressaca e nem o fato de não ter conseguido dormir, já que essa tarefa seria a que me livraria dessas sessões constantes, senão Juan acharia que estou bebendo para afogar minha "dor". 

O som irritante de alguém batendo na porta invadiu o ambiente, o que me fez fechar brevemente os olhos. Minha cabeça iria explodir. - Dul? - A voz de Angelique surgiu no quarto, fazendo com que eu abrisse um de meus olhos pra indicar que eu estava acordada. - Annie ligou e pediu pra eu checar você. Nossa, você está um caco. - Angie resmungou enquanto sentava ao meu lado na cama. - Muito obrigada Angelique, estou me sentindo muito melhor agora.

- Deve estar mesmo, já está até sendo irônica. - Um pequeno sorriso escapou de meus lábios antes que eu pudesse esconder o rosto. - Não sei o que te deu pra beber daquele jeito ontem, muito menos o porque de você já estar acordada ou a Annie tão irritada, mas eu achei melhor te avisar que ela está chegando aí e não está muito feliz. - Deixei um gemido frustrado escapar o que fez Angel rir. - Não culpe o mensageiro! Agora levante essa bundinha da cama, tome um banho e melhore essa cara. Chris está fazendo o café e o cheiro está delicioso. - Angel ergueu-se de minha cama e saiu cantarolando fazendo-me revirar os olhos. Seria um longo dia.