Fanfic: Belas Mentiras | Tema: Vondy-Adaptação
CHRISTOPHER
— Que diabos deu em você, cara? — pergunto a mim mesmo, no silêncio que me cerca no carro. Pela centésima vez, olho no espelho retrovisor para assegurar-me de que
Dulce ainda está lá atrás.
Na realidade, não sei o que estou pensando. Se é que estou pensando. Sei que não deveria me envolver com Dulce. Especialmente agora. E especialmente em qualquer aspecto que não tenha a ver com sexo. Mas vê-la na frente de casa, no meio da noite, com os buracos de bala na parede e um rastro de cartuchos vazios ao redor — puta merda! Aquele momento foi… tenso. Fiquei chocado. E, por alguma razão, senti um pouco de medo — por Dulce e pelo medo de perdêla. E senti culpa. Claro que senti culpa. Era quase esmagadora. E se algo que fiz, mesmo inadvertidamente, causou tudo isso? Colocar Dulce em perigo? Como eu poderia viver com isso?
O desejo de tirá-la de lá foi forte. Muito forte. Ainda bem que em geral tenho um temperamento um tanto calmo. Isso me permitiu agir de modo confiante e indiferente na frente de seu pai sem revelar o que eu realmente estava sentindo. Então isto é bom. Mas agora… agora estou a caminho de casa, com uma garota com a qual eu não deveria me envolver, que é de uma família com a qual tenho uma rixa. E ela não sabe de nada disso. Ainda assim, estou levando essa garota para minha casa. Isto é realmente algo muuuuuito estúpido.
Por outro lado, agora não há como voltar atrás. Eu avisto a curva para a minha casa logo adiante. Então sigo pela rua por onde tenho passado nos últimos dois anos e entro na garagem na frente da casa alugada, que há dois anos eu chamo de lar; com Dulce atrás de mim.
Desligo o motor, respiro fundo e saio do carro. Em seguida, vou até ela e abro a porta de trás, para pegar a mala que eu a vi colocar lá dentro.
— Cara/lho, essa coisa pesa uma tonelada. O que tem aqui, um corpo? Dulce salta do carro e sorri. — Você não gostaria de saber.
Um silêncio tenso recai entre nós, conforme subimos a garagem de paralelepípedo, indo em direção à porta da frente.
— É linda! — diz Dulce, ao avistar a fachada da casa de dois andares, de estilo mediterrâneo.
— Obrigado. — É sua?
— Claro que é minha. Ninguém simplesmente sai por aí, escolhe uma casa e se instala nela.
Dulce revira os olhos em sinal de impaciência.
— Eu sei, seu debochado. Perguntei se você a comprou. — Não, é alugada, sua curiosa.
— Ei, você não pode criticar uma garota por ter feito uma pergunta. Você é muito reservado. Sei muito pouco sobre você. Não sei nem o seu sobrenome, pelo amor de Deus.
Paro diante da fonte borbulhante que fica à esquerda da porta da frente. — E isso te incomoda?
Ela dá de ombros, mas não olha para mim. — Não.
— Mentirosa.
Então seus olhos voam em direção aos meus.
— Não mesmo. Todo mundo tem direito a ter segredos. — Mas?
— Não, é só isso — diz ela, olhando para baixo novamente, quando me aproximo dela.
— Quais são os seus segredos, Dulce? — pergunto, pousando o dedo sob seu queixo para levantá-lo, até ela ser obrigada a olhar para mim. — Se eu contasse, deixariam de ser segredos, não é?
Tento olhar seu rosto. Ela é linda e inocente, e misteriosa, de alguma forma. E esconde muita coisa. Dá para perceber. E acho que passou por muita coisa. Dá para perceber isso, também. Talvez muito sofrimento. Sofrimento demais para alguém como ela. Por alguma razão, isso me faz querer acabar com essa dor. E faz com que eu me sinta péssimo por achar que posso estar trazendo mais dor ainda.
— Acho que não — respondo baixinho. — Mas, de qualquer maneira, isso não é o mais importante, certo? Você me conhece, sabendo ou não o meu sobrenome e a história da minha vida. E eu conheço você. Sei que você é forte e teimosa, e que tem gosto de mel quando se derrete nas minhas mãos.
Vejo a mudança nos seus olhos. Percebo que eles se tornam fumegantes de paixão, paixão pelas coisas que estou dizendo, pelas coisas nas quais estou pensando. Coisas que deveria guardar comigo mesmo. Sobretudo quando vou passar a noite com ela. — Christopher, eu...
Eu a interrompo antes que ela consiga terminar a frase. Eu não devia ter tomado este rumo. E agora estou desesperado para mudar a trajetória.
— Tem certeza de que quer ficar aqui? Quer dizer, o seu pai realmente quase levou um tiro essa noite. Não era minha intenção afastar você da sua família. Se você preferir ficar com eles...
Percebo seu olhar mudando novamente, desta vez para uma expressão de preocupação. E conscientização. E arrependimento.
E culpa. Eu sou um babaca. Um babaca egoísta, que quer ficar com a consciência tranquila. Para salvá-la de uma desgraça, eu joguei em cima dela uma culpa gratuita e injustificada. Essa é uma atitude canalha. Mas, óbvio, eu sou um canalha.
— Eu… nunca pensei nisso dessa forma. Quer dizer, eu sei que todos querem ter certeza de que estou segura, mas… Meu Deus, e se algo acontecer durante a noite? — Vejo o medo transformar-se em pânico. — E se aconteceu alguma coisa com Scout? Ah, meu Deus, e se aquelas pessoas voltarem para terminar o que começaram?
Seus olhos grandes, cristalinos e arregalados de inquietação se erguem e encontram os meus. Ela está pedindo consolo. E apoio. Para aliviar a preocupação que eu mesmo acabei de lhe causar. E agora, por mais estranho que pareça, me sinto forçado a dar isso a ela. Para afastar aquela expressão insegura de medo estampada em seu lindo rosto.
— Armar um circo como o que aconteceu hoje à noite é coisa de covarde. E covarde não volta imediatamente. Não quando o alvo está em alerta. Preparado. E você tem razão. Seu pai e seus irmãos iriam querer te ver em segurança, acima de qualquer coisa. Então, se estiverem despreocupados com relação a você, eles podem se concentrar no que têm que enfrentar no momento.
Dulce assente lentamente, concordando comigo. Então fecha os olhos, com certeza para esquecer as imagens horríveis que eu criei. Imagens de seus familiares em casa, sentados no sofá ou deitados na cama, sangrando até a morte.
Sim, definitivamente sou um canalha.
— Vamos. Você pode telefonar para eles e ver o que está acontecendo. E hoje você estará segura. Estará segura aqui. Comigo. Enquanto for preciso.
Quando começo a entrar em casa com Dulce atrás de mim, quase não ouço sua pergunta.
— Christopher, e quanto a Sasha?
Então eu paro e me viro para olhar para ela, franzindo a testa. — Quanto a Sasha? Ela dá de ombros.
Autor(a): yara_vondy
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
— Bem, eu sei que você disse que não estava rolando nada agora, mas já rolou. Será que ela tem consciência disso? Quer dizer, por que ela voltou? Eu me aproximo de Dulce e afasto seu cabelo do rosto. — Ela está passando por uns problemas financeiros em casa e só está trabalhando no estúdio até ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 53
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lavivilagelife Postado em 21/08/2016 - 13:00:54
Continuaaaaaaaaaaaaa
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candydm Postado em 08/08/2016 - 02:07:41
Meu Deus que maratona maravilhosa, hot maravilhoso, e a maneira que ele ta tratando ela, quero mais por favorr
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vondyvida Postado em 26/07/2016 - 13:53:25
Voce nao imagina a felicidade que eu senti ao ver que tinha maratona! E pqp que hot foi esse? Que maravilhoso :O pode continuar HSUSHUSSHSJA quero nem ver esse Christopher hem
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candydm Postado em 24/07/2016 - 06:01:14
Chegueiiiii, e cheguei no momento certo, me assistir com o número de posts e amei, não suma mais, e que chegue logo segundaaa!
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vondyvida Postado em 22/07/2016 - 21:23:50
Vce demora muito pra postar. Eu vou morrer do coração desse jeito :/ contiiiinua. O proximo vai ser muuuuito bom s2
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lili.alves Postado em 20/07/2016 - 09:41:06
Haaaaa.. quero q eles fiquem juntos logo <3
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vondyvida Postado em 19/07/2016 - 11:51:23
Como o Christopher ficou sabendoooo? E esses dois? Quando vao ficar juntos? Aaaaah
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leticia.tomaz Postado em 16/07/2016 - 18:57:46
Continuuaaaa.. sua fic é ótima :)
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vondyvida Postado em 13/07/2016 - 16:46:16
Continuuua, nao some mais por favor!
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candydm Postado em 02/07/2016 - 00:40:54
E eu tô com dó de mim esperando esse momento que nunca chega hahaha posta maissssss!