Fanfics Brasil - Capítulo 12 (Final) A Cama da Paixão - AyA - Adaptada

Fanfic: A Cama da Paixão - AyA - Adaptada | Tema: Rebelde, AyA, Ponny, RBD, Romance


Capítulo: Capítulo 12 (Final)

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Enquanto falava, balançava o bebê, descontrolada. Isso conseguiu tirar Anahí de seu estado de choque. Ela desceu os degraus, aproximou-se da mulher e, com toda a delicadeza, pegou o bebê dos braços da mãe. Emma, devastada pela dor, quase nem percebeu, pois seus olhos estavam fixos em Alfonso, exigindo uma palavra dele.


O bebê chorava. Anahí o acalentava, dando palmadinhas em suas costas. Fitou seu marido e viu que ele não olhava para Emma. Em vez disso, olhava fixo para Anahí, como se fosse uma estátua de pedra.


Anahí sentiu um arrepio gelado percorrer seu corpo, de repente, e ficou imaginando como um homem poderia ser a causa de tamanha ruína. Como ele conseguia ver tal cena se desenrolar a sua frente e não fazer nada, não dizer nada, não ter nenhuma palavra de conforto.


Um músculo da face de Alfonso se moveu, seus lábios se abriram, mas nenhum som foi emitido. E então ele girou nos calcanhares e entrou na mansão.


— Eu odeio você, Alfonso! — Emma gritava. — E o odiarei até o dia em que morrer!


Ela retornou à carruagem, pegou uma sacola de couro e atirou-a aos pés de Anahí. Então, ignorando o bebê, entrou no veículo e partiu.


Daphne, Grace, Dylan e Anthony entraram, mas Anahí não os seguiu. Dirigiu-se em direção contrária, deu a volta na casa e se sentou num banco de pedra no jardim, perto da cozinha. Apertando o bebê em seus braços, beijou-o, ouvindo seus soluços e sentindo as lágrimas do pequenino em seu próprio rosto.


E começou a chorar também.


Alfonso atravessou toda a casa e saiu. Andou na direção dos jardins, dos estábulos e em seguida o bosque. Não sabia para onde ir, nem o que fazer. Sentia raiva, mas não conseguia esquecer os soluços de Emma. Tentava justificar a zanga pelo fato de Emma ter invadido sua privacidade e feito aquela cena na frente de todos. E também pelo fato de ter lhe dado um filho que nunca poderia ser seu herdeiro.


Sentia raiva por descobrir que uma amante podia se apaixonar. O chá, as rosas, coisas tão sem importância... Como uma mulher que era paga para ir para a cama poderia achar que seriam provas de amor?


O que Anahí lhe dissera voltou a sua memória, fazendo eco aos soluços de Emma:


Oh, Alfonso, você não vê?! As mulheres se apaixonam por você. A culpa é do jeito como sorri, as coisas que diz, tudo o que faz!


Muito estranho pensar naquilo, naquele momento. Sua esposa se apiedara e tentara justificar uma mulher que deveria desprezar. Emma apaixonada por ele. Que absurdo! Porém, poucos minutos atrás essa verdade desabara diante dele.


Alfonso jamais poderia ter sonhado que Emma nutrisse sentimentos tão desesperados. E um filho com ela, então, não cabia em sua cabeça. Ele tomara precauções. Como poderia ter certeza de que era o pai? Mas, afinal, por que amantes tinham de se apaixonar?!


Mesmo quando tentava se justificar, sentia nojo de si mesmo. E o ódio veio logo depois da náusea. Não nutria mais raiva de Emma, mas sim pena. Imaginava-a grávida, sozinha na França, tentando esconder a barriga volumosa. O quanto devia ter sofrido, assustada, sem saber o que seria dela e da criança se ele continuasse a ignorá-la...


Parou de andar e recostou-se numa árvore. Nada mudara, afinal, percebeu com desespero. Depois de tudo o que fizera naqueles nove anos para tornar-se responsável e respeitado, ainda era tão indiferente aos sentimentos dos outros como fora em sua juventude.


Sentou-se no chão e colocou a cabeça entre as mãos, o patético gemido de Emma ainda em seus ouvidos. Amantes não deviam apaixonar-se, mas estava claro que, às vezes, isso acontecia. Anahí tentara alertá-lo, mas ele não entendera. Recusara-se a escutar o que ela dizia, e agora via-se confrontado com a verdade inegável e de posse de seus resultados.


Pela primeira vez na vida, Alfonso entendeu o que ele era: um conquistador. Teve o coração de Anahí em suas mãos e o partiu. Peggy Darwin o amara também. Disse-o uma vez, rindo, mas Alfonso viu a dor nos olhos da moça quando não lhe disse o mesmo.


Quatro anos se passaram desde então, mas naquele dia, na loja de tecidos, Peggy ainda o olhara com amor.


E havia Anahí. Essa era a pior parte. Não tinha como curar suas feridas, nem existia conserto para o coração de sua esposa. Ela devia estar ressentida com ele, e tinha todos os motivos do mundo para isso.


Esfregou o rosto. Não podia pensar em sua esposa naquele momento. Uma coisa de cada vez. Era pai, agora, e era preciso decidir o que fazer a esse respeito, primeiro.


Não havia como fugir. E prometera a Anahí nunca mais tentar fazê-lo.


Assim, levantou-se e dirigiu-se aos estábulos. Pediu para prepararem um cavalo e partiu em direção a Falstone.


 


* * *


 


As lágrimas de Anahí já tinham secado quando Anthony a encontrou, no jardim. Sentou-se ao lado dela, observando o bebê em seus braços.


— Eu poderia matá-lo, mas sei que não quer que eu faça isso, não é?


— Não. — Anahí sorriu e o encarou. — Mas obrigada pela oferta.


— Se serve de algum consolo, Alfonso rompeu mesmo com ela antes do início da temporada.


— Eu sei. — Fez uma pausa — Eu o amo, você sabe. Sempre amei, mesmo quando o detestava.


Anthony passou um braço ao redor de seus ombros.


— Gostaria que a levasse daqui?


Anahí ponderava sobre isso fazia mais de uma hora. Pensou em seu marido, aquele homem charmoso, que podia fazer cada dia ser especial. Mas que também era capaz de se manter impassível enquanto uma mulher apaixonada se atirava a seus pés. E, com repentina clareza, entendeu o que significava a expressão implacável de seu marido. Era o rosto de um homem em agonia. Um homem que queria fazer a coisa certa, mas não sabia como.


Anahí ficou de pé.


— Não, Anthony. Não irei a lugar nenhum. Só gostaria que todos vocês partissem. Herrera e eu precisamos resolver isso sozinhos.


Ele também se levantou.


— Mesmo?


 


Ela olhou para o bebê em seu colo, o filho de seu marido. O caso com Emma Rawlins ficara para trás, e Anahí não ia condená-lo por isso. O passado não podia ser desfeito, mas o futuro poderia ser diferente. Conhecia bem seu marido para saber que ele assumiria a criança. Emma decerto não a queria, ou não a teria deixado ali. O bebê ia ficar ali mesmo, e ela também.


O que significava que Anahí se tornara mãe. Portanto, havia providências a tomar, como mandar preparar um quarto, contratar uma babá, uma ama-de-leite...


Apertou o menino junto ao peito e fez-lhe uma promessa: ia ser a melhor mãe que pudesse.


Encarou Anthony.


— Eu tenho absoluta certeza.


 


* * *


 


Alfonso a encontrou na Black Swam. Apresentou seu cartão à esposa do dono da hospedaria e aguardou no vestíbulo. Dez minutos depois, Emma desceu.


— O bebê é seu. Pretende negar isso?


O rosto estava pálido, os olhos, inchados de tanto chorar. Seu ressentimento era palpável, sua dor, evidente, e seu amor por ele, inegável.


— Não, Emma. Acredito em você. — Fitou o chapéu em suas mãos, respirou fundo e olhou para ela de novo. — Perdão. Eu sinto muito.


Emma atravessou o vestíbulo e se sentou no sofá. Alfonso se colocou a seu lado. Cabisbaixa, ela fitava as próprias mãos.


— Acha que vir aqui, dizer-me que sente muito adiantará de alguma coisa?


— Não. Mas, embora eu seja capaz de dizer muita tolice, não consigo falar aquilo que é de fato importante. Acho que desculpas adiantam, sim. Eu lhe devo desculpas e muito mais. — Alfonso viu uma lágrima rolar pela face de Emma, puxou um lenço e ofereceu-lhe. — Eu não sabia da criança.


— Se tivesse lido as cartas, teria sabido.


— Li as três primeiras. Por que não me contou logo?


Ela enxugou os olhos no lenço, sem encará-lo.


— No começo, eu não queria acreditar. Ignorei os sinais, na esperança de que não fosse verdade. Quando nos encontramos no baile, na casa dos Kettering, eu queria tanto lhe falar... mas sua esposa estava lá. Então fui até sua residência em Bloomsbury Square, mas não o achei. Pelo menos, o mordomo me disse que você havia saído.


— Não fiquei sabendo disso. Eu não devia mesmo estar em casa.


Emma começou a torcer o lenço, tensa.


— Naquela época, a gravidez já começava a aparecer, e tive de deixar a cidade. Não conseguiria suportar o falatório, por isso peguei todo o dinheiro que possuía e fui para a França. Fiquei morando com uma prima em Calais, e de lá, comecei a escrever-lhe.


— Por que não me mandou um mensageiro?


— Quem eu poderia enviar? — Olhou para ele, seus lindos olhos verdes evidenciando todo o seu desamparo. — Fora minha prima, que é viúva como eu, não tenho mais ninguém. Minha família me deserdou quando me casei com Rawlins. O pobre-coitado morreu e me deixou sem nada.


Emma se calou, chorando baixinho.


Por isso, as mulheres se tornam amantes. Por desespero. Alfonso conhecia bem aquilo. Sabia também que as mulheres costumavam amar os canalhas. Parecia ser uma característica preponderante delas. E ele era uma prova viva disso.


Quando conheceu Emma, Alfonso não quis saber de nada sobre ela, suas finanças, as circunstâncias que a levaram a se tornar concubina; nada. Era um egoísta, um aproveitador. Mas pretendia nunca mais voltar a sê-lo.


— Qual nome de meu filho, Emma?


— James.


O nome de batismo do pai dele. Era muita ironia.


— O que quer fazer com o menino?


— Não posso criá-lo, Alfonso! Não posso. James é um bastardo. Todos irão comentar, dirão coisas horríveis a meu respeito e dele também. Não suportaria, tenho muito medo. Vou embora para a América. Pretendo começar vida nova, e não posso levar o bebê comigo. A carruagem do correio passará dentro de algumas horas, e quero estar nela. O próximo navio para Nova York parte em dois dias; já comprei a passagem. — Enxugou outra lágrima. — Como sou egoísta!


— Não é, não. Sua atitude é compreensível. — Alfonso respirou fundo, escolhendo as palavras. — Se não pode ficar com ele, então eu o criarei.


— O que diz?! — Ela o encarou, espantada. — Quer criar um bastardo em seu próprio lar, como se fosse seu filho legítimo?


— Sim.


Os olhos de Emma tornaram a se encher de lágrimas, e ela virou o rosto para enxugar o nariz. Nada comentou, mas Alfonso sabia que a jovem lamentava o fato de ele estar casado, pois, caso contrário, poderiam criar seu bebê juntos.


— O que temos de fazer? Há papéis para assinar ou algo assim? Não tenho muito tempo.


— O escritório de meu advogado fica nesta mesma rua. Vamos até lá e ver se ele pode arranjar tudo agora mesmo.


— Claro, claro — concordou, aliviada.


 


 


Uma hora depois, Alfonso tinha nos bolsos os papéis que transformavam James em seu filho legítimo. Emma declinou de todos os seus direitos sobre a criança e concordou em receber uma boa soma de dinheiro por isso. O advogado ficou surpreso com a quantia, mas Alfonso achava que nada seria suficiente para compensá-la.


Quando alcançaram a carruagem que a levaria, Alfonso tocou-lhe o braço.


— Emma?


Ela interrompeu a subida ao veículo para fitá-lo.


— Se precisar de algo, qualquer coisa, escreva-me. Prometo que lerei desta vez. Eu juro.


Ao se sentar no interior da carruagem, ela começou a chorar de novo.


— Nunca conte nada a James sobre mim, Alfonso. Nunca.


— Adeus, Emma.


Ele ficou olhando o coche se afastar e decidiu que, ao contrário do desejo de Emma, contaria a seu filho sobre a mulher maravilhosa que fora a mãe dele. O garoto sem dúvida perguntaria, e tinha todo o direito de saber que o único erro da mãe fora se apaixonar pelo homem errado.


 


Alfonso retornou à Black Swam para apanhar seu cavalo. Quando chegou à hospedaria, dirigiu-se para o estábulo, mas algo o fez parar de repente.


Uma carruagem ricamente adornada parou na frente da Wild Boar, uma outra hospedaria, bem diante da Black Swam. Ostentava a inconfundível insígnia do duque de Portilla e vinha carregada de baús e malas de viagem.


Anahí o estava abandonando. Portilla a estava levando embora. O coração de Alfonso ameaçou parar. Ele sentiu um vazio intenso, e seu corpo se moveu em direção às portas da Wild Boar, sem que se desse conta disso.


Todos resolveram almoçar na hospedaria, antes de voltar para casa. Anahí os acompanhara. Dylan e Anthony tinham ido até o bar para tomar uma cerveja e discutir o estado das estradas, enquanto as mulheres ficaram sentadas a uma mesa da lotada sala de jantar.


— Onde posso arranjar uma ama-de-leite?


— Não faço a menor ideia.


— Fale com o médico local, Anahí. Ele deve saber.


— Ótima ideia, Daphne. Quando sairmos daqui, irei ver o dr. Morrison.


— Quer mesmo continuar com isso, Anahí? — perguntou Grace. — As pessoas irão comentar. Assumir uma criança que não é sua como filho legítimo é muito difícil.


— Você conseguiu. — Anahí se referia à filha de Dylan, de oito anos de idade, Isabel, cuja mãe fora uma cortesã.


— Eu sei, mas são casos diferentes. Isabel era mais velha, e ainda não éramos casados quando a menina nasceu. Além disso, Dylan não é um Lorde. Nenhuma outra esposa de um Lorde aceitaria um filho ilegítimo de seu marido dentro de casa. E se Alfonso não o quiser?


— Sei que ele há de querer ficar com o bebê.


Anahí não sabia por que, mas tinha absoluta certeza disso. Talvez por recordar o olhar dele quando a viu com Nicholas no colo.


Dylan e Anthony juntaram-se a elas, colocando suas canecas no tampo.


— Concordo com Anahí — afirmou Dylan. — Alfonso ficará com o menino. Anda maluco por crianças, ultimamente.


Anthony fez um esgar de incredulidade.


— Resta saber que tipo de pai ele será.


— Só há uma única questão a considerar. — Daphne ajeitou os cabelos. — Herrera a ama, Anahí?


O duque fez um gesto de impaciência.


— Bem próprio das mulheres colocar o amor em qualquer tipo de discussão.


— Ele a ama? — repetiu Daphne, ignorando o comentário. Anahí encarou a cunhada com um sorriso.


— Para ser honesta, não sei.


Nesse momento, a porta da Wild Boar se abriu, e Alfonso adentrou o salão. Olhou ao redor e caminhou direto para eles.


Tirou o chapéu e se aproximou da mesa, dirigindo-se a sua esposa e ignorando os demais. Respirou fundo, olhou bem nos olhos dela e disse apenas uma palavra:


 


— Não.


— O quê? — Anahí piscou, sem entender. — Não o quê? Está falando do bebê?


— Não. Você não vai me deixar. Não permitirei!


Anahí ficou sem ação, tamanho seu espanto, quando compreendeu. Alfonso achava que ela o estava abandonando.


— Alfonso...


— Sem discussão, Anahí. — Fez um gesto largo. — Eles todos podem ir para casa, mas você não irá a lugar algum.


Ela tentou de novo:


— Mas, eu...


— E vamos cuidar de James.


— Quem?


— O bebê. Ficaremos com ele e vamos criá-lo. Você e eu, juntos. Pensei muito sobre tudo, e terá de ser assim. Sei que não tenho o direito de pedir-lhe nada, sei que será difícil, mas temos de agir assim. Sou responsável pelo menino.


— Claro que é, mas...


— Além disso, Emma foi para a América. Ela não o quer, mas eu quero. O bebê precisa de uma mãe, você não pode me deixar. — Alfonso respirou fundo. — Nada de ir embora, Anahí, nunca mais, nenhum de nós. Esse tem sido nosso maior problema. Estamos sempre partindo. Sobretudo eu, admito. Mas fiz uma promessa, lembra? Prometi que nunca mais iria embora e não irei. Nunca mais. E não vou deixar você ir também!


Ela tornou a tentar.


— Alfonso, eu queria...


— Mas que droga! Você sempre quer conversar sobre as coisas, e agora que estou tentando lhe falar, quer, por favor, parar de me interromper?!


Anahí desistiu.


— Por Deus, quantas vezes você quase me enlouqueceu querendo conversar, e quando eu tentava... — Alfonso ergueu as mãos, exasperado. — Ninguém me conhece tão bem como você. Ninguém me enlouquece como você, e eu nem sei por quê.


Ela lutava para não rir. Um sorriso estragaria tudo, e Anahí estava adorando aquilo.


— Não sei o que é, mas consegue me desmontar com um olhar, Anahí. Ninguém mais me faz vislumbrar o paraíso quando sorri. Tive muitas mulheres, Deus é testemunha disso. Mas só uma me fez ver que tenho um coração dentro do peito. Só uma conseguiu preencher o vazio em meu peito. E essa mulher é você.


Toda a vontade de rir desapareceu diante daquele discurso. Alfonso estava sendo sincero. Não havia nada de inteligente ou de engraçado naquilo, mas era a coisa mais linda que Anahí já ouvira.


Alfonso se calou, para recuperar o fôlego, e logo prosseguiu:


— Adoro que tenha os cabelos da cor do sol e os olhos cor de lama, e agradeço a Deus todos os dias pela geleia de amora. Adoro a pinta no canto de sua boca e seu jeito de rir. Amo brigar com você porque sei que vou amar a reconciliação. Não quero mais ninguém em minha vida. Ninguém. Por todos os momentos preciosos que me proporcionou, você é e será sempre a única. E eu seria o homem mais estúpido do mundo se...


— Chega, chega! — interrompeu-o Anthony. Alfonso não lhe deu ouvidos e seguiu em frente:


— Pode ter demorado nove anos, mas descobri o que é o amor. E isso porque você me ensinou. Eu te amo. Sei que não a mereço, nunca mereci, mas eu te amo. Mais do que a minha própria vida.


Enfim, Alfonso se calou.


Anahí esperou um momento e, como ele permaneceu mudo, deu uma tossidela.


— Terminou?


Alfonso olhou ao redor e se deu conta, então, de que o salão estava lotado, e todos os presentes o fitavam. Sem se intimidar, ergueu o queixo com dignidade, ajeitou a gravata e respondeu:


— Sim.


Girando nos calcanhares, Alfonso caminhou para a saída, mas parou à soleira.


— Estarei em Herrera Park — afirmou, orgulhoso. — Em nossa casa. Esperando minha esposa voltar para o lugar a que pertence. — Com isso, abriu a porta e saiu, fechando-a atrás de si.


O salão ficou tão silencioso que mais parecia uma igreja. Dylan foi o primeiro a quebrar a quietude:


— Creio que não precisamos mais discutir esse assunto. Está claro que seu marido é louco por você, Anahí, pois acabou de fazer papel de bobo na frente de todos nós.


 


* * *


 


O quarto de criança era um dos lugares da casa que Alfonso nunca visitava. Mas, naquela tarde, ele o fez.


Quando entrou, encontrou Hill sentada numa cadeira, ao lado do berço. O bebê dormia com uma camisola branca e touca de linho na cabecinha.


Alfonso ficou olhando para James por segundos, então tocou-o com as pontas dos dedos.


 


— Ele é tão pequeno!


— Mas vai crescer logo, sir. — Hill sorriu-lhe. — Só tem um mês de idade.


James abriu os olhos ao escutar as vozes. Eram castanhos, cor de conhaque, como os do pai.


— Olá, James. — Alfonso se dirigiu à criada: — Gostaria de segurá-lo, mas ele é tão frágil...


— Nem tanto assim, miLorde. Os bebês estão sempre prontos para serem embalados. Só tem de ter cuidado para apoiar o pescocinho.


Alfonso tirou o casaco e o jogou de lado.


— Mostre-me.


Ficou olhando quando Hill tirou o bebê do berço, prestando atenção à posição das mãos dela, uma sob a cabeça e a outra mais embaixo. A governanta colocou o menino em seus braços, e Alfonso se sentou na poltrona.


— Estou fazendo certo?


— Como se nunca tivesse feito outra coisa na vida, sir — disse Hill, fazendo-o lembrar-se daquela noite na casa dos Portilla, quando a babá fizera comentário semelhante. Desejava que ambas estivessem certas, pois pretendia ser o melhor pai da Inglaterra.


James cerrou as pálpebras e voltou a adormecer. Hill pigarreou para chamar a atenção do Lorde.


— Se não se importa, sir, pode me devolver o bebê? Tenho de ir até a lavanderia apanhar roupas limpas para ele. Terei de trocá-lo em breve.


Alfonso balançou a cabeça, sem desviar o olhar de seu filho.


— Não. Deixe-me ficar com ele. Pode ir à lavanderia, eu tomarei conta de James até você voltar.


— Mas e se ele começar a chorar? Os homens odeiam isso. Não posso deixá-lo.


— Isso não vai acontecer comigo. Pare de se preocupar e vá. — Piscou para ela, sorridente. Sempre o mesmo galanteador.


Hill fez uma reverência e se retirou. Sozinho com seu filho, Alfonso tocou-lhe o rosto. Era a coisa mais suave que já afagara.


— Vou comprar uma fazenda para você. E ações de ferrovias. — James se espreguiçou, fazendo um som estranho. — Qual o problema com ações de ferrovias? Elas são o caminho do progresso, meu rapaz. Veja se não estou certo. Com uma fazenda e bons investimentos, você será um homem rico quando for para Cambridge.


Seu filho deu um pequeno chute, mas não acordou.


— Cambridge — repetiu, com ênfase. — Não Oxford.


Os olhos castanhos piscaram e se abriram diante da firmeza da voz, e fecharam-se de novo. A boquinha se contorceu num bocejo desinteressado. Alfonso sorriu, satisfeito.


— Já entediado com os estudos? Não vai saber o que é tédio até que comecem a lhe ministrar lições de latim. Eles serão cruéis, James. Vão chamá-lo de bastardo, e eu sinto muito por isso. Mas eu o ensinarei a andar de cabeça erguida e a não ligar para isso. Tomarei conta de você. Prometo que nunca se sentirá desesperado ou assustado. Estarei sempre por perto para evitar que faça coisas estúpidas. Não contrairá dívidas, não se envolverá em jogatinas, e quanto às mulheres...


Pensou um pouco, depois suspirou e rendeu-se ao inevitável.


— Sei que serei sempre melhor que você nesse assunto. — Inclinou-se e beijou a testa de seu bebê. — Mas não contaremos nada a Anahí. Ela poderá ficar brava... se voltar para casa.


 


Esse pensamento congelou seu sangue. Se Anahí não voltasse, o que seria dele?


O conhecido sentimento de vazio voltou com força. Achava que o discurso que fizera na Wild Boar não a impressionara. Mal podia se lembrar do que dissera, mas sabia que não fora nada inteligente, nem poético. Ela ficara lá, olhando para ele, atônita, como se não entendesse como o marido ousava ir atrás dela e falar de amor, depois de tudo o que acontecera.


Alfonso sabia que não havia nada que pudesse fazer para trazê-la de volta. Nada. Anahí não ia voltar. Afinal, ele sempre ia embora. Se agora ela decidisse inverter os papéis, ele não poderia dizer nada, a não ser que merecera tudo aquilo.


Mas homens desesperados tomam atitudes desesperadas.


Alfonso sabia disso melhor que ninguém. Sendo um homem desesperado, rezou:


— Volte, Anahí — pediu, segurando o bebê. — Por favor, volte para casa!


 


Anahí apertou a boca com o pulso, ouvindo-o. Como amava aquele homem! Agora entendia que sempre o amara e que o amaria por toda a eternidade.


Entrou no quarto e o viu ao lado do berço. Quando olhou para Alfonso com a criança nos braços, seu coração começou a bater tão rápido que mal podia respirar. Toda a sua vida sonhara em ter o amor de um homem bom e honesto. Não era mais um sonho agora. Era vida. Não aquela que imaginara. Não era fácil, e cada dia era uma lição de como aprender a conviver. Mas era sua vida, real e preciosa. Dali em diante, iria se agarrar a ela e àquele homem com todas as suas forças.


 


Anahí fez um ruído alto o suficiente para Alfonso ouvir, mas sem acordar o bebê. Ele ergueu a cabeça, a viu, mas não sorriu, nem se moveu.


— Vim para fazermos as pazes.


— Jura?


— Sim. Foi seu discurso. — Anahí decidiu não lhe dizer que nunca pretendera deixá-lo. Talvez dissesse um dia. Talvez não. — Foi a coisa mais incoerente, mais ridícula e mais bonita que já ouvi. — Ajoelhou-se ao lado dele. — Eu também te amo.


Alfonso esboçou um sorriso de incredulidade.


— Não posso imaginar por quê.


Anahí encarou seu marido, tirou-lhe os cabelos da testa e sorriu também.


— Porque você continua a me surpreender.


 


* * *


 


— Quero subir. — Alfonso parou no fim da longa galeria de Herrera Park, roendo a unha do polegar. — Meu Deus, por que não posso subir?!


Anthony despejou um pouco de vinho do Porto numa taça e ofereceu a ele.


— Homens não podem entrar — declarou, pela milionésima vez.


— Que estupidez! Afinal, nós somos a causa de tudo isso! — Passou os dedos pelos cabelos.


Detestava aquela espera, aquela impotência. Estava tão assustado que pensou que fosse vomitar. Seu cunhado ofereceu-lhe o vinho.


— Tome outro gole.


— Não quero beber. Como você pode ficar assim tão calmo?! — Anthony suspirou e pôs a tacinha na mesa.


— Sei como se sente, creia-me. E não estou calmo. Apenas tento disfarçar.


 


Um grito de dor intensa veio do andar de cima, interrompido pelo bater de portas. Aquele berro doeu fundo nas entranhas de Alfonso.


— Eu vou subir!


Anthony o segurou.


— Você não pode!


— Deus do Céu! — Gemeu, recomeçando a andar de lá para cá. — Já está quase amanhecendo. Quanto tempo vai demorar?


— Para sempre.


 


Ouviram mais passos lá em cima, passou-se mais uma hora e nada aconteceu. O medo de Alfonso aumentava a cada segundo, e ele quase perdeu o juízo quando ouviu outro grito de agonia de sua esposa.


— Vou subir. Anahí está precisando de mim. — Anthony o agarrou, mas Alfonso conseguiu se livrar. No andar de cima, Daphne o interpelou.


Nada, em toda a sua vida, lhe causara tamanha ansiedade.


— Como está ela?


— Bem. Eu saí porque achei que você deveria estar preocupado.


— Preocupado?! — Era uma descrição tão falha do que sentia que Alfonso teve vontade de rir.


Daphne tocou-lhe o braço.


— Vamos, vamos, desça. Tudo dará certo. Você não pode ajudar. Só iria atrapalhar. Vá.


Ele obedeceu, embora relutante.


— Esse tipo de coisa leva muito tempo, Alfonso. Eu mesma fiquei em trabalho de parto por dois dias.


— Deus! Dois dias mais disso e terão de me internar no manicômio!


 


Outra hora se passou, outra eternidade até que Daphne voltasse a sair do quarto. Alfonso estava no pé da escada, quando ela o chamou:


— Alfonso?


Ele começou a correr escada acima, e já estava perto dela quando Daphne lhe disse:


— Agora você pode entrar.


— Anahí está bem?


— Ótima. — E abriu caminho para ele passar.


Alfonso tinha de constatar por si mesmo. Ao entrar no quarto, quase atropelou o dr. Morrison. Viu sua mulher, tão pálida, de cabelos tão desordenados... Aproximou-se dela com um nó na garganta.


— Anahí! — Caminhou para perto da cama e viu o bebê em seus braços, tão pequeno e cor-de-rosa, com um nariz minúsculo. — Anahí! — repetiu, pois não conseguia dizer outra coisa além do nome dela. Ajoelhou-se ao lado da cama.


— O que aconteceu com aquele homem forte, com quem me casei? — Ela afagou-lhe o rosto.


Alfonso balançou a cabeça, segurou a mão da esposa e a beijou.


O que um homem poderia dizer num momento daqueles? Não havia palavras.


— Alfonso... Eu e o bebê estamos bem. Acalme-se.


— Tem certeza? — Anahí fez que sim.


— Olhe, temos uma menina.


— Uma menina! — Deslumbrado, Alfonso olhou de novo para a criança, observando como o choro foi se transformando em leves soluços, enquanto se aninhava nos braços de Anahí, procurando o seio da mãe. — Deve estar com fome!


Uma garotinha.


Chegou mais perto, analisando a menina, e foi aí que viu a pinta no canto de sua boca. Uma alegria imensa invadiu seu peito. E Alfonso começou a rir.


— Uma garotinha! Ela é linda! Por Deus, como é linda! Parece-se tanto com a mãe.


— Pare com isso, Alfonso! — Anahí sorria.


— É verdade. É linda como a mãe, não é, Daphne?


— Acho que tem razão. — Daphne achou graça.


— Claro que tenho! Veja. — E tocou a cabeça da criança. — Tem os cabelos idênticos aos seus, Anahí. E a pinta, então! A boca tão linda, tão bem-feita... — Riu de novo. — E aposto mil libras como os olhos também são cor de lama.


Dessa vez Anahí gargalhou.


— Não saberemos tão cedo. Todos os bebês nascem com olhos azuis. Teremos de esperar para constatar.


Alfonso não precisava esperar. Olhou para o lindo bebê e para sua linda esposa. Sim, olhos da cor da lama da lagoa, cabelos dourados como a luz do sol e um coração tão bom para amar até alguém como ele. E, além disso, Alfonso tinha um filho forte e saudável dormindo no aposento ao lado. Como, afinal, um sujeito tão irresponsável poderia ter merecido tanta sorte na vida?!


 


__________________________________________________________________FIM_____________________________________________________________


 


 


Muito Obrigada por acompanharem mais uma aventura comigo. Agradeço de coração a todas as leitoras e leitores.


Original de Laura Lee Guhrke


 


Para quem ainda não leu "Nada Pessoal" é uma fanfic já concluída. Deem uma passadinha por lá: http://fanfics.com.br/fanfic/53435/nada-pessoal-aya-adaptada-rebelde-aya-rbd-romance


 


Em breve, mais uma fanfic emocionante para vocês.



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Autor(a): DuaneStories

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 7



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  • Postado em 11/05/2016 - 13:57:46

    Estou adorando essa fanfic! Pena q está quase na reta final

  • carla_marielt Postado em 09/05/2016 - 16:33:22

    Continua... ..

  • fersantos08 Postado em 27/04/2016 - 16:02:58

    Uhuuuul mais uma fanfics diva, batendo palminhas aqui de felicidade :) postaaaa maaaaaiiiiis

  • ponnyforever10 Postado em 27/04/2016 - 11:53:43

    Leitora nova,adorando ver poncho tentando conquistar a Anahi kkkk.Continuaa

  • Nayara_Lima Postado em 22/04/2016 - 17:44:34

    Ameeei continua....

  • hadassa04 Postado em 21/04/2016 - 20:04:37

    Primeiro comentário é meu.... Então mereço uns 5 capítulos

  • hadassa04 Postado em 21/04/2016 - 20:03:50

    Opa adorei a sinopse pode postar


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