Fanfics Brasil - Capítulo 4 A Cama da Paixão - AyA - Adaptada

Fanfic: A Cama da Paixão - AyA - Adaptada | Tema: Rebelde, AyA, Ponny, RBD, Romance


Capítulo: Capítulo 4

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O Covent Garden Opera House voltava a ficar em alta após anos de esquecimento, e os membros importantes da sociedade renovaram o aluguel de seus camarotes.


Dylan Moore, o mais famoso compositor da Inglaterra, acabara de publicar uma nova sinfonia, e para ouvi-lo – como ele mesmo iria reger – o teatro ficou repleto para o concerto da noite de terça-feira.


Herrera tinha um camarote, mas era Anahí quem costumava usá-lo. Naquela noite, estavam com ela as duas filhas de sir Edward Fitzhugh e três das irmãs Lawrence. Anahí as convidara de propósito, pois Alfonso lhe enviara um bilhete no sábado, dizendo de sua intenção de assistir ao concerto de Dylan. Sem hesitar, ela mandou uma resposta dizendo que todos os lugares estavam ocupados. Em seguida, iniciou uma busca desesperada por pessoas que pudessem ocupar os assentos vazios.


 


— Isto é tão excitante — disse Amanda Lawrence, cunhada de Dylan, ao ouvir os primeiro sons da orquestra afinando os instrumentos.


— Confesso que também estou ansiosa. — Anahí sorriu-lhe. — Só o vi uma vez há muitos anos.


 


A campainha tocou chamando todos a seus lugares, e a primeira parte da sinfonia teve início.


Anahí não conseguiu prestar muita atenção, pois incomodavam-na os olhares que lhe eram dirigidos, por trás dos binóculos. Apenas quatro dias haviam se passado desde o piquenique com Alfonso, e todos em Londres discutiam a surpreendente reconciliação de Lorde e Lady Herrera.


No intervalo, as jovens Fitzhugh e Lawrence foram buscar refrescos, mas Anahí não saiu de seu lugar. Quando suas acompanhantes retornaram, Amanda não estava com elas. Jane, a irmã mais jovem, explicou que Amanda fora convidada a sentar-se no camarote da duquesa de Portilla.


A campainha tocou mais uma vez, anunciando a segunda parte do espetáculo, e Anahí se inclinou para a frente, na esperança de avistar Amanda no camarote do duque.


 


— Procurando por mim?


O som inconfundível da voz de seu marido fez com que se virasse na cadeira para ver, com espanto, Alfonso se acomodar no assento deixado por Amanda.


— O que está fazendo?!


— Juntando-me a você, é óbvio. — Alfonso sorriu.


 


A expressão de seu marido era tão confiante que Anahí teve vontade de bater nele com o leque. Alfonso estava elegante, como sempre, num traje de noite azul-marinho, sobretudo de seda prata e camisa de linho branca, impecável.


 


— Não pode se sentar aqui, Herrera.


— Claro que posso. Afinal, este camarote é meu. — Ela ignorou o comentário.


— Eu lhe disse que preenchi todos os lugares. Terá de sair.


— Impossível, querida. Dylan é meu amigo, e eu não perderia a oportunidade de vê-lo regendo por nada deste mundo. Ele está muito nervoso e me pediu para enviar-lhe recomendações.


— O que aconteceu com Amanda?


— Quem?


— A irmã de Grace Moore. A senhorita que estava sentada aqui antes de você usurpar-lhe o lugar.


— Ah! Sim, a Srta. Lawrence. — Alfonso apontou para cima, à esquerda. — Mudou-se para o camarote dos Hewit.


— O quê!? — Anahí quase gritou, apertando a testa com os dedos, sentindo uma dor de cabeça vinda com certeza da presença daquele homem, que parecia mesmo disposto a enlouquecê-la.


— A duquesa de Portilla foi muito gentil em me apresentar a ela, durante o intervalo, e eu a apresentei a Lorde Damon. Ele a conduziu ao camarote de sua família, onde, por coincidência, havia um lugar vago.


Anahí ergueu a cabeça, mas não olhou para ele.


— Uma surpreendente coincidência, arranjada por você, sem dúvida.


 


Ele ia argumentar, mas as luzes se apagaram de novo. Dylan subiu ao palco, cumprimentou a audiência e se virou para a orquestra. Se Dylan estava nervoso, não o demonstrava.


Alfonso se sentou bem perto de Anahí, os ombros tocando-se. Então, sem dizer nada, a enlaçou.


— Não, por favor, todos estão olhando!


Sendo Alfonso quem era, não deu importância a sua admoestação, e passou a acariciar-lhe o rosto, fazendo movimentos circulares bem leves em sua nuca. Os lábios tocaram sua orelha.


— Alfonso... — Mas Anahí não conseguiu prosseguir.


— Se você esqueceu o que é paixão por minha culpa, sinto-me na obrigação de fazê-la lembrar.


 


Ela cerrou as pálpebras. Por que Alfonso estava fazendo aquilo com ela? Anahí esquecera o que era paixão, sim, mas naquele instante tudo voltava com força redobrada, como se fosse uma vingança.


Ao abrir os olhos, não o fitou. Dirigiu o olhar para outro camarote, na segunda fileira do Covent Garden. Decerto Lady Pomeroy se encontrava lá, e a simples visão daquela bela dama foi suficiente para apagar qualquer início incandescente que Alfonso pudesse ter despertado nela.


Alfonso percebeu para onde Anahí olhava. Suspirando, afastou a mão de seu rosto e se recostou na poltrona, sem dizer nada.


Mais uma vez segura, Anahí tentou concentrar a atenção na apresentação. Embora torcesse pelo sucesso de Dylan, esteve tão distraída que não poderia julgar por si mesma.


Quando soaram os últimos acordes, a audiência aplaudiu de pé, e Anahí se juntou a ela, aplaudindo com entusiasmo. Estava tão feliz com o sucesso do amigo, que seus próprios problemas desapareceram por segundos.


Até que Alfonso a fez lembrar:


 


— Não importa o que tenha de fazer, vou reavivar a paixão que existia entre nós. Mais que isso, farei com que você torne a senti-la. Vejo-a na quinta-feira, às duas horas. É sua vez de decidir aonde iremos. — E desapareceu antes que ela tivesse a chance de responder.


Anahí começou a descer as escadarias com o torturante sentimento de que Alfonso alcançaria seu intento.


Na quinta-feira, Alfonso começou a se lamentar por ter permitido que Anahí escolhesse o passeio do dia.


 


— Você não pode estar falando sério!


— Mas estou. — Ela ostentava um olhar de triunfo ao subir na carruagem. — Quero passar a tarde no museu de Anthony.


Ouvi meu irmão dizer que estará lá o dia todo, e assim poderá nos mostrar tudo. Não será maravilhoso?


— Claro, será tão bom como visitar o inferno. Seja razoável, você odeia História.


— Não mais. Ampliei meus interesses.


— A ponto de incluir antiguidades romanas?


— E por que não? — respondeu, satisfeita consigo mesma. — Isso pode chocá-lo, mas tenho uma vida intensa e satisfatória sem você. Desenvolvi curiosidade por muitas outras coisas.


 


Bem que aquilo poderia ser verdade, mas Alfonso não acreditou nem por um minuto que sua mulher tivesse escolhido o museu de Portilla por estar fascinada por História Antiga. Não, ela escolhera o museu porque o irmão estaria lá o dia inteiro para vigiá-los o tempo todo.


Com efeito, Portilla se encontrava no museu aquela tarde. Contudo, manteve-se ocupado com um grupo de colecionadores vindos de Veneza, e só estaria disponível dentro de duas horas ou mais.


Foi a vez de Alfonso sorrir.


 


— Bem, seu irmão não poderá juntar-se a nós. Não é uma pena?


Anahí não parecia mais muito contente consigo mesma.


— Voltaremos mais tarde, então.


— Não, não. — Ele tentava se manter sério. — Já que estamos aqui e que você desenvolveu esse gosto por antiguidades greco-romanas, que tal me mostrar tudo?


Aceitando o desafio, Anahí empinou o queixo e disse, com toda a dignidade:


— Muito bem. Por onde gostaria de começar?


— Não sei ainda... — Alfonso olhou para a enorme abóbada acima deles, para as paredes e corredores de mármore que se ramificavam em todas as direções.


 


Era um prédio majestoso aquele. Tinha de admitir que quando Portilla se dispunha a fazer algo, fazia bem feito. Alfonso pegou um mapa de um jovem funcionário que passava e o abriu. Uma rápida olhada foi suficiente para encontrar o que queria.


— Vejo que há uma nova ala aqui.


— Sim. — Anahí soltava a fita do chapéu embaixo do queixo. — Mas não há muito o que se ver ali. Apenas poucas salas com armaduras e espadas. Só estive lá uma vez.


— Excelente local para começar, não acha? — Entregou-lhe o mapa. — Mostre-me o caminho.


O museu estava repleto, e eles gastaram quase uma hora no meio das pessoas, que se espremiam diante de vitrines cheias de escudos de bronze e de espadas de ferro. Alfonso notou que o interesse de Anahí era genuíno.


— Quando começou a se interessar por História? — quis saber ao se debruçarem sobre um gabinete envidraçado, que exibia facas com pedras preciosas incrustadas.


— O entusiasmo de Anthony e Daphne é contagiante. Eles falam tanto no assunto que é impossível não nos empolgarmos também. Além disso, as jóias sempre me fascinaram.


— Disso eu lembro. — Alfonso decidiu então que já era hora de começar a agir. Pouco a pouco, uma exposição após a outra, foi encaminhando sua mulher para um lugar que vira no mapa. — Quero ver o que há lá embaixo — disse, dirigindo-se a uma porta que dava acesso a um longo corredor. — Volto logo.


— Não há nada para se ver aí embaixo, Herrera. Essa parte do museu ainda não foi inaugurada.


— O que não significa que não haja nada de interessante, não é?— Piscou para ela e atravessou todo o corredor, passando por várias alas cheias de potes quebrados e mosaicos ainda não terminados, mas não encontrou ninguém.


Os passos de Anahí denunciaram que ela o seguira, exatamente como ele pretendia.


— Alfonso?


— Aqui embaixo! Venha ver isto aqui.


— Ver o quê? Não há nada aí.


— Como sabe? Disse que só esteve aqui uma vez.


— Sim, mas o mapa informa que o lugar está vazio.


— Esqueça-o e veja com seus próprios olhos.


 


Alfonso se escondeu em um nicho na parede, ali preparado para receber uma estátua. Entrou nele e esperou. Anahí estava caindo direitinho em sua armadilha. Sempre caía.


Ele sorriu.


Quando Anahí chegou e o achou dentro do nicho, rindo para ela, indignou-se.


— Você me enganou!


— Claro que sim! — Afastou-se da parede e, dando uma risada, abraçou-a pela cintura e a puxou para si. — Lembra como eu fazia isso o tempo todo para conseguir ficar a sós com você?


— Lógico. Mas agora deixe-me ir e pare de ser ridículo. — Ela quis fugir, mas Alfonso a levou consigo para dentro do nicho. — Herrera, o que está fazendo?!


Ele se virou de forma que ela ficasse contra a parede.


— Está presa agora, Anahí, e, para sair, terá de pagar. Sabe bem como isso funciona.


Sim, de fato. Olhando para Alfonso assim tão perto, teve de umedecer os lábios, de repente secos.


— Não vou beijá-lo.


O sorriso de Alfonso se alargou, e ele chegou mais perto. Com a mão livre, começou a acariciar-lhe o rosto.


— Você sempre cai neste truque. Acho que é porque, na verdade, quer me beijar, mas não é honesta o suficiente para admitir.


— Se caio em suas artimanhas é porque você é especialista em enganar. — Anahí se moveu, na esperança de que ele a deixasse sair.


Mas Alfonso não deixou. Pelo contrário, apertou-se mais contra ela, afagando-lhe o pescoço.


— Regras são regras, querida. Terá de me beijar primeiro.


— Pare com essa tolice! Nós fazíamos isso quando éramos namorados, mas não estamos mais namorando!


— Será que não? Tenho a impressão de que estamos. Veja só o que tenho de fazer para conseguir um beijo. Achei que depois de casado não precisaria mais passar por isso, mas você me obriga a...


— Não obrigo você a nada. Não seja tolo, e me deixe sair daqui!


— Eu deixo. — Alfonso brincava com a gola de seu vestido. — Porém, quero que me beije primeiro.


 


Ouviu-se uma voz masculina vinda do outro lado da galeria.


— Cavalheiros, sei que vão gostar muito de nossa coleção de vasos romanos que acabaram de chegar. Não foram nem expostos ainda. Venham por aqui.


— É Anthony! — Anahí sussurrou, empurrando o marido com ambas as mãos. — Ele nos verá!


Alfonso nem sequer se moveu.


— E daí? Somos casados, não?


— Deixe-me ir, Alfonso. Meu irmão está trazendo aqueles homens para cá.


 


Segurando-a pela cintura com ambas as mãos para mantê-la no lugar, Alfonso esticou a cabeça para fora do nicho, para verificar a galeria, por onde o duque acabara de passar. Uma fila de senhores o seguia.


— Não, eles não vêm para este lado.


Assim que todos desapareceram, Alfonso voltou a atenção para a importante tarefa a cumprir.


— Onde estávamos?


Anahí olhou ao redor procurando uma saída, mas não encontrou nenhuma.


— Quero sair!


Ele meneou a cabeça.


— E eu quero meu beijo. — Anahí gemeu de impaciência.


— Homens agem como se fossem crianças!


 


Alfonso ergueu a mão e tocou o rosto delicado da esposa, adorando a maciez de sua pele. O polegar acariciava o canto da boca, e ele respirou fundo, sentindo o aroma de violetas. A lenta dor do desejo começou a queimar com mais força dentro dele.


— Meus pensamentos neste momento não são nada infantis, creia-me.


Ela começou a se desesperar.


— Não vou beijá-lo!


Ainda acariciando-lhe a face, Alfonso apertou ainda mais sua cintura.


— Está bem, eu me contento em ficar assim, abraçado a você.


— Quer dizer que pretende ficar aqui o resto do dia?


— Depende de você. Seja razoável, querida. — Alfonso aproximou ainda mais os lábios.


Ela cerrou as pálpebras, recordando-se do jogo.


Alfonso esfregava os lábios no canto de sua boca e implorava.


— Um beijo, Anahí, um beijo e eu a deixo ir.


— Não deixa, não. Se o beijar, você tomará mais liberdades.


Alfonso começou a desabotoar os primeiros botões do vestido de Anahí, expondo o pescoço e os ombros alvos.


— O que está fazendo?! — Ela tentava fechar o decote.


— Tomando outras liberdades. Você demorou muito. — Inclinou a cabeça e beijou-a bem embaixo da orelha e o colo macio, sentindo o cheiro da pele sedosa.


Anahí respirou fundo. O pescoço era seu ponto fraco. Não podia mais resistir.


Naquele momento, um casal surgiu a poucos metros.


— Tem de me deixar ir — ela pediu, agora sem muita convicção.


 


Ignorando o som das vozes, Alfonso traçou uma trilha de beijinhos pelo pescoço, a mão deslizando pelo ombro até tocar a curva dos seios.


Anahí deu um gemidinho. Camadas de tecido o impediam de tocá-la, mas ele se lembrava de cada curva daquele corpo.


Ela apertou o punho de Alfonso com ambas as mãos, como que para fazê-lo descer mais um pouco. Sentindo-se encorajado, ele tomou o seio inteiro na mão, mas sem se esquecer das regras. Quando Anahí pedisse, ele pararia. Antes, não.


Saboreou toda a parte exposta com beijos delicados até chegar ao rosto. A respiração de Anahí estava mais ofegante, e ela se mexeu em seus braços.


 


— Oh, Alfonso! Alguém pode nos ver! — sussurrou, excitada e com raiva ao mesmo tempo.


— Nesse caso, é melhor me beijar logo.


 


Sem dizer nada, Anahí voltou o rosto e deu o que o marido queria.


Sua boca tocou os lábios de Alfonso, enviando ondas de prazer para todas as suas terminações nervosas. A mão se ergueu para afagá-lo. A pele tão macia, os lábios tão quentes e doces...


Alfonso fechou os olhos, saboreando um deleite há muito tempo negado, mas ainda muito familiar. Lembrou-se do gosto dela, dos lábios carnudos que ele sugava, da linha perfeita daqueles dentes quando os explorava com a língua.


Sem aviso, Anahí interrompeu o beijo. Fez um leve ruído, um protesto talvez, mas além daquele som e do sangue correndo rápido em suas próprias veias, Alfonso escutou os passos de alguém vindo em sua direção. Assim, deu um último beijo no pescoço de Anahí e a deixou sair. Ajeitando a gravata, Alfonso foi para o corredor, tentando disfarçar sua ereção.


Depararam com um senhor de terno preto e óculos. Atrás de si, Alfonso podia ouvir Anahí se recompondo.


— Até que enfim! — exclamou Alfonso, fora do nicho. — Estávamos tentando achar a saída, e eis que surge alguém para nos auxiliar.


O cavalheiro parou e olhou para trás, ao ouvi-lo.


— Há alguém aí com o senhor?


— Minha esposa e eu estávamos procurando a nova coleção de armamentos, e acabamos nos perdemos.


— Entendo. Não fica aqui embaixo, senhor. — Alfonso fez sua melhor expressão de inocência.


— Desculpe-me, querida. Pelo visto, eu a trouxe ao local errado. Não é aqui embaixo mesmo.


Recebeu por isso um discreto – mas nada gentil – chute na canela.


— Eu sou o Sr. Addison, diretor-assistente do setor de antiguidades. Vou levá-los à exposição de armamentos.


— O senhor é muito bondoso. — Alfonso olhou para o nicho e estendeu a mão para Anahí, acrescentando, baixinho: — O botão está aberto.


Ela o fechou, encarando o marido, culpando-o por toda aquela situação constrangedora. Endireitou a coluna, tirou várias mechas de cabelo da testa, aceitou a mão que ele estendia e deixou para trás a galeria.


— Meu Deus! É Lady Herrera!


— Boa tarde, Sr. Addison. — Anahí tentava se controlar, mas seu rosto tingiu-se de um vermelho vivo.


— Perdida, de novo, miLady?


— É esta nova ala, senhor. Sempre me confunde.


— Já lhe disse que é importante pegar um mapa logo na entrada. — Addison puxou os óculos para mais perto do nariz. — Vejo que seu marido a acompanha, hoje.


Alfonso se inclinou, para se apresentar:


— Lorde Herrera.


— É um prazer, miLorde. Venham ver os armamentos, sim? — O casal o seguiu poucos passos atrás, pelo longo corredor.


— Essa foi por pouco — Alfonso murmurou ao ouvido de Anahí, rindo, feliz com toda a experiência, e sobretudo com a paixão que conseguira despertar em sua esposa. — Não me sentia assim há anos! Foi tudo muito bom.


— Pois não espere que se repita. Não comigo, pelo menos. Não tenho a menor intenção de deixar que me engane de novo!


— Tem certeza? Saiba que esse é um desafio irresistível para mim.


 


Anahí se mirava no espelho da sala da modista, mas não via nem sua imagem, nem a fantasia que pretendia usar no baile beneficente. Tudo o que enxergava era o sorriso malicioso de seu marido. Um homem odioso, isso é o que ele era, preparando todo tipo de armadilha, nas quais ela era sempre apanhada. Teria de ser mais cuidadosa dali em diante, pois Alfonso era muito bom nisso.


Aliás, era bom em muitas outras coisas também.


Anahí tocou os lábios com os dedos, sentindo mais uma vez o delicioso calor daquele beijo. Porém, lembrou-se de que Alfonso beijava bem porque tinha beijado inúmeras vezes e muitas mulheres diferentes.


O que acontecera com ela na véspera, no museu? Por que comportara-se como a mocinha ingênua de nove anos atrás? Há muito tempo Alfonso não a tocava daquele modo, mas o tempo não alterara o modo como respondia aos carinhos do marido. Nem mesmo o orgulho conseguiu fazê-la esquecer. Aliás, a ajudara a superar o coração partido, manteve sua cabeça erguida quando Alfonso procurou outras companhias, auxiliou a fingir que não se importava, fez com que encontrasse satisfação numa vida de trabalho social e de bons amigos. Onde esse bendito orgulho havia se metido ontem?!


Cruzou os braços e tornou a fitar-se no espelho. No reflexo, viu toda a confusão e o sofrimento a contemplá-la de volta, e não compreendia a si mesma. O que estava errado com ela? Alfonso iria magoá-la de novo, se permitisse.


Os artifícios de puxá-la para corredores vazios e de roubar-lhe beijos poderiam ser inofensivos, mas ela tinha consciência de que o marido era capaz de mentir como ninguém. O pior era que ela estava sempre disposta a acreditar nele. Você me ama? Claro que sim. Adoro você.


Uma batida na porta a trouxe de volta à realidade, e Daphne entrou, fantasiada de Cleópatra.


 


— Bem, o que acha? — perguntou, alisando os cabelos da peruca.


Acho que estou perdendo o juízo.


Com grande esforço, Anahí tentou tirar as cenas do museu de sua cabeça e se virou para a cunhada, grata pela interrupção.


— Será que Cleópatra usava óculos? — Daphne fez uma careta e deu risada.


— Não pretendo usá-los no baile. Qual sua opinião sobre a roupa? Foi tolice escolher algo assim?


Anahí olhou para sua melhor amiga, pensando na mulher que Daphne era quando se conheceram, dois anos atrás: tímida, insegura, tão apaixonada por Anthony e tentando, com todas as forças, não demonstrá-lo. Estava muito diferente, agora. Ter seu amor correspondido e o fato de haver se tornado uma duquesa acabaram com sua timidez e aumentaram sua auto-estima. Mas havia momentos – como aquele – em que aquela antiga Daphne voltava à tona.


— Não foi tolice, não, bobinha. Por que disse isso?


— Confesso que sempre quis ser Cleópatra. Só não sei se ficarei muito convincente no papel. Mesmo que seja só para um baile à fantasia, teremos de representar nossas personagens a noite toda.


— Está parecendo mesmo uma rainha, Daphne, e creio que Anthony ficará feliz em ser seu Marco Antônio. Ele estaria disposto a dar-lhe todo o Império Romano, se você pedisse.


Daphne sorriu de um jeito que lembrava um gato diante de uma jarra de leite.


— É verdade. Anthony já me falou que tenho todo o poder sobre ele. As mulheres podem fazer o que quiserem com os homens, se souberem agir com sabedoria. Demorei muito para entender o que meu marido queria dizer.


Anahí suspirou.


— Se você compreende, explique-me. Um pouco desse poder me seria muito útil.


O sorriso de Daphne desapareceu, e olhou a cunhada com piedade.


Isso Anahí não poderia suportar. Tratou de mudar de assunto.


— Como fiquei nestes trajes de marquesa francesa?


— Linda, como sempre. Porém, se quiser que a fantasia fique de fato autêntica, deveria colocar talco nos cabelos. — Anahí alisou o veludo azul-escuro do vestido.


— Será que não iria estragar o tecido?


— Pelo menos o talco para cabelos não é mais feito com açúcar.


— Está querendo dizer que antigamente era feito com açúcar?! Isso não atraía todo tipo de inseto?


— Evidente. Essa era uma desvantagem.


— Que horror!


Se pelo menos mantivesse Herrera longe de mim, talvez valesse a pena tentar. Ora, eu me prometi não pensar mais nele!


— Para evitar o uso de talco nos cabelos, você poderia optar por ser uma princesa grega de dois mil anos atrás. Nesse caso, teria de pôr gordura no lugar do talco.


— Credo, Daphne! Por que alguém usaria gordura nos cabelos?


— Eram óleos perfumados, Anahí, e ao derreter com o calor iam liberando a fragrância.


— Você sabe de cada coisa! Obrigada pela sugestão, mas continuarei como estou. Não posso imaginar o que Lady Deane diria se eu aparecesse no baile usando gordura perfumada na cabeça. E, já que é tão sabida, minha querida, o que posso fazer para evitar que o talco danifique o veludo azul?


— Coloque uma peruca. Todos faziam isso há oitenta anos.


— Nunca! Só serviria para me dar coceira no couro cabeludo.


— Ah, é por isso então que vive tirando seus chapéus! Agora compreendo.


Uma batida na porta as interrompeu, e Mirelle, a mais famosa modista londrina, entrou.


— Duquesa, Lady Herrera, há alguma coisa que queiram alterar? Estou à disposição.


— Adorei meu traje. Ficou perfeito.— Daphne sorriu-lhe. A modista bateu palmas, lisonjeada. — A senhora é muito gentil. — Dirigiu-se a Anahí: — E a senhora?


— Mirelle, o que as pessoas usam nos cabelos? Talco?


— Hoje em dia, existe um talco muito bom para perucas. Os juizes e magistrados costumam usá-lo. Mas, se me permite uma opinião, seria uma lástima cobrir seus cabelos com talco. A cor deles é maravilhosa, e combinaria bem com a seda azul-clara e com o veludo azul-marinho. Ficará deslumbrante, miLady.


Os momentos apaixonados no museu voltaram como um flash em sua memória, e Anahí não teve tanta certeza de que queria estar deslumbrante.


— Obrigada, Mirelle.


— Concordo com ela, Anahí — completou Daphne. — Nenhuma mulher deste mundo cobriria cabelos da cor dos seus com talco.


— Certo. Então não usarei. — E jurou para si mesma que era por causa da sujeira que o talco causaria. O fato de Herrera adorar sua cabeleira não tinha nada a ver com aquilo. — Mas temos outro problema. Trata-se de um baile, e não conseguirei dançar uma valsa ou uma quadrilha com isto. Não admira que na época de minha avó só se dançasse o minueto. Mirelle, poderia soltar um pouco na cintura? O corpete é apertado demais.


— Claro, mas só um pouco, para não estragar sua silhueta. O vestido ficou espetacular na senhora.


Mirelle saiu, e uma assistente as ajudou a se trocar.


Instantes depois, na carruagem, de volta para casa, Daphne comentou:


— A modista tinha razão. Você ficou linda com aquela roupa.


Anahí se recostou contra as almofadas e olhou para a cunhada.


— Beleza não é suficiente para tornar um marido fiel, não é mesmo?


Daphne a enlaçou pelos ombros, com carinho.


— Não sei, minha querida.


 


Alfonso teria de tomar medidas desesperadas para conquistar a esposa. E compreendia que isso ia demandar algum sofrimento. Manteve-se afastado de Grosvenor Square por alguns dias, imaginando que Anahí pudesse sentir saudade. Na verdade, ele precisava de tempo para controlar seu desejo. As cenas do museu, o gosto da boca de Anahí, a deliciosa sensação de tê-la nos braços invadiram seus sonhos e dominaram seus pensamentos por três dias.


Na manhã de segunda-feira, decidiu que estava pronto para vê-la de novo. Dessa vez, duvidava de que fosse conseguir roubar-lhe alguns beijos, pois ia ser submetido a um outro tipo de tortura. Pretendia levá-la às compras.


Embora a sugestão de que Anahí redecorasse a casa não tivesse sido aceita com entusiasmo, Alfonso imaginava que, ao começar a comprar os artigos, ela se sentisse parte daquela mansão.


Quando ele chegou a Grosvenor Square e a convidou para essa atividade, Anahí recusou.


— Não quero ir. — E sentou-se numa poltrona. — Não me sinto bem.


— Você mente muito mal. Vamos, ponha um chapéu, pegue suas coisas e vamos andando.


— Já falei que não quero redecorar sua casa.


— Nossa casa. Agora ela é sua também.


— Por que não convida Lady Pomeroy para ir às compras com você? Ela adora desfilar na Bond Street e gastar o dinheiro de sir Pomeroy.


 


Alfonso entendeu que ela estava atirando Anne em sua face para fazê-lo desistir. Falar sobre o assunto seria ainda pior, entretanto. Poderia contar-lhe como fora vazia aquela relação, nada mais que a satisfação de desejos físicos. E isso fora cinco anos atrás. Para Alfonso, só o futuro importava. Assim, decidiu ignorar o comentário.


— Prefere caminhar ou ir de carruagem? — indagou, com suavidade.


Anahí fez um gesto de impaciência, levantou-se e andou até a lareira.


— Não quero fazer compras!


— Anahí, você adora visitar lojas e sabe como eu odeio. Achei que não perderia a oportunidade de me torturar, testando o conforto de almofadas para as poltronas ou escolhendo tapetes orientais. Sem mencionar as joalherias, onde poderia me convencer a gastar uma fortuna com um inútil colar de rubis e diamantes, para depois exibir para suas amigas.


Ela se virou para o marido.


— Não quero nenhuma jóia vinda de você, Herrera. E quanto ao resto, já afirmei que não quero gastar o dinheiro que recebo de Anthony em sua propriedade, mesmo sendo você quem controla essa renda.


 


Anahí estava mesmo determinada a brigar, mas Alfonso não iria deixar isso acontecer.


— Muito bem, podemos fazer outra coisa, então. Que tal visitarmos alguns amigos? Poderíamos nos sentar no sofá, de mãos dadas. Os casados nunca se dão as mãos em público, portanto... imagine como todos ficariam chocados!


— Não vou visitar ninguém, nem ficar de mãos dadas com você.


— Sem problemas. Se não quer fazer nada disso, talvez possamos voltar ao museu de seu irmão. Ouvi dizer que há alguns afrescos romanos deliciosos escondidos em algum lugar, e que só poucos antiquários tiveram acesso a eles. Você, como irmã do duque, poderia...


— Não.


— Sei que eles são bastante eróticos — continuou, percebendo que ela estava corando. Parou bem na frente de Anahí para encará-la. — Ora, ora, você já os viu, não é? Aproveitou para dar uma olhada durante os instantes em que esteve sozinha?


— Não diga tolices!


O rosto de Anahí ficou ainda mais vermelho, por isso Alfonso soube que acertara. A ideia de imaginá-la espreitando pelo museu para ver figuras eróticas o encheu de satisfação.


— Pena não ter me lembrado disso naquele dia. Mas você pode descrevê-los para mim. São muito picantes? Não tenha vergonha, querida. Afinal, sou seu marido,


Ela continuava calada, cada vez mais rubra, e Alfonso teve a certeza de que os afrescos eram mesmo bastante interessantes.


— Sabe, quanto mais eu penso, mais tenho vontade de voltar ao museu. Garanto que não há nada naqueles afrescos que já não tenhamos feito. Mas, se, na sala em que estão, houver uma fechadura, talvez possamos...


— Está bem, está bem! — Anahí ergueu os braços na direção de Alfonso, como que para fazê-lo parar de falar. — Vamos à Bond Street, como você queria.


Ela se virou e saiu da sala com a saia de seda amarela batendo em seus calcanhares, tamanha a força de suas passadas.


— Mudei de ideia. — Alfonso deu risada. — Prefiro ir ao museu ver aqueles afrescos indecentes.


— De jeito nenhum. Ande logo! — E Anahí desceu as escadas sem esperar pelo marido.


 


 


 


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Fanfic terminada:


Nada Pessoal http://fanfics.com.br/fanfic/53435/nada-pessoal-aya-adaptada-rebelde-aya-rbd-romance 



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Autor(a): DuaneStories

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      A Bond Street ficava a apenas dois quarteirões de Grosvenor Square, e, como o dia estava bonito, Alfonso sugeriu que caminhassem. Anahí concordou, mas quando ele lhe ofereceu o braço, recusou. Assim, andaram até lá sem se tocar. Dois empregados os seguiam a distância para carregar os eventuais pacotes. Quando ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 7



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  • Postado em 11/05/2016 - 13:57:46

    Estou adorando essa fanfic! Pena q está quase na reta final

  • carla_marielt Postado em 09/05/2016 - 16:33:22

    Continua... ..

  • fersantos08 Postado em 27/04/2016 - 16:02:58

    Uhuuuul mais uma fanfics diva, batendo palminhas aqui de felicidade :) postaaaa maaaaaiiiiis

  • ponnyforever10 Postado em 27/04/2016 - 11:53:43

    Leitora nova,adorando ver poncho tentando conquistar a Anahi kkkk.Continuaa

  • Nayara_Lima Postado em 22/04/2016 - 17:44:34

    Ameeei continua....

  • hadassa04 Postado em 21/04/2016 - 20:04:37

    Primeiro comentário é meu.... Então mereço uns 5 capítulos

  • hadassa04 Postado em 21/04/2016 - 20:03:50

    Opa adorei a sinopse pode postar


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