Fanfic: Meu mundo vazio-AyA (Adaptada) | Tema: Ponny

- Porque está fazendo isso? - Perguntei para Alfonso Herrera, com a voz ameaçando falhar a qualquer momento.

As viaturas de polícia estavam todas viradas na direção do barraco. Os faróis quase cegavam meus olhos. E os olhares dos policiais não desgrudavam de mim.

- Sua camisola fica transparente com os faróis dos carros. Sabia? - Ele não respondeu minha pergunta, apenas fez esse comentário debochado e continuou: - Todos nós estamos com os instrumentos duros de ficar olhando para seu corpo, sua sem vergonha. Uma garotinha tão nova, com o corpo jovem delicioso.

Fiquei ruborizada ao perceber que minha camisola sim, estava transparente, e sim, mostrando todo meu corpo. Eu estava apenas de calcinha por baixo! Rapidamente peguei um travesseiro que estava atirado no chão próximo de mim, e coloquei em frente ao meu corpo.

- Res... Responda minha pergunta. - Gaguejei escondendo a humilhação em meu rosto.

- Não sou obrigado, mas vou responder. - Ele chegou alguns passos mais perto de onde eu e Bel estávamos e nos analisou com desprezo. - Meu pai, como vocês já sabem, ele é o prefeito da cidade. É um cara milionário e que tem tudo o que quer, inclusive uma mulher maravilhosa ao seu lado, que é minha mãe. - Continuou, seu tom de voz parecia machucado, magoado. - E sabe o que ele fez? Largou TUDO o que tinha para fugir com Verônica, a VAGABUNDA da mãe de vocês. Largou TUDO por uma mulher que gosta de dar o rabo por diversão e dinheiro.

Meu Deus! Então, foi por isso que mamãe não voltou mais para casa. Havia fugido com o pai de Alfonso... Oh Meu Deus! Um sentimento fez meu coração ficar apertado dentro do peito, mamãe havia nos abandonado. Senti pena de Alfonso, pois o pai dele fez o mesmo com ele e o resto de sua família.

- Minha mãe está sofrendo, inconsolável. E a culpa é de vocês... Por isso, quero você pequena Portilla e toda sua família longe deste barraco e desta cidade. - Apontou o dedo na minha cara. - AINDA HOJE!

Foi um aviso bem claro e ameaçador. Após isso, Alfonso, o Delegado e os outros policiais foram embora. Nos deixaram na mer-da.

- E agora? - Perguntei olhando para Bel, perdida, sem saber como lidar com essa situação. Sentei ao seu lado nos degraus de madeira em frente ao barraco.

- Eu sinceramente não sei, minha irmã. - Seus olhos estavam inchados e vermelhos, mas já não tinha mais lágrimas para chorar. - Mamãe nos abandonou, nosso pai só sabe beber e bater em nós. - Deu de ombros, levantando e juntando seus poucos pertences e roupas que ainda estavam inteiros. Socou tudo em uma mochila velha e rasgada. - Eu vou seguir meu rumo, vou fazer minha vida em outra cidade. - Jogou as mochila nas costas. - Faça isso também Anny, você é uma garota esperta e se quiser, pode ter um futuro maravilhoso. - Suspirou, olhando para o barraco que era nosso lar, agora destruído. - Vou embora caminhando, não me siga.

- Mas... Para onde você vai? A próxima cidade fica longe para ir a pé. - Eu falei assustada, porque se ela fosse mesmo, eu estaria mais sozinha ainda.

- Vou conseguir carona... Eu me viro, Anahi. - Deu as costas e saiu caminhando. - Desejo sorte em sua vida. - E lá se foi minha irmã. Agora ficaria sem ela também.

Sem a mamãe. Sem Bel.

Buddy se deitou ao meu lado e eu o abracei, chorando em silêncio. E foi assim durante meia hora, até o papai acordar e se levantar, tonto e perdido.

- Maldição! Essa vida é uma maldição! - Resmungou, chutando objetos que estavam em seu caminho. - E tudo isso por causa da puta da Verônica. Você é filha dela, você e a Bel... - Apontou para mim, amargurado. - Não quero mais saber de vocês, vou tocar minha vida longe de mulheres vagabundas.

- Para onde você vai, papai? - Perguntei aflita, não queria ficar sozinha.

- Vou para o bar, não venha atrás. - Ele repetiu as mesmas palavras de Bel, para não ir atrás dele. Meus olhos voltaram a se encher de lágrimas. - Meus amigos de lá vão me ajudar, adeus.... Vagabundinha! Se encontrar sua mãe, diga que eu a odeio e que nunca mais apareça na minha frente.

Então, ele se foi também. Me deixou chorando. Agora eu precisava seguir o meu caminho... Sozinha. Eu e meu velho e único companheiro, Buddy.

Peguei algumas roupas, e com uma cordinha amarrei Buddy. Sai caminhando com ele ao meu lado, sem saber para onde iria. E nem o que faria.