Fanfic: Meu mundo vazio-AyA (Adaptada) | Tema: Ponny

Eu estava tendo um sonho ruim. Muito ruim. Um pesadelo. Era relacionado com Bill Thompson, o advogado da família Herrera. Havia algo entre o meu sono e a realidade, um sentimento de alerta arrastando-me de volta para a consciência. 

O corpo do Alfonso era como um forno, irradiava calor feito ondas. Eu estava banhada de suor apesar dos esforços do ventilador de teto.

Foi então que abri os olhos de repente, assustada, e contemplei confusa a estranha claridade avermelhada que invadia meu quarto. O calor se intensificou e o ar pesado queimava meus olhos e meu nariz.

Compreendi de imediato o que estava acontecendo.

- Alfonso! OH MEU DEUS, ALFONSO! - Chamei-o aos gritos e o sacudi com força. - Levanta logo, por favor! A casa está pegando fogo!

- O quê? - Acordou confuso com as sacudidas desesperadas, abrindo os olhos e ficando consciente de imediato com o que estava acontecendo ao nosso redor. - MEU DEUS! ANAHI, PRECISAMOS SAIR DAQUI... MAS QUE MERDA!

Alfonso desceu da cama e me puxou junto com ele para o chão, onde era mais fácil de respirar, embora a fumaça seguia queimando nossas gargantas e nossos pulmões a cada inspiração. Agarrou seu casaco que havia pendurado na poltrona antes de dormir, e jogou para mim.

- Vamos! Sai engatinhando pelo corredor e vista isso! Rápido, Anahi! - Ordenou, seu olhar tomado pelo pavor. - E coloque uns sapatos, senão vai se queimar. Está tudo fervendo nesta casa! - Vi que ele vestia com pressa sua calça e sapatos, em movimentos rápidos. - Eu vou estar logo atrás de você. - Viu as lágrimas de medo inundando meus olhos e me prometeu: - Eu juro, meu amor.

Eu obedeci. Enquanto me engatinhava até o corredor, olhei várias vezes para trás, certificando-me que ele estava comigo. Cobri meu rosto com a manga do casaco, tossindo violentamente. Meus pulmões ardiam. Poncho também tossia atrás de mim, com a mão na garganta tentando acalmar a dor.

Já no corredor, olhamos para a porta do banheiro entreaberta e vimos que lá dentro também ardia em chamas.

- Vá indo para a saída, sempre engatinhando... Eu já volto. - Eu arregalei meus olhos com desespero ao vê-lo saindo de perto de mim. Poncho não se importou com as chamas pesadas no banheiro. Agarrou as duas primeiras toalhas que viu pela frente. Por algum milagre, ainda havia pressão na torneira. Encharcou as toalhas com água e voltou para me alcançar.

Jogou uma das toalhas para mim, tossia muito e pigarreava. Fiquei preocupada, mas sem me dar conta que meu estado era até pior que o dele.

- Coloque a toalha molhada na cara. - Fiz o que ele mandou e pressionei a toalha contra minha boca e nariz. Consegui respirar um pouco melhor. Ele fez o mesmo.

O fogo parecia nos rodear com suas sinistras chamas amarelas e laranjadas, em qualquer lugar que eu olhasse. A densa fumaça que enchia a casa, tornava tudo mais sombrio, e o perigo que estávamos correndo ficava cada vez mais evidente. Como podia, o fogo ter se estendido tão rapidamente, engolindo minha casa daquele jeito? Deus, nos ajude, por favor.

Os estalos do fogo iam tornando-se cada vez mais altos, consumindo cada parte da casa, cada vez mais. O calor estava começando a queimar minha pele, e fiquei imaginando se Poncho estava com a mesma sensação. O piso estava começando a esquentar, logo estaria ardendo debaixo de nós. Se não sairmos logo, vamos morrer.

- Vamos morrer! - Poncho gritou atrás de mim, pelo jeito os seus pensamentos estavam tomando o mesmo rumo dos meus. - Por Deus, Anahi... Vá mais rápido! - Senti-me frágil quando ele me empurrou bruscamente para o lado, me derrubando sobre meu braço direito no chão. Tomou a minha frente com agilidade. Me pegou pela gola de minha camiseta grande, que uso para dormir, e foi me arrastando para que eu engatinhasse mais depressa. - Desculpe por isso, mas não temos muito mais que um minuto para sair daqui! Ou vai ser tarde demais...

Eu já havia perdido quase completamente minhas forças. Estava dependendo da força dele para me puxar, meu corpo não ajudava mais. Poncho forçou a vista para ver através das nuvens de fumaça, e ouvi uma ponta de esperança em sua voz ao dizer:

- A porta de entrada! - Era uma voz fraca, tinha dificuldade em comunicar-se comigo. - Ainda não está pegando fogo!