Fanfic: Meu mundo vazio-AyA (Adaptada) | Tema: Ponny

- Filha, o titio não está me machucando. - Expliquei, enxugando minhas lágrimas. Me afastei de Alfonso e agachei ao lado de Sophie. Peguei suas mãozinhas e sorri para acalmá-la. - Estou chorando de felicidade, porque a mamãe estava com muita saudade dele! - Ela olhava com seu biquinho para Alfonso e para mim, ainda um pouco desconfiada. - Meu anjo, esse é o Alfonso, mas pode chamar ele de Poncho. E Poncho, está é a minha filha Sophie.

Não consegui decifrar direito sua expressão ao revelar que tinha uma filha. Alfonso sorriu para a garotinha, mas nos seus olhos, pude ver uma ponta de tristeza. Deus, ele deve pensar que sou casada e Sophie é filha de outra pessoa. De repente, senti um peso enorme esmagar meu coração. Eu devia... Devia ter contado para ele. Eu preciso contar o quanto antes! O porém é que... Não sei se tenho coragem.

- Oi tio Poncho, discupa por ti bater. - Sophie falou com a voz fininha de arrependimento, olhando para baixo. - Mas se prisicar eu bato de novo tá.

Poncho arqueou uma sobrancelha e riu.

- Sophie, que lindo nome. - Ele disse, um pouco sem jeito diante da situação. - Você está certa, sempre que achar que alguém está fazendo mal para sua mãe, precisa bater nessa pessoa. - Piscou para Sophie e ela ficou toda orgulhosa de si mesma.

- Vamos nós três entrar para comer alguma coisa e conversar? - Dei um olhar sério para Alfonso e ele compreendeu, que nós dois temos tantas perguntas... Tantas coisas a esclarecer. Sophie ficou alegre e deu seus tradicionais pulinhos.

- Vamooooos! - Ela disse pegando na mão de Poncho, fechei os olhos com o sentimento de emoção que me invadiu como uma onda e quase me derrubou de costas no chão.

Ele me olhou sorrindo, e eu admirei sua atitude, mesmo sem saber de quem era filha, ele respeitava.

- Vamos! - Poncho falou animado. Fui caminhando na frente, ele e Sophie me seguiram até a sala de estar. Sophie subiu no sofá e sentou, batendo no espaço ao seu lado.

- Você senta aqui cumigo, tio Poncho!

- Com certeza, ninguém tira meu lugar do lado da Sophie. - Ele entrou no clima dela. Coitado! Agora a Sophie vai fazer ele de gato e sapato. Dei risada e ele ficou sem entender. Nunca dê muita confiança para uma criança, se você der a mão, ela vai querer o braço e o resto do corpo.

Busquei na cozinha um pote de biscoitos, café para os adultos e suquinho para a Soph, com as devidas louças para fazermos um lanche. Deixei na mesa de centro e me sentei no outro sofá livre.

- Hora do lanchinhooo! - Gritou, atacando suas bolachinhas preferidas e seu suquinho.

- Obrigada Any. - Poncho agradeceu com um olhar quente e carinhoso. Meu corpo pegou fogo de vontade de me jogar em cima dele, fazer amor no sofá e voltar para seus braços. Voltar a ser sua.

Fizemos o lanche e agora era hora de despistar a Sophie para ter uma conversa séria. Não precisamos de muito tempo, porque depois de pular que nem um sapo de um sofá para outro, se pendurar nas costas de Poncho, tentar fazer uma trança no meu cabelo, ela finalmente pegou no sono. Peguei-a no colo com cuidado e a levei para o quarto.

Quando voltei para sala, fiquei tensa. E agora, por onde começar? Falar ou não falar a verdade? Pode ser que ele não me queira mais, e que se irrite mais ainda por eu ter escondido por tanto tempo, esse grande segredo. Insegura, sentei e ficamos nos encarando.

Foram longos minutos em silêncio. O clima fez com que parecessem décadas. Alfonso decidiu ser o primeiro a falar, depois de perceber que eu não iria conseguir fazer isto.

- Você é casada? - Me surpreendi por ele ser tão direto em suas perguntas.

- Não. - Sorri, negando com a cabeça. - Para falar a verdade, eu jamais casaria com alguém que não fosse você. Na minha opinião Poncho, o amor acontece só uma vez. Se fiquei com outra pessoa foi somente por carência física. - É isso. Envolvimento físico explica totalmente meu caso com o Paul.

Ele pareceu satisfeito com minha resposta, e com a pequena revelação indireta de que ainda tenho amor por ele.

- Minha vez. - Poncho prestou atenção e fez sinal para eu prosseguir. - Você é casado? Com a Luma? Tem mais filhos, além do filho com Luma? Se não for casado com a Luma, qual a sua relação com ela? - Eu disparei, meu interrogatório me deixou constrangida quando percebi que estava perguntando demais. Fiquei ruborizada.

- Você fica linda quando está com vergonha. - Ele comentou suspirando, pousando as mãos inquietas sobre os joelhos. Devia estar morto de vontade de me tocar, assim como eu queria tocá-lo. O clima era muito claro entre nós. Muito forte. - Eu não sou casado, nunca me casei com Luma, nunca me casaria, e o filho não é meu. E, ah... Quase que me esqueço... A Luma está morta.

- O QUÊ?! - Gritei espantada, os olhos arregalados. Tudo o que ele estava me dizendo, Deus... Era brincadeira? Que brincadeira de mal gosto. - Me explique, por favor!

Foi o que ele fez em seguida. Explicou detalhadamente e me contou toda a verdade, tudo o que ocorreu durante todos esses anos que ficamos separados. Me senti uma idiota, a pior das idiotas. A mais patética do mundo inteiro. Coloquei as mãos na cabeça e puxei meus cabelos de leve, querendo me castigar. Eu queria gritar para mim mesma: IMBECIL! IMBECIL! VOCÊ É UMA IMBECIL! Eu abandonei Alfonso sem motivos reais para isso, e ainda por cima, criei a NOSSA filha sozinha por tanto tempo. O privei do direito de saber a verdade, de conviver com Sophie, de ser o pai dela. Fiquei com cada vez menos esperanças que ele me perdoasse. As lágrimas subiram aos meus olhos, fiz de tudo para que não escapassem. Mas sempre há uma teimosa que gosta de aparecer.

- Porque está chorando? - Perguntou desconfiado e levemente confuso. - Devia estar feliz.

- Não! Não devia! Eu devia me enforcar... - Suspirei, levantando e indo sentar ao seu lado, virada para ele. Poncho se virou para mim e me avaliou ainda sem entender. - Me faça a pergunta principal. Sei que você quer perguntar sobre ela, pergunte! - No começo ele não compreendeu muito bem, mas rapidamente se tocou.

- Que pergunta? Ah, sim... Deve ser essa... A Sophie, quem... Quem é o pai?