Fanfics Brasil - Capítulo 1 Minha Miriam

Fanfic: Minha Miriam | Tema: Segunda Guerra Mundial


Capítulo: Capítulo 1

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Fecho os olhos e me jogo na grama, que logo me abraça. Observo as flechas do Sol invadindo os pequenos espaços entre as folhas das árvores, que dançam no ritmo do vento, trazendo o aroma da chuva que logo chegará. Eu realmente não queria sair daqui, mas imagino que meu horário de chegar em casa já deve ter passado, e que logo alguém aparecerá a procura de mim.  




 Recolho meus livros rapidamente, empurro-os à minha mochila e sigo para minha casa. Não é tão longe, fica apenas a uns 15 minutos, mas é longe o suficiente para deixar de ouvir o que a maioria da casa tem a dizer. Não me entenda mal, na maioria das vezes sou doce e compreensiva, mas de forma alguma possa aceitar me mudar. Vivi minha vida inteira nesta cidade, e mesmo não sendo nem a metade do total de uma vida, é o suficiente para mim. 




 Ao chegar, vejo um certo tumultuo. Meu pai, Albert, um renomado general do exército alemão, está sentado no sofá da sala de estar com seu uniforme, assim logo percebo que temos visita. Me esquivo por trás dele para subir as escadas o mais rápido possível, porém minha irmã mais nova, pequena demais para perceber meu plano, me chama. 





  • Marele - Mia fala com aquelas mãozinhas erguidas dando "tchauzinho" 




  • Mariele - A corrijo em voz baixa, dando um sorriso amarelo, já que todos da sala estão com os olhos em mim. 





 Minha mãe me fuzila com os olhos ao ver que a barra da minha saia está suja de lama, juntamente com meus sapatos, sem falar do estado do meu cabelo. 





  • Mariele, este é o chefe do departamento médico que trabalha diretamente para nosso funre. Estava contando a ele sobre seu sonho de estudar medicina. 





Eu pensei em sair correndo para fugir literalmente deste assunto, ou dizer que não cursaria medicina, mas no fim eu apenas sorri da forma mais simpática possível.  




O homem sentado de frente para o meu pai se levanta. É um homem de altura mediana, cabelos grisalhos, olhos azuis. Ele estende sua mão para me cumprimentar. Quando a aperto, um arrepio corre pelo meu corpo em reação á sua mão fria. 





  • Mariele agora precisa ir se arrumar para o jantar, não é? - Minha mãe diz educadamente me empurrando para as escadas. 





Consinto amando a ideia, e as subo praticamente correndo. Ao chegar no quarto logo digo 





  • Mãe, eu juro que não foi de propósito, Mia estragou minha ideia... 




  • Onde estava? - Perguntou ignorando o meu drama e abrindo meu guarda-roupas. 




  • Fui respirar ar puro – Sentei-me a bera da cama – tentando esquecer a crueldade que querem fazer comigo. 




  • Pensei que mulheres maduras não corriam de seus assuntos, e sim o encaravam – Olhei rapidamento para ela com minhas veias já pulsando – Agora antes de seu sermão, preciso dizer que Dr. Klaus tem uma grande afeição pelo teu pai e lhe deve favores também. Seja gentil para que ele possa te ajudar no ingresso em uma faculdade. - Ela joga um vestido em cima da minha cama, dita mais algumas regras e vai embora. 





Me posiciono na frente do espelho segurando o vestido sobre minha roupa atual, que está em um péssimo estado. 




Eu sou mais magra do que a maioria das meninas que conheço. Tenho 19 anos e não me desenvolvi como deveria para a sociedade me achar atraente. Modéstia parte, eu não sou feia. Tenho cabelos loiros avermelhados que já chegaram até a cintura. Agora não passam do ombro. A um ano e pouco decidi que iria amadurecer de qualquer forma, então os cortei para me sentir capaz. Não que tenha funcionado, pois quando minha mãe gritou e quase enfartou, chorei como uma criança. 




Todos dizem que ainda irei desenvolver, que sou assim porque ainda sou uma moça. Mas acho que só irei ter um corpo que chame a atenção dos meninos quando eu engravidar, e ai será tarde para pensar nisso. 




Agora, analisando a solicitação da minha mãe, sinto uma leve sensação de enjoo. O meu corpo me diz que estou nervosa assim, não suando, nem com o coração acelerado a beira de um taquicardia, mas meu estômago se contorcendo. A verdade é que eu não quero ser médica, não mais. Meu avô foi um médico conhecido, renomado, mas morreu na guerra em 1918. Eu sempre tive em mente de que eu poderia fazer muitas coisas, pois o mundo tem muito a me oferecer. E por eu ser mulher... Ah, quantas expectativas e poderia ultrapassar, quantas acusações referente ao que deveria ser meu "lugar na sociedade" eu poderia refutar? Um sonho grande talvez, mas para chegar lá não há só um caminho, e ai está o problema: A nenhum deles ainda me identifiquei.  




Aos 14 anos cismei que iria seguir o caminho do meu avô, e então espalhei o máximo que pude. Parecia perfeito: Uma médica! Algo nobre e complicado. Meus pais se orgulharam, finalmente a filha que eles achavam ser um projeto de menina estava crescendo. Mas logo o sonho a acabou.. Umas semanas depois uma menina do colégio onde eu estudava teve um infarto em plena aula de Geometria Espacial. Uma menina de 14 tendo um infarto, alguém da mesma idade que eu. Nesse dia fui para casa e não consegui dormir, nem naquela noite como em nenhuma das noites daquela semana. Pensei como seria se fosse eu, ou como seria se fosse alguém próximo, será que eu conseguiria exercer meu trabalho? Ou minhas mãos e rosto formigariam como aconteceu naquela dia? Então meu estômago contraiu mais fortemente.  





- Mariele, cadê você? - ouço a voz da minha mãe e no susto corro para o banheiro.  




- Não se preocupe - sussurro para mim mesma -Isso não vai acontecer. 




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Autor(a): bellsluz

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