Fanfic: Grande Golpe | Tema: Vingança

Pasma, atônita, Luci se desespera no telefone.

— Que história é essa? Quem é você?

— Eu já falei até demais! O impeça de viajar! — desligou.

— Viu um fantasma, minha filha? Quem era no telefone? — indagou Dona Lurdes.

— É... não, era engano.

Bernardo e Marília conversam numa cafeteria. Eles contam sobre a vida e percebem que as histórias são parecidas. Amores desencontrados, decepções, amizades interesseiras. Em Berlinda, eles estavam só.

— Um país pequeno e pessoas com a mesma história praticamente. É incrível isso! Mas... assim, não me leve a mal, você é linda demais, nunca tentou ser modelo? —perguntou Bernardo.

Enquanto Marília pensava em responder, Bernardo reparava nos olhos tímidos, mas cativantes de Marília; um cabelo longo, preto, que chamava atenção pelo cuidado. Cheirosa, e com um jeito único, a moça já tinha conquistado o irmão de Luci.

— Pensei sim! Mas é que muitas pessoas não percebem. Aqui na Berlinda há ditadura! A ditadura da beleza. É uma loucura e uma pressão que não é para mim.

Distraído com o jeito de Marília falar, Bernardo acaba não prestando atenção no que ela falou.

— Está me ouvindo? — perguntou ela já sabendo das intenções. — Eu até já fiz alguns testes, mas não gosto de autoritarismo, preferi ser garçonete mesmo.

— O restaurante com certeza aumentou de clientela. — brincou. Eu sei que é loucura, que parece uma coisa de novela, mas não sei. Não precisamos ficar dias nos conhecendo para eu ter vontade de ficar com você. Aqui já nos imaginei na Argentina, juntos, nas cafeterias pelas esquinas, conversando sobre vida, namorando um pouquinho. — declarou Bernardo.

— Está zoando, né? Você é bem louco!

— Louco para te dar um beijo.

— Bem garanhão, não? Já cai em papo como esses. Estou vacinada!

Marília levou tudo na brincadeira e aceitou o convite de Bernardo para assistir um filme na casa dele à noite.

Já na casa da família Pillates, a mulher do soldado Pedro Pillates, estava prestes a ganhar um filho.

— Você vai servir hoje, amor?

— Apesar de serem bem exigentes com isso, consegui uma folga para ver meu filho macho nascer. Vai ser um grande guerrilheiro! Vamos treinar juntos, vou ensinar a atirar! Vai ser o orgulho desta família.

O dia anoitece e Marília, no horário marcado, chega à casa de Bernardo.

— Para quem não estava interessada, chegou pontualmente, não?

Marília revira os olhos de deboche e entra na casa.

— Vamos ver o fil...

Sem tempo de terminar, Bernardo beija Marília. Ela se entrega ao mesmo desejo que ele estava sentindo, a um amor puro, sem interesses, mas o desejo que ultrapassava todos os rótulos impostos pela sociedade.

O telefone toca, Marília para e pede para Bernardo atender.

— Ah, é a minha irmã! Deixa eu atender. Oi, Luci! Fala rápido, eu estou um pouco ocupado!

— Eu tenho um recado rápido e você precisa confiar em mim: não viaje! Vão querer matar quem viajar para fora de Berlinda.