Fanfics Brasil - Capítulo 01: The beginning of everything - part 1 Baía dos Diamantes - AyA

Fanfic: Baía dos Diamantes - AyA | Tema: Romance


Capítulo: Capítulo 01: The beginning of everything - part 1

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Capítulo 01

 

Com Alfonso Herrera

 

Ainda que o pôr-do-sol estava próximo, o brilhante sol dourado ainda queimava sua pele, ao longo de seu peito nu e suas longas pernas. Os raios prolongados lançavam reflexos dançantes sobre as pontas das ondas, conseguindo que ficasse olhando-as fascinado. Não, não era a água brilhante o que o mantinha tão fascinado, o que ocorria era que não tinha nada melhor do que fazer do que fincar os olhos nisso. Tinha esquecido como soava a paz, como se sentia. Durante um longo mês, numa maravilhosa solidão pôde relaxar-se e ser só um homem. Pescaria quando o desejasse, ou navegaria pelas quentes e hipnóticas águas do Golfo se se sentisse inquieto. As águas o cativavam continuamente. Aqui eram de um azul escuro; ali eram de um turquesa brilhante; por ali tinha um verde que brilhava palidamente. Tinha dinheiro para o combustível e a comida, e só tinha duas pessoas no mundo que sabiam onde se encontrava ou como atingi-lo. 

Quando as férias do mês terminassem, voltaria ao mundo cinza que tinha escolhido e se perderia nas sombras, mas agora podia deitar ao sol, e isso era tudo o que queria. Alfonso Herrera estava cansado, cansado da luta interminável, do segredo e a manipulação, do perigo e a mentira de seu trabalho. Era um trabalho de suma importância, mas durante este mês permitiria que outra pessoa o realizasse. Este mês era dele; quase podia entender o que tentou o Koko Stambuk, seu velho amigo e o melhor agente que tinha tido, para partir às tranqüilas e misteriosas montanhas do Tennessee. Koko tinha sido um agente sobressalente por si mesmo, uma lenda no Golden Triangle e, mais tarde, no Oriente Médio e América do Sul, em todas as situações críticas do mundo. Agora ele era chefe do departamento, a figura escura atrás de um grupo de agentes que seguiam suas instruções e seu treinamento. Pouco se sabia sobre ele; a segurança que lhe rodeava era quase absoluta. Alfonso preferia assim; era um solitário, um homem escuro que enfrentava a dura realidade da vida com cinismo e resignação. Conhecia os inconvenientes e os perigos da carreira que escolheu, sabia que podia ser suja e cruel, mas era realista e aceitou tudo isso quando escolheu seu trabalho.

Embora algumas vezes se aproximasse muito e tinha que se afastar de tudo isso, viver durante um curto período de tempo como uma pessoa normal. Sua válvula de escape era seu iate personalizado. Suas férias, como todo o resto sobre ele, eram segredos extremamente protegidos, mas os dias e noites no mar eram o que conservavam sua humanidade, as únicas ocasiões nas qual podia relaxar-se e pensar, quando podia deitar nu ao sol e reconstruir seu laço com a humanidade, ou olhar as estrelas de noite e recuperar a perspectiva.

Uma gaivota branca subiu no alto, dando um grito lastimero. Ociosamente ele a olhou, livre e graciosa, emoldurada contra o céu azul livre de nuvens do céu. A brisa marinha passou roçando levemente sobre sua pele nua, e o prazer trouxe um sorriso estranho a seus olhos escuros. Havia uma veia selvagem e indômita nele, que tinha que manter sob um estreito controle, mas aqui fora, com a única companhia do sol e o vento, podia permitir-se que essa parte de si mesmo saísse à superfície. As restrições da roupa pareciam quase um sacrilégio aqui fora, e se ressentiu de ter que se vestir cada vez que saía a um porto em busca de combustível, ou quando outro navio parava perto para ter um bate-papo, como era o costume das pessoas.

O sol se deslocou lá abaixo, inundando sua borda dourada na água, quando ouviu o som de outro motor. Voltou a cabeça para observar o iate, um pouco maior que o seu, que cortava as ondas devagar. Essa era a única forma para mover-se por ali: devagar. Quanto mais caloroso era o clima, mais lento o tempo. Alfonso manteve seu olhar fixo no navio, admirando as linhas graciosas e o som suave, capitalista do motor. Gostava dos navios, e gostava do mar. Seu navio era uma posse apreciada, e um segredo estreitamente guardado. Ninguém sabia que o tinha; estava registrado em nome de um vendedor de seguros de Nova Orleans que não sabia nada do Alfonso. Nem sequer o nome do navio, Wanda, significava algo. Alfonso não tinha conhecido ninguém chamado Wanda; era simplesmente o nome que tinha escolhido. Mas Wanda era completamente dele, com seus segredos e surpresas. Alguém que realmente lhe conhecesse não teria esperado nada diferente, mas o único homem que realmente conhecia, o homem que se escondia atrás da máscara era Koko Stambuk e ele não revelou nenhum de seus segredos.

À medida que o outro navio reduzia e virava em sua direção, mudando o som do motor. Alfonso amaldiçoou irritado, olhando ao redor em busca da bermuda jeans desbotada que estava acostumado a ter na coberta para essas situações. Uma voz flutuou brandamente até ele sobre a água, e olhou ao outro navio novamente. Uma mulher estava de pé contra o corrimão, ondeando seu braço daqui para lá sobre sua cabeça de maneira que demonstrava que não se tratava de uma emergência, de modo que ele imaginou que o que procurava era uma conversa e que não tinha nenhum problema. A luz do sol do entardecer arrancou brilhos de seu cabelo vermelho, e por um momento Alfonso cravou os olhos nela, sua atenção apanhada por essa sombra incomum, acesa de vermelho.

Franziu o cenho enquanto vestia a bermuda e fechava o zíper. O navio estava ainda muito longe para que ele pudesse vê-la bem, mas esse cabelo vermelho que ela tinha exasperou alguma parte de sua memória, que tratava agora de sair à luz. Cravou os olhos nela à medida que o outro navio se dirigia para ele, seus olhos negros brilhando intensamente. Havia algo nesse cabelo...

Repentinamente cada instinto de Alfonso gritou um alarme e se atirou contra a coberta, sem pôr em dúvida o instinto que fez que sua coluna vertebral se estremecesse; sua vida tinha sido salva muitas vezes por ele como para que vacilasse. Desdobrou seus dedos na madeira quente da coberta, admitindo que podia ficar como um tolo, mas preferia ser um tolo vivo que um grande sábio. O som do outro motor se reduziu totalmente, como se tivesse desacelerado ainda mais, e Alfonso tomou outra decisão. Silenciosamente sobre seu estômago, com o perfume de cera em suas fossas nasais e arranhando-a carne nua, foi até o compartimento que usava como armazém.

Nunca ia a nenhum lugar sem nada para proteger-se. O rifle que tirou do compartimento do armazém era poderoso e preciso, embora sabia que inclusive no melhor dos casos, só seria um impedimento temporário. Se seus instintos estavam equivocados, depois de tudo não teria que utilizá-lo; Se seus instintos estavam corretos, então eles teriam armas de fogo mais capitalistas que esse rifle, já que teriam vindo preparados para isso.

Amaldiçoando baixo, Alfonso comprovou que o rifle estava em modo automático e se arrastou até o corrimão. Serenamente escolheu seu refúgio, deixou que o rifle se visse, e moveu a cabeça só o necessário para ver o outro navio. Seguia aproximando-se dele, já estava a menos de noventa metros. 

- Está o bastante perto! - gritou, sem saber se sua voz chegaria o bastante clara sobre o ruído do motor. Mas isso carecia de importância, enquanto dissessem aos outros que estava gritando algo

O navio reduziu a velocidade, movendo-se apenas através da água agora, a sessenta e oito metros. Repentinamente pareceu abarrotar-se de pessoas, e nenhum deles se parecia com os pescadores normais do Golfo ou aos que desfrutavam passando suas horas de ócio no mar, pois todos estavam armados, igual à mulher ruiva. Alfonso os esquadrinhou rapidamente, sua vista extraordinária adquirindo os detalhes de suas formas e tamanhos. Pôde identificar os homens armados sem deter-se a pensar nisso, de tão familiarizado que estava com eles. Era as pessoas que tinha estado vigiando, e seus olhos voltaram rapidamente para um dos homens. Até a essa distância, e embora estava longe de todos eles, havia algo familiar nesse homem,  assim como na mulher.

Agora era algo induvidável, e sentiu uma calma gelada, mortalmente conveniente para ele, como sempre lhe passava nas situações de batalha. Não perdeu o tempo pensando em por quantos homens era superado; em vez disso começou a pesar e descartar opções, cada decisão tomada em um segundo. 

Um tênue crack rompeu a tranquilidade crepúsculo, o som dos disparos se escutava sobre o mar aberto. Escutou o suave assobio da bala quente, quando atravessou o ar e se estrelou contra a cabine, estilhaçando a madeira. Com um movimento suave como a seda Alfonso apontou e disparou, baixando a cabeça depois, tudo em um único movimento fluido. Não precisou escutar o grito que transportou até ele o ar para saber que tinha acertado; Alfonso teria estado tanto assombrado como furioso se tivesse falhado.

- Alfonso! - a voz amplificada ecoou através da água. - Sabe que não tem nenhuma oportunidade! Facilite as coisas para si mesmo. 

O acento era uma boa imitação, mas não realmente americano. A oferta era algo que tinha esperado. Sua melhor oportunidade era deixá-los para trás; a velocidade da Wanda justamente era uma de suas estranhas características. Mas para deixá-los para trás, deveria chegar aos controles que se achavam na parte superior, o que significava expor-se a que enquanto subia as escadas abrissem fogo contra ele.

Alfonso analisou a situação e aceitou que tinha cinqüenta por cento de possibilidades de alcançar a parte superior, talvez menos, dependendo de quão surpreendidos se achassem por seu movimento. Em troca, não teria nenhuma só oportunidade se simplesmente se sentasse ali e esperasse mantê-los afastados com um rifle. Embora não lhe faltava munição, eles teriam mais. Mover-se era um perigo que tinha que aceitar, assim não perdeu o tempo preocupando-se com que suas opções fossem diminuindo. Precisava chegar tão alto na escada com o primeiro salto como pudesse. Agarrando o rifle firmemente, inspirou profundamente e saltou. Seu dedo pressionou o gatilho enquanto se movia, a arma automática se sacudia em sua mão ao disparar fazendo que todo mundo do outro navio tivesse que se esconder. Estirou a mão direita e se pegou ao degrau superior da escada, seus pés nus tocando-o apenas antes de seguir subindo. Pela extremidade do olho viu as rajadas brancas assim que chegou à parte superior e duas balas ardentes se estrelaram contra seu corpo. Só o puro impulso e a determinação conseguiram que chegasse à cobertura superior, sem deixar que caísse sobre a inferior. Uma escura neblina quase obscureceu sua vista, e o som de sua respiração era ruidoso em seus ouvidos.

- Maldito seja! - Inspirou profundamente, rejeitando à força a neblina negra que o envolvia, e utilizando a força que ficava para voltar a cabeça. O rifle ainda jazia ali, agarrado firmemente por sua mão esquerda, mas não o sentia. O lado esquerdo de seu corpo se encontrava tingido por seu sangue, à luz minguante parecia quase negro. Seu peito se elevava rapidamente enquanto respirava, Alfonso alargou a mão direita e pegou o rifle. O tato  do rifle em sua mão fez que visse as coisas um pouco melhor, mas só um pouco. O suor escorregou por sua pele como se fossem rios, mesclando-se com o sangue. Devia fazer algo, ou cairiam sobre ele. 

Seu braço e perna esquerda não obedeciam às ordens que lhes dava seu cérebro, de modo que os ignorou, e se arrastou até ali usando o braço e a perna direita. Segurando o rifle contra seu ombro direito, disparou contra o outro navio novamente, deixando-os saber que ainda estava vivo e que seguia sendo perigoso de modo que não abordariam seu navio rapidamente.

Olhando para baixo, avaliou suas feridas. Uma bala tinha atravessado o músculo externo de sua coxa esquerda, outra tinha atravessado seu ombro esquerdo; Cada uma era o suficientemente séria. Depois do primeiro impacto em seu ombro, tinha deixado de sentir a queimação e seu braço tinha ficado intumescido, imprestável, e sua perna não aguentaria o peso de seu corpo, mas sabia por experiência própria, que o intumescimento logo começaria a diminuir, e com a dor recuperaria parte do uso de seus músculos feridos, se podia oferecer resistência até então.

Arriscou-se a voltar a olhar e viu que o outro navio estava dando a volta ficando atrás do dele. A coberta superior estava aberta na parte traseira, e se converteria em um alvo fácil. 

 - Alfonso! Sabemos que está muito ferido! Não faça que lhe matemos!

Não, eles prefeririam lhe capturar vivo, para "lhe interrogar", mas ele sabia que não correriam nenhum risco. Matariam-lhe se tivessem que fazê-lo, antes de deixá-lo escapar. 

Fazendo chiar seus dentes, Alfonso foi se arrastando para os controles e se levantou girando a chave do barco. O motor rugiu ao voltar para a vida. Não podia ver aonde se dirigia, mas isso carecia de importância, embora se chocasse com força com outro navio. Ofegando, desceu de volta à coberta, tratando de reunir sua força. Tinha que alcançar o acelerador, e tinha pouco tempo. A dor ardente se estendia completamente pela parte esquerda de seu corpo, mas seu braço e sua perna começavam a responder agora, de modo que pensou que poderia consegui-lo. Ignorou a dor crescente e se balançou com seu braço direito levantando-se, obrigando seu braço esquerdo a mover-se, a subir, até que seus dedos ensanguentados tocaram o acelerador e rapidamente aumentou a velocidade. O navio começou a deslizar-se pela água aumentando lentamente a velocidade, e ouviu os gritos do outro navio.

-Isso, moça -ofegou ele, animando o navio. - Vamos, vamos.

Voltando-se para estirar, sentindo como todos os músculos de seu corpo se estremeciam pelo esforço, conseguiu alcançar o acelerador e empurrá-lo até que esteve completamente aberto. O navio saltou sob ele, respondendo ao arranque de potência com um rugido profundo. 

A essa velocidade era necessário que visse para onde se dirigia. Tinha outra oportunidade, mas essas oportunidades melhoravam com cada meio metro que aumentava a distância entre si mesmo e o outro navio. Um grunhido de dor brotou de sua garganta enquanto ficava de pé, e o salgado suor fez que lhe ardessem os olhos. Tinha que sustentar a maior parte de seu peso sobre a perna direita, para que a esquerda não se dobrasse sob seu peso. Olhou por cima do ombro o outro navio. Rapidamente se afastava deles, embora estes continuassem perseguindo-o. 

Havia uma figura na coberta superior do outro navio, e levava um volumoso lança-foguetes sobre seu ombro. 

Alfonso nem sequer teve que pensar para saber de que se tratava; tinha visto os suficientes lança-foguetes para reconhecê-los a simples vista. Só um segundo antes do disparo, e apenas dois segundos antes que o foguete fizesse explodir seu navio, Alfonso se lançou ao lado direito às águas turquesas do Golfo.

Inundou-se tão profundamente como pôde, mas tinha tido muito pouco tempo, e a onda expansiva lhe fez rodar através da água como o brinquedo de um menino. A dor abrasou seus músculos feridos e todo se voltou negro outra vez. Foi só um segundo ou dois, mas fez que se desorientasse por completo. Afogava-se, e não sabia onde se achava a superfície. Agora a água não era de cor turquesa, era negra, e fazia que se afundasse sob ela. 

Os anos de treinamento lhe salvaram. Alfonso nunca se aterrorizou, e este não era o momento para começar a fazê-lo. Deixou de opor-se à água e se obrigou a relaxar-se, e a flutuosidade natural começou a lhe levar até a superfície. Uma vez que soube onde estava a superfície, começou a nadar tanto como podia, com o braço e perna esquerdos imprestáveis. Seus pulmões ardiam quando finalmente saiu à superfície e engoliu o ar quente, com o aroma do sal. 

Wanda se queimava, fazendo que uma fumaça negra ondulasse até o céu e brilhasse nos últimos momentos do dia. A escuridão já se estendeu pela terra firme e o mar, e ele se pegou a ela porque era seu único refúgio possível. O outro navio estava rodeando o Wanda, seus focos refletindo-se sobre a ruína ardente e o oceano circundante. Ele podia sentir como a água vibrava pelo poder dos motores. A menos que encontrassem seu corpo - ou o que eles pensassem que poderia ficar dele - iriam a sua procura. Teriam que fazê-lo. Não ficaria outra alternativa. Sua prioridade continuava sendo a mesma: tinha que pôr toda a distância que pudesse entre eles. 

Torpemente virou até ficar de costas e começou a nadar de costas com braçadas desiguais, sem deter-se até estar a bastante distância da luz procedente do navio em chamas. Suas oportunidades não eram muito boas; havia pelo menos duas milhas até a costa, provavelmente se aproximassem mais às três. Estava fraco pela perda de sangue, e mal podia mover o braço e a perna esquerda. A isso devia acrescentar o fato de que os predadores marinhos estariam sendo atraídos por suas feridas e chegariam a ele muito antes que chegasse a estar perto da costa. Soltou uma curta risada, cínica, e uma onda lhe golpeou na cara afogando-o. Estava apanhado entre os tubarões humanos e os tubarões do mar, e maldita fosse se realmente havia alguma diferença entre o que lhe aconteceria se qualquer um deles lhe apanhava, mas ambos trabalhariam para obtê-lo. Não tinha intenções de deixar se pegar tão fácil. Respirou profundamente e flutuou enquanto lutava para tirar a bermuda, mas seus esforços serpenteantes lhe fizeram afundar-se, e teve que abrir novamente passo até a superfície. Segurou o objeto entre os dentes enquanto pensava no melhor modo de usá-la. A bermuda jeans estava velha, quase esfarrapada; deveria poder rasgá-la. O problema era como se manter flutuando enquanto a tirava. Teria que usar braço e perna esquerdos, ou nunca poderia obtê-lo. 

Não tinha outra opção; tinha que fazer o que fosse necessário, apesar da dor.

Acreditou que podia desmaiar novamente quando começou a lutar contra a água, mas embora o momento passou, a dor não diminuiu. Turvamente usou os dentes na borda da bermuda, tratando de rasgar o tecido. Afastou a dor de sua mente enquanto seus dentes rasgavam os fios, e rapidamente rompeu o objeto até o cinto, onde o tecido reforçado e a costura dupla deteve seu progresso. Começou a rasgar outra vez, até que teve quatro tiras soltas de tecido até o cinto. Então começou a morder ao longo do cinto. A primeira tira se soltou, e a oprimiu em seu punho enquanto liberava a segunda tira. 

Começou a rodar até suas costas e se manteve a flutuação, gemendo à medida que sua perna ferida relaxava. Rapidamente uniu com um nó as duas tiras até obter uma bastante larga para enrolá-la ao redor de sua perna. Depois atou o torniquete improvisado ao redor de sua coxa, assegurando-se de que o tecido cobria as feridas de entrada e saída da bala. Apertou-o tanto como pôde sem cortar a circulação, mas tinha que pressionar as feridas se quisesse que deixassem de sangrar. 

Seu ombro ia ser o mais difícil. Mordeu e puxou até que rasgou as outras duas tiras do cinto, então as amarrou juntas. Como podia usar essa vendagem improvisada? Ainda não sabia se havia uma ferida em suas costas, ou se a bala ainda se achava em seu ombro. Lenta, torpemente, moveu sua mão direita e tocou suas costas, mas seus dedos enrugados pela água só podiam encontrar pele lisa, o qual significava a bala estava ainda em seu ombro. A ferida estava na parte superior de seu ombro, e enfaixá-la era quase impossível com o material que tinha.

Inclusive amarradas juntas, as duas tiras não bastavam. Começou a morder outra vez, rasgou duas tiras mais, depois as atou às outras duas. o melhor que poderia fazer era lançar a tira sobre suas costas, passá-la sob sua axila e atá-la fortemente sobre seu ombro. Depois dobrou o resto das tiras criando uma parte suave e o pôs sob o laço, situando-o sobre a ferida. No máximo era uma vendagem torpe, só sua cabeça se sobressaía da água, e uma mortífera inconsciência se estendia por suas extremidades. Turvamente, Alfonso rechaçou à força ambas as sensações, cravando fixamente os olhos nas estrelas em um esforço por orientar-se. Não ia render-se. Podia flutuar, e conseguiria nadar durante curtos períodos de tempo. Poderia levar algum tempo, mas a menos que um tubarão lhe apanhasse, estava malditamente bem para chegar à costa. Ficou de barriga para cima e descansou durante uns poucos minutos antes que começasse o lento e atormentador processo, de nadar até a praia.


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Comentários do Capítulo:

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  • veldapuente Postado em 01/05/2016 - 19:47:00

    v._: Minha primeira leitora!! Que bom que está gostando :))

  • v._ Postado em 01/05/2016 - 10:54:04

    Estou adorando! Continua :)


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