Fanfic: Hotel de 1 Milhão de Dólares | Tema: AyA

- Eu sei quem você é. 

Anahí havia se voltado para trás. Estava no terraço, sozinha, observando a visita. Ao ouvir aquela voz masculina, ela se voltou para trás e se deparou com Derrick. Ele a encarava sorridente, escorado na porta que dava ao terraço. 

- O que disse? - ela questionou, a mão no celular. 

- Sei quem você. Você é a garota Portillo. A que causou um escândalo e acusou o pai de coisas impróprias. 

Anahí deu de ombros. 

- Como sabe disso? Alguma foto antiga minha na coluna social? 

Ele riu. 

- Não, tolinha. Sou Derrick James, filho mais velho da família James. Acredito que seu pai e o meu pai tínham negócios e acredito que dancei com você e com a pirralha da sua irmã algumas vezes em algum evento social.

Anahí franzeu o cenho. De repente ela arregalou os olhos.

- Você é... Derrick? Eu jamais reconheceria você. Você está...

- Acabado, deterioridado, drogado, esquecido nesta vida miserável e torrando o dinheiro da família com drogas?

- Eu ia dizer diferente, mas isso serve também. O que houve com você? 

- A mesma coisa que aconteceu com você. Minha família é desprezível. Posso não ter sido abusado pelos meus pais como aconteceu com você, mas o que eles fazem tira meu sono a noite. Prefiro drogar, me esquecer e ficar longe deles. Apenas isso.

Anahí deu de ombros. 

- Não posso discutir isso. Deus sabe que não estou muito longe de você neste aspecto. Exceto que eu não uso drogas. 

- Flertar com o suicídio não deixa de ser uma droga, minha querida Anahí. E você flerta com ele todas as noites. 

Anahí nada disse. Derrick viu ela sacar o celular e apertar os botões. 

- Entendo. Ultrapassei novamente algum limite e agora está com medo. Não precisa ter medo de mim,Anahí. Não quando eu estou sóbrio, pelo menos. 

- E quando eu saberei que você está sóbrio? 

Derrick olhou para o nada. Por um momento ela pode ver culpa em seus olhos. 

- Porque quando estou drogado, não costumo conversar. Apenas agredir. 

A batida na porta a pegou desprevinida. Anahí abriu os olhos assustada. 

- Entre, Camila. 

Uma moça com um uniforme barato de secretária abriu a porta.

- Srta. Puente, há um detetive aqui querando ver a senhora. Ele disse que seu nome é... 

- Herrera. - Anahí deu de ombros. - Por favor, deixe-o passar. Tanto ele quanto a detetive que o acompanha. 

- Na realidade hoje vim sozinho, Sra. Puente. - Herrera passou pela secretária e entrou, fechando a porta. - Precisamos conversar. 

Anahí encarou a porta fechada e indicou uma cadeira para o detetive. 

- Por favor, sente-se detetive Herrera. Em que posso ajudá-lo?

- Poderia preencher alguns brancos. Conversei com a sua família. Os Portillos. 

Anahí sorriu. 

- Se realmente encontrou meus pais detetives, imagino que seu diálogo tenha durado menos de 30 segundos. Eles não aguentam a menção de meu nome. 

Alfonso retribuiu o sorriso gentil. 

- Realmente, seus pais não são as criaturas mais encantadoras do mundo. Não posso dizer o mesmo de sua irmã. Ela é realmente incrível. E parece muito com você. 

O sorriso de Anahí morreu.

- Sua irmã contou histórias interessante a respeito de sua vida. Do que fez por ela. Tudo muito memorável. Você é uma mulher corajosa. E fria o bastante para cometer um assassinato. 

- Chegue direto ao ponto detetive. 

- Derrick não era flor que se cheire. E sabemos que ele a conhecia. Dulce entrevistou pessoas no hotel esta manhã. Pessoas que confirmaram que mais de uma vez você esteve sozinha com ele, inclusive a noite no terraço.

De fato Alfonso havia recebido o telefonema de Dulce, informando da sua conversa com Mayte. Ele deixou a informação de fora para que Anahí não soubesse das suas fontes ou do tamanho da participação da investigadora particular naquele caso. 

E Alfonso havia omitido de Dulce a forma como pretendia interrogar Anahí. Sabia que a detetive Savigñon não o perdoaria por isso. 

- Eu nunca neguei que me encontrei com Derrick algumas vezes, detetive. 

- Mas omitiu que ele a conhecia. E sabia do seu passado, Sra. Puente e isso por si só é suspeito. Acho apenas curioso. Você, vítima de um abuso sexual dentro de casa. Você que tem medo de homens. Tem medo inclusive de mim, mesmo eu sendo um policial e tendo uma secretaria do outro lado desta porta. Como uma mulher fraca como você poderia aguentar ficar sozinha com um drogado, com um claro histórico de violência sexual? 

- Tomei minhas precauções detetive. E jamais fiquei muito tempo sozinha com ele. Como o senhor mesmo disse, eu sou fraca e tenho medo. Sempre que Derrick me assustava, eu ligava para a recepcionista e ela me encontrava no terraço. Derrick jamais teve a chance de me fazer mal. 

A voz de Anahí soava serena, mas Alfonso via ela apertar as mãos em seu colo. Ele viu que o celular dela estav no lado oposto da sala, carregando em uma tomada. Ninguém poderia testemunhar o que ele faria ali. 

Deliberadamente lento, ele se ergueu da cadeira e deu a volta na mesa que separava os dois. Anahí o encarou enquanto ele a encurravala na cadeira contra a parede, agachando o corpo contra os encostos da cadeira, para impedi-la de fugir. 

- Sabe Srta... não, acho que vou chamá-la de Anahí. Você tem razão em temer a nós homens. Tem razão em temer a mim, um policial. Eu poderia fazer o que quiser com você agora e você seria igualmente desacreditada. Se gritasse, sua gentil secretaria certamente não faria nada. Sou um policial, estou armado e esse bairro é uma terra de ninguém. Posso fazer o que bem entender com você e a população me agradeceria. Você é vista como lixo e o fato de ter um cargo melhor neste bairro não muda isso. 

Lágrimas escorriam pelos olhos de Anahí, mas ela não desviou o olhar. O corpo dela todo tremia. 

- Então se não quer que algo aconteça com você, recomendo que fale a verdade. Você matou Derrick James, Anahí? Em um de seus encontros noturnos ele se passou com você e você o matou? 

Anahí o encarou. Sua voz era fina e baixa, mas era visível que apesar de intimadada, ela não seria quebrada. 

- Não detetive. Eu não o matei. 

Ele se afastou dela e foi para o outro lado da sala. Anahí respirava ofegantemente, com medo.

- Não me tome por tola, detetive. Não pense que não esperava por isso, desde que Mia me ligou. Sim, detetive - ela acrescentou quando Alfonso a olhou estupefato. - Mia me ligou e falou da conversa que vocês tiveram. Por alguma razão estúpida, você tocou minha irmã, mas ela não é uma idiota. Estive esperando por isso e sabia que era questão de tempo. Vocês jamais jogam pelas regras quando se trata do subúrbio. 

Ela retirou outro celular de dentro do bolso e sorriu para ele. 

- Aparentemente o que você fez teve registros. - ela tocou o gravador e a voz de Alfonso ecoou pela sala. - Posso não usar para processá-lo formalmente, mas isso na Corregedoria deve pelo menos causar sua suspensão. 

- Srta. Puente...

- O que, não mais Anahí? Detetive, ou melhor, que tal Alfonso, não é mesmo? Enfim, Alfonso, recomendo que fique longe de mim, doravante. Se tiver perguntas, mande a sua parceira. 

- Ou o que? 

- Ou não sei, talvez ela mesma denuncie você. Porque enquanto falávamos, acabei de retransmitir esse audio para ela.