Fanfic: Hotel de 1 Milhão de Dólares | Tema: AyA

O tempo não curou feridas, mas abrandaram a dor. 

Nem Anahí nem Mia foram denunciadas pelo assassinato de Derrick. De fato, como Christopher previra, a família James optou por esquecer o assunto quando foram confrontados com a verdade. Anahí nunca soube se sua família soubera que ou ela ou Mia haviam matado Derrick James. Se eles souberam, Mia nunca lhe falou ou teve sua rotina alterada. 

Os dias no hotel seguiram iguais, exceto pela saida de Mayte. Ela se despedira, informando a todos que encontrara sua estrela e fora embora, para nunca mais voltar. Seu substituto era um recepcionista ranzinza chamado Eduardo, que passava todo o tempo vendo pornô no celular. No hotel, hóspedes morriam, iam embora, fugiam. Anahí era a única que com o passar dos dias vivia lá. 

O tempo passara e os dias viravam meses. Meses viraram anos. 

Quatro anos depois do incidente no hotel, Anahí saiu para trabalhar. Trabalhava agora em outro estabelecimento, em uma parte melhor da cidade. Ganhava mais. Todavia, continuava residindo no hotel, que para ela, era quase como um lar. O terraço havia sido reformado, o prédio havia sido melhorado. O local estava mais bonito. E mais condizente com o seu nome. 

Anahí, entretanto, jamais havia ido ao terraço novamente. 

Quando saiu para almoçar, Anahí optou por comer sua marmita no parque, olhando as árvores. Pássaros caminhavam pelo chão, na esperança de obterem farelos ou grãos de comida. Ela olhava para o nada, enquanto pensava na sua vida até ali. O sol lhe aquecia. 

Uma sombra surgiu para bloquear o Sol que a iluminara. Ela encarou e se deparou com Alfonso Herrera. 

- Srta. Puente. Novamente nos encontramos. 

Anahí o encarou. 

- Detetive. Espero que não esteja aqui para me investigar. Ou assediar. 

Herrera suspirou e se sentou ao lado dela. Todavia, lhe deu algum espaço. Não sabia como ela estava. 

- Isso foi há anos. E lamento verdadeiramente por isso. Me custou muita coisa. Culpa, a perda de uma excelente parceira. 

- Dulce. - Anahí lembrou. - Para onde ela foi? 

- Delegada da Delegacia das Mulheres. - Alfonso sorriu. - Hoje ela está na Capital. Fico feliz por ela. Dulce pode fazer a diferença no mundo.

Ele olhou para Anahí. Ela ainda demonstrava medo, mas menos do que sentira quatro anos atrás. 

- E você, como está? - ele perguntou. 

- Vivendo. Não tenho do que reclamar. Estou melhor do que quando nos encontramos, detetive. Se eu pudesse usar a palavra, hoje diria que sou quase feliz. 

Ela jogou uns pedaços de pão para os pássaros. 

- Eu nunca me desculpei - ele disse. - Pelo que aconteceu. 

- Como você disse detetive, foi há muitos anos. Prefiro não recordar. Prefiro não recordar nada do que aconteceu há quatro anos atrás. 

Alfonso assentiu. Ele permaneceu sentado do lado dela. 

- Eu sempre quis saber qual de vocês duas empurrou Derrick. - ele falou de repente. - Me diga agora, Anahí. Foi você? Foi Mia? Não há mais nenhuma chance de você ser processada por este crime. Qual de vocês duas foi a responsável? 

Anahí sorriu. 

- Faz diferença? Tenha sido eu, tenha sido Mia, você sabe a dinâmica de como tudo aconteceu. Derrick era um filho da puta e uma irmã apenas defendeu a outra. Mesmo que tenha sido eu, Mia tem coragem o suficiente para arriscar a ir para a cadeia por mim. E mesmo sendo ela, eu iria para a cadeia por ela sem hesitar. Interessa realmente quem empurrou Derrick? 

Alfonso refletiu por um momento. Em seguida suspirou. 

- Não. Desculpe por perguntar. 

- Não se desculpe detetive. - ela suspirou. - Tenho de ir. 

Anahí guardou suas coisas e se preparou para levantar. Ao seu lado, Alfonso fez o mesmo. 

- Eu renunciei a homicídios. Fui para a divisão de crimes sexuais. Renunciei a uma promoção  e voltei para lá, depois de um treinamento. 

Anahí o encarou. 

- E por que fez isso? 

- Porque eu nunca entendi o que havia acontecido com você. E como eu quase a destruí. Dulce tinha razão: se eu seguisse naquele rumo, eu poderia destroçar alguém algum dia. De forma irreversível. Como eu quase fiz com você. 

Anahí se voltou para ele. 

- Não creio que você tenha ultrapassado seus limites éticos apenas comigo, detetive. 

- Não, de fato. - ele concordou. - Mas pela primeira vez eu me importei. E quis remediar isso, mesmo que jamais a visse novamente. 

- Você está feliz com a sua decisão, detetive? 

- De ser uma pessoa melhor? Acho que estou. 

- Então foi uma boa decisão.

Ela se preparou para caminhar, mas Alfonso a seguiu, a uma distância segura e sem encostá-la. 

- Tome um café comigo - ele pediu. 

- Não creio que seja uma boa ideia. - ela replicou. 

- Não estou perguntando se é uma boa ideia. Tome um café comigo. Era o que eu quis lhe dizer assim que a conheci. Mas eu não pude, por várias razões. Agora, depois de tantos anos estamos aqui. Então vamos tomar um café. Nós dois merecemos uma segunda chance. Nem que seja para você ter um amigo. Sua irmã não podia estar tão errada sobre mim, não acha? 

- Não, acho que não - ela sorriu. - Café, hum? Não acho que isso seja original. 

- Não sou conhecido por ser um cara original. Na verdade eu diria que sou um clichê. 

- Policial truculento? Definitivamente. - ele riu. 

- Isso também. Mas outras coias também. Um dia quem sabe eu conte a você. Tome um café comigo, Anahí. 

Anahí pensou por um momento. Tinha quase 30 anos. As feridas não estavam mais tão abertas. Ela poderia tentar. Pelo menos uma vez. 

- Ok então, Alfonso. Café. Você paga. 

E caminhando lado a lado eles foram para a cafeteria. Alfonso não tinha certeza se era o vento, sua imaginação ou qualquer outra coisa, mas pôde jurar que por um milésimo de segundo, Anahí havia tocado suavemente em seu braço. 

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E é isso, acabou. 

Espero que tenham gostado. Acompanhem agora minha nova web, que terá mais romance e menos drama que essa (eu espero).

Obrigada a todos que comentaram, acompanharam e curtiram a web.