Fanfic: Hotel de 1 Milhão de Dólares | Tema: AyA

Anahí abriu a porta. Um homem um pouco mais alto que ela, jovem, cabelos curtos e moreno a encarava. Ao seu lado encontrava-se uma mulher mais ou menos da sua idade, de cabelos castanhos. Ele parecia impaciente e direto, um cara sem delongas. Ela parecia mais calma e tranquila. "Policial bom, policial ruim", pensou Anahí encarando ambos. 

- Senhorita Puente, como acabei de lhe dizer, sou o detetive Herrera, da divisão de homicídios. Essa é minha colega, Dulce. - ele apresentou sua identificação. - Podemos entrar? 

No curto espaço em que ele proferia as palavras e aguardava sua resposta, Anahí notou que ele se referiu a colega pelo primeiro nome, sem formalidades. Também notou que apesar de ter mostrado suas credenciais de detetive, não deu oportunidade para que Dulce apresentasse as suas ou se manifestasse. "Ou esse homem é um babaca ou Dulce não é exatamente uma detetive", Anahí pensou cautelosa. 

- Claro. Por favor, entrem. - ela abriu passagem para ambos entrarem. 

Herrera, cujo primeiro nome era Alfonso, entrou primeiro e olhou rapidamente o quarto. Anahí permaneceu de braços cruzados, estática, ao lado da porta. Somente após Dulce adentrar no recinto foi que ela relaxou sua postura e fechou a porta. Dulce olhou para ela e sorriu. 

- Peço desculpas por não oferecer nada policiais, mas este hotel não é exatamente um hotel de um milhão de dólares. - Anahí sorriu. 

- Não se preocupe, Srta. Puente. - Se importa se Dulce e eu nos sentarmos aqui? - ele indicou os bancos ao lado da cama. - Estamos caminhando o dia inteiro. 

- Fiquem a vontade, detetive. Em que posso ajudá-los? - Anahí se sentou na cama. 

Alfonso a encarou e ergueu uma sombrancelha. 

- Não parece surpresa que o departamento de homicídios esteja aqui lhe fazendo perguntas, srta. 

- E por que estaria? - Anahí perguntou, levemente curiosa. 

- Todos parecem ter convicção de que o caso é um suicídio. - Alfonso replicou. 

- E de fato é o que eu acho. - Anahí respondeu tranquila. - Mas até sair a confirmação de que o caso realmente se trata de um suicídio, as perguntas de praxe ficam com o departamento de homicídios. Dessa forma, se a hipótese de suicídio for afastada, já há pelo menos a investigação preliminar. Claro que se Derrick fosse um drogado comum, esta investigação já estaria encerrada e os senhores estariam aguardando o resultado da autópsia. Como ele parece ser alguém importante, a polícia está seguindo o protocolo. Ou estou enganada? 

Alfonso olhou de soslaio para Dulce. Ela sorriu e não falou nada. 

- A srta. parece entender muito de leis. 

- Todos deveriam entender de leis, detetive. Mas diga: em que posso ajudá-los?

- Temos algumas perguntas, Srta. Se importa se gravarmos suas respostas? - ele perguntou, enquanto tirava seu celular e setava o sistema de gravação. 

- Na verdade detetive, eu me importo. 

A resposta pegou Alfonso desprevinido. 

- E por que se importa exatamente? Tem medo de mudar sua história?

Anahí sorriu.

- Não exatamente. Tenho medo de dar um depoimento verbal gravado, sem as devidas intimações e sem a presença de um advogado. Se o senhor deseja me submeter a um interrogatório detetive, eu tenho direito a um advogado. Se esta é uma conversa informal, apenas para situá-lo do caso detetive, então gravações não serão necessárias. 

Dulce novamente sorriu. Alfonso parecia abismado. 

- Do que teme exatamente, Srta. Puente?

- Não temo nada, detetive, exceto a violação dos meus direitos civis. Pergunte o que quiser, faça suas anotações e inicie sua investigação se quiser. Se isso não for bom o suficiente, saia agora e volte com um advogado. 

Alfonso suspirou e guardou o celular. 

- Certo, Srta. Puente. Sem gravações. Vamos às perguntas. Primeiramente, a senhorita conhecia a vítima? 

- Conhecia como todos neste hotel se conhecem. Nos esbarramos de manhã para tomar café, nos encontramos no terraço. Mas Derrick e eu não éramos amigos ou confidentes. Eu não sabia quem ele era, nem ele sabia nada de mim.

- Sabe informar se ele tinha inimigos? Devia dinheiro a alguém?

- Detetive, Derrick era um viciado anônimo que vivia neste hotel. Certamente ele tinha inimigos e certamente devia dinheiro a alguém. Se eu sei quem são as pessoas? Não, não sei. Como eu disse, não éramos amigos nem confidentes. 

- O que a senhorita faz da vida, Srta. Puente?

- Trabalho em um restaurante. 

Alfonso olhou novamente ao redor. Anahí possuía um computador, um mp4 e algumas coisas interessantes para uma garçonete. Ele fez uma anotação. 

- O seu turno no restaurante era em qual horário?

- Turno? - Anahí pareceu não entender. 

- No restaurante. Trabalhava durante o dia, a noite? Deduzo que a srta. seja uma garçonete ou caixa? 

Anahí sorriu levemente, mas a zombaria era visível em seus olhos. 

- Sou gerente do local, detetive Herrera. Então posso responder que trabalho no horário comercial. 

Alfonso ficou vermelho. Anahí se perguntou se ele desculparia. 

- Então na noite do falecimento de Derrick, a Srta. se encontrava no hotel? 

Não houve pedido de desculpas. Anahí suspirou. Começava a deduzir que Alfonso era, de fato, um babaca.