Fanfic: Hotel de 1 Milhão de Dólares | Tema: AyA

Alfonso Herrera estava sentado em sua mesa analisando suas anotações e ouvindo algumas gravações. Sua mesa estava abarrotada de papeis. O caso Derrick lhe daria trabalho. Herrera gostava de um desafio, mas dadas as circunstâncias do caso, o cenário da morte e o fato de Derrick ser um drogado importante, ele preferia sinceramente que sua morte fosse classificada como um suicídio. 

Dulce estava sentada na mesa ao lado, lendo outros papéis e fazendo anotações. Animada, ela se ergueu da sua cadeira e se sentou na mesa dele. Alfonso gostava de Dulce. Desde que ela entrara na polícia e se tornara sua parceira, sua rotina ficara mais divertida. Havia boatos de que Dulce conseguira o posto por ser amante do capitão de polícia, mas Alfonso não se interessava pelas fofocas ou se importava. A garota de 20 e poucos anos era ótima detetive, fazia perfis psicológios de suspeitos e acusados como ninguém e era inteligente. Sempre fora sua ideia de ficar quieta e incentivar Alfonso a agir de forma condecedente. Dizia ela que isso avaliava o melhor e o pior das pessoas. 

- Então - Dulce roubou um salgadinho da mesa de Alfonso e e esticou as pernas. - Estive analisando os perfis de todo mundo daquele hotel. Teremos trabalhos. 

- Ou talvez não teremos nada, Dul. Esse caso pode ser classificado como suicídio e seremos poupados. 

Dulce lançou aqueles sorrisos de quem sempre está um passo a frente. 

- Pode ser. Mas enquanto o resultado da autópsia não sai, temos que trabalhar. Ou fingir que trabalhamos. Confesso que estou adorando este caso. Montes e montes de perfis psicológicos, um mais doido que outro.

Alfonso suspirou. Ele sabia que Dulce não o deixaria em paz enquanto não falasse dos perfis e de tudo que averiguara. A garota adorava isso, mesmo que fosse desnecessário. Se bem que, Alfonso pensou, dificilmente ele não fazia uso do que ela falava. 

- Desembucha, Dulcinha. O que você averiguou? Quem são os suspeitos?

- Todos são suspeitos, Poncho. Todos que estavam no hotel na hora da morte, pelo menos. Desde a recepcionista cujo sonho é virar estrela até a pessoa mais inocente, como a camareira  muda. Todos tinham oportunidade. E o motivo, naquele mundo, pode ser qualquer um, desde algo tenebroso até mesmo um olhar errado. Ninguém se conhece, ninguém sabe de nada, e acima de tudo, ninguém se importa. 

Ela sorriu divertida quanto Alfonso revirou os olhos. 

- Então procuramos agulhas no palheiro, é isso? 

- Neste primeiro momento sim, ela disse. - Mas, quando começarmos a trabalhar de fato, faremos alguns filtros. A postura da recepcionista me chamou a atenção. Ela parece delusional demais, é verdade, mas ela também parecia forçar demais suas ilusões. Ela está escondendo algo. Provavelmente dormiu com Derrick. Ele não era feio, ainda que as drogas tenham levado o melhor de sua beleza. 

Alfonso anotou um asterísco no nome de Mayte.

- Também temos o traficante que mora lá... Christian. Ele tinha motivos e sabia quem Derrick eera de verdade. Sabia muito bem que Derrick é um herdeiro de uma grande fortuna que passava temporadas naquele hotel mixuruca para se drogar sem ser visto. Seus motivos? Derrick devia uma bolada de dinheiro para ele, e talvez roubou sua droga.

- Espera aí! - Alfonso a interrompeu. - Como sabe disso? Dele dever dinheiro, de roubo de droga?

- O moço estava em plena crise de abstinência. E, tremia compulsivamente, o que significava que ele deveria precisar comer um doce. Traficantes sempre mantém estoques de drogas ou de comidas calóricas para ambos os casos. Por que ele não tinha nenhum ou outro?

- Pela falta de dinheiro e do roubo da droga. Certo, entendi. - Alfonso concordou e fez outro astérisco no nome de Christian. 

- E por fim temos a nossa incógnita, Anahí Puente. 

Alfonso franziu a testa. 

- Ela é estranha, sem dúvidas. E esconde algo. 

- Muito mais do que imaginamos. A garota tem cultura, Poncho: ela certamente estudou direito. Não sei se formou, mas certamente frequentou alguns anos da faculdade. É inteligente a ponto de conseguir um cargo de gerência num bairro de merda como aquele. Mediu todas as palavras, foi irônica no tom certo e mostrou classe, o que indica que ela veio de algum lugar com dinheiro. Por que ela foi para este lugar?

- Me diga você, psicóloga das estrelas. 

- Certamente ela fugiu. Ou foi mandada embora. Não há outra opção. Mas por que este hotel? É isso que não entendo. 

Alfonso novamente encarou Dulce com seu olhar inquisidor. 

- Poncho, acorda! Você não viu a postura corporal daquela moça? Do medo que ela tinha cada vez que eu me afastava um pouco de vocês? Você realmente não notou nada de estranho nela? 

- Eu notei uma certa hesitação em alguns momentos, mas nada demais. Do que você está falando? Ela parecia calma e esperta demais a maior parte do tempo. 

- Hesitação? Cristo. Aquela garota fica em um quarto do térreo e teme ficar sozinha com homens. A recepcionista comentou que ela evita os corredores e costuma ir no terraço de madrugada, depois que todos estão dormindo. E cada vez que ela se via sozinha com você, ela fazia um esforço para não correr.  Não bastasse isso, ela parece conhecer rotinas policiais e transmitiu um verdadeiro desdém ao nos ver. Você reconhece esses sintomas? 

Alfonso assentiu. Ele olhou para Dulce penalizado. 

- Ela foi vítima de violência sexual.

Dulce assentiu com a cabeça.

- E certamente foi desacreditada pela polícia. Agora voltamos a nossa pergunta: ela está fugindo de seu agressor ou foi expulsa pelo sistema? E de todas as formas, por que aquele lugar?