Fanfic: Hotel de 1 Milhão de Dólares | Tema: AyA

Por que ela iria para aquele lugar? 

Alfonso bem que queria saber a resposta. 

A informação de Dulce havia caído como uma bomba em sua cabeça. Não porque ele se importasse com Anahí ou porque sentia pena dela. Mas porque, de fato, era muita informação. 

Uma jovem, provavelmente de classe média, que havia desaparecido e se enfiado em um hotel vagabundo. Uma jovem que havia sido molestada, sabe-se lá com qual idade e preferiu fugir ou desaparecer para sublimar a dor. 

Alfonso odiava estupradores. Achava-os mais desprezíveis dos bandidos. Entretanto, ele havia preferido ir para o homicídios porque não conseguia lidar com as vítimas. Vítimas marcadas, sobreviventes, normalmente mulheres que não acreditavam que poderiam se recuperar. O pouco tempo que ele havia passado na divisão dos crimes sexuais foi suficiente para ele saber que jamais iria querer trabalhar com aquilo. 

E agora ele descobrira que Anahí era uma dessas vítimas. Uma vítima que ficara com sequeleas tão profundas que preferiu desaparecer. 

"Por que, Anahí? Por quê?" 

- Dulce, ele olhou para a parceira - você acha que deveríamos investigar o passado da Anahí?

- Sem dúvida. - Dulce acenou olhando para ele. - Ela vai ser a nossa principal suspeita. 

- Mas... Dulce, ainda não sabemos se é um homicídio... 

- Poncho, é um homicídio! - ela deu de ombros exasperada. - Se isso não foi declarado ainda, provavelmente é para a família de Derrick limpar algo que comprometa o filho e seu sobrenome. Não se engane: isso é um homicídio e assim que limparem o que tiverem de limpar, receberemos carta branca para botar aquele hotel abaixo. Derrick era um drogado, mas era um herdeiro de uma família tradicional. Vão querer matar ou tornar impossível quem quer que tenha assassinado ele e seja lá quais forem os motivos. 

Ela se calou. Alfonso franziu a testa. 

- Qualquer que sejam os motivos? O que isso significa? 

- Exatamente o que eu quis dizer. Qualquer um lá pode ter matado Derrick. Pode ter sido por drogas, dívidas ou por território. Mas, pode ter sido por outra coisa. Auto-defesa, por exemplo. Se Anahí for a nossa suspeita, como creio que será, pense Poncho: que motivos ela teria para matá-lo? 

Dulce pulou da mesa conforme via que o Capitão Christopher se aproximava. Alfonso permaneceu sentado, pensativo.  

- Detetives - Christopher soou formal. Ele sempre soava excessivamente formal perto de Dulce, Alfonso pensou sereno. - Imagino que desconfiem porque estou aqui. 

- Desconfiamos, Capitão - Dulce deu de ombros. - Quando começamos? 

- Imediatamente. - Christopher informou. - O caso Derrick James foi classificado como homicídio. A família demanda respostas e... preciso dizer o quanto isso é importante. Afinal, os James são...

- Importante colaboradores da polícia. - Dulce completou com sarcasmo. - Sabemos. 

Christopher lançou um olhar irritado. Ela sorriu sem se deixar afetar. 

- Façam tudo o que for necessário. Burlem o protocolo se precisar. Precisamos de respostas rápidas. Essa família precisa saber o culpado pela sua dor. 

Os detetives assentiram e Christopher se afastou. Dulce cruzou os braços. 

- "Burlem os protocolos" - ela fez uma voz de escárnio. - Isso é quase uma autorização para torturar, prender e bater até receber respostas. Dá pra acreditar nesse cara? 

Alfonso não respondeu. Sabia muito bem o que Christopher queria. E ele não tinha problemas em burlar os protocolos. 

Já sabia, inclusive, a primeira suspeita com a qual usaria as recomendações do capitão. Se despedindo de Dulce, Alfonso saiu sem encará-la novamente nos olhos. Temia que a colega se desse conta do que ele iria fazer e sabia que ela iria desprezá-lo por isso. 

O primeiro passo era investigá-la. E depois, quebrá-la, seja para garantir sua confissão ou eliminá-la da lista. Esperava de coração que fosse a segunda opção.