Fanfic: Hotel de 1 Milhão de Dólares | Tema: AyA

Fazia frio naquela noite. 

Anahí sempre ia ao terraço durante as madrugadas. Uma das razões é que naquele horário, havia mais chances do local estar vazio. A outra razão é que Mayte, a recepcionista, podia abandonar a recepção por alguns minutos para acompanhá-la no elevador. Anahí a pagava muito bem para subir com ela e depois buscá-la no terraço, quando desejava descer. Certo dia, Mayte tentara lhe perguntar o motivo pela qual Anahí exigia sua presença,a ponto de oferecer dinheiro para isso, mas ela fora categórica: não falaria sobre isso.

- Você não é minha mãe nem minha terapeuta, Mayte. Apenas saiba que enquanto eu precisar disso, você será paga. Responder perguntas não faz parte deste acordo. 

Mayte não tocou mais no assunto desde então. 

Após deixá-la no terraço, Mayte disse que estaria no telefone da recepção, para que Anahí a ligasse quando desejasse descer. Anahí acenou com a cabeça e entrou. Gostava bastante daquele lugar. O vento frio, a vista, a altura... a chance de imaginar como seria simplesmente cair, se permitir morrer e não se preocupar mais com seus problemas. 

Muitas vezes ela desejara morrer.

Anahí caminhou com tranquilidade até a beira do terraço e olhou para baixo. Ela se escorou e ficou olhando o chão, como sempre. Sentiu o vento em seu rosto e fechou os olhos. Talvez naquela noite. Talvez naquela noite ela morresse enfim. 

- Você... você não vai se jogar, vai? 

Ou não. 

Aquela voz a tirou de seus devaneios. Ela olhou para trás e se deparou com um vulto na escuridão. Um rapaz baixo, com o rosto consumido pelas drogas. Mas belo. Bastante belo. E ele era um homem. Ela estremeceu e o encarou. 

- Eu não sabia que havia alguém aqui neste horário. 

Sua mão apertava o celular, que ela havia sacado para ligar imediatamente para Mayte. 

- Eu não costumo vir aqui por estas horas. Gosto de usar durante o dia. - ele deu um sorriso cansado. - Derrick James. Drogado em plena auto destruição. 

Ele se calou e a olhou. Anahí deduziu que ele queria saber seu nome. 

- Anahí Puente. 

- Drogada? Prostituída? Ambas?

- Não. - ela olhou para o celular, discando rapidamente os números. - Não sou nada disso. Nem ninguém. 

- Eu também não sou nada. - ele a olhou. - E quando me lembro que sou alguém, eu me drogo para esquecer. 

Ela olhou para ele e fez um sinal, indicando que estava no telefone. 

- Mayte? Sim, já quero descer. Fui breve hoje. Por favor, venha logo. 

Anahí desligou o celular e o colocou na bolsa. 

- Não vou machucar você garota. 

Ela o olhou de volta e deu um sorriso sarcástico. 

- Já ouvi isso antes. E ironicamente Derrick, sempre saí machucada.

Anahí se afastou dele e foi em direção a porta. Mayte chegaria a qualquer momento. 

- Se eu voltar neste horário, a encontrarei novamente aqui? - ele perguntou.

- Não. Procurarei outro horário ou não voltarei mais. Não sou ninguém, nem quero amizades com ninguém. Adeus, Derrick James. 

- Nos vemos por aí, Anahí Puente. 

A batida na porta foi a resposta para a despedida dele.