Fanfic: Hotel de 1 Milhão de Dólares | Tema: AyA

Mia não falou nada até se afastar da casa. Ela havia procurado um banco no amplo jardim e convidara Alfonso para sentar-se. Respirando fundo, olhou para trás e viu que sua mãe não a seguira. Ela olhou para o detetive e deu um sorriso cansado. 

- Estou as ordens, Detetive. O que houve com minha irmã? 

- Sua irmã é uma das suspeitas em um caso de assassinato. Um dos moradores do hotel onde ela está morreu na madrugada passada. Ela não é a principal suspeita, mas é uma entre muitos. Contudo, seu passado, o fato de não querer falar... a coloca em evidência. 

Mia assentiu. Alfonso continuou.

- Deduzo que não tenha um bom relacionamento com sua irmã, Srta. Portillo, mas se puder me dizer o que aconteceu...

Mia ergueu os olhos e encarou Alfonso. 

- Deduziu mau, detetive. Anahí e eu nos damos bem. Sei onde ela mora, a visito e a vejo sempre que posso. Por favor, não me tome como todos os idiotas da minha família. 

Alfonso se surpreendeu. Pensou que Mia, tal qual os pais de Anahí, havia renegado a irmã.

- Quando Anahí foi expulsa de casa, eu queria ir com ela. Sempre foi nosso plano. Mas meu pai precisava ter uma filha para exibir a sociedade e se ambas fossemos embora juntas, o escândalo jamais poderia ser escondido. De tal forma que ele prometeu arruinar ambas as nossas vidas se eu não ficasse. Eu fiquei e ficarei, pelo menos até ele morrer. Depois nada me impedirá de abandonar esta família. 

Alfonso parecia desconcertado. O que estava acontecendo ali? 

- O que houve, Srta. Portillo? O que houve que faz com que sua irmã tenha tanto medo e você tanta raiva? O que aconteceu? Não pretendo usar isso para destruir a sua família, mas apenas para tirar sua irmã da lista de suspeitos. 

Mia suspirou e cruzou os braços. Parecia estar reunindo forças. 

- Deduzo que já tenha concluido, pelo comportamento da minha irmã, que Anahí foi vítima de uma violência muito forte, praticada por homens. 

Alfonso assentiu. Dulce havia descoberto isso no momento em que a viu. 

- Acho também que você encontrou o processo judicial, onde Anahí perdeu o sobrenome Portillo porque meus adoráveis pais, em conluio, afirmaram que ela não era um Portillo. Claro que o DNA, obtido de forma totalmente idônea - ela acrescentou com sarcasmo - confirmou a ausência de paternidade. Contudo, eles não conseguiram atestar que ela não era filha da minha mãe sem colocar adoção no meio o que garantiria a ela vários direitos socioafetivos, razão pela qual ela usa o sobrenome Puente. 

Alfonso assentiu. De fato, havia lido o processo e ficado horrorizado. Marichelo assumira uma traição em juízo para que a filha pudesse ser deserdada pelo marido. Marichelo ainda tentou impedir que Anahí fosse considerada sua filha, mas, como ela confessou o nascimento, Anahí pôde manter o sobrenome paterno. Não havia entendido a razão daquele engodo, e tensionava buscar respostas com sua família. A única coisa que concluíra era que os pais de Anahí a odiavam profundamente. 

- O que não acho que você tenha conseguido investigar foi o tempo desta violência e o seu autor. Isso porque o agressor em questão é uma pessoa importante e subornou mundos e fundos para impedir que a história fosse revelada. 

De fato, ao investigar o passado de Anahí, Alfonso nada encontrara. Nem sua denúncia, nem registros de boletim de ocorrências, nada. Tudo que ele achara fora o processo judicial na qual ela perdera o sobrenome do pai e lutara para conservar o da mãe. E por isso achara a família Portillo. 

- Você sabe quem foi o agressor, Mia? 

- Sei de tudo, detetive. Vi tudo em primeira mão. 

Alfonso estava rígido na cadeira. Não só pelo caso que queria desvendar, mas também para entender melhor a mulher misteriosa que tanto o intisgava. 

- Anahí foi estuprada pelo nosso pai. Começou aos 15 anos, terminou aos 20, que foi a data em que ela fez a denúncia publicamente.  

Alfonso gelou. Esperava por algo terrível, mas não aquilo. 

- E se eu não sofro da mesma sina detetive, foi graças a ela.