Fanfics Brasil - 2 Um Porto Seguro

Fanfic: Um Porto Seguro | Tema: rbd RBD ponny AyA aya anahi alfonso


Capítulo: 2

216 visualizações Denunciar


NA MANHÃ SEGUINTE, Annie foi até a varanda da sua casa com uma xícara de


café, sentindo as tábuas do piso rangerem sob seus pés, e se apoiou contra o


parapeito. Lírios haviam brotado em meio à grama alta que cobria um canteiro


de flores, e ela levantou a xícara, apreciando o aroma enquanto tomava um gole.


Ela gostava deste lugar. Southport era diferente de Boston, da Filadélfia e


também de Atlantic City, com seus sons incessantes de trânsito, os odores e as


pessoas correndo pelas calçadas. Além disso, era a primeira vez em sua vida que


encontrara um lugar para chamar de seu. A casa não era grande, mas era sua e


discreta, e isso bastava. Era uma de duas estruturas idênticas localizadas no fim


de uma ruela de cascalhos, antigas cabanas usadas por caçadores com paredes


de madeira construídas entre um grupo de pinheiros e carvalhos, compondo a


orla de uma floresta que se estendia até o litoral. A sala e a cozinha eram


pequenas e o quarto não tinha armários embutidos, mas a casa já era mobiliada,


incluindo cadeiras de balanço na varanda, e o aluguel até que era barato. O lugar


não estava caindo aos pedaços, mas estava coberto pela poeira devido aos vários


anos em que permanecera fechado. O proprietário oferecera para comprar os


produtos de limpeza e manutenção se Annie se oferecesse para dar um jeito na


casa. Desde que se mudara para lá, Annie passava uma boa parte do seu tempo


livre ajoelhada no chão ou em pé sobre cadeiras fazendo exatamente isso. Ela


esfregou os azulejos e as louças do banheiro até que tudo estivesse brilhando;


lavou o teto com um pano úmido e limpou as janelas com vinagre. Annie passou


horas ajoelhada na cozinha, tentando remover a ferrugem e a sujeira


acumuladas no piso de linóleo. Ela cobriu os buracos na parede com massa


corrida e depois lixou tudo até que a superfície estivesse lisa. Chegou até mesmo


a pintar as paredes da cozinha em um tom alegre de amarelo e os armários com


tinta branca brilhante. Seu quarto agora tinha paredes em tom azul-claro, a sala


de estar era bege e, na semana passada, ela havia colocado uma nova capa sobre


o sofá que fez com que ele parecesse ser novo em folha.


Depois de completar a maior parte do trabalho, Annie gostava de se sentar


na varanda da casa durante as tardes e ler os livros que pegava emprestado na


biblioteca. Além do café, a leitura era o único luxo a que ela se permitia, já que


não tinha televisão, rádio, telefone celular, micro-ondas, carro, e todos os seus


pertences cabiam em uma única mala. Já contava 27 anos, não tinha amigos e


havia deixado de ser uma mulher loira de cabelos compridos há algum tempo.


Ela tinha se mudado para aquele lugar sem praticamente nada e, alguns meses


depois, ainda tinha pouco. Ela guardava metade das gorjetas que ganhava e todas


as noites dobrava o dinheiro e o punha em uma lata de café, que deixava


escondida sob uma tábua do piso perto da varanda. O dinheiro ficava guardado


para emergências e ela preferia passar fome a ter que usá-lo. Simplesmente


saber que a lata estava ali fazia com que conseguisse respirar um pouco mais


aliviada, pois o passado sempre estava à espreita e poderia retornar a qualquer


momento. Um passado que cruzava o mundo procurando por ela, e ela sabia que


sua fúria crescia a cada dia que passava.


— Bom dia. Você deve ser Annie — chamou uma voz, interrompendo seus


pensamentos.


Annie se virou. Na varanda da casa ao lado viu uma mulher com uma


cabeleira castanha despenteada, acenando com a mão. Ela parecia ter mais de


30 anos e usava uma calça jeans, com uma blusa de botões que tinha as mangas


arregaçadas até os cotovelos. Um par de óculos de sol repousava sobre os cachos


emaranhados na cabeça dela. Nas mãos, ela tinha um pequeno tapete e parecia


estar debatendo consigo mesma se devia estendê-lo para tirar o pó antes de


finalmente deixá-lo de lado e vir até onde Annie estava. Ela andava com a


energia e a tranquilidade de alguém que estava acostumado a se exercitar.


— Irv Benson me disse que seríamos vizinhas.


“O dono das casas”, pensou Annie. — Eu não sabia que outra pessoa viria


morar aqui.


— Acho que ele também não sabia. Ele quase caiu da cadeira quando eu


lhe disse que ficaria com a casa.


Naquele momento, ela já havia chegado à varanda de Annie, e estendeu a


mão. — Meus amigos me chamam de Mai.


— É um prazer — disse Annie, cumprimentando-a.


— Dá para acreditar nesse tempo? Está perfeito, não acha?


— A manhã está uma beleza — concordou Annie, apoiando o peso do corpo


na outra perna. — Quando você se mudou?


— Ontem à tarde. E, por ironia do destino, passei quase a noite toda


espirrando. Acho que Benson juntou toda a poeira que conseguiu encontrar e a


guardou na minha casa. Você não acreditaria na sujeira que existe lá dentro.


Annie apontou para a porta da sua própria casa com um movimento da


cabeça. — Esta casa estava do mesmo jeito.


— Não parece. Desculpe-me, mas não consegui evitar em dar uma olhada


pelas suas janelas quando eu estava na minha cozinha. A sua casa é clara e


alegre. Por outro lado, o lugar que eu aluguei é uma masmorra empoeirada e


cheia de aranhas.


— O Sr. Benson me deixou pintá-la.


— Tenho certeza de que deixou. Desde que eu faça todo o serviço, eu


aposto que o Sr. Benson me deixará pintar a casa também. O imóvel dele fica


limpo e bonito e eu acabo fazendo todo o trabalho — disse ela, com um sorriso


torto. — Faz tempo que você mora aqui?


Annie cruzou os braços, sentindo o Sol da manhã lhe aquecer o rosto. — Há


quase dois meses.


— Não sei se vou aguentar tanto tempo. Se eu continuar espirrando como na


noite passada, minha cabeça provavelmente vai explodir.


Jo pegou seus óculos escuros e começou a limpar as lentes com o tecido da


camisa. — E o que está achando de Southport? É um mundo totalmente diferente,


não é?


— Como assim?


— Você não parece ser daqui. Imagino que seja de algum lugar ao norte.


Depois de alguns segundos, Annie fez que sim com a cabeça.


— Foi o que pensei. Demora um pouco para as pessoas se acostumarem


com Southport. Sempre gostei muito daqui. Tenho um lugar especial no meu


coração para as cidades pequenas.


— Você nasceu aqui?


— Cresci aqui, depois saí e voltei após um bom tempo. É assim que sempre


acontece, não é? Além disso, é difícil achar lugares empoeirados como minha


casa em outras cidades.


Annie sorriu e, por um momento, nenhuma das duas disse qualquer palavra.


Mai parecia contente em ficar diante dela, esperando pelo próximo movimento.


Annie tomou um gole do seu café, olhando em direção às árvores, e se lembrou


da boa educação que recebeu.


— Aceita uma xícara de café? Acabei de fazer.


Mai  voltou a colocar os óculos de sol sobre a cabeça, prendendo-os entre os


cabelos. — Sabe, eu estava esperando que você dissesse isso. Eu adoraria tomar


uma xícara de café. Todas as coisas da minha cozinha ainda estão encaixotadas e


meu carro está na oficina. Você faz ideia do quanto é difícil passar o dia inteiro


sem cafeína?


— É, eu imagino como deve ser.


— Bem, para que você saiba, eu sou uma verdadeira viciada em café.


Especialmente em dias como hoje, em que preciso desembalar minha mobília e


minhas coisas. Já mencionei que detesto desencaixotar?


— Acho que não.


— Olhe, provavelmente é a pior coisa que existe. Tentar descobrir onde


colocar cada coisa, bater os joelhos enquanto anda entre a mobília e as caixas...


Mas não se preocupe, eu não sou o tipo de vizinha que pede ajuda para organizar


a casa. Por outro lado, uma xícara de café...


— Entre — disse Annie, convidando-a. — Só não repare na mobília. Quase


tudo já estava aqui quando eu cheguei.


Depois de atravessar a cozinha, Annie tirou uma xícara do armário e a


encheu até a borda. Ela a entregou para Mai. — Lamento, mas não tenho chantilly


nem açúcar.


— Não é necessário — disse Mai, pegando a xícara. Ela soprou o café antes


de tomar um gole. — Bem... a partir de agora, você é oficialmente minha


melhor amiga no mundo inteiro. Este café está delicioso!


— Fico feliz que tenha gostado.


— Benson disse que você trabalha no Ivan’s.


— Sou uma das garçonetes.


— Dave Grandão ainda trabalha lá?


Quando Annie fez que sim com a cabeça, Mai prosseguiu: — Ele está lá desde


quando eu ainda estava no ensino médio. Dave ainda coloca apelidos carinhosos


em todo mundo?


— Sim — disse Annie.


— E Melody? Ela ainda comenta quando acha que algum dos clientes é


bonito?


— Todos os dias.


— E Ricky ? Ele ainda passa cantadas nas novas garçonetes?


Quando Annie assentiu novamente, Mai riu. — Aquele lugar não muda nunca.


— Você trabalhou lá?


— Não, mas Southport é uma cidade pequena e o Ivan’s é uma instituição


aqui. Além disso, quanto mais tempo você mora neste lugar, mais compreende


que aqui não existem segredos. Todos sabem da vida de todos e algumas


pessoas... como Melody, por exemplo... transformaram a fofoca em uma forma


de arte. Antigamente, isso me deixava louca da vida. É claro, metade das pessoas


que mora aqui é igualzinha a ela. Não há muito para fazer em Southport além de


fofocar sobre a vida dos outros.


— Mas você voltou.


Mai deu de ombros. — Sim, voltei. O que posso dizer? Talvez eu goste de


gente louca.


Ela tomou outro gole do café e apontou para a janela. — Sabe, mesmo


antes de eu sair da cidade, nem sabia que estas casas existiam.


— O dono delas disse que eram cabanas de caça. Eram parte de uma


fazenda até que ele as transformou em casas de aluguel.


Mai balançou a cabeça. — Não consigo acreditar que você se mudou para cá.


— Mas você também se mudou para cá — argumentou Annie.


— Sim, mas a única razão pela qual considerei este lugar foi porque eu


sabia que não seria a única mulher morando no fim de uma rua de cascalhos, no


meio do fim do mundo. Este lugar é meio isolado.


“É exatamente por isso que eu quis viver aqui”, pensou Annie consigo


mesma. — Não é tão ruim. Acho que já me acostumei.


— Espero conseguir me acostumar também — disse Mai, soprando seu café


para esfriá-lo. — E então, o que a trouxe a Southport? Tenho certeza de que não


foi a possibilidade de uma carreira de sucesso no Ivan’s. Você tem família aqui?


Pais? Irmãos ou irmãs?


— Não — disse Annie. — Apenas eu mesma.


— Veio por causa de um namorado?


— Não.


— Então você simplesmente... se mudou para cá?


— Sim.


— E por que você quis fazer isso?


Annie não respondeu. Eram as mesmas perguntas que Ivan, Melody e Ricky


haviam feito. Ela sabia que não havia outros motivos ou intenções por trás


daquelas perguntas, apenas uma curiosidade natural. Mesmo assim, ela nunca


soube direito o que responder, além da verdade.


— Eu queria um lugar onde pudesse recomeçar a vida.


Mai tomou outro gole do café, aparentemente ponderando a resposta dela.


Mas, para a surpresa de Annie, não continuou a fazer perguntas. Simplesmente


fez que sim com a cabeça.


— Isso faz bastante sentido. Às vezes, começar de novo é exatamente o que


uma pessoa precisa. E eu acho que é algo admirável. Muitas pessoas não têm a


coragem necessária para fazer algo assim.


— Você acha?


— Eu tenho certeza — disse ela. — E então, que planos você tem para hoje?


O que vai fazer enquanto eu estiver bufando e reclamando da vida,


desembalando minhas coisas e limpando tudo até que minhas mãos estejam em


carne viva?


— Tenho que trabalhar mais tarde. Mas, fora isso, poucas coisas. Preciso ir


ao supermercado e comprar algumas coisas.


— Você vai ao Fisher’s ou a algum outro lugar na cidade?


— Acho que só ao Fisher’s.


— Já conversou com o dono do lugar? Aquele homem de cabelos grisalhos?


Annie fez que sim com a cabeça. — Uma ou duas vezes.


Mai terminou de tomar seu café e colocou a xícara na pia antes de soltar um


suspiro. — Certo, certo — disse ela, sem muito entusiasmo. — Chega de


procrastinar. Se eu não começar agora, nunca vou terminar de arrumar minha


casa. Deseje-me sorte.


— Boa sorte.


Mai deu um breve aceno. — Foi ótimo conhecê-la, Annie.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): dara_goulart

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

  OLHANDO PELA JANELA DA COZINHA, Annie viu Mai sacudir o tapete que havia deixado de lado anteriormente. Ela parecia ser bem amistosa, mas Annie não sabia se estava preparada para ter uma vizinha. Embora fosse bom ter alguém com quem pudesse conversar de vez em quando, ela se acostumara a ficar sozinha. Mesmo assim, sabia que viver em uma cidade peq ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 6



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • Juliana_ Postado em 11/05/2016 - 23:13:11

    Nossa susto o Poncho levou Continua a fic está muito legalllllllllllllllllllllllllllllll

  • Juliana_ Postado em 07/05/2016 - 00:08:20

    Ser não foi muito em comodo diminui um pouco os capítulos CONTINUAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA a fic esta ficando legallllllllllll

  • Postado em 06/05/2016 - 23:51:06

    Ser não foi muito em comodo diminui um pouco os capítulos CONTINUAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA a fic esta ficando legallllllllllllllllllllll

  • Juliana_ Postado em 05/05/2016 - 23:42:30

    Obrigado posta mais louca que Anahí e Poncho se conhecem CONTINUAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

  • dara_goulart Postado em 05/05/2016 - 21:03:10

    AI Q EMOÇÃO KKKKKKK vou postar outro daqui a pouco só pq vc comentou bjzzzz

  • Juliana_ Postado em 05/05/2016 - 17:33:17

    Oieeee 1° a comentar CONTINUAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais