Fanfic: Almas Opostas - Vondy | Tema: Vondy

Em toda minha vida jamais pensei que pudesse ser detida. Nem mesmo quando ajudei Zoraida a espancar Otávio e ele acabar parando no hospital com uma assistente social furiosa querendo saber quem foi que fez isso com ele e com o amiguinho dele.

E agora lá estava eu, na delegacia, na sala do delegado, cujo nome era Fábio Freitas, sentada em frente da cadeira dele e ouvindo que seria presa por tráfico de drogas. 

Presa.

Por tráfico de drogas.

Se alguém me falasse isso à dois anos atrás, ia gargalhar horrores, mas agora a última coisa que eu queria era gargalhar dentro daquela sala. 

Dulce: Eu já falei que isso não é meu. - respirei fundo para não surtar.

Fábio: Nunca é, não é verdade? - falou pouco se importando - Todos que estão presos são inocentes. - debochou mexendo no computador.

Dulce: Eu não sou traficante, meu Deus, eu nem consumo álcool, quem dirá drogas! - neguei nervosa - Essas porcarias não são minhas.

Fábio me encarou.

Fábio: A bolsa não é sua?

Dulce: A bolsa é sim, mas essas drogas não são minhas. - levantei ainda com as mãos presas na algema.

O único policial que estava na sala, além do delegado e eu, ficou em alerta.

Fábio: Quer um conselho? Confesse logo, reduzirá sua pena. 

Dulce: Pena? Não sou uma criminosa, quantas vezes tenho que falar isso?

Fábio: Sabe quantas jovens como você já foram presas por tráfico? Inúmeras e acredite, a maioria delas eram de boas famílias. - voltou a encarar o computador - Precisa saber que tem direito a uma ligação e à um advogado e se não puder pagar, o estado arruma um para você. - avisou.

Dulce: Eu estou aqui à mais de duas horas e só agora fala isso? - perguntei irritada - Podia ao menos tirar essas malditas algemas de mim.

Fábio: A delegacia estava cheia, estava resolvendo um caso de assassinato por isso teve que esperar, mas agora podemos sermos rápidos, é só chamar o advogado, você assina uma confissão e acabou.

Dulce: Aí eu vou para atrás das grades sendo uma inocente. - rosnei.

Fábio: Menina, você está me irritando. Já que só a bolsa é sua, como esses entorpecentes foram parar dentro dela? Por mágica? - debochou.

Dulce: Armaram pra mim. E tenho quase certeza que foi aquela mulher que estava comigo.

Só podia ter sido Alexandra.

Ela me chamou para almoçar, ela conseguiu me convencer que queria paz comigo, me chamou para aquela loja e depois que fui arrastada igual uma criminosa até a viatura pelos policiais, ela tinha sumido, quando cheguei na delegacia me levaram para uma sala com outras pessoas que também estavam detidas e esperavam passar pelo delegado.

Fábio: Aquela senhora veio até aqui para dar explicações e foi embora quase agora. Decidimos mante-las separadas, devo confessar que ela é um pouco excêntrica, não parou de falar que ia processar o governo. - riu.

Dulce: E o quê ela falou?

Fábio: Que você era inocente. Que ficou o tempo todo com você e que não estava traficando, mas mesmo com esse álibi, a denúncia anônima informou que tinha uma mulher traficando e encontraram na sua bolsa drogas o suficiente para considerarmos realmente tráfico, ou seja, a denúncia estava certa.

Dulce: Quero a minha ligação agora. 

Fábio: Roger.. - chamou o policial que estava encostado na porta apenas ouvindo tudo calado - Tira as algemas dela e deixe-a ligar no telefone, depois coloque as algemas novamente.

Dulce: É necessário isso? Não vou fugir daqui e mesmo que se tentasse, é impossível. - levantei as mãos para que o policial tirasse aquela coisa.

Fábio: É protocolo. - levantou - Preciso de mais café para aguentar todo essa sua inocência. - debochando colocou o telefone próximo de mim e pegou o copo de café na mesa - Cinco minutos e uma ligação. - avisou se afastando.

Quando ele saiu da sala, o policial me soltou e eu gemi aliviada. 

Roger: Ele apertou demais. - falou vendo meus pulsos marcados e vermelhos - Vou deixar mais confortável pra você.

Dulce: Obrigada! - murmurei pegando o telefone e decidindo se ligava para Julie e a Mai ou Christopher.  Acabei digitando o número do celular dele, mas ele não atendeu. 

Policial: Já que não atendeu, pode ligar novamente. - avisou.

Digitei o número do apartamento.

No terceiro toque, Julie atendeu.

Julie: Alô? 

Dulce: Julie escuta, preciso de ajuda. Estou detida na delegacia e querem me prender por tráfico de drogas, por favor me ajuda. - pedi desesperada.

Julie: O quê? - gritou - Como assim? Como aconteceu isso? Você está bem?

"O quê foi? " - a voz da Mai soou longe.

Dulce: Estou na delegacia que fica próxima do shopping da Barra, preciso que me ajude, eles querem que eu assine um papel de confissão e..

Julie: Não assina nada. Estou indo pra ir com ajuda. Já tentou falar com meu irmão? - perguntou apressada.

A campainha do apartamento tocou.

Dulce: Ele não atende. Por favor me ajuda Julie.

Julie: Calma. - pediu - Não diz nada e não assine nada. Já estou chegando aí.

Quando desligamos, o policial voltou a colocar as algemas em mim. Sentei de volta na cadeira e encarei a parede, o delegado voltou minutos depois com o  café fervente no copo.

Quis jogar aquele café quente na cara de Alexandra.

 

[...]

 

Quase uma hora depois, Julie, Maite, Zoraida, Alexandra, Edgar e um homem entraram na sala do delegado fazendo barulho e tumulto.

O policial ficou em alerta.

Julie: Dulce! - se jogou em cima de mim.

Zoraida: Fizeram alguma coisa com você? Você assinou algo?

Maite: O quê diabos aconteceu? 

Falaram todas ao mesmo tempo.

Fábio: Posso saber que baderna é essa na minha sala? - perguntou irritado.

Eu apenas encarava a mulher loira próximo da porta.

Dulce: Foi você. - levantei querendo estragula-lá - Você que armou tudo isso, o almoço, o pedido de perdão, a ida na loja só para me ferrar. Como pode ser tão má Alexandra? E como ainda tem coragem de está aqui agora?

Alexandra: Não fui eu Dulce. Não armei nada. Estou tão em choque quanto você. - falou rápido, aparentemente desperada - Quando foi arrastada pelos policias, segui vocês e me prenderam por horas num sala e só depois de muito tempo me deixaram sair.

Julie: Eu já mandei você ir embora daqui Alexandra. Não tem nada pra você aqui, vai embora agora. - falou com raiva.

Zoraida: Se você tiver feito isso com a minha irmã sua vaca desgraçada EU TE MATO! - gritou com raiva apontando o dedo na cara de Alexandra.

Maite: E eu te ajudo!

Alexandra arregalou os olhos.

Fábio: Você ameaçou de morte essa senhora na minha delegacia? - levantou encarando Zoraida sério demais. - As duas podem ser presas agora mesmo.

Edgar: Por favor vamos nos acalmar. - se meteu na frente - Elas não falaram isso sério delegado, só estão nervosa por verem a irmã detida. Trouxe o meu advogado Matheus Matos, para representar à minha amiga.

Matheus: Acho melhor antes de tudo sair todo mundo daqui, tem gente demais nessa sala. - falou sério - Então por favor, aguardem lá fora. - encarou Alexandra, Maite, Zoraida e Julie.

Julie: Eu vou ficar aqui. - bateu o pé no chão - E nem pensem me obrigar a sair daqui. - avisou séria ao meu lado.

Edgar: Julie..

Julie: Não! Vou ficar representando o meu irmão que quando souber de toda essa palhaçada vai ficar furioso. - encarou o delegado com raiva.

Fábio: E quem é seu irmão? - debochou cruzando os braços.

Julie: Nem queira saber. 

Matheus: Por favor, estamos perdendo tempo. - falou sério.

Zoraida: Vamos esperar lá fora. - avisou puxando Mai para a porta.

Maite: Não vamos sair daqui até tudo se resolver. - falou antes de sair.

Julie: Você também Alexandra. Aproveita e vá embora da delegacia.

Matheus: A senhora estava com ela na hora, certo? - perguntou à ela.

Alexandra: Sim. Já falei por horas para os policiais que não me deram ouvidos. 

Matheus: É melhor ficar na sala. - sentou ao meu lado - Vou ser seu advogado senhorita Espinosa.

Dulce: Eu não sou criminosa, armaram pra mim. - encarei Alexandra.

Alexandra: Não fui eu Dulce. - voltou a falar agora agoniada.

Fábio: A polícia recebeu um telefonema anônimo onde denunciava a venda de drogas no shopping e que apenas uma mulher estava envolvida. - falou olhando o advogado - Eles averiguaram a denúncia e constataram na bolsa de sua cliente entorpecentes suficientes para tráfico. Com essa base foi presa em flagrante. - explicou - Mas ela nega a denúncia e a culpa.

Matheus: Certo, mas além disso temos uma testemunha que é essa senhora - apontou para Alexandra - Que estava o tempo todo com a acusada e que nenhum momento a viu comentando esse crime.

Fábio: Que pode muito bem ser cúmplices. 

Alexandra: Com quem acha que está falando? Eu sou uma duquesa, é um cúmulo que me trate dessa forma. - falou com raiva.

Fábio: Segundo me informaram, a senhora já disse isso várias vezes. - falou com tédio.

Matheus: A senhorita Espinosa não tem descendentes criminais, tem trabalho e residência fixa, pode muito bem responder em liberdade, sem necessidade de passar a noite aqui.

Fábio: Poderia sim, mas ela foi pega em flagrante. O senhor sabe que a pena de tráfico de drogas é de cinco à quinze anos de prisão. E que por causa do flagrante terá que permanecer detida até a audiência de custódia. Até pode tentar conseguir um habeas corpus, mas para isso precisará convencer um juiz que toda a substância ilícita encontrada com sua cliente não pertence à ela.

Meu Deus!

Julie: O quê? - negou - E quando já quer levar ela para essa audiência?

Fábio: É muito simples, estamos perdendo tempo aqui. Ela assina a confissão e amanhã de manhã ela já é levada para a audiência. 

Matheus: Minha cliente é inocente e não sairá dessa delegacia para audiência nenhuma. - falou sério.

Fábio riu debochado.

Fábio: Prove então meu caro.

Julie: Seu desg..- deu dois passos para cima da mesa, mas Edgar a segurou tampando a boca dela.

Edgar: Se controla Julie. Não queremos você detida também. 

Fábio: Acho que vou fazer essa mocinha ficar um tempo na cela para se acalmar..- falou sério.

Suspirei.

O quê mais falta para acontecer?