Fanfic: Almas Opostas - Vondy | Tema: Vondy

Dulce Maria 

A prova estava difícil, eram questões muito complicadas, tentei responder todas, mas não consegui. Não sabia dizer se era pelo nervosismo da prova ou se era porque eu não parava de pensar no Christopher.

Desde que nós "despedimos", já que amanhã mesmo íamos nos ver, não conseguia pensar em outra coisa que não fosse meu noivo. Mais uma vez a vontade de chorar bateu, eu estava tão sensível, tão triste, sim, também tinha batido a tristeza em mim.

Não conseguia explicar, mais a sensação ruim que Christopher sentiu ontem deve ter passado pra mim. Algo me dizia que ia acontecer alguma coisa e era uma coisa ruim.

Muito ruim.

Respirei fundo.

Que o vôo dele ocorra tudo bem.

Por favor Deus!

Levantei ao mesmo tempo que a Fuzz e entregamos a prova. Podíamos sair já que terminamos e ia durar pelo menos mais um hora a prova. Derrick fazia a prova com calma e relaxado.

Ele sorriu enquanto a gente saia da sala.

Fuzz: Você não respondeu três questões, está tudo bem? 

Me sentei na cadeira do corredor e ela ficou ao meu lado.

Dulce: Não. Estou com uma sensação ruim. - falei baixo.

Fuzz: Sua cara está péssima mesmo. Está pálida Dulce. - falou sério. - Quer ir na enfermaria? 

Dulce: Não. 

Fuzz: Estou começando a me preocupar com você. - tocou na minha mão - Que sensação ruim, sente?

Dulce: Como se algo fosse acontecer. 

Fuzz: Se refere ao o quê?

Dulce: Não sei. - suspirei.

Fuzz: Dul, nada vai acontecer. Se está preocupada com o seu noivo, fica tranquila que logo ele deve ligar pra você dizendo que chegou bem no México, está tudo bem.

Dulce: Tem razão!

Fuzz: Quer que eu chame a Mai?

Dulce: Não. Ela também está em prova.

Fuzz: Ok. Então, vamos tomar alguma coisa. Você está muito pálida.

Levantamos e começamos a andar em direção da lanchonete.

Fuzz: Sabe quem também vai está no México? - perguntou e percebi que ela tentava me distrair.

Dulce: Quem?

Fuzz: Igor. Ele deve embarcar amanhã também. Segunda-Feira rola um congresso de médicos na capital e na quarta-feira ele tem outro congresso, mas dessa vez é em Acapulco.

Dulce: Como sabe tanto sobre a vida dele? - franzi o cenho.

Fuzz: Não é que eu saiba, é que rola tudo sobre a vida dele entre as garotas de todas as turmas de medicina.

Dulce: Não te vejo mas tão obsecada por ele. Passou a paixonite?

Fuzz: Passou sim. Mas continuo o achando lindo e muito muito gostoso.

Ri.

Dulce: Acho que sua nova paixão se chama Derrick James...

Fuzz: Não começa. Por favor! - bufou.

Dulce: Eu na..- parei de falar ao sentir outro enjoo forte. - Droga! 

Corri para o banheiro mais próximo do corredor, abri a porta da cabine e coloquei tudo pra fora de novo. Senti Fuzz tocar no meu ombro e depois segurar no meu cabelo.

Fuzz: Amiga, você está mal mesmo.

Não consegui responder, por que coloquei até o que não tinha pra fora.

Fuzz: Calma...- ajeitou meu cabelo - Está muito gelada. É melhor passar na enfermaria. - aconselhou.

Dulce: Não é nada demais. - respirei fundo e dei a descarga. Saímos da cabine e me aproximei da pia lavando minha boca com ela ao meu lado.

Fuzz: O quê você comeu hoje?

Dulce: Só estou com o almoço. Comi um monte de coisas. Foi isso.

Fuzz: Hum...- falou pensativa.

Dulce: Hum, o quê? - molhei meu rosto.

Fuzz: Você acha que pode est..- foi interrompida por um trio de garotas que entrou no banheiro rindo alto.

Me encarei no espelho.

Dulce: Eu estou bem Fuzz. - murmurei.

Dois minutos depois, saímos do banheiro e formos para a lanchonete. Fuzz pediu dois sucos de laranja e sentamos numa mesa. De longe vi Mai se aproximar falando ao celular.

O sorriso dela era enorme.

Fuzz: Esse Christian faz bem à ela, não é? - suspirou - Todas as minhas amigas estão namorando e eu aqui.

Dulce: Por que quer. James gosta de você e você gosta dele.

Fuzz: De novo não, por favor..

Maite: Ok. Tchau! - desligou assim que ficou em nossa frente - Que bom que encontrei vocês aqui. - sentou na cadeira sobrando. - Fui a primeira a sair da minha sala e não queria ficar sozinha.

Fuzz: A Dul passou mal.

Dulce: Maria Fernanda! - a repreendi.

Maite: O quê você tem? Quer ir no médico? Vou com você. - tocou na minha mão e me encarou preocupada.

Dulce: Estou bem. Eu só comi demais no almoço e acabei passando mal.

Maite: É só isso? Não está mentindo, está? - levantou uma sobrancelha.

Dulce: Não estou mentindo. Estou bem.

Maite: Ok. Mas estou de olho em você.

Fuzz: Tem planos depois daqui?

Maite: Christian quer que eu durma no apartamento dele. - comentou - Mas eu não sei, meu cunhado viajou hoje e não quero deixar a Dul sozinha.

Dulce: Mai, não se preocupa. Estou bem. E amanhã mesmo já vou está embarcando para o México. Aproveite sua noite com Christian.

Fuzz: Se você quiser dormir lá em casa. - me convidou - Só está a juíza, vulgo minha mãe, o governador vulgo meu pai, viajou para Brasília. 

Maite: Por quê você vive falando assim? - riu.

Fuzz: Mania. - riu.

Dulce: Obrigada. Mas não precisa.

Maite: Vai ficar sozinha naquele apartamento enorme? Zoraida vai dormir na casa da mãe do Eddy hoje, está ajudando a pobrezinha.

Dulce: Ela está melhor?

Maite: Melhorando igual o Pablo. Mas a diferença é que não foi espancada e sim caiu de moto. 

Fuzz: Tenho ódio desses monstros que fazem esse tipo de coisa. Volto a falar que se quiser ajuda, é só me falar, o meu pai é o governador e ele pode acelerar na justiça.

Dulce: Obrigada! Mas já acharam um, logo os outros também irão ser presos.

Maite: Se Deus quiser. Agora, você vai dormir na Fuzz, né?

Dulce: Não precisa disso.

Maite: Então vou dormir com você.

Dulce: Não. Você vai dormir com o seu namorado gato. 

Maite: Eu só vou se você for dormir com a Fuzz. Se for dormir no seu apartamento, então, eu vou dormir com você. - cruzou os braços.

Fuzz: Vamos Dul. Na minha casa tem seis quartos de hóspedes. E se quiser, pode até dormir no meu quarto. Além da minha cama, tem um sofá cama maravilhoso também.

Maite: Você que decide irmãzinha.

Suspirei.

Dulce: Ok. Venceram. Vou dormir com ela. - apontei com a cabeça.

As duas bateram as mãos rindo.

Neguei.

[...]

O motorista da Fuzz parou no apartamento apenas para que eu pegasse minha mala, minha bolsa que já estava preparada com meu passaporte e algum pijama pra hoje, puxando a mala e atravessando a sala, parei no meio dela e olhei uma foto  minha com Chris em cima da estante da TV, na foto estávamos em Angra, aos beijos no mar.

Me aproximei pegando o porta-retratado. 

Sorri.

Ele amava aquela foto.

Ele tinha colocado fotos nossas praticamente por todo o apartamento.

Suspirei.

Deixei de volta a foto no lugar e encarei a sala vazia antes de apagar as luzes e descer até o hall, onde gentilmente seu Nicolau, o porteiro, me ajudou com a mala até o carro.

Dulce: Pensei que tivesse ido pra casa, está tarde. - comentei.

Quando cheguei não tinha ninguém na portaria. O porteiro da noite que ficava no lugar do seu Nicolau adorava tirar um cochilo na pequena sala dos funcionários do prédio.

Nicolau: Estou fazendo um extra hoje. - explicou puxando a mala.

Dulce: Sua neta está bem?

Nicolau: Quanta gentileza senhorita, ela está sim. - sorriu.

Dulce: Que bom!

O motorista da Fuzz saiu do carro para guardar a mala. Toquei no ombro de seu Nicolau agradecida.

Dulce: Obrigada!

Nicolau: De nada. Vou abrir o portão para vocês. - avisou se afastando, mas parou por um instante e voltou a me encarar - Senhorita?

Dulce: Sim?

Nicolau: Seja forte! 

Dulce: O quê? - pisquei confusa.

Ele mas nada disse.

Apenas se afastou.

Xxx: Senhorita? - o motorista abriu a porta do carro.

Dulce: Obrigada..- murmurei entrando.

Quando o carro saiu do prédio, vi seu Nicolau observa-lo. O caminho até a casa de Fuzz durou vinte minutos, o enorme portão foi aberto e o lindo jardim apareceu, observei os seguranças em volta da casa, do jardim, além de ter visto muitos outro pelo condomínio até aqui.

Dulce: Tem certeza que sua mãe não vai achar ruim? - perguntei saindo do carro e pegando minha mala.

Fuzz: A juíza te adora. Relaxa!

A sala da Fuzz parecia um shopping, ou melhor dizendo, uma loja de decoração. Tinha pelo menos cinco sofás, sete armários e um lustre bem ao centro da sala. Marcela estava com um roupão de seda azul e lia uns papéis em um dos sofás, mas assim que me viu entrar ao lado da filha dela e puxando uma mala levantou na hora tirando os óculos de leitura e ajeitando o roupão rapidamente.

Marcela: Maria Fernanda, por quê não me falou que receberiamos visita? Meu Deus do céu! Olha como estou? - falou nervosa e sem graça.

Fuzz: Deixa de drama mãe. Você não está pelada. - revirou os olhos.

Dulce: Me desculpa! A culpa é toda minha por vir à essa hora.

Marcela: Ahh querida! Você pode vir a qualquer hora. É que eu queria ter sido avisada antes para que pudesse me arrumar. - sorriu enquanto se aproximava - Irá passar alguns dias conosco? - olhou a mala.

Dulce: Não. Só hoje, claro, se a senhora deixar. - mordi os lábios.

Marcela: Claro que vou. - sorriu.

Fuzz: A Dul vai pro México amanhã. 

Marcela: Irá gostar. É um país muito bonito e com uma culinária muito boa.

Fuzz: Vou mostrar o quarto dela. Boa Noite mãe! - me puxou para as escadas.

Dulce: Boa Noite senhora Álvares!

Marcela: Boa Noite meninas!

Fuzz: Se ficar ali ela vai puxar conversa até de manhã. - murmurou.

Dulce: Você se parece mais com seu pai do que com ela.

Fuzz: Todo mundo fala isso. - sorriu. - Quer ficar no meu quarto ou no de hóspedes?

Dulce: Não quero te dar mais trabalho, então, prefiro o de hóspedes.

Fuzz: Tudo bem. Mas você não está dando trabalho Dul. 

Andamos por um longo corredor com várias portas brancas, até ela parar numa delas e abrir, ela entrou primeiro esticando os braços.

Fuzz: Irá ficar aqui. - avisou - Tem toalhas no banheiro, o controle do ar-condicionado e da TV ficam dentro da cômoda e eu estou aqui do lado. Qualquer coisa é só chamar. - sorriu.

Dulce: Obrigada Fuzz. 

Fuzz: De nada. Bom descanso! - falou antes de sair fechando a porta.

O quarto era enorme e muito bem decorado. Deixei minha mala ao lado da cama e peguei meu celular, sem sinal de Christopher. 

Respirei fundo.

Deixei o aparelho na cama e caminhei até o banheiro. Dez minutos depois, de banho tomado e de pijama, estava de baixo do lençol e ligava a TV quando meu celular tocou.

Dulce: Você demorou a ligar...

Christopher: Desculpa amor. Estava sem sinal. Ainda falta algumas horas para chegar na capital.

Dulce: Tudo bem. 

Christopher: Você jantou?

Dulce: Não. Não estou com fome. E não estou no apartamento.

Christopher: Está aonde?

Dulce: Na casa da Fuzz. Mai e ela praticamente me obrigaram a vir pra cá, elas não queriam que eu ficasse sozinha no apartamento hoje.

Christopher: Amanhã não estará mas sozinha. - garantiu. - Estou morrendo longe de você.

Fechei os olhos.

Dulce: Diz que me ama...- pedi.

Christopher: Te amo amor da minha vida. - soltou um suspiro. - Amanhã quando chegar, vou te sequestrar e só vou te soltar quando as pessoas do quarto ao lado do nosso reclamarem do barulho.

Ri.

Dulce: Gosto da idéia.

Christopher: Tenho muitas ideias para fazer com você amor.

Dulce: Depois eu sou a tarada.

Ele riu.

Christopher: Foi bem na prova?

Dulce: Não. Eu não estou com cabeça para prova hoje, apesar de ter estudado e ser muito importante.

Christopher: O quê você tem?

Dulce: Não paro de pensar em você.

Christopher: Também estou com saudades. Só mais algumas horas e estaremos juntos. 

Mordi os lábios.

Não ia comentar da sensação ruim que tive, já basta ele ter sentindo antes.

Dulce: Eu te amo amor. 

Christopher: Te amo muito mais. 

Dulce: Manda mensagem quando pousar? - pedi.

Christopher: Mando sim. É melhor desligar, precisa descansar. 

Dulce: Boa Noite meu amor. - murmurei.

Christopher: Boa Noite vida! 

Desligamos.

Encarei o celular sentindo uma pontada no meu peito.

Engoli em seco.