Fanfic: Almas Opostas - Vondy | Tema: Vondy

1 mês depois...

Dulce Maria 

Andei até o rio sentindo o vento bagunçar meu cabelo. O sol não estava tão quente por ser as primeiras horas da manhã, podia ouvir o cantar dos pássaros ao longe.

Hoje completava mais um mês que eu estava aqui, isolada do mundo e rodeada do povo indígena. Convivendo e aprendendo muitas coisas sobre a cultura deles e a primeira coisa que aprendi deles era que acordavam muito mais muito cedo, quando o céu ainda estava escuro.

Nesses últimos dois meses aqui, dormindo na "cama" de palha, comendo muitas frutas, peixes e aves e aprendendo mais da cultura deles, só conseguia pensar em Christopher. E de como eu queria que estivesse comigo.

Óbvio que queria voltar para a civilização, encontrar minhas irmãs, meus amigos, me formar em medicina e tudo mais. Mais esse tempo aqui, não pude de deixar de visualizar uma vida simples com Christopher aqui.

Eu poderia viver pra sempre exatamente como estou vivendo aqui com ele ao meu lado e o nosso bebê, igual no filme Lagoa Azul. Era uma besteira imaginar isso, mas eu viveria mesmo uma vida igual essa com ele.

Parei em frente ao rio e tirei o vestido que era de Juliette, toda vez que pensava ou falava em Juliette me lembrava da Julie. Estava com muitas saudades da minha cunhada maluquinha. Entrei no rio indo para um pouco mais fundo com a água cobrindo até meus ombros. 

E mergulhei.

Fazia algumas semanas que Juliette tinha me ensinado a nadar. E que meu inglês estava completamente fluente. 

Voltei para a superfície e toquei na minha barriga.

Três meses de gravidez. 

Três. 

Meu jeijãozinho estava crescendo.

Sorri.

Ouvi um galho instalar e olhei ao redor vendo ninguém. Todos estavam na aldeia, deveria ser alguma cobra. 

Voltei a mergulhar.

[...]

Comi a quinta banana observando os indígenas começarem um ritual, Juliette falava com uma das mulheres que pintava um bebê. E Esteban estava examinando uma grávida dentro da cabana.

Igor entrou na aldeia junto com dois outros indígenas e nas mãos segurava uma lança com vários peixes, ele entregou a lança para um deles e se aproximou de mim.

Igor: Quantas bananas você comeu?

Não respondi e dei outra mordida na banana.

Ele suspirou.

Igor: Dulce..

Dulce: Ok. Vou me controlar, é que você não sabe o que eu daria para comer uma panela enorme de brigadeiro. O jeito é me contentar com a banana.

Igor: Só se controla. Tudo que é demais faz mal. - sentou do meu lado no banco

Dulce: Você está indo bem como pescador. - brinquei.

Igor: Sabe, se der errado na medicina posso virar pescador. Demorou semanas, mas consegui pescar com a lança e sem ajuda. - sorriu.

Dulce: Uma das indígenas vai me pintar mais tarde. Parece que quando escurecer vai ter um casamento.

Igor: Esteban me contou mais cedo. Vai ser o primeiro casamento desde que chegamos aqui. 

Olhei para minha aliança.

Pelo calendário que Juliette trouxe pra cá e que ela marcava todos os dias conforme os dias passavam, meu  aniversário e o casamento seria daqui à poucas semanas.

Suspirei.

Igor: Você acordou bem hoje? Teve algum enjoo? - me trouxe de volta a realidade.

Dulce: Acordei um pouquinho enjoada, mas passou rápido. Graças a Deus os enjoos estão diminuindo.

Igor: Já dar pra perceber sua barriga. - comentou. - Ela já diz que tem outra vida dentro de você.

Olhei o vestido que era bem folgado e não dava para perceber nele.

Dulce: Como você..- arreglei os olhos - Você me viu tomar banho? - levantei assustada.

O instalo do galho de mais cedo era ele.

Igor: Calma, eu não sou nenhum tarado Dulce. - levantou as mãos - Eu estava indo tomar banho também quando vi você lá e voltei. Só isso. Não fiquei cercando você. Mas também não sou cego, acabei vendo...você. 

Respirei fundo.

Ele tinha me visto..nua.

Igor: Você não toma banho naquele horário e eu sim, como eu ia imaginar que você estava lá? Normalmente você vai pra lá depois de se entupir de cocos.

Dulce: Acordei com calor. - murmurei.

Igor: Me desculpa, não foi minha intenção. Sou um cavalheiro e não um tarado. - falou sério.

Dulce: As vezes você não se comporta como um cavalheiro. - o lembrei.

Igor baixou a cabeça constrangido.

Igor: Olha eu..

Dulce: Não quero continuar falando sobre isso. - o interrompi. - Acho que a culpa foi minha mesma. Só peço que por favor, não comente com ninguém quando chegarmos ao Brasil.

Igor: Nunca faria isso. - falou sério. 

Juliette gritou o meu nome.

Olhei Igor mais um vez antes de andar até ela.

Cheryl Evans

Entreguei o dinheiro para o entregador e peguei a sacola com os chocolates fechando a porta. Meu coração estava disparado, minhas mãos estavam suadas e mal conseguia respirar 

Minha mãe entrou na sala mexendo no celular e com a bolsa no ombro.

Mary: Estou indo ficar com Christopher. - avisou e me encarou - O que é isso? 

Segurei mais firme a sacola.

Cheryl: Chocolates.

Mary: Você odeia chocolates. - guardou o celular na bolsa.

Cheryl: Não tanto quanto odeio quando se metem na minha vida. - forcei um sorriso - Vou para o meu quarto. - dei as costas pra ela em direção ao meu quarto temporário.

Ouvi a porta da sala bater.

Entrei no quarto e joguei a sacola na cama, tirei os chocolates e peguei a caixinha azul. Meu coração estava acelerado demais.

Se fosse verdade, eu ia realizar o maior sonho da minha vida.

Respirei fundo e andei até o banheiro.

Abri a caixinha e li as instruções, minutos depois, esperava impaciente o resultado do teste. Seis dias, são seis dias de atraso.

Seis dias.

Me encarei no espelho.

Uma listinha, sem bebê.

Duas listinha, seria mamãe.

Soltei um suspiro e peguei o teste. 

Comecei a rir vendo o resultado.

Meu coração disparou ainda mais.

Duas listinhas bem fortes estavam no pequeno bastão.

Ri de felicidade levando uma mão até a minha barriga.

Eu seria mamãe.

E Christopher papai.