Dulce Maria 

Três dias depois..

Christopher caiu ao meu lado respirando com dificuldade. Sorri beijando seu abdômen suado. Ele riu voltando a me abraçar colando nossos corpos suados.

Christopher: Três dias trancados no quarto e eu não quero sair dele nunca mais. - murmurou no meu ouvido.

Dulce: Ainda não matamos a saudade.

Nós últimos três dias ficamos reclusos no apartamento. Esquecemos um pouco do mundo lá fora e focamos apenas em nós dois, matando a saudade. Saímos da cama apenas para tomar banho e comer e ainda assim, ainda não matamos toda a saudade que tínhamos um do outro.

Christopher: Daqui a pouco vou ter que ir para o hospital. Minha consulta é depois do almoço. Não quero ir, mas sou obrigado. - alisou meu braço - Assinei um termo me comprometendo, não quero que o psiquiatra volte a me internar.

Dulce: Você vai parar de usar aquelas porcarias, não vai? - o encarei séria.

Christopher: Já faz um tempo que parei de usar. Não sou um drogado, mas estava tão transtornado que só conseguia sentir alívio com o efeito daquilo.

Dulce: Você poderia realmente ter ficado dependente daquela porcaria.

Christopher: A única coisa que sou dependente é de você meu amor. Não consigo ficar longe de você ou de viver sem você, você é meu vício pequena.

Dulce: E você o meu! - o beijei. - Amor?

Christopher: Hã?

Dulce: Por quê você e a Mary estão brigados?

Passamos os últimos três dias focados apenas em nós dois. Nem ligamos a TV ou ficamos na internet. Agora eu queria algumas respostas dele.

Christopher: Eu pedi para o Jason investigar a vida da minha família e ele me falou sobre algo que Mary escondeu a minha vida inteira.

Dulce: O quê?

Christopher: Ela foi prostituta, foi amante de Richard. Ela cuidava de mim e da Lucy na nossa antiga casa, enquanto era amante do meu pai que ainda era casado com a minha mãe.

Dulce: Caramba! - falei surpresa - A Mary?

Christopher: É. - suspirou.

Dulce: E o que ela disse?

Christopher: Eu não deixei ela falar.

Dulce: Por quê?

Christopher: Porque não quero ouvir nada dela por um bom tempo. Ela escondeu uma coisa tão séria como essa e ela sabia como eu odiava todas as amantes do Richard.

Dulce: Você precisa ouvir ela amor.

Christopher: Não.

Dulce: Chris, ela precisa se explicar e você precisa ouvir. Não condena ela sem nem ao menos ouvi-la antes.

Christopher: Ela sabia que eu odiava aquelas mulheres e ela era uma delas. Não vou falar com ela.

Dulce: Chris..

Christopher: Amor, não vou. Não consigo olhar para ela. - respirou - Ao menos me der um tempo, sim? - pediu.

Dulce: Ok. Só não deixe passar muito tempo. Ela é como sua mãe, não se esqueça disso, tá bom?

Ele me beijou.

Christopher: Te amo! - sorriu.

Dulce: Te amo..- sorri.

Ficamos na cama por mais um tempo, até a fome bater. Como nos últimos dias, fiz um almoço rápido, senti muita saudade de cozinhar, sorri preparando o almoço.

Almoçamos na cozinha mesmo, quando terminamos Christopher foi tomar uma ducha para sair e eu peguei o último pote de sorvete da geladeira, fui para a sala e liguei a TV. Era a primeira vez que ligava a TV desde que cheguei e fiquei em dúvida se colocava no jornal ou em algum filme.

Eu não queria saber do que falavam sobre mim, alguns jornais as vezes pegavam muito pesado. Por isso, decidi colocar em algum filme qualquer. Abri o pote de sorvete e me ataquei tentando prestar atenção no filme.

Um tempo depois, o sorvete estava no final quando o celular de Christopher que estava em cima da mesinha de centro começou a tocar, o nome "Cheryl" me fez ficar confusa.

O quê ela queria?

Me inclinei para pegar o celular.

Christopher: Quer que eu chame as meninas para virem aqui? - falou entrando na sala com o cabelo molhado e arrumado - Vou demorar um pouco e não quero que fique sozinha.

Me ajeitei sem pegar o celular.

Dulce: Por quê a Cheryl está te ligando?

Christopher lançou o olhar para o celular que ainda tocava.

Christopher: Ela adora me perturbar. - pegou o celular desviando a chamada - Dul, meu amor, preciso falar uma coisa importante com você. Mas não dar para falar agora, precisamos conversar e essa conversa vai ser longa.

Dulce: O quê foi?

Christopher ficou ao meu lado e segurou na minha mão.

Christopher: É muito importante. Mas prefiro falar quando voltar.

Dulce: É ruim?

Estava cansada de coisas ruins acontecendo com a gente.

Christopher: Mais ou menos.. - suspirou - Olha, quando eu voltar conversamos. Eu amo você, só você. - me beijou.

Dulce: Também te amo! - sorri.

Christopher: Quer eu chame as meninas?

Dulce: Na verdade, eu vou tirar um cochilo enquanto não volta. Estou um pouco cansada, esses últimos dias mal dormimos..- mordi os lábios.

Ele riu.

Christopher: A equipe de segurança chega amanhã, junto com o novo aplicativo de segurança, então, enquanto eu estiver fora não abra a porta para ninguém que você não se sinta confortável. Também vou exigir que não deixe ninguém conhecido ou estranho entrar ou subir sem que você fique sabendo.

Dulce: Você não vai demorar muito, não é?

Christopher: Não. Logo vou está aqui. - garantiu - Descansem! - beijou minha barriga e minha boca - Amo vocês!

Dulce: Amamos você. - sorri.

Christopher saiu do apartamento minutos depois um pouco hesitante, desliguei a TV e joguei o pote vazio de sorvete no lixo da cozinha, voltei para o quarto e cai na cama  já com os olhos pesados.

Em minutos adormeci.



[...]




Acordei com o interfone do apartamento tocando, ao mesmo tempo que o bebê se mexeu, levei minhas mãos até a barriga, o bebê demorou alguns segundos para ficar quietinho.

Sorri.

Dulce: Pode se mexer a vontade meu amor. - sussurrei levantando da cama.

Andei até a cozinha e atendi o interfone.

Dulce: Sim?

Xxx: Dona Dulce? Uma moça quer falar com a senhora, ela diz que a conhece e que tem as senhas de segurança. - reconheci a voz do porteiro que tirava os turnos de seu Nicolau.

Dulce: Qual o nome dela?

Xxx: C..

Ouvi um barulho e ele dizendo "Que isso moça?"

Cheryl: Sou eu Dulce. Libera minha entrada! Preciso falar com você. - falou com voz séria.

Dulce: O quê você quer falar?

Cheryl: É melhor dizer pessoalmente. É muito importante. Creio que ainda não saiba de nada.

Dulce: Saber de..?

Cheryl: Libera e eu conto. É importante. Envolve Christopher.

Suspirei.

Dulce: Passa pra ele! - mandei - Libera a entrada dela! - falei quando ele voltou para a ligação e desliguei.

O quê é tão importante?

Seria a mesma coisa importante que Christopher têm para me contar?

Olhei as horas no relógio da sala e percebi que cochilei por duas horas.

Bocejei.

Ainda estava com sono.

Ajeitei meu cabelo ao mesmo tempo que acampainha tocou. Olhei pelo olho mágico vendo a ruiva arrumar o cabelo, abri a porta e ela sorriu.

Cheryl: Olá noiva cadáver. É um prazer reve-lá novamente e viva.

Dulce: O quê você quer? - cruzei os braços.

Cheryl usava calça jeans e uma camisa larga, não usava saltos. E sim, tênis. Também não usava maquiagem, estava de cara limpa.

O quê é estranho, já que ela sempre andou impecável e de vermelho.

Cheryl: Não irá convidar as visitas para entrar? - levantou uma sobrancelha.

Dulce: Cheryl, não enrola. O quê é tão importante para que você precise vir até aqui? O quê Christopher têm haver?

Cheryl: Dulce, eu preciso sentar. Fiquei muito tempo em pé. Me deixe entrar. - pediu - Pelo bem do meu filho. - tocou na barriga onde a camisa colou ao corpo e pude ver a pequena barriga de grávida.

Dulce:  Você está grávida! - murmurei surpresa.

Cheryl: Sim. E você também. Somos mamães, agora posso entrar?

Me afastei da passagem e ela entrou.

Fechei a porta vendo a mesma andar até a sala e sentar no sofá.

Dulce: Está de quanto tempo?

Cheryl: Quatro. - sorriu - Você não tem visto as notícias, não é?

Dulce: Não. Mas sei que meu nome não sai dos jornais. - levei minhas mãos até a cintura - Quem é o pai do seu bebê?

Cheryl: Christopher não contou que estou grávida? Ele não falou nada?

Dulce: Não. Na verdade, não perdemos muito tempo falando.

Cheryl: Minha gravidez é de risco. Se eu não me cuidar, posso perder esse bebê e essa criança é tudo pra mim.

Dulce: Então deveria está com a sua mãe e não aqui. - cruzei os braços - O quê tem de tão importante para me contar?

Cheryl: Desde que chegou Christopher esqueceu que existo. De novo ele só tem olhos para você e agora para esse bebê de vocês, ele nem ao menos me ligou para perguntar como eu e o meu bebê estávamos depois do susto que passamos. E nem contou para você a verdade..- negou - Tive que vir até aqui para falar. Mas tudo bem.

Dulce: Como assim esqueceu que você existe? Me contar a verdade de quê?

Cheryl acariciou a barriga.

Cheryl: O pai desse bebê que está no meu ventre é o Christopher. Vamos ter um filho juntos também. - sorriu - Igual você com ele.

Ri.

Ou melhor, gargalhei.

Essa piada era ótima.

Dulce: Bela pi..ada.. - respirei fundo me acalmando.

Cheryl: Acha que é uma piada?

Dulce: Claro que é. - falei ainda rindo.

Ela negou.

Cheryl: Estou falando sério Dulce. Esse bebê aqui é do Christopher.

Parei de rir.

Dulce: Você veio até aqui pra dizer mentiras? Está colocando a vida do seu filho em risco pra quê? Que tipo de mãe você é? Por Deus! - bufei.

Cheryl: É sério Dulce. Também estou grávida de Christopher.

Dulce: Foi engraçado, mas agora você está  começando a me irritar com isso.

Cheryl se inclinou e pegou o controle da TV em cima da mesinha de centro e colocou em algum jornal.

Cheryl: Olhe você mesma. - sorriu.

Dulce: Não tenho que olhar nada. Você mente tão bem que até você se convence disso, de um absurdo desse.

Cheryl: Olha o absurdo na TV!

Bufei.

Encarei a TV rapidamente, mas voltei a olhar novamente com mais atenção lendo uma matéria e ouvindo o que uma jornalista falava.

    O multimilionário e seus dois herdeiros!

XXX: Estamos ainda todos chocados com a volta da noiva de Christopher, Dulce Maria, do mundo dos mortos junto com seu professor o médico cardiologista Igor Rickli, ainda mais chocados por ela ressurgir grávida de aparentemente de seis ou sete meses. Agora o multimilionário tem dois herdeiros a caminho, seu filho com sua noiva Dulce Maria, e seu outro filho com a influenciadora digital americana Cheryl Evans, agora fica a dúvida, com quem ele de fato irá casar e formar uma família? Sua até agora noiva? Ou a belíssima ruiva sexy?

Pisquei atordoada.

O quê?

Cheryl: Está vendo? Não estou mentindo!

Dei alguns passos para trás e cai sentada no sofá.

Meu coração acelerou e minhas mãos começaram a soar.

Dulce: Como..é possível? - a encarei sentindo um grande nó na garganta.

Cheryl deu de ombros.

Cheryl: Você sabe muito bem de onde vêm os bebês Dulce Maria. - sorriu - Chris e eu fizemos sexo, aqui nesse apartamento mesmo, ele que me chamou pra cá, disse que estava com saudades da minha boca, do meu corpo, que queria relembrar da época que ficamos juntos em Chicago, como poderia negar um pedido de um homem como ele? - riu. - E nem foi por causa do meu trabalho, ele não me pagou para ter sexo. Ele só me queria e me teve.

Senti vontade de vomitar.

Cheryl: Devo dizer que foi muito gostoso. Tão gostoso que ele nem quis camisinha. Fizemos sexo a noite inteira, ele estava com tantas saudades de mim que acabei deixando sem preservativo. Ele sussurrava a cada segundo o quanto sentia a minha falta e...

Dulce: Já chega! - falei baixo.

Cheryl: A nossa linda noite de paixão, resultou no nosso filhinho. Também, se eu não engravidasse naquela noite, eu só podia ter algum pro..

Dulce: EU DISSE CHEGA! - gritei a assustando - Cala a boca! - mandei com voz falha - Cala a boca! - murmurei deixando as lágrimas descerem.

Cheryl: Eu não sei porque ele não contou logo. Mas tudo bem. Eu contei.

Olhei para a barriga pequena dela.

Christopher tinha dormido com ela.

Christopher a engravidou.

Ele tinha um bebê com ela.

Ele tinha um filho com ela.

Um filho.

Minha cabeça girava e girava.

Ouvimos a porta da frente se abrir e em segundos Christopher entrou na sala se assustando vendo Cheryl.

Dulce: Chegou o papai de dois bebês. - falei deixando as lágrimas caírem livres.

Aiii Christopher, por quê não falou logo?

A ruiva contou e falou um monte de mentiras.

Quem quer matar o Christopher? E matar ainda mais essa ruiva?

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