Fanfic: Almas Opostas - Vondy | Tema: Vondy

 Dulce Maria

Era a primeira vez desde que voltei que ia sair do apartamento. Richard tinha chegado ao Rio hoje mais cedo e preferiu marcar um almoço, claro, com insistência de Julie que ia voltar amanhã para a Inglaterra para terminar o ensino médio, ela tinha perdido muitos dias de aula e se continuasse assim, poderia correr o risco de perder novamente o ano.

Richard ainda não sabia que tinha outra filha, as irmãs Uckermann preferiram não contar nada, até porquê essa notícia tinha que ser revelada pessoalmente. O almoço aconteceria no restaurante do mais famoso hotel da cidade, o Copacabana Palace, onde ele estava hospedado.

Christopher não queria se encontrar com o pai, não depois de tudo o que aconteceu no último encontro deles, onde ocorreu uma cena tão nojenta que prefiro esquecer, não sou de guardar mágoa ou raiva de ninguém, perdoei Richard faz muito tempo, quando ainda estava na ilha e não podia fazer outra coisa que não fosse pensar sobre minha vida e rever meus atos, ações e meus sentimentos.

Eu quase morri.

Duas vezes.

O avião e a explosão.

Isso faz a gente pensar muito sobre a nossa vida, nossos sonhos, nossas escolhas e prioridades. Ainda mais quando têm alguém querendo matar você e dois bebês inocentes.

Christopher: O quê está pensando? - falou no meu ouvindo e me encarou no espelho.

Inspirei seu perfume gostoso.

Por quê aquele homem era tão cheiroso?

Estávamos no closet de frente para o enorme espelho.

Dulce: Que deveria perdoar seu pai e a Mary. - voltei ao assunto que tocávamos nossos últimos dias. - Meu amor, você a ignora à semanas. Ela errou e você não a escuta, ela tem o direito de se explicar.

Christopher: Eu já tenho que aturar Richard hoje..

Virei e com as minhas duas mãos segurei em seu rosto.

Dulce: Quero que fale com a Mary logo. Você a ama, mesmo magoado, você a ama e vocês dois são como mãe e filho, deixe que ela explique tudo, você pode não perdoa-lá no primeiro momento, mas irá perdoa-lá. Você é o garotinho dela, e ela é sua segunda mãe. Não deixe que esse sentimento tão bonito que vocês dois têm um pelo outro acabe.

Christopher respirou fundo e assentiu.

Christopher: Vou falar com ela. Mas vou falar por sua causa. Por você. - deixou claro - Faço qualquer por você. Qualquer coisa meu amor. - beijou minha testa.

Sorri.

Dulce: Amo você! - sussurrei.

Christopher: Eu que amo você. Amo vocês dois. - tocou na minha barriga - O bebê estava tão agitado ontem a noite. Está tudo bem? - perguntou pela décima vez naquele final de manhã.

Dulce: Tudo ótimo! - sorri - O bebê está crescendo. Está ficando pequeno aqui dentro. - toquei nas mãos nele sobre minha barriga.

Christopher: Não vejo a hora de chegar o dia da sua consulta.

Dulce: Só mais dois dias e vamos ver o bebê com a Elizabeth. Ela está muito animada, assim como todos os nossos amigos, estou realmente feliz por todos já amarem nosso bebê.

Nós últimos dias tenho recebido muitas ligações pelo telefone do apartamento, os nossos amigos não paravam de perguntar se eu e o bebê estávamos bem, se precisávamos de alguma coisa, se eu queria comer algo específico, eu estava adorando toda aquela atenção, mais eu já tinha tudo o que queria: Christopher.

E ele fazia todas as minhas vontades, desejos e principalmente, não se desgrudava de mim. Iamos precisar de muito tempo para desgrudar um pouquinho no futuro, mas por agora, todo o nosso grude era tudo o que queríamos.

Ficamos muito tempo separados e ele sofreu tanto, muito mais do que eu. Olhar para as cicatrizes em seus pulsos me dava vontade de chorar, por pouco ele não estaria mais aqui, ele chorou, ele sofreu minha morte e eu não pude fazer nada para mudar isso.

Mas agora estávamos juntos novamente e toda a dor que existia antes sumiu, e principalmente, ninguém irá poder nós separar novamente.

Ninguém!

Christopher: Nosso bebê é muito amado. Principalmente por mim. Ele ou ela, junto com você é minha vida. - beijou suavemente meus lábios - E se puxar a beleza da mãe, será o bebê mais sortudo do mundo. - ri - Está linda meu amor. - voltou a beijar meus lábios. - Muito linda.

Usava apenas um vestido soltinho branco e botas preta sem salto. Meu cabelo estava amarrado num grande "rabo de cavalo" e usava um par de brincos que Christopher tinha me dado à muito tempo.

Dulce: Você que é o lindo, cheiroso e gostoso por aqui. - coloquei meus braços em volta de seus ombros - Uma miniatura sua seria perfeito! - sorri.

Christopher: Não. Uma mini Dulce que seria perfeito. Mas se for menino, vai ser perfeito do mesmo jeito. O bebê é parte seu, parte meu, isso já é..

Dulce: Perfeito! - completei dando um longo selinho nele - Amo você! Mas precisamos ir. As meninas já devem está chegando no hotel.

Christopher: Ainda não caiu realmente a ficha que sua irmã é minha irmã. Isso é..- o interrompi.

Dulce: Estranho e..- ele me interrompeu.

Christopher: Bom, maravilhoso e vários outros adjetivos. Temos a honra de ser irmãos dela. - sorriu me puxando mais pra si - Com isso, só mostra que você tinha que entrar na minha vida de qualquer jeito, que tinha quer ser minha, que tínhamos que ter um bebê. Somos feitos um para o outro pequena.

Dulce: Nunca tive duvidas quanto à isso Chris. Você era meu mesmo que não tínhamos consciência disso. Assim como eu sempre fui sua..- sorri dando um leve selinho nele, mas ele aproveitou para me beijar de verdade.

Nós entregamos à aquele beijo como acontecia todas as vezes. O quê tínhamos era tão raro e especial, que me atrevia dizer que tínhamos muita sorte de Deus ter nós escolhido para sermos almas gêmeas.

Christopher: Amo você...- falou largando minha boca.

Dulce: Amo você...- repeti com a voz rouca.

Ele beijou minha testa e me abraçou.

 

[...]

 

Da porta do apartamento(no corredor) ficava um segurança, no hall do prédio ficava três outros seguranças(uma mulher era um deles), na garagem do prédio tinha mais três, um deles pegou o carro e a única mulher dali, nos acompanhou junto com o segurança que dirigia até o hotel.

Atrás do carro, seguia outro carro com mais seguranças. Me sentia igual aqueles filmes  que passam no final de tarde na TV, como o filme: a filha do presidente (dos Estados Unidos), super protegida, ainda mais quando o painel de segurança do apartamento foi trocado e apenas Christopher e eu sabemos das senhas, já que o aplicativo mudou.

O segurança/motorista dirigia em silêncio com atenção no trânsito. E a mulher de nome Sidney, morena, alta e super intimidante, olhava as ruas com uma cara muito séria. Ela tem trinta e dois anos e nunca sorria. Assim como toda a equipe de segurança.

Li cada uma das fichas deles, Sidney é divorciada, tem um filho de treze anos, é ex agente do FBI, luta cinco diferentes tipos de artes marciais, ex professora de tiro, é novaiorquina, fala quatro idiomas, incluindo português e várias outros adjetivos na ficha.

Os outros também são extremamente treianados, ex combatentes de guerra, ex agentes, ex fuzileiros e muitas outras coisas. Me sentia também naqueles filmes de ação tensos, com tanta gente preparada.

Christopher apertou minha mão por cima de sua coxa chamando minha atenção.

Sorri.

Pouquíssimos minutos depois, o carro parava em frente ao hotel mais caro da cidade, o prédio onde morávamos ficava tão perto do hotel que poderíamos ter vindo andando, mas Christopher cuidava tanto da minha segurança que preferiu não arriscar.

Sidney abriu a porta e nós acompanhou para dentro. De mãos dadas, Christopher e eu seguiamos em direção do restaurante observando o movimento do hotel. Sidney nos acompanhava mais atrás. 

Confesso que era estranho demais ter uma sombra atrás de mim. Sidney me acompanharia para tudo fora do apartamento, principalmente banheiro. E ela nunca falava nada. A primeira e última vez que a ouvi falar, foi quando Christopher nos apresentou e ela me chamou de senhora. 

É um prazer senhora! 

Tudo o que ela disse.

Dulce: Como acha que seu pai vai reagir? - perguntei observando ao longe Richard conversar com uma garçonete já na mesa.

Julie e Brayan foram os primeiros a chegar, faltava Lucy e Zoraida. Julie tinha uma expressão assassina olhando para o próprio pai e Brayan tomava uma bebida mexendo no celular.

Christopher: Sei que ele irá assumi-lá, mas precisamos de algumas respostas. Como ele nunca soube que tinha uma filha?

Dulce: Acha que ele irá tratar mal a Zora? - perguntei um pouco hesitante.

Por alguma razão se ele tratar mal a minha irmã, eu não vou conseguir ficar quieta. E meus hormônios estão loucos, então, se acontecer isso, é muito provável que termine esse almoço com Richard Uckermann engasgado com uma colher.

Christopher: Ele é nojento com as mulheres, como infelizmente você teve que presenciar - falou e a raiva era nítida - Mas ele nunca foi igual Alexandra. Fique tranquila amor, nossa irmã vai ser muito bem tratada. Eu garanto isso. - apertou minha mão.

Julie desviou os olhos do pai e olhou para a entrada, quando nós viu aproximar pude ver seus olhos brilharem e o grande sorriso nós lábios aparecer. Minha cunhada sempre foi linda, mas nesses últimos meses ela ficou ainda mais. O brilho dos olhos que tinha se apagado com a perda do bebê, voltou, ela tinha superado um momento triste e muito dificil, Hilary Julie Cassilas Von Uckermann era sem sombra de dúvidas uma garota extremamente forte.

Quero muito que meu bebê puxe pelos menos um pouco a titia maluquinha. 

Richard parou de falar com a garçonete e nos encarou. Sua expressão mudou ao olhar Christopher, que já não estava com uma cara muito boa. Nós aproximamos da mesa, não sem antes sermos parados pelo Hostess.

Julie: Aiiii está tão linda! - levantou num pulo me abraçando apertado - Estava com saudades cunhadinha! - beijou meu rosto - E o meu sobrinho? - tocou na minha barriga.

Dulce: Fazendo festa aqui dentro. - sorri.

Brayan: Oiii Dul! - me abraçou - Está linda!

Dulce: Obrigada. Você está bem?

Brayan: Melhor que nunca. - piscou - Christopher, precisamos conversar depois. - avisou.

Julie: Você prometeu que não falaria de trabalho. - reclamou olhando pra ele enquanto era abraçada pelo irmão.

Christopher: Tente administrar uma multinacional que fatura bilhões por ano. - beijou a testa da caçula - Não se preocupe, fiquei muito tempo afastado e ele cuidou de tudo, não irá mas ter tanto peso sobre ele. 

Julie apenas sorriu.

Richard fingiu uma tosse.

Christopher afastou a cadeira para que eu sentasse ao lado de Julie, ele ficou ao meu lado e ao lado dele Brayan. A mesa era grande, para oito pessoas. Richard não disfarçava o olhar na minha barriga.

Richad: É homem? - perguntou.

Christopher: Não te interessa! - respondeu grosseiro e encarou a garçonete - Me ver uma água normal e outra com gás por favor.

Ela assentiu se retirando.

Christopher: Faz meia hora que você não se hidrata, precisa tomar tomar pelo menos três litros de água e só tomou um até agora. - falou segurando na minha mão.

Sorri.

Era tanto cuidado! Tanto amor!

Richard: Vai me ignorar mesmo, Christopher? Desde que eu soube da sua tentativa de suicídio pela sua mãe, tenho ligado para você, mas você ignora. - falou sério.

Christopher: Só para lembra-lo que estamos na mesma mesa, porque é uma necessidade. - encarou Richard irritado - Se não fosse isso, você estaria bem longe da minha mulher e de mim.

Julie: Chris..- ele a interrompeu.

Christopher: O quê ele fez não tem perdão! Humilhou e assédio a Dulce, coisa que não deve acontecer com mulher nenhuma, muito menos com a minha. - a voz era carregada de raiva - Eu poderia ter te colocado na cadeia, mas sei que um dia, se continuar desse jeito doente tratando as mulheres dessa forma, uma delas vai te colocar e eu não vou fazer absolutamente nada. Lugar de assediador, estuprador, assassino e ladrão é no inferno! - praticamente gritou na cara do pai chamando atenção de alguma pessoas em volta da mesa - A minha raiva por você só aumenta, ainda mais das coisas que soube do seu passado.

Ele se referia a Mary.

Julie: Christ..

Richard: Tudo bem Julie. Seu irmão está certo. - assentiu baixando os olhos - Você nunca me deu a oportunidade de pedir desculpas. - voltou a encarar o filho e depois pra mim - Eu venho tratado as mulheres dessa forma à muitos anos e me acostumei com isso, mas só depois do que aconteceu no apartamento, percebi que...não passo de um nojento, mulher nenhuma deve passar por isso e...me desculpa - me encarou nos olhos - Eu humilhei, desrespeitei você e o meu filho, não posso mudar o que eu fiz, mas posso mudar minha conduta em relação à todas as mulheres, não apenas você que é minha nora, que vai me dar meu segundo neto, mais um sangue Uckermann no mundo. 

Julie: Segundo neto?

Richard: Seu bebê era meu neto, não?

Julie assentiu devagar pensativa.

Brayan tocou no ombro dela.

Christopher: Palavras bonitas, que ninguém liga. - bufou.

Apertei a mão de Christopher.

A garçonete voltou com uma bandeja com as águas e colocou em nossas taças, em seguida, se retirou.

Dulce: Eu te perdoei Richard. A muito tempo, não guardo raiva ou mágoa. - falei séria chamando atenção de todos na mesa - Mas perdoar não significa esquecer, e eu espero mesmo que você mude. Só você e eu sabemos o que aconteceu, pense se fosse Julie ou Lucy no meu lugar? Sentiria bem sabendo que elas estavam sendo assediadas? Eu poderia muito bem ser sua filha, tenho idade para isso. Só não te denunciei porque já bastava de problemas nas nossas vidas, mas se isso acontecer de novo, seja comigo ou que eu veja você fazendo a mesma coisa que fez comigo com outra mulher, eu juro...deixo seu filho fazer o quê quiser com você. 

Richard: Não irá acontecer. Decidi tentar mudar. Aprendi a lição. Christopher e eu já não tínhamos uma relação boa, agora..

Christopher: Nunca vamos ter. - deixou claro

Julie: O quê quis dizer com as coisas que soube do passado dele?

Richard suspirou.

Richard: São besteiras. Fácil de ser resolvidas. - encarou o filho.

Christopher negou.

Julie: O quê estão me escondendo? - cruzou os braços.

Tomei minha água observando pai e filho conversando pelo olhar. Se olhar matasse, Richard Uckermann já estava morto.

Brayan: Seja o que for, não é assunto para esse almoço. - falou quando leu algo no celular - Lucy está estacionando o carro. - avisou.

Richard: Só peço desculpas e para provar que estou arrependido, estou mudando. Me desculpa Dulce, você é a mulher que vai trazer mais um sangue meu ao mundo, mesmo que não trouxesse, tanto você quanto qualquer mulher merece respeito.

Christopher: Acabou? - perguntou com desdém.

Dulce: Christopher! - toquei no ombro dele.

Richard: Sim Christopher. - analisou o filho - Pelo que vejo está bem, fico feliz, mesmo que não acredite. - me encarou - Julie me contou sobre o que de fato aconteceu com você, é surpreendente toda essa história, daria um belo filme. 

Dulce: O pesadelo ainda não acabou. Ainda estão procurando quem quer me matar. 

Christopher: Vamos achar essa pessoa. 

Richard: É mais fácil me matarem, do que matar você. Christopher sabe como proteger quem ama. - comentou. - Sei que não precisam, mas se quiserem ajuda para isso, é só pedir. Agora não é só sua vida que corre risco, do meu neto também. - encarou minha barriga e o brilho dos olhos dele quase me cegou - Essa criança tem que nascer com saúde e com segurança. 

Christopher: Nosso filho irá nascer. - tocou na minha barriga - E não precisamos de nada que venha de você.

Brayan: Talvez queira proteger ainda mais Cheryl, ela também está grávida, uma gravidez de risco e já atropelaram ela duas vezes. - falou para Richard.

Christopher: Ela e o bebê estão tão seguros, quanto Dulce. - rebateu - Não preciso de nada que venha de você. - encarou o pai.

Richard: Engravidou duas mulheres quase ao mesmo tempo, só mostra o quanto é fértil, mas tem certeza que esse filho da ruiva é um Uckermann? - perguntou sério.

Christopher: Não vamos tocar nesse assunto. Eu cometi um erro. Que teve consequências. Ponto final.

Julie: Você está bem em relação à isso? - sussurrou no meu ouvido.

Dulce: Não totalmente. Mas se for comprovado que seu irmão é o pai no segundo exame de DNA que irá fazer quando o bebê nascer, vou amar o bebê tanto quanto amo seu irmão. 

Ela sorriu.

Richard: Certo. Qual é o motivo do almoço? Por quê precisavam falar comigo com tanta urgência assim?

Julie: Vamos esperar Lucy. Ela está trazendo uma pessoa que você precisa conhecer.

Brayan: Elas estão entrando! - apontou para a porta do restaurante.

Richard se virou em direção da porta para encarar a filha mais velha.

Richard: Já não era ma...- parou de falar arregalando os olhos - Meu Deus! - murmurou em choque - Como é possivel?

Julie: O quê? - virou na mesma direção.

Fiz a mesma coisa encontrando Lucy, Zoraida e Eddy se aproximando da mesa. Sidney e os outros seguranças estavam na entrada do restaurante no aguardo.

Richard: Aquela mulher é a cópia da minha falecida mãe - apontou ainda em choque para Zoraida que olhava pra ele.

Julie: Parabéns! Você tem mais uma filha, mais uma Uckermann no mundo. - revelou.

Richard piscou incrédulo.