Fanfic: Almas Opostas - Vondy | Tema: Vondy

Dulce Maria

Depois do almoço no Palace Christopher e eu voltamos para o apartamento, Zora foi fazer um teste na agência de Vivian, Eddy voltou para o trabalho, Lucy foi se encontrar com uma amiga, Julie e Brayan tinham um compromisso, mas à noite iam jantar na cobertura. No dia seguinte, eles estariam partindo para Inglaterra.

Richard continuou no hotel já que estava hospedado lá. Mas deixou bem claro que agora que Zoraida é filha dele, não ia perder contato com ela. E que queria muito que Zoraida tivesse o sobrenome Uckermann na certidão. Ela não falou muito, mas disse que ia pensar. Minha irmã ainda estava arisca com ele.

Christopher: Deveríamos começar a pensar sobre as coisas do bebê. - falou enquanto entrávamos de mãos dadas no hall do prédio - Vou contratar alguém para fazer o design do quarto do nosso filho, o quê você acha se for menino ter a decoração de carros?

Dulce: Nada de super-herói? - ri.

Christopher: Não. Vou deixar o nosso filho decidir qual super-herói irá gostar. - beijou meu rosto - Não vejo a hora dessa consulta pequena. Ver o nosso bebê é tudo que quero.

Ia responder, mais uma mulher levantando do sofá e se aproximando de nós dois chamou minha atenção. Mary caminhava hesitante. Christopher que tinha uma expressão tranquila, ficou sério no segundo seguinte.

Christopher: O quê faz aqui?

Mary: Precisamos conversar. - pediu.

Christopher: Eu não tenho que..

Dulce: Amor...o quê conversamos? - o lembrei.

Ele suspirou.

Christopher: Ok. - murmurou.

Me puxando gentilmente nós levou para o elevador, Mary nos seguiu, entramos nele e ele colocou as senhas, as portas se fecharam e começamos a subir.

Christopher: Como está Cheryl? - perguntou me apertando em seus braços.

Mary: Bem. Está seguindo as recomendações médica, o bebê é prioridade agora. Agora ela se sente mais segura com toda aquela segurança que colocou no prédio. - deu um meio sorriso - E você Dulce? Está bem?

Dulce: Sim.

Mary: Cheryl nunca devia ter vindo aqui e ter falado sobre o bebê. E algumas mentiras que eu sei que a minha filha inventa, ela mente desde de criança.

Christopher: Não é só ela que mente pelo visto..- murmurou.

Dulce: Christopher..- o repreendi.

Mary: Tudo bem! Não é só ela que mente e que quebra promessas, não é?

Christopher não respondeu.

Quando entramos no apartamento, eu já fui tirando meus sapatos. Passei meses descalça, meio que me acostumei a andar sentindo meus pés livres.

Dulce: Vou para o quarto, assim vocês podem conversar a vontade. - avisei começando a me afastar.

Christopher: Não. Você vai ficar! - segurou no meu braço - Não tem nada que você não possa escutar.

Dulce: Chris..

Christopher: Fique. Por favor! - pediu.

Mary: Fique Dulce. Assim eu posso tirar a imagem errada que você também tem de mim. - suspirou deixando a bolsa no sofá e se jogando nele em seguida.

Dulce: Tá bom! Mas eu não tenho nenhuma imagem errada sobre você Mary. Muito menos estou pensando mal. Você teve seus motivos para esconder algo tão importante quanto isso dele. - falei ficando no outro sofá.

Os sofá da sala eram novos, tom creme, Christopher doou os antigos depois que eu descobri...enfim, o modelo é maior e muito mais confortável. E claro, ficou perfeito com a decoração do apartamento. Christopher ficou ao meu lado me puxando para um abraço, coloquei minha cabeça em seu tórax sentindo os lábios macios dele na minha testa, sorri com o carinho.

Christopher: Fale! - mandou.

Mary: Desculpa ter escondido isso por muito tempo. Ter sido prostituta e ter tido um caso com o seu pai, não é algo que eu goste de comentar. - começou a falar em tom baixo - Comecei essa vida era muito nova, uma adolescente e não foi por quê eu quis. Vivia numa extrema pobreza Christopher...- balançou - Os Uckermann nunca irão saber ou entender sobre isso. - forçou um sorriso - Era muito nova quando engravidei de um dos meus..clientes, só sabia o primeiro nome dele e nunca mais o vi, tive Cheryl e continuei nessa vida, Cheryl tinha um ano quando conheci Richard num hotel, estava saindo depois de um programa quando esbarrei nele e resumindo, tivemos um caso por muito tempo, e sim, ele era casado com a sua mãe, não a conhecia ainda na época, mesmo sabendo que era casado, continuei tendo esse caso com ele.

Christopher: Que lindo..- falou irônico.

Mary negou.

Mary: Ele pediu para que eu fosse exclusiva dele, alugou um apartamento digno pra mim, pagou todas as minhas dívidas e até pagou todo o tratamento de câncer da minha mãe na época, colocou Cheryl numa creche boa, encheu a geladeira e a dispensa de comida e...sabe por quê eu quis ser amante do seu pai..? - os olhos encheram de lágrimas e a voz embargou - Porque pela primeira vez na minha vida, eu estava sendo cuidada, estava sendo tratada dignamente, desde dos meus sete anos eu trabalhava para passar fome Christopher...- negou - Nunca tive nada na minha vida, nada, mesmo tendo que ser amante do seu pai, era um preço tão pequeno a pagar pela vida confortável, pelo cuidado e atenção que eu e minha filha estávamos recebendo.

Christopher: Você nunca contou essa parte da sua vida..- falou baixo.

Mary: Por quê eu preferia esquecer. - respondeu limpando o rosto das lágrimas que caíram - A vida que eu tive desde que nasci, até quando conheci seu pai e ele mudou minha vida, eu quis apagar da memória. - respirou fundo - Um tempo depois, minha mãe morreu e seu pai se mostrou pela primeira vez que apesar de tudo, o jeito de playboy, arrogante e mulherengo, era um bom amigo, ficou do meu lado e cuidou ainda mais de mim. Foi aí que apesar de amar toda aquela atenção e cuidado comigo e com a minha filha, eu estava ajudando ele se afastar da família dele. Quando pedi pra terminamos o que tínhamos.

Christopher: Ele viveu com você e Cheryl como se fossem uma família? - perguntou surpreso. - Ele era apaixonado por você?

Mary: Por um tempo vivemos como uma família, quando terminei nosso caso, e não, ele nunca foi apaixonado por mim. Richard sempre foi muito mulherengo, mesmo que ele tenha gostado de mim, não mudou nada. Ele me deixou com uma vida confortável por um tempo e não nós víamos mais, foi quando o dinheiro começou a acabar e eu não conseguia emprego, tive que voltar para a vida que levava, uma noite um antigo cafetão queria roubar todo o dinheiro que eu tinha conseguido da noite e queria me violentar, a única coisa que pude fazer foi me defender, peguei a arma que ele tinha e atirei nele..

Christopher: Você foi presa...

Mary: Sim. Minha única alternativa foi ligar para o seu pai e pedir ajuda. Richard me ajudou, contratou o melhor advogado e eu fiquei apenas uma noite presa, no dia seguinte estava solta.

Dulce: O cafetão morreu? - me incolhi ainda mais nos braços de Christopher.

Mary: Não. Ele também não quis prestar queixa, Richard o ameaçou, dessa forma, não tinha como eu responder na justiça e com dinheiro, tudo se resolveu. Depois disso, Richard pediu para que eu não voltasse para a vida de antes, mas eu não queria voltar a ser a amante dele, então, propôs que eu trabalhasse para ele, ia cuidar dos dois filhos pequenos dele, Christopher tinha cinco anos e Lucy tinha quase a mesma idade da Cheryl na época, era um bebê. - sorriu - No começo eu não quis, mas ele me contou que não parava nenhuma babá na casa dele e que a esposa só sabia viajar e gastar dinheiro, que não se importava com os dois filhos tão pequenos, eu ia ficar sozinha na casa Uckermann com as crianças, ia ganhar muito bem e Cheryl poderia ficar perto de mim, foi quando eu aceitei a proposta, mas com uma condição...nunca mais íamos nos envolver de novo e que ninguém ia saber que fui prostituta e amante dele.

Christopher: Vocês voltaram a ter um caso na casa da minha mãe? Uma recaída? Um beijo..? - insistiu.

Mary negou.

Mary: Não. Nunca mais tivemos algo. A partir do momento que entrei naquela casa e olhei pra você...- sorriu - Tão pequeno, de pijama e com os olhos implorando por atenção, não tive outro papel na vida de Richard se não fosse a babá de seus filhos. - garantiu - Você era tão pequeno, tão carente, Lucy era um bebê e precisava de mais cuidados, amei e amo vocês, Julie também, como se fossem meus. Você era um menino tão doce, adorava dormir no meu colo, eu cantava para você...meu menino...- falou nostálgica deixando uma lágrima cair. - Desculpe não ter falado antes a verdade, desculpe ter escondido isso de você, mas eu juro Christopher, pela vida do meu neto que nunca mais tive algo com Richard depois que entrei nas vidas de vocês. Eu juro. Precisa acreditar em mim.

Christopher: Eu acredito! Desculpe não ter ouvido antes e de todas as ofensas, você é como minha mãe. Ou melhor dizendo, você é minha mãe. Se eu sou quem sou hoje, é por sua causa, sua educação, seus ensinamentos, seu amor, seu cuidado, tudo.. foi você mà. - levantou e caminhou até ela.

Mary também levantou.

Mary: Faz muito tempo que não me chama assim..- riu.

Christopher: Eu te amo Mà! - a abraçou - Desculpa! Eu deveria ter te ouvido.

Mary fechou os olhos abraçando Christopher.

Sorri olhando a cena.

Mary: Meu menino...- suspirou - Eu que te amo! Foi horrível todo esse tempo sem falar com você.

Christopher: Senti sua falta...apesar de dizer que não. Desculpe ter quebrado a promessa que te fiz. - a encarou - Eu realmente nunca deveria ter me envolvido com a Cheryl. - negou - Desculpe!

Mary: Tudo bem! Já passou! Agora temos que olhar pra frente. - sorriu.

Dulce: Cheryl sabe do seu passado?

Mary: Ela descobriu já tem um bom tempo que eu era amante de Richard e descobriu junto com Christopher sobre a prostituição. Tive que falar tudo pra ela, deixar claro as coisas. Ela me confessou que segue o mesmo caminho que eu segui no passado. Mas a grande diferença é que eu era por necessidade e Cheryl é por luxo. - negou. - Ela joga na minha cara que nunca conheceu o pai, que por culpa minha, ela não passa de mais uma órfã, no fundo ela tem razão. Nem lembro do rosto do homem que a concebeu. - deu de ombros - No fundo, ela deve ser assim porque nunca teve um pai e para me redimir com vocês três, Lucy, Julie e você..- encarou Chris - Pela história com Richard, dei tudo de mim para vocês e ela...tem raiva disso.

Dulce: Não justifica. Desculpe Mary, mas sua filha é assim por opção. Ela só é órfã do pai, mas tem você, a mãe. Mesmo que você tenha errado com ela no passado, você sempre foi a mãe dela e sempre esteve por ela. Nada justifica ela ser má e tratar você mal ou jogar o passado na sua cara, eu sou órfã de pai e mãe, nunca tive ninguém para me proteger, cuidar e educar, meus pais me abandonaram e nem por isso, tenho raiva deles ou desejo o mal deles.

Mary: Mas você é um anjo Dul..- sorriu - Você é muito especial. Minha filha, está mais para um..demônio. Ela sempre invejou Lucy e Julie, já se passou por uma Uckermann, já disse que eu era a babá dela também e...eu não sei mas o quê faço, sempre tentei mudar isso dela, mas ela nunca mudou. Minha única esperança é que esse bebê que está à caminho, mude ela, que a maternidade a ajude à crescer, a se colocar no meu lugar e...podermos começar de novo.

Dulce: Um bebê nós faz mudar muito..- suspirei - Eu torço para que ela mude, de verdade. Por bem dela e dessa criança.

Christopher: A única coisa que eu sei, é que o bebê têm a melhor vovó do mundo. - sorriu.

Mary: Você também vai ser um pai incrível querido. - tocou no rosto dele.

Christopher: Mary, minha mãe soube do envolvimento de vocês?

Mary: Sim. Na época que eu era amante de Richard, ela sabia que eu existia mas nunca me conheceu, mas quando ela soube que eu, a babá dos filhos dela, foi a amante do marido dela, ela me expulsou, me bateu, me humilhou..- respirou fundo - Você não lembra, mas eu fiquei alguns dias longe afastada de você e da sua irmã, Richard que obrigou Alexandra me aceitar de volta e nunca mais tocar no assunto, você até ficou doente porque sentia a minha falta..

Christopher: Não lembro mesmo.

Mary: Você era muito pequeno. Até hoje não sei o que ele fez para que ela me aceitasse obrigada, mas acho que ele a ameaçou de cortar os luxos dela na época, com o tempo, ela se acostumou comigo mas continua me odiando. E no fundo, com razão. Fui amante do marido dela. Qual mulher gosta disso?

Christopher: Acho que nessa história todo mundo tem culpa, então, não ache que é a única. Eu te amo Mary! - voltou abraça-la - Obrigado por ter cuidado de mim e das minhas irmãs tão bem.

Mary: Obrigada por me perdoar. Te amo muito querido! - sorriu.

Sorri e toquei na minha barriga.