Fanfic: Almas Opostas - Vondy | Tema: Vondy

Dulce Maria

Dulce: Bom dia minha filha! - sussurrei sem antes mesmo de abrir os olhos sentindo ela se mexer. Demorou alguns segundos para que ela ficasse quietinha.

Ela me acordava todas as manhãs no mesmo horário, sempre agitada. Era incrível. Sempre no mesmo horário. Desconfio que seja para ir correndo para a geladeira. Nesses últimos dias minha fome triplicou, a cada meia hora eu tinha que está mastigando algo.

Abri os olhos e a primeira coisa que notei foi que estava sozinha na cama e no quarto. Sem nenhum sinal de Christopher. Bocejei e observei o celular dele em cima da cômoda, peguei o aparelho me certificando da hora.

Sorri.

10:20 da manhã!

Como sempre!

Levantei da cama e segui em direção ao banheiro, fiz minha higiene matinal e coloquei uma das poucas roupas que ainda cabiam em mim. Eu precisa de roupas novas, era por isso que Lucy ia vir até aqui mais tarde para fazermos compras. Foi um pouco difícil fazer Christopher entender que eu estaria segura fora do apartamento, mesmo com todo a equipe de segurança, mas Lucy o convenceu. Ajeitei meu cabelo e sai do quarto atrás de Christopher. Mas assim que entrei na sala, paralisei vendo a quantidade de coisas espalhados por toda a sala, pelos sofás, chão e mesinhas, seguindo caminho em direção até mesmo à cozinha.

Eram caixas e mais caixas de uma loja infantil, com brinquedos, muitos brinquedos(bonecas,barbies, uma casa de boneca gigante, um carro de controle remoto cor de rosa gigante) roupas, sapatos, fraldas, vários ursos desde pequenos e grandes, tinha umas sete araras com vários vestidinhos pendurados de diversos tamanhos, tinha três banheiras grandes cor rosa, roxo e branco no tapete ao lado dos sofás, tinha dois carrinhos de bebê, três bebê conforto e tinha até uma piscina de cor rosa inflável.

Levei as mãos até a boca assustada.

Christopher levava um rapaz uniformizado até a porta.

Christopher: Obrigado! - agradeceu e fechou a porta, quando se virou me notou na entrada da sala - Não acredito que já acordou, ia levar o seu café na cama meu amor..- se aproximou em passos rápidos - Que horas são? Já é as dez...? - perguntou tocando no meu cabelo e beijando minha testa.

Dulce: Christopher...o quê é isso? - perguntei assustada.

Ele riu.

Christopher: Uma surpresa! Gostou..? - falou levantando minha blusa e se inclinando dando um longo beijo na barriga - Bom dia minha princesa, o papai comprou muitos presentes para você - acariciou minha barriga e deu mais um beijo antes de levantar - Dormiu bem pequena? - me deu um selinho.

Dulce: Christopher...você comprou a loja inteira - me aproximei de uma das caixas abertas vendo mais roupinhas.

Christopher: Está chetadeada por quê comprei sem você, não é? - falou percebendo meu tom zangado - Queria fazer uma surpresa pra você meu amor, desculpa, achei que fosse gostar. - me abraçou apertado - Queria muito fazer uma surpresa e desde de ontem que descobrimos que é uma menina, não paro de pensar em vestidos, laços, tiara, bonecas, não consegui dormir de tão animado, passei a madrugada comprando as coisas da nossa menina, pensando em como você ficaria feliz em ver, mas se não gostou, eu compro mais e ainda falta mais coisas e...

Dulce: Chris, falta o quê? Você comprou a loja inteira meu amor. Comprou até roupa para quando ela tiver sete anos.. - ri agoniada - Comprou brinquedos que nossa filha não irá brincar tão cedo.

Eu sabia que ele estava elétrico desde que soubemos que é uma menina, eu também estava, assim que deixamos o hospital depois que realizei todos os exames, Christopher anunciou para todos os nossos amigos que era pai de uma menina, ele não parou de tocar e falar com a minha barriga, em resposta, nossa menina se mexia bem agitada.

Christopher: Exagerei um pouco? Talvez..

Dulce: Talvez? - ri olhando ao redor - Tudo bem. Você se animou demais, tudo bem, mas chega, sim? Você comprou o enxoval dela pra vida toda.

Christopher: Falta o berço, o quarto, vou chamar uma especialista - avisou.

Sorrindo, peguei um pequeno ursinho na mesinha de centro.

Dulce: Chris, amei a surpresa, apesar desse exagero. - apontei com a cabeça para um urso gigante de cor branco, o carro rosa de controle remoto e a casa de boneca - Sei que Lucy e Julie provavelmente tiveram tudo isso aqui enquanto ainda nem estavam nascidas, e que você está acostumado até tudo, afinal, os Uckermann tem a metade do dinheiro do mundo, e não estou falando que é errado, você deve sim mimar sua filha e fazer algumas vontades dela, mas ela também é minha filha e isso é um exagero. Minha filha não vai ser mais uma mimada arrogante com papai rico, entende? Ela vai ter limites. Você comprou brinquedos que ela não irá brincar tão cedo, enquanto isso, tem crianças que nunca ganharam uma bola de futebol.

Christopher suspirou.

Christopher: Vai doar todos os brinquedos? - falou baixo.

Dulce: Não. Apenas aqueles que ela não irá brincar tão cedo. - deixei o urso no meio da bagunça do sofá e toquei no rosto dele - Amei a surpresa, de verdade, mas desde de agora ela vai ter limites e você irá realizar sonhos de algumas crianças em ter brinquedos. - o beijei - Não fique chateado, mas viemos de mundos diferentes e eu sei bem o que é querer um brinquedo, sonhar em ter uma boneca e nunca ganhar uma.

No orfanato onde fui deixada pelos meus pais, nenhuma das crianças tinham brinquedos, pelo ao contrário, ao invés de brincarmos éramos obrigadas a trabalhar por todo o edifício do orfanato fazendo faxina de horas e horas a fio, sem pausa para descanso, tomar água ou comer. Tínhamos que tirar nota máxima na escola, caso ao contrário, nosso castigo era rezar noventa Ave Maria em cima do milho e ainda apanhavamos de palmatória. Mai, eu e outras cinquenta crianças sofriamos.

Ainda tínhamos que rezar alto todas as noites antes de dormir. Se alguma criança não rezasse, o castigo era dormir no escuro no sótão no frio. Para a sociedade o orfanato das freiras carmelitas do céu eram um lá religioso, seguro e feliz, mas apenas as crianças que ficaram lá sabe como era de verdade.

Como eu odeio todas aquelas freiras!

Respirei fundo!

Eu evitava o máximo falar desse orfanato e da minha infância, só falo do orfanato onde tia Sofia nós acolheu com todo seu amor, foi ela que deu nossos sobrenomes, se não fosse ela, nem sobrenome eu teria.

Christopher beijou meu rosto.

Christopher: Quer eu compre uma fábrica de bonecas pra você?

Ri da piada e esperei ele rir também, mas ele não fez isso.

Dulce: Chris..- bati no ombro dele - Sou uma adulta por favor. - neguei - E já estamos esperando nossa boneca de verdade. - sorri.

Christopher: Ainda bem que tenho você. - acariciou meu rosto - Tem razão. Agi por impulso. Desculpe.

Dulce: Não tem que se desculpar meu amor. É sua primeira filha. Normal que queira comprar o mundo pra ela, ainda mais quando está acostumado à isso.

Christopher: Comprei um dicionário de nomes e um celular pra você. - avisou - Já tem chip e alguns contatos nele.

Dulce: Você dormiu hoje? - cruzei os braços analisando seu rosto.

Christopher: Um pouco. Estava animado demais para dormir. - sorriu - Aproveitei a falta de sono para fazer essas compras e para trabalhar também.

Dulce: Estava com tanto sono que nem percebi você levantar da cama.

Christopher sorriu de lado.

Christopher: Estava cansada demais..- beijou meu rosto - Vamos tomar café? Eu mandei trazer tudo o quê mais gosta.

Assenti.

Antes de ir em direção à cozinha, peguei de cima de uma das caixas, um dos diversos pares de sapatinho de recém-nascido, o que peguei era rosa com desenhos de borboleta.

Uma fofura!

O tirei da embalagem e os coloquei nos meus dedos fazendo movimentos circulares no ar. Só de imaginar nossa filha usando um desses, eu queria beija-lá até explodir de amor.

Dulce: É tão pequeno, né?

Christopher: Eu não aguentei e comprei muitos desses. - pegou o sapatinho direito do meu dedo - Como pode alguém ser tão pequeno?

Dulce: Espero que ela puxe minha altura..

Christopher riu.

Christopher: Se acha alta, amor?

Dulce: Eu não sou baixinha. - revirei os olhos.

Ok. Tenho 1,60m, não sou exatamente alta, mas também não sou baixinha.

Christopher: É sim pequena. Agora vamos comer, sim? - puxou minha mão.

Dulce: Não sou não..- reclamei.

Na cozinha encontrei um banquete que fez minha boca salivar. Deixei o sapatinho no canto da bancada e Chris fez a mesma coisa. Sentamos um ao lado do outro e ele começou a me servir.

Christopher: Precisamos decidir logo o nome da nossa filha. Comprei o livro para nós ajudar. - falou colocando o prato na minha frente - O quê acha dela ter dois nomes?

Dulce: Pode ser. Tenho dois nomes. Você três. - falei começando a comer.

Christopher: Mas podemos falar disso depois. - me encarou sério - Precisamos falar do seu sonho.

Dulce: Meu sonho..? - franzi o cenho - Que sonho? Eu falei alguma coisa enquanto dormia?

Não lembro de ter sonhando nada essa noite.

Ele negou.

Christopher: Do seu sonho em ser médica. - respondeu.

Dulce: Ah, isso..? - encarei o banquete.

Christopher: Amor, decidimos que você ia terminar a faculdade e depois íamos ter filhos, mas não saiu como planejamos e nossa filha está à caminho, é o seu sonho ser médica, você ama a medicina, não quero que desista disso só porque agora é mãe.

Suspirei.

Dulce: Amor...

Christopher: Você estava tão feliz na faculdade, não quero pensar que esteja infeliz agora, não vou suportar se você desistir do seu sonho por causa da nossa filha, de querer abticar todas as outras coisas, principalmente o seu sonho, para ser...mãe em tempo integral.

Dulce: Chris...

Christopher: Vai ser difícil com uma bebê, com uma filha, mas não vou deixar você desistir do seu sonho porque acha que não irá aguentar estudar e cuidar dela, eu quero que você se sinta completamente feliz com a nossa filha e com seus estudos e ao meu lado.

Dulce: Eu estou completamente feliz. - segurei no rosto dele - Já sou feliz do seu lado e esperando nossa filha. E eu não desisti do meu sonho só porque não falo mais nele..- neguei - A medicina é minha paixão sim, vou voltar para a faculdade sim, isso é minha prioridade no momento? Não! Nossa filha é minha prioridade agora. Só mudei um pouco os planos, mas não desisti da medicina. Ser mãe da nossa princesa é minha prioridade e o meu sonho nesse momento.

Os olhos dele brilharam.

Christopher: Só não quero te ver triste ou chateada porque teve que mudar os planos e muito menos que desista.

Dulce: Meu amor, como eu posso está triste esperando sua filha? Nossa filha? E outra, mesmo se eu quisesse e pudesse voltar ainda esse ano para a faculdade, eu não ia conseguir me concentrar, só ia pensar nela, entende? Minha prioridade é ela, só ela, outro ano volto para a faculdade e me formo. - dei de ombros.

Christopher: Na sua formatura agora vai ser dois gritando seu nome. - sorriu.

O beijei.

Dulce: Te amo...- falei grudada em seus lábios. - Obrigada por pensar e se preocupar com o meu sonho. Por nunca desistir dele, por nunca me deixar desistir também.

Christopher: Te amo...- me deu um longo selinho - Seus sonhos são os meus sonhos. E eu prometo, que sempre estarei te incentivando.

Ele não existe!

Nunca ia parar de dizer o quanto eu tive sorte em te-lo na minha vida. O quanto tive sorte que ele me amasse e que fosse o pai da minha filha.

Como eu amava esse homem.

Sorri.