Fanfic: Almas Opostas - Vondy | Tema: Vondy

Dulce Maria

Nunca fui uma pessoa que gostasse de comprar demais, até porque, nasci e cresci sem pais e consequentemente sem dinheiro também. Mesmo quando comecei a trabalhar e ter meu próprio dinheiro, nunca quis comprar demais, Mai e Zora era a mesma coisa, mas claro, Lucy era completamente diferente da gente. Andávamos pelo shopping carregando várias sacolas, roupas novas pra mim, para minha filha(como se não bastasse a festa de mais cedo), roupas novas pra ela e bolsas, Lucy era viciada em bolsas, muito viciada.

Sidney e mais dois outros seguranças completamente altos e com cara de mau andavam um pouco mais atrás de nós duas, confesso que já até estava me acostumando com as minhas sombras. Lucy viu ao longe uma loja de sapatos e me agarrou pelo cotovelo arrastando-me até a loja com um sorriso enorme.

Meia hora depois, saímos da loja com mais três sacolas para completar a coleção em nossos braços. Suspirei.

Dulce: Estou cansada! Estamos à mais de duas horas andando por todo lado. E estou com fome também. Sua sobrinha quer comer hambúrguer. - dei um sorrisinho - E depois um copo enorme de milke-sheik de morango.

Lucy: Mais ainda não gastamos nem o começo do cartão que meu irmão te deu. Vamos comer, mas vamos voltar as compras. - avisou.

Dulce: Lucy, eu já comprei tudo o que precisava. Até mais..- encarei as sacolas extras - Sua sobrinha já ganhou muita roupa, tantas que preciso decidir qual vou doar e qual ficará com ela.

Lucy suspirou.

Lucy: Mais eu nem comprei o presente dela. - fez biquinho.

Ri.

Dulce: Isso aqui é o quê? - levantei as sacolas de uma loja infantil - Você e o seu irmão são iguaizinhos.

Lucy: Tudo bem. Vou pedir para um deles guardar nossas compras no carro e vamos comer. - falou indo em direção de um deles que estava com a cara séria, ela falou apontando para as sacolas dela e para as minhas, ele assentiu pegando as sacolas e se aproximando de mim pegando as minhas também.

Dulce: Obrigada!

Ele assentiu se afastando.

Lucy: Vamos? - grudou no meu braço agora vazio - Também estou com fome.

Sidney e o outro que ficou, enquanto o colega guardava nossas compras no carro, nos acompanhou até a praça de alimentação. Lucy e eu pegamos a escada rolante ficando no mesmo degrau, minha cunhada se encostou no apoio e me encarou sorrindo.

Dulce: O quê? - ajeitei meu cabelo.

Lucy: Ainda não acredito que me dará uma sobrinha. - falou animada - Meu Deus! Eu já imagino fazendo compras com ela em Dubai, Paris, Itália e claro, mostrando toda a culinária desses países, vou ensinar ela a cozinhar, a fofocar sobre garotos e correr para minha casa quando Christopher a sufocar de tanto amor e atenção.

Ri.

Dulce: Minha filha vai ser tão mimada por todos vocês. - toquei na minha barriga.

Lucy: Você sabe que o seu noivo é ciumento, no futuro ele pode querer colocar ela numa escola de freiras e tendo como tia Hilary Julie..- negou - É capaz dele colocar ela mesmo. Julie vai querer apresentar o primeiro namoradinho pra ela bem cedo, só pra irritar Christopher - riu.

Dulce: Minha filha não vai para nenhum colégio de freiras ou para longe de mim.

Só de imaginar minha filha para longe de mim, me dava arrepios, ainda mais para um internato, de freiras ou não.

Lucy parou de rir e tocou na minha barriga.

Lucy: Mamãe coruja vai está em ação. - piscou.

Saímos da escada rolante e entramos na praça de alimentação quase vazia. Lucy e eu fizemos os pedidos de hambúrgueres, batata frita e refrigerante, quando o pegamos escolhemos uma mesa. Sidney e o segurança se sentaram numa mesa atrás de nós duas. O outro segurança ainda não tinha voltado.

A praça de alimentação estava quase vazia, observei ao redor duas adolescentes conversando, um homem uniformizado e uma senhora mexendo no celular. Quando sentei na cadeira soltei um suspiro.

A barriga estava crescendo, o que começava a pesar e minhas pernas estavam bem doloridas por andar pelo shopping inteiro. Dei um gole no meu refrigerante e estava me preparando para devorar o hambúrguer, quando meu novo celular tocou, era um aparelho de última geração, caro e muito bonito.

O peguei de dentro da bolsa e sorri atendendo a chamada.

Christopher: Estou com saudades das minhas meninas...- a voz era baixa.

Dulce: Também estamos com saudades. - sorri.

Christopher: Vão demorar muito aí?

Dulce: Não. Estamos na praça de alimentação, já compramos tudo e daqui a pouco estamos voltando.

Christopher: Está se divertindo ou minha irmã está enchendo sua paciência?

Dulce: Lucy é um amor. - encarei minha cunhada que estava alheia a conversa enquanto mexia no celular concentrada e comia as batatas.

Christopher: Só liguei para ouvir sua voz. Estou com saudades..o quê acha de um banho de banheira quando chegar?

Dulce: Perfeito! - sorri - Logo vou está aí.

Christopher: Dul?

Dulce: Oiii..

Christopher: Te amo! - podia visualizar o sorriso que se formou em seus lábios ao pronunciar essas palavras.

Dulce: Não o quanto eu te amo meu amor! Prometo não demorar. - garanti.

Quando desliguei, comecei a devorar o hambúrguer que por sinal tinha bastante queijo cheddar, Lucy deixou o celular de lado e me acompanhou detonando o próprio hambúrguer.

Lucy: Meu irmão está com saudades das meninas dele?

Desde de ontem que soubemos que era uma menina, ele não parava de nós chamar dessa forma. E quando Lucy foi hoje me buscar depois do almoço, ele exigiu que ela cuidasse muito bem das meninas dele.

Dulce: Estamos com saudades dele também.

Lucy: É uma pena que vou embora em alguns dias. Mas fiquei muito tempo longe de Miami, preciso voltar. Mais prometo voltar quando ela nascer, assim como Julie vai voltar também.

Dulce: Não queria que fosse embora. Julie está tão longe e agora você também vai está. - falei baixo.

Lucy: Eiii, assim como Julie, vou pertubar vocês praticamente todos os dias. Eu prometo! - sorriu.

Meu celular voltou a tocar, peguei o mesmo vendo uma mensagem de Fuzz, Christopher tinha colocado no novo chip todos os números dos meus amigos.

"Estou com saudades! Desde que voltou não nós vemos..."

Respondi.

"Está aonde?"

"Na faculdade! Tive que sair mais cedo do hospital para fazer uma prova de um professor horrível, Derrick também está aqui, ou melhor dizendo, a turma inteira está aqui e quer te ver também"

Sorri.

"Estou no shopping perto da faculdade junto com a Lucy. Quando sairmos daqui vamos passar aí"

"OK. Vamos aguardar vocês!"

Dulce: Se importa se daqui passarmos rápido na faculdade? Fuzz está lá e quer me ver! - olhei a morena que enchia a boca de batata frita.

Lucy: Não. É perto daqui, né?

Dulce: Sim.

Lucy: Eu gosto da Fuzz, na verdade gosto de todos os seus amigos..- riu - Apesar da Maite não gostar muito de mim. - fez careta.

Dulce: O quê? Por que acha isso? Vocês se deram bem, não? E ela só não está aqui agora porque está trabalhando, assim como Zora.

Antes de virmos para o shopping tinha ligado para a Mai e Zora, mas as duas estavam ocupadas. Zoraida estava na agência de Vivian numa sessão de fotos e Maite estava no trabalho, depois que foi demitida do supermercado, ela conseguiu um emprego num jornal, ou seja, na mesma área que ela estuda.

Lucy: No começo sim. Mas depois que Christian abriu a boca, ela tem me olhado de uma forma...estranha, com raiva ou sei lá, enciumada. - deu de ombros.

Dulce: Abriu a boca? Do quê está falando?

Lucy suspirou.

Lucy: Não conta para o Christopher, ok? Ele não sabe de nada. E eu acho melhor assim. - me encarou - Conheço Christian desde de criança, é o melhor amigo do meu irmão, amigo de infância, como um irmão, você sabe. Acontece que quando eu tinha quinze anos, Christian e eu namoramos escondido do meu irmão por um tempo.

Dulce: Uau! Como Christopher nunca soube disso?

Lucy: Porque Christian escondeu nosso namorico muito bem...- revirou os olhos - Acontece que Christian sempre foi mulherengo, como meu irmão era, por isso, Christopher deixou claro pra ele que eu era proibida, na época Christian prometeu para Christopher que não me olhava de outra forma que não fosse de um irmão, mas ele mentiu, deu em cima de mim e como eu o achava um gato..

Dulce: Ficaram juntos.

Lucy: Perdi a virgindade com Christian no quarto do Christopher. Na cama dele...- negou - Eu gostava dele e ele aparentava gostar de mim também, mas num belo dia, o peguei me traindo com uma garota que eu odiava. Que odeio até hoje...Cheryl. - bufou.

Arregalei os olhos.

Dulce: Christian e Cheryl..?

Com quem aquela ruiva não transou?

E o mais importante, Christian aparentava gostar muito da Mai, eu deveria me preocupar?

Lucy: Ela deu em cima dele, o que é comum. E ele me traiu com ela. Terminei o que tínhamos e ficamos um bom tempo sem nós falar. - deu de ombros - Com o tempo, minha raiva e mágoa passou e voltamos a nós falar.

Dulce: Seu irmão mudou, mas e Christian? Devo me preocupar com ele? Acha que ele não gosta tanto assim da minha irmã? - perguntei preocupada.

Sabia que Maite o amava, e aparentemente Christian a correspondia, mas será mesmo que ele mudou? Lembro dela ter dúvidas a quanto à isso e eu a encorajei a ir de cabeça nessa relação, sendo que ela já tinha se machucado à muito tempo e tinha traumas.

Lucy: Dulce, conheço Christian muito bem e ele nunca olhou pra ninguém, como olha para Maite. Ele fica entre o Rio e o Texas toda semana, vive indo pra lá e voltando por causa dela. Quando tudo aconteceu, ele não saiu de perto dela nem por um momento, cuidou dela, foi amigo, namorado, parceiro, sempre ao lado dela. Ele a ama. - sorriu. - Quando ele me traiu, era muito novo, mulherengo e não gostava tanto assim de mim, tenho certeza que ele mudou, as pessoas mudam, Christopher é a prova disso.

Dulce: Se está dizendo. Mas eu preciso ter uma conversinha com ele.

Lucy: Faça isso. Verá que ele realmente a ama, até falou do nosso...namorico. Coisa que prometemos nunca falar com mais ninguém a respeito. E eu estou falando pra você..- riu - Mas tudo bem, você é minha cunhadinha. Mas agora Maite fica me olhando de um jeito...

Dulce: Vou conversar com ela também. Mas Lucy..você não sente mas nada pelo Christian?

Ela negou rapidamente.

Lucy: Somos amigos. Apenas isso. O que senti no passado por ele foi coisa de adolescente e que ficou no passado. Temos um carinho um pelo outro. As vezes Cheryl ameaça contar para Christopher sobre isso, mas nunca conta.

Dulce: Ela realmente é uma..

Lucy: Vadia! - completou - Ela engravidou de propósito. E teve sorte. - negou - Quer falar sobre como se sente em relação ao bebê dela com...meu irmão? - hesitou.

Suspirei.

Dulce: Não é algo que eu goste de comentar. - fitei o copo de refrigerante.

Lucy: Dul, se Christopher estivesse sóbrio, ele nunca teria..

Dulce: Eu sei. - a interrompi - Eu sei.

Lucy: Não deve ser fácil saber que o homem que ama terá um bebê com outra mulher, ainda mais com você esperando um bebê também..- falou com uma voz mais firme - Mas por favor, não jogue isso na cara dele quando brigarem, Christopher é louco por você. Completamente louco. Você não estava aqui para ver tudo o quê aconteceu depois que achamos que tinha morrido, meu irmão ficou destruído - negou - Ele também estava morto. Nunca mais quero ve-lo daquele jeito de novo. Até drogas, coisa que ele abominava, ele estava usando. Fora a tentativa de..você sabe. - falou com voz embargada e respirou fundo - Foi o pior dia da minha vida Dul. O pior. Nunca mais quero ve-lo daquele jeito. Nunca mais.

Dulce: As cicicatrizes nos pulsos dele me diz o quanto foi..horrível para ele - falei no tom baixo, triste - Queria muito poder ter feito alguma coisa para avisar que estava viva e bem, mas estava ilhada, infelizmente não pude. Graças a Deus o pior não aconteceu e hoje estamos juntos de novo e esperando nossa princesa. - dei um meio sorriso - Ele me garantiu que parou de usar aquelas porcarias e ele falou a verdade, desde que voltei nunca o vi usar aquelas coisas, foi muita sorte ele não ter se viciado naquilo. - suspirei - E em relação à Cheryl, eu nunca vou jogar na cara dele que tem um bebê com ela, mesmo que isso...parta meu coração. - sussurrei.

Lucy: Dul..- tocou na minha mão.

Dulce: Óbvio que o bebê é o mais inocente nessa história toda e vou ama-lo, que minha filha vai ter um irmão ou irmã, mas...eu não tinha em mente que o homem que eu amo teria um filho com outra mulher, mesmo que ele mal se lembre da noite. Tecnicamente esse bebê nunca deveria existir, mas existe e tudo bem, mas é....um elo que o liga com a Cheryl pra sempre, ela sempre vai está presente em nossas vidas, enquanto deveria ser apenas eu, nossa filha e ele.

Lucy: Você vai ser mais mãe desse bebê do que aquela vadia. Cheryl só se importa com dinheiro, luxo e fama, foi por isso que ela engravidou. Aproveitou que Christopher estava vulnerável, fora de si e deu aquele velho golpe da barriga.

Dulce: Eu pedi que Christopher fizesse outro exame de DNA, mas dessa vez quando o bebê nascer. - revelei - Aproveitar que Cheryl estará cansada e exausta demais para tentar impedir ou fazer qualquer outra coisa, eu quero ter certeza absoluta que esse bebê é do seu irmão.

Lucy: Mas ele fez, com a supervisão de Elizabeth inclusive. Deu positivo. O bebê é dele, ele fez duas vezes.

Dulce: Não custa nada fazer mais um, não é?

Lucy: Não. Mas acha que não é dele? Mesmo com exame dizendo que sim?

Dulce: Lucy...só acho estranho, tá bom? Eu demorei para engravidar, e não foi por falta de sexo. Tudo bem, tomava remédio, mas nenhum remédio é cem por cento eficaz. Cheryl numa noite engravida? Uma noite? Ok. Pode acontecer, porém, ela é ou era garota de programa, não sei, sabia muito bem se proteger, ou seja, também tomava remédio. Fora que Christopher não se lembra de toda a noite, efeito causado pelo álcool e aquelas porcarias.

Lucy: Dul, como ela conseguiu falsificar o DNA? Christopher tomou cuidado, Mary não saiu de perto dela nem por um minuto no dia, nem depois, apenas quando saiu o resultado. Elizabeth acompanhou todo o processo.

Dulce: Eu não sei. Mas, uma vez ouvi uma frase sobre ela e você que a conhece melhor do que eu deveria saber dessa frase: Cheryl sempre consegue o quê quer. - pronunciei a frase.

Lucy cruzou os braços.

Lucy: De fato. - murmurou - Bom, em todo caso, não custa nada fazer mais um exame, só para garantir e tem o sinal também.

Dulce: Não me preocupo com o sinal. O bebê nascer sem ele não muda nada. Assim como minha filha, ou assim como seu pai também vai achar que minha filha não é sua sobrinha?

Lucy: Claro que não. Nem eu e nem ele queríamos dizer isso. - voltou a tocar na minha mão - É que todos os Uckermann, a gerações, nascem com ele. Estamos acostumados. Apenas isso. É óbvio que essa bebê é minha sobrinha, assim como todos os outros filhos que vocês irão ter no futuro. Por favor, me desculpa se a ofendi, sabe que te amo Dul.

Sorri.

Dulce: Tá tudo bem. Não ofendeu. É que falar desse sinal está começando a me irritar. Só isso. - bufei.

Lucy: Richard é um pouco obcecado pelo sinal, pelo sangue Uckermann, sempre foi, mas Christopher não vai deixar que ele fale besteiras se caso minha sobrinha nasça sem.

Dulce: Eu também não vou deixar. Ninguém vai falar mal da minha filha. Absolutamente ninguém. - segurei minha barriga e senti flashs em nossa direção.

Olhei para o lado vendo um paparazzi sentando numa das mesas mais distante e vazia tirando diversas fotos.

Lucy: Que merda...- revirou os olhos - Pelo menos é só um. - o ignorou - Uma coisa que ia te perguntar, alguém já foi buscar as cinzas? - mudou de assunto.

Assenti.

Dulce: Há dias foi um oficial no prédio buscar e levar para a família. - respondi - A imagem é muito clara do barco em chamas, aquelas pessoas estavam vivas e bem e no segundo seguinte, estavam mortas. Se não fosse Igor, eu e ele também estaríamos. Ele nós salvou, me salvou. A pessoa que está tentando me matar e matar o bebê da Cheryl já têm três mortes nas costas.

Lucy: Vão achar essa pessoa Dul. E ele ou ela irá pagar por tudo o quê fez.

Dulce: Rezo para isso. Três pessoas morreram, minha filha vai nascer, o bebê de Cheryl também. Eles precisam está seguros, precisam que encontrem logo esse assassino.

Lucy: Vão encontrar, mas fique tranquila que nada vai acontecer com eles e nada mais vai acontecer com você também. Estão em segurança. - garantiu.

Dulce: Eu espero Lucy. Porque se algo acontecer com a minha filha, é melhor que esse assassino se esconda no inferno. Porque lá é o paraíso comparado ao que vou fazer com ele.

Ninguém ia machucar minha filha.

Ninguém ia encostar nela.

Ninguém!

[...]

A conversa mudou de rumo, terminamos de comer em meio aos flashes do paparazzi, compramos milk-sheik e em seguida saímos do shopping. Lucy e eu iamos no banco de trás, enquanto um dos segurança dirigia e Sidney ia ao lado.

O outro seguia o nosso carro atrás.

Em cinco minutos, o carro entrava na universidade e parava na entrada. Sai do carro e sorri olhando a enorme construção antiga.

Lucy: Saudades? - falou saindo do carro e agarrando meu braço.

Dulce: Muito. Foi um sonho estudar aqui.

Lucy: Foi?

Dulce: Sim. Realizei meu sonho, estudei.

Lucy: Não vai voltar?

Dulce: Ano que vêm. Agora tudo que eu quero é me concentrar na minha filha, no seu irmão, achar quem quer me matar, depois, penso nos meus estudos.

Lucy: Você sabe que o meu irmão nunca vai deixar você desistir de ser médica, né?

Dulce: Sim. - sorri - Conversamos sobre isso e Lucy, o seu irmão é o melhor noivo, melhor homem do mundo. - suspirei.

Lucy: Christopher é incrível. Vai ser o melhor pai do mundo também. - sorriu. - Vamos subir? Você prometeu pra ele que não ia demorar. - me lembrou.

Dulce: E não vou. Só vim dar um oi.

Entramos na universidade que estava um pouco agitada por ser início das aulas, mas que logo faria uma pequena pausa por conta do carnaval que estava bem próximo, Sidney e os outros dois seguranças nós seguiam atrás. Observei com atenção o hall, a decoração, as pessoas e sorri, sentia falta daqui, sentia falta de estudar.

Estávamos ao caminho da minha antiga sala, quando ao longe vi Igor caminhar na mesma direção que a nossa, alto, muito bem vestido, passos firmes e elegantes olhando ao redor, segundos depois, seus olhos foram de encontro aos meus, observei a surpresa e o sorriso que se formou em seus lábios. Também observei seus olhos olharem minha barriga e depois minha cunhada com bastante atenção. Seu olhar demorou nela por sinal.

Lucy: Meu Deus! Ele é muito mais gato pessoalmente. - murmurou - Que homem é esse, Dulce?

Ri.

Igor Rickli de fato era muito bonito e atraente. Mas não chegava aos pés de Christopher, isso era óbvio.

Quando nós aproximamos, ele riu.

Igor: Teve a mesma idéia de vir visitar? - perguntou pra mim, mas olhando Lucy.

Dulce: Sim. Coincidência! - sorri. - Como você está? - perguntei sentindo Lucy se desgrudar de mim.

Igor: Bem! Muito bem! - me abraçou apertado - E esse bebê? - me encarou - Elizabeth comentou comigo que é uma princesa e que tem uma saúde de ferro. Parabéns! - tocou na minha barriga - Se fôssemos apostar na ilha, eu ia perder. Achei mesmo que fosse um garotão.

Dulce: Obrigada! Juliette ia perder com você. - o consolei - Tem falado com ela? Esteban? Ainda não tive tempo para falar com eles, desde que voltamos meu tempo está todo para minha família.

Igor: Falei ontem com eles, não se preocupe Dul. Eles entendem. Mas assim que sobrar um tempo, eles pediram para que você ligasse, estão com saudades.

Dulce: Também estou com saudades deles. - sorri. - Vou ligar sim. Ainda estou me acostumando à voltar ao normal, com o celular, TV, internet e essas coisas.

Igor: Eu também! - riu - Só ando descalço em casa, sabia? Está sendo estranho dormir no colchão de novo.

Dulce: Eu também só ando descalça. Já o colchão está sendo maravilhoso pra mim.

Lucy tossiu chamando atenção.

Igor voltou a encara-lá, percebi os lábios puxarem para um sorrisinho.

Igor: E você é..?

Dulce: Lucy, irmã de Christopher, minha cunhada. - a apresentei - Ele é meu..

Lucy: Seu professor, Igor Rickli! - sorriu retribuindo o mesmo olhar dele - É um prazer ve-lo vivo, bem...com saúde. - comentou olhando o tórax forte dele.

Mordi os lábios para não rir.

Igor: O prazer é meu...Lucy. - falou o apelido dela de um jeito como se tivesse aprovado - Fala muito bem o português. - elogiou.

Lucy: Aprendi desde de criança. Assim como outros idiomas. Seu inglês também deve ser perfeito.

Igor: Modéstia parte é sim. Aprendi também desde de criança. Trabalhei em Chicago por um tempo. E tenho muitos amigos fora do país. Também falo outros idiomas. - sorriu.

Lucy: Sua namorada deve gostar de ter um namorado poliglota. - mexeu no cabelo.

Igor: Sou viúvo.

Lucy: Ahh..- ficou surpresa - Desculpe, não sabia. Sinto muito! - ficou sem graça, quase vermelha.

Igor: Sem problemas. Já faz muito tempo.

Dulce: Ele é solteiro. - me intrometi na paquera descarada dos dois - Está esperando a mulher certa. Assim como Lucy está esperando. Ela é uma mulher linda e inteligente demais para ficar solteira por muito tempo, logo vai está namorando. Além do mais é chefe, tem a própria rede de restaurante, cozinha melhor do que qualquer outra pessoa.

Lucy: Dul..- riu ficando vermelha. - Dulce é uma graça. Não sou tudo isso.

Igor: Discordo. Dulce tem razão.

Ambos ficaram se olhando em silêncio.

Dulce: É...vou visitar minha turma. - anunciei não querendo ficar de vela.

Igor: Não quero te atrapalhar. Já estou indo para casa. A gente se ver por aí, sim? - me deu mais um abraço e encarou Lucy - Foi um prazer lhe conhecer Lucy.

Lucy: O prazer foi meu.

Dulce: Tchau Igor!

Observamos ele se afastar e sair da universidade. Sidney e os seguranças não saíram de traz da gente nem por um segundo, sempre calados e sérios.

Lucy: Que homem é esse, Dul? - perguntou impressionada.

Dulce: Que olhares foi esse você quer dizer, né? - ri.

Lucy: Olhares? Que olhares..?

Dulce: Karen..

Lucy: Lucy! Lucy! - revirou os olhos - Ok. Não fiquei louca então. - riu - Vi fotos dele, até levei as cinzas que achávamos que eram dele para os pais dele e caramba, ele é muito mais gato pessoalmente Dul. Meu Deus! Deveria ser crime ser tão bonito assim. Agora meu lado safada está imaginando aquela perfeição sem roupa..

Dulce: Aiii Lucy..- neguei. - Seu irmão então é criminoso e um pecado tão grande, porque ele é muito mais lindo que Igor. - mordi os lábios.

Lucy fez careta.

Lucy: Ok. Droga! - balançou a cabeça - Agora meu lado safada morreu depois que falou de Christopher.

Gargalhei.

Dulce: Mas não nego, Igor é bonito também. - falei segundos depois e começamos a andar.

Lucy: O que aconteceu com a esposa dele?

Dulce: Morreu de câncer.

Lucy: Tadinho. - levou a mão até o coração. - Ele é tão novo e já é viúvo.

Dulce: Casaram muito cedo. Olha, não fico a vontade de falar assim da vida dele, ainda mais esse assunto delicado.

Lucy: Claro. - entendeu - São muito amigos?

Dulce: Lucy, ele meio que teve uma paixão platônica por mim, mas já passou. - me apressei em dizer - Nunca tivemos nada, nunca trai seu irmão, nunca..- ela me interrompeu.

Lucy: Calma! - riu - Não falei nada. Relaxa. Sei o quanto ama o Christopher.

Dulce: Quando tiver tempo, falamos mais sobre isso, sim? Agora vamos nós apressar, prometi não demorar. - falei apressando os passos.

Lucy: Espera..- pediu enquanto corria.

[...]

Fiquei pouco tempo na universidade, apenas dei um beijo em Fuzz e Derrick, falei com alguns colegas, alguns professores e até o reitor, conversamos por poucos minutos e saí de lá depois que marquei um almoço com Fuzz e Derrick. Quando voltei para o apartamento, Lucy não quis subir, nós despedimos no carro e entrei no prédio, seu Nicolau ajeitava uma pilha de correspondência.

Apenas Sidney me seguia.

Ele me viu e sorriu.

Nicolau: Boa tarde senhora.

Dulce: Boa tarde! - sorri ajeitando as sacolas em meus braços.

Chamei o elevador e Sidney ficou no hall, com outros seguranças. Quando entrei no apartamento, apreciei o silêncio do ambiente, deixei as sacolas no sofá e retirei meus sapatos ficando descalça e caminhei até o quarto. A porta estava entre aberta, ia entrar mas parei ao ouvir a voz de Christopher.

"Na próxima consulta eu vou. - a voz séria - Eles estão bem, certo? Então não tem porquê eu ir todas as vezes. Controla a sua filha..- pediu - Ela está tendo tudo o quê quer, todas as coisas e o luxo que sempre quis, mas ela só terá isso. A faça parar de ligar de madrugada para falar besteiras."

Não ouvi mais nada por um tempo, por isso, entrei no quarto. Christopher estava jogado na cama trocando os canais da TV, quando me viu levantou.

Christopher: Demorou..- reclamou se aproximando de mim.

Dulce: Desculpa, passei na universidade rapidinho. - sorri sentindo os lábios dele tocarem rapidamente os meus.

Christopher: Tudo bem. Comprou tudo?

Dulce: Até mais do que planejei. Sua irmã é igual a você.

Christopher: O cartão é seu, espero que ela tenha feito você entender isso.

Dulce: Ela tentou..- balancei a cabeça - Mas é difícil entender isso.

Christopher: O quê eu faço com você? - estreitou os olhos.

Sorri.

Dulce: Que tal irmos para a banheira? Sua irmã me obrigou a andar o shopping inteiro, estou cansada. Vim o caminho inteiro pensando nessa banheira...

Christopher: Ela está te esperando..- tocou no meu rosto e em segundos me levantou do chão - Vou cuidar de você, ou melhor, vocês. - falou andando em direção ao banheiro comigo em seus braços.

Dulce: Até quando vai me carregar?

Christopher: Acho que para sempre..- respondeu beijando meu rosto

Dulce: Te amo Chris. - sussurrei.

Christopher: Te amo muito mais..- respondeu no mesmo tom.