Fanfic: Almas Opostas - Vondy | Tema: Vondy

Dulce Maria

Cheguei no apartamento por volta das quatro horas da tarde. Christopher ainda não tinha chegado, tomei uma longa ducha e fiz um sanduíche pra mim, levei o prato e o suco para a sala, liguei a TV colocando no primeiro filme que vi.

Ia dar a primeira mordida no sanduíche, quando observei ao meu lado as três caixas que tinha trago do apartamento com as minhas coisas. Mai, Zora e eu tínhamos embalado tudo e retirado o resto de nossas coisas como algumas: roupas, sapatos, fotos, livros e outros pertences pessoais. Só ficaram no apartamento os móveis que amanhã mesmo Zoraida junto com Eddy irão fazer doação e entregar as nossas chaves para o dono do apartamento.

Um ciclo terminava aqui. E outro já começava.

Deixei o sanduíche de lado e abri uma das caixas, com roupas que não ia dar em mim tão cedo de novo, passei as mãos por algumas peças até encontrar a que eu procurava, era uma fralda de pano branco, um tecido grosso e grande o suficiente para cobrir todo o corpo de um bebê. Era a fralda que eu usava quando me deixaram no orfanato.

Quando me abandonaram.

Eu usava apenas esse pano, não usava roupinhas e nem tinha um nome. Apenas esse pano enrolado em mim dentro de uma cesta. Observei a única coisa que tinha escrito no pano, eram três iniciais que foram cuidadosamente bordados na lateral de uma forma pequena e na cor rosa.

"A.S.J"

Sempre faço a mesma pergunto quando olho as iniciais.

O que raios é "A.S.J"?

Enrolei o tecido nas minhas mãos e suspirei.

O barulho da chave e a porta abrindo chamaram minha atenção, em segundos, Christopher apareceu na sala causando um grande avoroso em meu coração e na minha barriga.

Ri deixando o pano de lado e segurei na minha barriga. Nossa filha ficava agitada todas as vezes que o pai dela saia e voltava para casa. Era engraçado, ela parecia entender muito bem quando ele não estava por perto. Christopher observou minha reação e riu se aproximando já levando as mãos até minha barriga.

Christopher: Papai também estava com saudades minha princesa. - a beijou delicadamente e em seguida me beijou.

Dulce: Oii..- sorri quando seus lábios deixaram os meus - Você demorou. Está tudo bem?

Christopher: Na verdade..não. - suspirou- - Cheryl está com a imunidade baixa, com anemia, infecção urinária e para completar desenvolveu diabete gestacional.

Dulce: Meu Deus! - arregalei os olhos.

Christopher: Ela precisou fazer muitos exames e precisa mais do que nunca de repouso absoluto, a placenta continua do mesmo jeito e ainda tem essas doenças, o médico passou muitos remédios, a cada hora ela precisa tomar eles, assim como várias vitaminas.

Dulce: Mas o bebê..

Christopher: Está se devolvendo, o coração é forte.. - sorriu - E é um menino. - me abraçou beijando meu rosto.

Dulce: Parabéns! Agora tem um casal. - toquei em seu braço.

Christopher: É. - me apertou em seus braços - Cheryl colocou o nome dele de Liam, está feliz, apesar de tudo. 

Dulce: Liam é um nome lindo. - sorri. - Ele vai nascer forte! Tenho certeza disso.

Christopher: Esperamos isso. E minhas meninas fizeram o quê? - beijou meu pescoço. - Está tão cheirosa...

Dulce: Peguei o resto das minhas coisas e me despedi do apartamento. E também ganhei uma herança. - falei fechando os olhos sentindo os deliciosos lábios dele - Mai, Zora e eu ganhamos.

Christopher: Herança? De quem? - parou os beijos e me encarou.

Dulce: Dona Lolla. Ela morreu e deixou tudo o que tinha para nós três.

Christopher: A velhinha que falou que você fazia programa? - franziu o cenho - Ela não odiava vocês?

Dulce: Acho que ela mudou de opinião, já que deixou toda a economia de uma vida para nós três. Morreu sozinha, sem ninguém, não tinha parentes, amigos.

Christopher: Triste, não é?

Dulce: Muito. Espero que nunca tenhamos que passar por isso. - murmurei me sentindo estranha em relação à morte. Me salvei duas vezes, e se acontecer a terceira? Vou me salvar também?

Christopher: Amor, claro que não vamos. - colocou uma mexa do meu cabelo atrás da orelha - Temos um ao outro, vocês duas estão seguras. Nada mais vai acontecer. Eu prometo! - beijou minha testa - Amo vocês duas.

Dulce: Amamos você também. - sorri.

Christopher: Não vamos falar sobre esse assunto pesado, sim? O que vai fazer com a sua parte da herança? - mudou de assunto.

Dulce: Eu e as meninas vamos doar.

Christopher abriu ainda mais o sorriso.

Christopher: Eu sabia que ia falar isso.

Dulce: Não preciso do dinheiro..- dei de ombros - É melhor dar para alguém que precise de verdade.

Christopher: Amo tanto esse seu coração generoso e...humilde. Quero muito que nossa menina puxe seu lado - beijou minha boca - Seu coração puro e verdadeiro, sua beleza e até seus dotes culinários..- riu me dando mais um beijo.

Dulce: Ela têm que puxar um pouquinho pra você também. - o abracei me aconchegando ainda mais em seus braços e fechei os olhos - Eu te amo tanto Chris. Tanto.

Christopher: Eu a amo ainda mais meu amor. - beijou minha cabeça - O quê é isso? - com um braço pegou a fralda de pano ao meu lado.

Dulce: É a única coisa que estava comigo quando fui deixada no orfanato.

Christopher: A.S.J? - observou as iniciais.

Dulce: Não sei o quê significa.

Christopher deixou de volta o pano na caixa e ficamos abraçados e em silêncio por alguns minutos. Apenas aproveitando a companhia um do outro.

Christopher: Pequena..?

Dulce: Hum? - o encarei.

Christopher: Vou fazer mais uma vez essa pergunta, tem certeza que não quer saber a sua origem? Quem foi os seus pais? Por que te abandonaram? Sabe que eu posso descobrir, que posso ir atrás do seu passado. Só preciso que me deixe fazer isso.

Dulce: Agradeço mais..não. Eu não quero e não tenho vontade de saber a minha origem. As vezes bate a curiosidade, não nego, mas no fundo não quero. Já construí minha família com a Mai e a Zora e agora estou construindo nossa própria família. Não preciso de mais nada.

Christopher: É que eu não consigo entender como você consegue não querer saber da sua história. Eu ia ficar louco sem saber de onde vim.

Dulce: Não me interessa mais. Estamos construindo nossa própria história, nossa família, nada mais me interessa à não ser isso. Apesar de nunca ter tido uma mãe, eu prometo dar o meu melhor para a nossa filha. Ser a melhor mãe que ela merece, apesar de não ter nenhuma ideia de como fazer isso.

Christopher: Não tenho dúvidas disso pequena. Será a melhor mãe do mundo. - beijou meu rosto. - Ok. Não vou mais insistir nisso. Mas se por acaso mudar de idéia, saiba que vou procurar e achar.

Dulce: Obrigada amor. - o beijei.

Christopher: Te amo muito pequena. - sorriu.

[...]

Já passava das nove horas da noite, tínhamos jantado e estávamos na cama, Christopher lia o livro de nomes e eu passava creme hidratante na minha barriga, a TV estava ligada e passava o jornal da noite. Bocejei.

Estava cansada. A barriga estava pesando e já estava começando a ter dificuldades para dormir. Mas em breve, logo tudo isso passaria e eu estaria com a minha filha em meus braços. Enquanto isso, ela estava crescendo muito bem dentro de mim.

Christopher: O quê acha de Haily? - perguntou olhando o livro.

Dulce: Bonito. Já quer trocar?

Ele me encarou.

Christopher: Precisamos decidir logo. Ela vai nascer e ainda vamos está trocando o nome dela - revirou os olhos fechando o livro e deixando na cômoda ao lado.

Dulce: Gosto de Haily. - deixei o hidratante na cômoda ao meu lado - Eu gosto de todos os nomes, então..

Christopher: Nunca vamos encontrar o nome dela. - suspirou. - Agora é Haily!

O celular dele tocou, Christopher o pegou vendo que era uma chamada de video de Edgar e atendeu. Edgar apareceu com cabelo e barba pra fazer e atrás dele estava um grande quadro e uma escultura.

Christopher: O quê foi?

Edgar: Assim que atende seu melhor amigo? - debochou. - Olá Dul! Tudo bem? A bebê está bem?

Dulce: Oii, estamos ótimas! - sorri. - Cadê a Vih? Vocês sumiram por esses dias.

Edgar: Muito trabalho. Não tivemos tempo para nada. Amanhã ela volta de Curitiba direto para agência dela.

Christopher: Por isso você está tão acabado? - riu.

Edgar: Engraçadinho! - bufou - Enfim, sumi por esses dias porque estava trabalhando para a inauguração do meu novo hotel, hoje é terça, ele irá ser inaugurado apenas na Segunda-Feira, todas as reservas foram fechadas, mas decidi fazer a inauguração esse final de semana, apenas para os amigos e alguns clientes especiais, quero saber se vocês querem ir? Vou chamar todos os nossos amigos. - fez o convite animado.

Christopher: É aquele do Campos do Jordão que comentou comigo?

Edgar: Ele mesmo. O antigo dono faliu e eu comprei, reformei e semana que vêm estará no mercado. Foi um ótimo negócio. Aceitam ir? Vai ser legal reunir todo mundo num lugar diferente e relaxar.

Christopher me encarou.

Christopher: Eu não sei. A Dul está no final da gravidez e Campos do Jordão é longe e...quem mais vai está no hotel? Preciso conversar com a minha equipe de segurança antes.

Edgar: Só vai ser nossos amigos e eu mando a lista dos clientes especiais que estarão lá também, são poucos, vamos ter o hotel inteiro pra gente relaxar. Vamos vai. - insistiu - Vão gostar muito de lá.

Christopher: Quer ir amor? - me abraçou pelos ombros.

Dulce: Estou no final da gravidez, estou cansada à toda hora e o que eu posso fazer por lá? Vou estragar a viagem. Pode ir sem mim. Está tudo bem. - sorri.

Christopher: Vamos ficar. - decidiu.

Edgar: Acha que não pensei na grávida mais linda? - riu - Eu v..

Christopher: Que história é essa de grávida mais linda? - o interrompeu fechando a cara.

Ri.

Dulce: Christopher! - neguei.

Edgar: Ciúmes? Cara, não é só eu que a chamo assim. Todo mundo chama, o que obviamente não é uma mentira.

Christopher: Não é mesmo. - concordou. - Minha mulher ficou deslumbrante grávida.

Dulce: Vocês são gentis. - encostei minha cabeça no ombro de Christopher. Com uma mão, ele acariciou meu cabelo.

Edgar: Então, casal. Pensei na Dul, óbvio, meu hotel fica um pouco afastado da cidade, e tem tudo, desde de spa, até centro comercial. Nem precisamos ir na cidade, no hotel tem tudo. E não vamos fazer nada radical, apenas curtir o hotel e a nossa amizade.

Christopher: Quer ir? - voltou a me encarar.

Edgar: Diz que sim. - implorou.

Dulce: Não vou estragar a viagem?

Christopher: Óbvio que não. Se cansar vamos para o quarto cedo.

Edgar: Irá estragar se não for.

Dulce: Ok. Então a gente vai.

Edgar: Vamos nos divertir. - garantiu - Depois a gente acerta tudo. Agora vou convidar todo mundo. Tchau! - desligou.

Christopher colocou de volta o celular na cômoda e me encarou.

Christopher: Quer mesmo ir?

Dulce: Sim. Vai ser legal todo mundo junto e...nunca fui para Campos. - pisquei lutando com o sono.

Christopher: Nem eu. - me abraçou e nos aconhegou debaixo do lençol - Vou pegar a lista de quem vai está lá nesse final de semana e vou acertar tudo com a equipe de segurança. Minhas meninas estarão muito seguras. - garantiu.

Bocejei de novo.

Dulce: Eu sei. - fechei os olhos sentindo ele começar um delicioso cafuné em mim. - Com você estamos muito bem seguras. - sorri sonolenta.

Christopher: Te amo! Agora dorme meu amor. Precisa descansar bastante.

Dulce: Te amo! - murmurei me entregando ao sono.

Ainda pude sentir os lábios dele na minha testa antes de apagar de vez.