Dulce Maria

O relógio do quarto marcava 06:10 de manhã do dia 06 de Maio e nada tinha mudado. Acompanhei os primeiros raios de sol entrar pela janela do quarto literalmente rosnando de dor. A madrugada passou lenta e torturante, Elizabeth tinha vindo duas vezes nesse período e eu estava da última vez com oito centímetro.

Christopher não saiu do meu lado para nada, tentava de todas as formas me distrair, me confortar, mais era impossível. Eu não tinha mais forças para suportar tanta dor. Respirava fundo várias vezes e quase quebrava a mão do meu noivo com cada contração.

Christopher: Eu amo você.

Dulce: Cala a boca! - falei entre os dentes.

Ele tocou na minha testa tentando tirar meu cabelo grudado de suor.

Christopher: Eu te amo. Muito. Logo isso acaba. - garantiu. - Olha para mim por favor. - pediu segurando no meu rosto.

O encarei com raiva.

Dulce: O qu..ê?

Christopher: Não existe alguém mais forte que você Dulce. - falou olhando nos meus olhos - Que nossa filha puxe inteiramente à mãe. - sorriu.

Ouvimos mais uma batida na porta e Elizabeth entrou como sempre sorridente.

Bufei.

Dulce: Então..? - murmurei cansada de tanta dor. Eu estava exausta. Até falar em meio a tanta dor cansava.

Christopher: Por favor Elizabeth, por favor diga que está na hora. - implorou ao meu lado segurando na minha mão.

Ela continuava sorrindo enquanto realizava o exame.

Elizabeth: O sofrimento está acabando. A bebê já vai nascer. - me encarou - Já está com dez centímetros. - piscou.

Graças à Deus!

Christopher suspirou de alívio.

Elizabeth: Vou mandar que se prepare para o parto, enquanto arrumamos a sala adequadamente. Vou me preparar também - falou terminando de fazer o exame - Daqui alguns minutos, dois enfermeiros irá leva-lá para a sala. - avisou enquanto se dirigia ao banheiro.

Segundos depois, voltou limpando as mãos na toalha de papel.

Elizabeth: Uma enfermeira irá ajuda-lá a se preparar. E Christopher..qual dos seis seguranças na porta eu peço para que fique na sala de parto?

Christopher: Três. Pode escolher entre eles, irão obedece-lá. Quando minha filha for fazer exames, eles tem ordens de não se afastar dela por nada, entendeu? Da sala de parto, dos exames, até traze-lá aqui eles ficarão ao lado dela.

Elizabeth: Claro. - deu um meio sorriso - Está acabando querida. Está acabando. - garantiu indo em direção da porta.

Gemi

[...]

Já estava na sala de parto devidamente preparada. Assim como Chistopher também. Usávamos aventais azuis, touca no cabelo, ele usava luvas e jamais soltava minha mão. Jamais. No meu pulso usava uma pulseira com meu nome "Dulce Maria Von Uckermann". Coisa de Christopher colocar o sobrenome que eu ainda não tinha. Além de duas enfermarias na sala, também estavam Fuzz e Derrick. Ambos pediram permissão de Elizabeth para participar, com outras palavras, tiraram o aproveito que são estagiários e alunos dela para ver de pertinho o meu parto.

Do outro lado da porta da sala, lá fora estavam três seguranças deixando mais ninguém entrar. Elizabeth estava na pequena salinha de preparação.

Fuzz: Ansiosa amiga? - sorriu ajeitando o laço do próprio avental no corpo.

Dulce: Cala a boca! - rosnei.

Ela riu.

Christopher: Não filme agora James. - pediu para o idiota que começou a filmar minha cara - Nossa filha não precisa ver no futuro a mãe dela bem malcriada.

Dulce: Cala a boca você também.

Derrick: Ela precisa ver o quanto a mãe sofreu para te-lá e como ficou rebelde. - continou filmando. - Vamos lá! Diga que ama sua filha! - pediu.

O encarei com raiva.

Dulce: Eu vou te matar, esquartejar e dar os restos para os ratos - falei entre os dentes furiosa.

Derrick baixou a câmera com os olhos arregalados.

Idiota!

Bufei.

Elizabeth: Vamos, lá? - se aproximou ficando na posição dela - Coloque suas pernas aqui..- me instruiu corretamente - Flexione bem os joelhos. - pediu. - Ajeite sua coluna para não ficar com problemas depois. - avisou.

Fuzz: Filme agora..- mandou enquanto se afastava um pouco.

Me concentrei em Elizabeth e esqueci dos dois idiotas ao meu lado. Christopher segurou minha mão com mais força.

Elizabeth: Já sabe o quê tem que fazer. Preciso que faça força! Muita força! - pediu olhando para baixo. - Vamos, lá? No três, ok..? Um...dois...três...

Dulce: Ahhhhhhhhh - gritei fazendo o máximo de força possível.

PORRA!

Elizabeth: De novo! - mandou.

Dulce: Ahhhhhhh - obedeci apertando com a mesma força a mão de Christopher. - Dói tanto...tanto..- comecei a chorar de tanta dor.

Elizabeth: Sei que dói meu amor! Mas precisamos acabar logo com isso. Vamos de novo, sim?

Fechei os olhos e gritei fazendo força o máximo que conseguia.

PORRAAAAAAAAA

Dulce: Nã..o vou conseg..uir - balancei a cabeça chorando.

Christopher: Claro que vai. Aguentou até agora, irá aguentar esse final. Pense nela, pense em nossa filha. - apertou minha mão - Ela precisa que você aguente, ela está louca para ver a mãe.

Dulce: E..u n..ão cons..igo - solucei.

Christopher: Meu amor, você consegue tudo que quer. Tudo. Por favor! Continue! - tocou no meu ombro - Não desista! É a mulher mais forte que já conheci.

Elizabeth: Vamos Dulce. De novo.

Apertei a mão de Christopher com força.

Dulce: Ahhhhhhhhhhhhhh - gritei fazendo força mais uma vez. - Ahhhh

Elizabeth: Vamos querida! Vamos! Continue empurrando, sim?

Respirei fundo e soltei o ar pela boca.

Dulce: Ahhhhhhh - gritei jogando a cabeça para trás - Chri..s...

Christopher: Estou aqui minha pequena. - apertou minha mão. - Continue meu amor. Está indo muito bem.

Minha garganta estava seca, meus lábios ressecados, a dor insuportavel, como se estivessem esmagando todos os ossos do meu corpo ao mesmo tempo, a cada força que fazia só piorava. Não aguentava mais.

Meu Deus!

Respirei fundo.

Dulce: Ahhhhhhhhhhhh - gritei outra vez fazendo força.

Elizabeth: Isso! - falou animada - Continue Dulce! Continue! Estou vendo a cabeçinha dela.

Dulce: ahhhhhhhhhhhhh - empurrei de novo - N...ão...aguento..

Christopher: Está quase meu amor. Quase lá.

O encarei respirando fundo.

Dulce: Ahhhhhhhhhhhh

Elizabeth: Continue! Continue! - pediu extremamente animada.

Dulce: Ahhhhhhhhhhhhhhh - joguei a cabeça para traz de novo exausta.

Christopher limpou as lágrimas que desciam por meu rosto.

Elizabeth: Dulce eu já posso tocar nela, se você empurrar com todas as forças que você tem, empurrar com tudo, a dor para, eu prometo! - falou séria.

Christopher: É tão forte pequena. Tão forte. Só mais uma vez meu amor. - voltou apertar minha mão.

Dulce: E..u te a..mo! - falei com dificuldade olhando em seus olhos.

Christopher: Você é a minha vida meu amor, é tudo o quê tenho, a mais preciosa. Tenho que inventar outra palavra para dizer o quanto sou louco por você, por favor pequena, continue. - pediu sem tirar os olhos dos meus.

Respirei fundo mais vezes voltando a olhar para frente. E coloquei todas as forças que ainda tinha no corpo, tudo, inteiramente naquele segundo. Gritei como nunca tinha gritado antes.

Dei tudo de mim.

Eu juro!

AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

Dulce: AHHHHHHHHHHHHHHHHHHH - gritei muito, até perder o fôlego, com os olhos repletos de lágrimas.

Então, no minuto seguinte um alívio momentâneo, de repente. A dor parou, a dor sumiu, a dor desapareceu. Pisquei ao mesmo tempo que ouvimos um choro explodir por toda a sala, um choro forte, firme, cheio de vida e com ótimos pulmões.

Elizabeth: Como ela é linda. - falou segurando minha filha. - Meu Deus! Como ela é perfeita! - sorriu para ela pegando das mãos de uma das enfermeiras uma mantinha azul para enrola-lá.

Voltei a chorar ao ver Elizabeth traze-lá para os meus braços antes de tudo, até mesmo de limpa-lá. Minha filha chorava quando a peguei pela primeira vez.

Dulce: Meu amor..- falei baixinho chorando e a examinando.

Perfeita!

Ela era perfeita!

Minha filha era perfeita!

Tão pequena, cheinha, poucos cabelinhos, branquinha, seus olhos estavam fechados, berrava nos meus braços em plenos pulmões. Tinha o nariz de Christopher e o sinal dos Uckermann no ombro direito.

Sorri a abraçando.

Minha filha!

Christopher: Ela é tão linda! - sussurrou completamente encantado ao meu lado.

Dulce: Sua filha meu amor. - consegui tirar os dela por alguns segundos e encara-lo.

Ele deixava umas lágrimas cairem de seu rosto. Seus olhos brilhavam como nunca quando me encarou também.

Christopher: Obrigada meu amor. Você me deu o maior presente que um homem pode ganhar. Obrigado! - me beijou rapidamente - Meu Deus! Como eu amo vocês duas. - nós abraçou um pouco desajeitado para não machuca-lá.

Dulce: Agora nossa família está completa de verdade - encarei nossa filha tocando em seu rostinho perfeito completamenre hipnotizada.

Christopher: O quê acha de...Maria Paula? - falou hesitante.

Sorri.

Dulce: Maria Paula Espinosa Von Uclermann. - citei - Não há nome mais bonito que esse no mundo.

Voltei abraça-lá contra meu peito beijando minha bebê. Minha filha.

Minha outra vida.

Christopher voltou a nós abraçar e eu fechei os olhos chorando completamente feliz e grata pela minha família.

Minha família!

Baby Vondy nasceu ❤

Estou sentindo falta de muitas leitoras, heim? 

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