Dulce Maria

Zoraida e Eddy chegaram meia hora depois ao mesmo tempo que o nosso jantar italiano. Eu poderia ter cozinhado o jantar, mas Chris tinha insistido para que eu esquecesse um pouco da cozinha e por isso, ia pedir todas os dias as nossas refeições. Todos nos sentamos na mesa de jantar depois que Zoraida e Eddy foram dar uma olhadinha na "afilhada" deles. A babá eletrônica me acompanhava para todos os lados, caso ela chorasse íamos saber na mesma hora.

Julie: Seu desfile está chegando, não é? - comentou devorando o macarrão.

Zoraida: Sim. Daqui à duas semanas. - sorriu - Vivian está organizando tudo à meses. Vai ser uma pena que nem todos vocês poderão ir, mas um canal de TV irá cobrir o evento, então, está tudo certo - sorriu.

Lucy: Eu vou vir Zora. - piscou - Assim como Julie que não vai deixar a oportunidade de fugir do colégio por alguns dias. - riu.

Julie: O desfile vai ser na sexta-feira, é perfeito porque passo o final de semana aqui. Volto na segunda-feira. - falou animada.

Zoraida: Mas sério..- olhou para todos antes de continuar - Se não puderem ir, está tudo bem. Eu entendo. Ainda mais a Dul que acabou de ter a Maria, é muito recente e...

Eddy: Não precisa se explicar. Todos sabem disso.

Zoraida: Mesmo assim. Só quero deixar claro que não é uma obrigação.

Brayan: Não é. Sabemos disso também. É uma pena que eu não vou poder ir. Mas sei que terá outros desfiles. - falou colocando mais comida no prato. Já era o terceiro prato dele.

Dulce: Como eu queria ir, ficar na primeira fila, mas..- balancei a cabeça ficando triste pelo momento.

Maria Paula só tem pouquíssimo dias de nascida. Nem um mês ela terá para que eu consiga sair. E o pior de tudo é ter que deixa-lá "sozinha" por algumas horas, era uma idéia terrível para mim, mesmo que ela fique com uma pessoa extremamente confiável como por exemplo dona Clarice, só de me imaginar totalmente longe dela era... insuportável. Minha filha era tão bebê, ela precisa que eu fique vinte e quatro horas pertinho dela.

Zoraida: Eiii gatinha, para, ok? Eu sei e entendo. Relaxa. Você precisa ficar em casa e com minha sobrinha mesmo. Afinal, não parece mais está de resguardo também e não pode ficar saindo assim.

Lucy: Por quê você não poderá ir Brayan? - comentou entre uma garfada e outra de macarrão.

Brayan: Semana que vêm vou ficar por algum tempo em Chicago. - avisou - Fiquei viajando resolvendo as coisas, mas a sede da empresa Uckermann é lá e ela está sozinha tem um bom tempo, apesar de termos alguém responsável por ela, nada se compara administrar por perto.

Eddy: Pensei que fosse o Christopher que administrasse..- comentou confuso.

Christopher: Sou eu. Mas tudo por computador. Todos os meus negócios são atrás de tela. E funciona. Mais preciso de alguém de extrema confiança em Chicago, já que nesse momento não posso ir até lá.

Julie: Acontece o seguinte cunhadinho...- falou olhando Eddy - Somos conhecidos por nossa multinacional que é a indústria Uckermann, fazemos e vendemos os melhores prédios e casas do mundo. De extremo luxo. Isso incluí hotéis também. É como se fosse uma imobiliária, mas diferente dela que vende casas de terceiros, vendemos apenas as nossas casas, prédios e assim por diante. Como nascemos e crescemos em Chicago, incluindo nossos ancestrais, a empresa oficial é lá, mas temos outras filiais ao redor do mundo que só trabalham os melhores arquitetos, engenheiros e desing. São muitos os profissionais que trabalham conosco. Além da indústria, também temos negócios com petróleo, garimpos, temos joalherias, alguns hotéis ao redor do planeta são nossos também. E claro, sempre mexemos com ações da bolsa de valores.

Christopher: Pelo visto você quer mesmo entrar para os negócios da família..- riu.

Julie deu de ombros.

Julie: Antes eu não ligava muito para os negócios da família. E nem sabia quais eram nossos próximos investimentos, mas isso mudou. Sei de tudo que acontece. - piscou para o irmão.

Zoraida: As vezes eu me assusto com a quantidade de dinheiro que vocês têm.

Lucy: Que nós temos. - corrigiu sorrindo - Eu nunca quis saber dos negócios da família. E ainda bem que fui a segunda a nascer, porque do contrário, quem teria que assumir seria eu. - revirou os olhos.

Zoraida: O Richard....digo...- se corrigiu - Nosso pai me falou que apenas os primogênitos assumem os negócios da família. Achei bem... obrigatório. - fez careta.

Julie: E é. O filho ou a filha mais velha sempre assume os negócios da família. É como se fosse uma hierarquia, o primogênito sempre assume o posto, assim como o sinal, essa tradição está também à gerações.

Eddy: E se o primogênito não quiser?

Brayan: Não tem essa história de não quiser. Desde de pequeno ou pequena já é preparado para isso. Nunca ocorreu também de ninguém não querer.

Dulce: Espera, então nossa filha vai ser obrigada à assumir seu lugar? - encarei Christopher que hesitava ao balançar a cabeça.

Christopher: Não é bem assim. É o império dela. Então, ela irá querer algum dia assumir tudo.

Dulce: E se ela não quiser isso?

Christopher: Ela irá querer. - insistiu.

Dulce: Como tem certeza que um dia ela irá querer? - cruzei os braços - Ela pode querer seguir outra carreira.

Christopher: Talvez. - concordou - Mas assim como aconteceu comigo ela irá assumir os negócios. É algo que não dar para mudar. - falou simples enquanto voltava a comer.

Balancei à cabeça.

Dulce: Então ela irá ser obrigada?

Christopher: Não falei isso..- me encarou.

Dulce: Pois deu a entender. - falei nada contente com essa história.

Julie: É...gente - falou hesitante - Maria Paula é só um bebê, ainda tem muitos e muitos anos para decidir isso. Então, relaxem, ok? - pediu tentando evitar uma briga.

Christopher: Podemos voltar a falar sobre isso daqui à alguns anos. - tocou no meu ombro - Agora coma! Você não está comendo nada amor. - observou meu prato praticamente vazio.

Suspirei assentindo.

Pelo visto, daqui alguns anos eu e ele íamos ter uma longa discussão sobre esse assunto. E eu não ia deixar minha filha ser obrigada à nada! Isso era Fato!

Encarei meu prato e depois encarei Maite que estava calada e também não comia desde que sentamos. O prato dela tinha menos que o meu.

Dulce: Está bem?

Ela me encarou e assentiu.

Maite: Sim.

Julie: Está tão calada...- comentou.

Lucy: Ela está com ciúmes. - sorriu.

Eddy: Maite com ciúmes? Essa é nova..- riu.

Maite: Não estou com ciúmes. - se defendeu cruzando os braços.

Christopher: Não conversou com o Christian? Não se resolveram?

Maite: Ele falou que amiguinha de vocês chegou de surpresa e que ele esqueceu de olhar o celular porque ficaram o dia inteiro conversando. Que ele até almoçou com o pai dela. - bufou.

Julie: Que amiguinha? - franziu o cenho.

Lucy: Ana Brenda. - respondeu.

Julie: Soares ou Contreras?

Lucy: Contreras. Ana Brenda Contreras. A herdeira do império de petróleo.

Julie: Ah, sim! Ela é muito bonita. - comentou por impulso e em seguida mordeu os lábios olhando hesitante para Maite e depois para Christopher e baixou os olhos.

Hum....

Maite: Muito bonita...- encarou Christopher com os olhos fervendo.

Dulce: É. Muito bonita. - também o encarei.

Lucy suspirou e jogou um guardanapo na cara da Julie. Zoraida, Eddy e Brayan apenas comiam calados.

Christopher: Ana Brenda é só uma amiga Mai. Só isso. - balançou a cabeça olhando para a parede.

Maite: Para ele ou para você? Porque você não quer falar dela e ele passou o dia inteiro com ela me ignorando.

Christopher: É só uma amiga. Apenas isso. Nada mais. - garantiu olhando agora nos olhos dela. - Não precisa ficar com ciúmes dos dois, ok? Christian te ama tanto que quase te matou.

Dulce: E para você? É só uma amiga também? - perguntei séria.

Ele assentiu sem me olhar.

Hum....

A mesa ficou em absurdo silêncio.

Dulce: Christopher...- comecei a falar mais fui interrompida por um choro estridente que saía da babá eletrônica.

Christopher foi o primeiro a levantar de supetão da mesa.

Christopher: Eu já terminei, vou cuidar dela. - falou antes de sair da sala.

Encarei Julie e Lucy.

Ambas levantaram as mãos em sinal de total rendição.

Lucy/Julie: Não sei de nada. - falaram juntas.

[....]

Alguns minutos depois Maria Paula parou de chorar. Assim como todos também tinham terminado de jantar. Enquanto os outros arrumavam a mesa e lavavam as louças, inclusive Mai que continuava irritada, fui até o quarto da minha bebê vendo Christopher terminar de troca-lá. Parei no batente da porta vendo pai e filha.

Christopher: Viu como eu aprendi rápido a trocar você? - falava baixinho enquanto a erguia e a colocava no colo - Deve está com fome de novo, né? Vamos procurar a mamãe...

Dulce: Estou aqui. - falei entrando no quarto e parando na frente dele para pega-lá. - Oiii meu amor. - sorri indo com ela até a poltrona. A coloquei corretamente nos meus braços e baixei uma parte da blusa dando de mamar.

Ela sugou faminta e mais uma vez fiz careta. Ainda doía muito. Christopher foi em direção ao banheiro dela e segundos depois retornou com as mãos molhadas as enxugando no cabelo.

Dulce: Fala logo Christopher, você ficou com essa Ana Brenda, não é? - falei o encarando ainda séria.

Não era nenhuma surpresa. Ele tinha sido muito mulherengo. Na verdade ele dava aulas para todos os mulherengo, acho que as únicas mulheres com quem ele nunca teve nada foi a mãe dele, as irmãs, Maite e Fuzz. O homem nunca tinha parado quieto, eu fui a primeira namorada dele e ele já tem vinte e seis anos. Por ser tão mulherengo, foi o que de certa forma causou a maluquice de Anahi Portilla.

Nunca me incomodei porque tudo tinha sido antes de me conhecer, assim como ele tem o passado dele, também tenho o meu passado. Não misturo as coisas.

Sou madura demais para isso.

E confio nele irrevisivelmente

Christopher suspirou e assentiu.

Dulce: Por quê tanta enrolação para contar? Não é novidade para mim que tenha ficado com todas as mulheres do planeta. - falei desviando o olhar para minha bebê acariciando seu rostinho.

Christopher: Porque...porque...porque porque...- enrolou - Ela é diferente...- falou baixinho.

O encarei na mesma hora.

Dulce: Diferente como? - perguntou num tom mais alto que pretendia.

Respirei fundo.

Ele me amava. Sabia e tinha certeza disso. Então porque ela era diferente?

Christopher: Sabe quando você comete um erro? Então, foi isso. Ana Brenda não é igual aquela... desgraçada da Anahi, ela é diferente. Foi uma vez e nunca mais. Nós dois nos arrependemos de termos... enfim - coçou a cabeça - Não era para ter acontecido, misturamos tudo e...no final, era apenas amizade que jamais deveria ter passado disso. Ela é uma ótima pessoa, como Vivian por exemplo, uma amiga. De verdade uma amiga. - explicou. - Foi à muito tempo, eu tinha nem dezoito anos.

Dulce: Só por isso não queria me contar? - sorri.

Christopher: Não que eu não quisesse contar. Só não sabia como explicar que já tivemos um único lance e depois disso ficou apenas amizade.

Dulce: Apenas amizade..?

Ele se aproximou de mim e ficou sentado aos meus pés no chão. Nossa filha mamava de olhos fechados.

Christopher: Eu te amo. Você sabe disso. E se eu gosto dela é só porque somos amigos. Nada mais. - tocou na minha coxa - Você é minha vida Dulce Maria.

Sorri.

Dulce: Também te amo. E se você falou que ela é como Vivian, então deve mesmo ser uma boa pessoa.

Christopher: Ela é. Só que não é mais boa que você amor. Ninguém nunca será melhor que você nisso. - sorriu e tocou na mãozinha da filha. Em seguida, levantou o suficiente para dar um beijinho em nossa bebê e em mim demoradamente nos lábios.

Meu sorriso ampliou ainda mais.

Novos personagens estão a caminho! Estou sentindo falta de muitas leitoras, viu?

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