Dulce Maria

No elevador em direção ao restaurante do Palace, voltei a passar o batom e ajeitei pela última vez meu vestido, o que foi um pouco difícil já que meu amado noivo não conseguia me soltar por um instante. O homem muito bem arrumado, que era o gerente do hotel, nos levou para nossa mesa assim que as portas se abriram. O restaurante estava cheio, todas as reservas tinham sido preenchidas. Os garçons passavam constantemente quase se chocando com os colegas para atender todos os pedidos. 

O gerente passou pela parte principal do restaurante e nos levou para a parte de fora para a área privativa, nós deixando longe do barulho típico. Ouvi Christopher bufar e seu braço apertar minha cintura.

O encarei.

Dulce: O quê foi?

Ele apenas balançou a cabeça.

A parte privativa ficava numa varanda bem ampla de frente para o jardim. Tinha pouquíssimas mesas e todas já estavam ocupadas, mas todos eram longe uma das outras. O vento frio da noite contra minha pele me arrepiou. Ele nós levou para a única mesa vazia para dois e a mais distante das outras.

Xxx: Aqui. - sorriu e puxou uma cadeira para mim - Madame..?

Dulce: Obrigada. - sentei na cadeira observando Christopher fazer o mesmo.

Xxx: Vou mandar o garçom trazer os cardápios. Mas antes, aceitam um vinho? Um champanhe? - ofereceu.

Christopher me encarou.

Dulce: Ah, pra mim não. 

Christopher: Trás um suco de laranja para ela e um mimosa para mim. Não posso ficar bêbado. - me encarou.

Xxx: Claro. Com licença. - se retirou.

Dulce: Mimosa? - sorri de canto.

Christopher: Muitos dizem que é bebida de mulher só porque é suco de laranja com champanhe. - revirou os olhos. - De fato não é minha bebida favorita, mas à um tempo ultrapassei todos os limites de álcool no corpo e não devo beber nada de álcool por mais tempo, só que hoje é um dia especial e...- tocou na minha mão em cima da mesa - Quero comemorar mesmo que seja com mimosa e também, quero te acompanhar no suco. 

Dulce: Sabe que não ligo se beber uma taça. Como você disse hoje é especial.

Christopher: Sim. Mas prefiro te acompanhar também. - sorriu.

Dulce: Amor, mesmo que eu não tivesse amamentando, eu não ia beber. Eu nunca, jamais bebo nada alcoólico. Vai querer me acompanhar sempre?

Christopher: Sei que não gosta. - acariciou minha mão - Tudo bem. Só bebo socialmente. - suspirou. - Mas, você não bebe mesmo nas datas especiais, né? Nem um golinho?

Dulce: Não. Nunca. Você sabe.

Christopher: E o nosso casamento? Também não vai fazer o brinde?

Não sei porquê, mas ri.

Dulce: Se lembra no começo do nosso relacionamento quando Vivian e Edgar foram para o apartamento beber e eu disse que não bebia e você me disse que jamais ia me obrigar a nada?

Christopher: Pequena, não estou te obrigando. - falou rápido - Só quero saber se também não vai..

Dulce: Não. - o interrompi - No nosso casamento você e os convidados podem beber a vontade. Mas eu não vou Chris. - falei convicta. - Nem mesmo um golinho de champanhe. Não tenho problema em ver você e os outros bebendo, mas eu nunca bebo.

Nunca.

Christopher: Não tenho nenhum problema com isso. Era só uma curiosidade. - apertou nossas mãos.

Xxx: Aqui. - o gerente voltou segurando uma bandeja com as duas taças cheias. - Seu suco madame. - me entregou a taça - E a sua bebida senhor. - entregou para meu noivo - O garçom já está vindo. Licença. - se retirou novamente.

Observei o lindo jardim iluminado, o vento da noite cobrindo minha pele totalmente exposta do vestido. Dentro do restaurante alguém começou a tocar um piano e a música embalou a noite ao som de All Of Me de John Legend, apenas a melodia. Aquela música era linda demais.

Sorri.

Tudo estava muito romântico.

Christopher: Um brinde...? - ergueu a taça chamando minha atenção - Um ensaio para o brinde do nosso casamento - sorriu.

Dulce: Brindamos à..? - ergui minha taça de suco.

Christopher: Você. 

Dulce: Eu..?

Christopher: Um brinde à mulher mais linda desse mundo. A única dona do meu coração, corpo e alma. A única que faz meu coração disparar todas as vezes que olho seu rosto e a única que me fez tão feliz ao me dar minha filha. - falou olhando dentro dos meus olhos.

Senti meus olhos encherem de lágrimas, mas controlei a tempo. Ele, Christopher Uckermann, era o amor da minha vida. Já sabia da declaração, mas ouvir de sua própria boca o que eu representava era... indescritível.

Dulce: É o amor da minha vida.

Christopher: E você da minha.

Brindamos fazendo o típico barulhinho das taças e tomamos o líquido. Ele voltou a segurar na minha mão.

Zzz: Boa noite. - o garçom surgiu com os dois cardápios nas mãos.

Dulce: Rodrigo? - ri.

Christopher que nem tinha olhado para a cara do garçom quando chegou, virou o rosto para ele na mesma a hora ao ouvir o nome que saiu da minha boca.

Rodrigo: Oii Dulce. - sorriu.

Dulce: Já sabia que trabalhava aqui, mas não pensei que estaria hoje. - comentei.

Rodrigo: Não estaria, mas um amigo pediu para cobrir a folga dele. - entregou os cardápios. - Quando vi seu nome na lista vip, me ofereci para atende-lá. - piscou. - É sempre um prazer encontrar com você.

Dulce: Ah, Rodrigo..- balancei a cabeça.

Christopher: Por quê não vai embora e nós espera chamar? Não sabe como tem que se comportar um garçom do nível desse hotel? - se intrometeu na conversa de forma grosseira encarando Rodrigo com olhos faiscando.

Dulce: Chri..

Rodrigo: Vou fazer isso senhor Uckermann. Licença. - se afastou da mesa. Eu o acompanhei com olhos, até ele parar na entrada da varanda

Dulce: Que isso, Christopher? - o encarei surpresa e irritada - Você foi arrogante e desrespeitoso com ele. 

Christopher: Desrespeitoso foi a forma que ele olhava seu decote. - bufou.

Dulce: O quê? - balancei a cabeça - O seu ciúme está afetando sua visão. Rodrigo é apenas um...amigo. 

Christopher: Ciúme? - riu irônico - Ciúme por causa dele? - revirou os olhos.

Dulce: Não está? - cruzei os braços.

Ele me encarou.

Christopher: Claro que não. Eu deveria ter escolhido outro lugar. - balançou a cabeça.

Dulce: Christopher...- falei séria.

Christopher: Ele tirou a sua virgindade. - bufou.

Dulce: Ainda com isso? Meu Deus! - ri.

Será que ele nunca ia superar esse assunto? Já tinha tanto tempo. Perder a virgindade era tão...normal. Nada de tão especial assim. Mais ele insistia em trazer esse assunto todas as vezes que olhava para Rodrigo. 

Christopher: Não tem graça. - falou irritado.

Dulce: Chris..- estiquei minha mão para segurar a dele em cima da mesa, mas o celular dele tocou, consequentemente ele se desviou do meu toque. - Quem é? - perguntei observando-o olhar a tela do aparelho.

Christopher: Os agentes...- atendeu na mesma hora fazendo meu coração congelar - Sim?

Maria Paula.

Dulce: O quê aconteceu? Minha filha está bem? - levantei de supetão assustada prestes a correr até ela.

Mas Christopher apenas segurou no meu pulso e balançou a cabeça enquanto ouvia o que a outra pessoa falava, não consegui conter um suspiro de alívio, ele estava tranquilo prestando atenção no que a pessoa falava. Se tivesse acontecido qualquer coisa com a nossa filha, já estaríamos fora do hotel na mesma hora.

Christopher: Sério? - com a cabeça indicou a cadeira para que eu sentasse de volta - Sim. Passa para ele. - mal fechou e abriu a boca - O quê você faz aqui? - esperou - Por que não ligou direto pra mim? - esperou - Ok. - esperou - Deixa ele subir. - falou antes de desligar e guardar o celular.

Dulce: Nossa filha está bem?

Christopher: Sim. Está ótima. Tudo normal. - deu um meio sorriso - Christian acabou de chegar no prédio e queria entrar para ver Maite. 

Dulce: Ah, certo. Me assustei.

Christopher: Nossa filha está muito segura Dul. 

Dulce: Ele não ia vir só daqui alguns dias? - franzi o cenho.

Christopher: Era o que ele pretendia, mas a situação dele com a Mai não está das melhores. 

Dulce: Não está mesmo. Espero que se resolvam. - peguei o cardápio mas não abri, fiquei encarando Christopher - Por quê não esquece Rodrigo? - voltei ao assunto de antes.

Christopher: Esquecer que ele foi importante para você? Que vocês dois...

Dulce: Qual o problema? - o interrompi - Vai querer matar todos os meus ex antes de você? - brinquei.

Mais ele continuou com a cara fechada.

Dulce: Christopher..

Christopher: Droga Dul. Eu sei que você tem um passado. Eu também tenho, mas só de imaginar outro homem tocando você...eu fico...eu..- suspirou não conseguindo completar a frase - Acho que não quero que ninguém seja tão especial quanto sou para você. - falou encarando as taças.

Dulce: E ninguém é. Você é o amor da minha vida. Você me salvou assim que nós conhecemos. Você me deu a razão da minha existência, nossa filha. Ninguém foi e é mais especial que você na minha vida. - busquei a mão dele por cima da mesa - Ninguém. Só não quero que fique trazendo esse assunto a tona todas as vezes que formos encontrar com Rodrigo ou com outro ex meu. - fiz uma pequena pausa - Eu não fico trazendo ou lembrando de todas as mulheres com quem você já... transou.

Christopher: Nenhuma delas, repito, nenhuma delas foi especial, como aquele cara..- torceu a boca - foi para você. Fico louco só de imaginar de que possa está pensando no passado de vocês quando olha para ele. - bufou.

Dulce: Amor, por quê é tão difícil colocar na sua cabeça que assim como você, nenhuma deles foi especial? Apenas você. Eu nunca amei alguém como amo você. Para falar verdade, eu nunca soube o que era amor até conhecer você. - acariciei sua mão - Sempre foi você. Até mesmo antes de nós conhecemos era você.

Observei ele lutar contra um sorriso.

Meu coração quase soltou do peito ao admirar o minúsculo sorriso que surgiu em seus lábios.

Christopher: É muito bom ouvir isso. - falou já começando a desfazer a cara fechada.

Dulce: Além de conhecer o amor com você, também conheci ou melhor, senti..- me corrigi - o verdadeiro significado da palavra prazer. - dei um sorrisinho ao me lembrar da primeira vez que fizemos amor.

Automaticamente meu pé se ergueu de baixo da mesa e meu salto começou a subir da perna dele, até parar no meio da calça dele. Ele ficou enrijecido e o sorriso que deu quase me fez perder o fôlego. Senti sua mão livre tocar no meu pé no salto, subindo para o tornozelo, até parar na minha perna.

Meu corpo inteiro se arrepiou.

Christopher: Por quê mesmo está sem calcinha? - sorriu de um modo safado.

Dulce: Porque...porque, porque, bom, porque..- me enrolei envolvida com apenas o toque dele na minha perna - O vestido é muito justo. - respirei fundo me recompondo - Usar sutiã e calcinha não ia ficar....bom. - consegui dizer.

Christopher: Óbvio que ia. Mas você colocou apenas esse pano para me deixar louco não é? Está praticamente...nua. - ele se inclinou na mesa como se fosse para falar mais próximo do meu rosto, mas na verdade era um jeito secreto para que sua mão começasse a subir pela minha coxa.

O olhar dele estava fixo nos meus seios. 

Dulce: Hã, hum...ah..- me perdi na fala com a mão dele entrando no meio das minhas coxas. Então, se inclinando mais um pouco na mesa me deu um leve beijo nós lábios e se afastou.

Pisquei várias vezes vendo-o sorrir.

Christopher: Você que começou. - falou pegando o cardápio - O quê quer pedir, meu amor? - sua atenção foi para o papel nas mãos.

Respirei fundo e tirei meu pé dele.

Dulce: Não sei. - falei baixo e tomei um gole do meu suco.

Ele me encarou na mesma hora.

Christopher: O quê acha de pularmos a entrada e ir para o principal?

Dulce: Perfeito. - suspirei ainda me sentindo quente. Muito quente.

Ele riu.

Christopher: O quê acha de Talharim?

Dulce: Perfeito. 

Christopher: Certo. - se virou para chamar o garçom, no caso, Rodrigo de volta, mas ele não estava mais na entrada da varanda e no lugar dele era outra pessoa, o garçom viu que pretendíamos chamar e veio ao nosso encontro.

Xxx: Os senhores já se decidiram? - perguntou sorridente.

Dulce: Sim. Cadê o Rodrigo?

Xxx: Ele preferiu ficar na outra parte do restaurante e me chamou para ficar no lugar dele senhora. - respondeu.

Encarei Christopher um pouco irritada.

Mas meu noivo apenas revirou os olhos.

Dulce: Você foi muito rude. Você não é assim.

Christopher: Especificamente para ele sou sim. - fez pouco caso - Por favor para o principal vamos querer..

Ele fez os pedidos e o garçom se retirou, Christopher voltou a pegar na minha mão e levou ela até seus lábios. Suspirei. Tinha como ficar com raiva desse homem por muito tempo?

Dulce: Não gosto que seja rude com ninguém. Você não é assim. Não é igual a sua...- parei de falar e mordi os lábios.

Christopher: Eu sei. Mas não consigo evitar quando é com ele. - deu de ombros - Ele já te viu nua, foi o primeiro homem da sua vida, então, não me peça que seja legal com ele. 

Revirei os olhos.

E voltamos a estaca zero.

Dulce: Christopher..

Christopher: Vêm aqui. - me puxou para inclinar meu corpo na mesa, fez o mesmo e cobriu a boca na minha para um beijo delicioso e demorado. Apesar do leve gosto de champanhe, retribui o beijo na mesma intensidade.

Sua mão foi para minha nuca e aprofundamos ainda mais o beijo. Ficamos nos beijando até perdemos o fôlego, aos poucos ele foi parando o beijo com vários selinhos.

Sorri mesmo respirando com certa dificuldade.

Christopher: Te amo..- sussurrou ainda com lábios colados nós meus - Minha mulher. Só minha. - me deu outro selinho.

Dulce: Você também é meu. - sussurrei de volta - Apenas meu. Só meu.

Ficamos nos beijando, namorando, fazendo promessas até o jantar aparecer. Não prestavamos atenção nas poucas pessoas ao nosso redor, nossa mesa ficava longe o bastante para termos um pouco de privacidade e como só tinha casais, eles também não prestavam atenção em nós dois.

Comemos o prato de massa que por sinal, estava maravilhoso, conversando sobre nosso futuro, nossa filha, sobre o nosso casamento que alguma hora íamos voltar a planejar. Depois ele pediu a sobremesa na qual dividimos dando na boca um do outro e claro, fotos, muitas fotos. Ele tirava dezenas delas no celular dele. A maioria estávamos aos beijos.

Christopher: Acho que já podemos ir. - falou depois de verificar as horas - Já é quase onze horas. - fez o sinal da conta para o garçom.

Dulce: Não vai pagar amanhã? - franzi o cenho. 

Christopher: Amanhã? - perguntou confuso - Por quê?

Dulce: Você sabe, na hora de irmos embora do hotel. Depois do café. 

Christopher: Amor..- voltou a tocar na minha mão - Acha que vamos subir para um quarto? - sorriu divertido.

Dulce: Não vamos? - agora eu que fiquei confusa - Disse que íamos passar a noite fora. - o lembrei.

Christopher: E vamos pequena. Mas não aqui. - garantiu soltando minha mão para pegar a carteira do bolso da calça.

Xxx: Sua conta senhor. - entregou à ele já segurando uma máquina.

Christopher pagou o jantar e ainda deu uma generosa gorjeta de dois mil reais para o garçom que ficou perplexo. Todas as cédulas de cem. Acabei rindo da reação do garçom ao recusar a gorjetada e Christopher aumentar mais a gorjetada conforme ele recusava, no final, ele suspirou e deu ombros aceitando os dois mil reais iniciais e devolvendo os outros mil reais que Christopher tinha aumentado para que ele aceitasse. 

Ainda ria quando saíamos da área vip olhando o garçom perplexo encarando as notas nas mãos. O restaurante continuava bastante cheio.

Dulce: Por que foi tão... generoso? - falei passando pela parte principal do restaurante. 

Estávamos de mãos dadas. 

Christopher: Porque fui com a cara dele. Não ficou olhando seu decote. - ele mesmo olhou rapidamente para os meus seios e voltou a me encarar.

Dulce: Aiii amor - ri e cruzei nossos braços bem apertado. Saímos do restaurante e passamos pelo hall do hotel. Em minutos, estávamos saindo do grandioso Copacabana Palace e o carro de Christopher nós esperava já com o conhecido motorista em pé abrindo a porta. Entrei primeiro, Christopher grudou em mim em seguida.

O motorista fechou a porta e deu a volta no carro.

Dulce: Agora me diz, aonde vamos? - perguntei curiosa.

Ele já tinha me surpreendido com o lindo e romântico passeio de helicóptero pela cidade, me deu o colocar mais valioso da minha vida e não estava me referindo aos diamantes e sim as fotos dentro dele e me levou para um jantar perfeito. Pensei que íamos subir para um quarto terminar a noite fazendo amor até a exaustão.

Como ele tanto queria.

Mas, o quê aquele homem ainda estava aprontando?

Christopher: Eu disse que queria ficar absolutamente sozinho com você, lembra? - voltou a beijar minha mão.

Assenti.

Dulce: Deixou isso muito claro. - sorri.

Christopher: Então, é isso que vou fazer. Vamos ficar completamente sozinhos. Apenas nós dois. Sozinhos. Como se só existisse nós dois no mundo.

Dulce: Como assim, amor? - ri sem entender. 

O motorista entrou no carro chamando minha atenção e colocou os cintos e em seguida ligou o veículo.

Christopher: Vamos para Marina da Glória pegar uma lancha. - sorriu.

Arregalei os olhos.

Íamos sair do Rio?

E aí! Estão gostando?

O que acham que ele ainda continua aprontando? Algum palpite? Kkk

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