Fanfics Brasil - Capítulo - 070. Almas Opostas - Vondy

Fanfic: Almas Opostas - Vondy | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo - 070.

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Dulce Maria


 


Não sei quanto tempo se passou até que parei definitivamente de chorar nós braços de Christopher. Meus olhos doíam, meu nariz estava entupido, minha garganta ardia e minha cabeça estava para explodir. Mas nada se comprava ao o quê sentia no meu coração. Tinha acabado de revelar algo que Maite e eu tínhamos decidido enterrar para sempre.


 


Eu odiei muito a mulher que me deu a vida. Muito mesmo. Na minha cabeça de criança era mais fácil odia-lá do quê perdoa-lá. Mas com o tempo, depois que fui para orfanato da tia Sofia, depois que conheci o amor quase maternal, eu a perdoei. De verdade. E sem julgamentos.


 


Mas ainda sim, pensar na minha mãe só me trazia péssimas lembranças. Eu não conseguia controlar. Ela lembrava todo o horror que passei durante toda a minha infância e começo da adolescência. E descobrir que a mulher que me deu a vida era...


 


Deus! Isso era...


 


Inacreditável!


 


Ouvi um choro da porta e levantei a cabeça me deparando com Elizabeth tão trêmula quanto eu estava antes, ela tinha tinha os olhos fechados enquanto as lágrimas desciam. Ela tentava controlar os soluços. Sem sucesso.


 


Me encolhi ainda nós braços de Christopher.


 


Christopher: Precisam conversar. - sussurrou no meu ouvido. - Ela ouviu. - avisou.


 


Elizabeth me olhava agora. Ainda chorava. Seus olhos verdes transmitiam tanta dor, que eu quis chorar de novo. 


 


Precisei respirar fundo.


 


Ia começar à falar, mas ela foi mais rápida e entrou no quarto e se ajoelhou diante de mim. Sem parar de chorar e controlando os soluços, ela tentou me olhar nos olhos.


 


Elizabeth: Me de..sc..ulp..a. E..u n..ão. - ela arfava - A c..ulpa é m..i..n..ha. E..u nu..ca...eu...não..- seu choro foi ficando mais forte e seu corpo trêmulo.


 


Me afastei de Christopher lentamente, fiquei de joelhos em frente à ela e fiz uma coisa que já tinha feito antes, sem saber que ela poderia ser minha mãe. Abracei Elizabeth com o máximo de força que consegui encontrar. Ela me agarrou de uma forma esmagadora, com uma força ao ponto de quase nós derrubar ao chão. Em meio ao choro ela pedia perdão, em meio a frases sem quase compreensão pedia perdão, em meio ao seu próprio desespero pedia perdão, perdão, perdão, perdão.


 


Fechei os olhos e chorei me sentindo pela primeira vez no lugar na qual eu pertencia. No lugar onde sempre pertenci. Nós braços da mulher que tinha me dado a vida. Deixei minha cabeça cair em seu ombro e aspirei seu cheiro, o cheiro que pertencia a minha... mãe.


 


Elizabeth: E..u te a..m..o. Se..mp..re te am..e..i. Voc..ê é mi..nh..a fi..lha. Me..u am..or - como se ainda fosse possível me apertava ainda mais.


 


De repente imagens de nós duas juntas surgiu na minha cabeça. A primeira vez que nós virmos, a maneira como sorrimos uma para a outra, a forma como tinha amado ela sem entender o por quê, o modo como seus olhos verdes me hipnotizam, a maneira que ela me abraçou quando estava na sala de espera no hospital quando minha cunhada deu entrada, a maneira que ela me viu depois que fiquei cinco meses fora, a maneira como ela cuidou de mim na gravidez, a maneira que me reconfortou no parto e a maneira que ela me abraçava agora.


 


Eu tinha uma mãe


 


Aquela mulher era minha mãe.


 


Mãe.


 


Dulce: Tam..bém te a..mo - consegui dizer em meio ao choro.


 


Ficamos abraçadas de joelhos no chão do quarto e envolvidas por tanto tempo, que apenas quando não ouvi meu choro e nem o dela abri os olhos, meu coração ainda batia acelerado quando nós soltamos devagar. Notei que estávamos sozinhas.


 


Acabei sentando no chão e ela fez o mesmo. Seu rosto já estava inchado de tanto chorar, o meu deveria está do mesmo modo. Ela me olhava da mesma forma que eu à ela. 


 


Dulce: Como é possível? 


 


Primeiro ela estendeu a mão pra mim ansiosa para me tocar. Segurei sua mão firmente. Nossas mãos estavam frias.


 


Elizabeth: Eu tinha dezessete anos. Quase dezoito. E diferente da minha irmã gêmea que nunca se deu bem com nossos pais e que já era casada com o primeiro marido dela e vivia a própria vida muito longe da família, eu era a preferida deles, a garota de cabeça certa e que nunca errava. Ela era a rebelde que nunca deu valor a família e eu era perfeita, sempre fazendo o que meus pais ordenava. Sempre baixando a cabeça. Nunca respondi e nem levantava a voz à eles. Eu já tinha um futuro todo traçado..- falava com os olhos nas nossas mãos - Meu pai já tinha arranjado um casamento para mim. Era um filho de um importante juiz na Europa. Eu nem ao menos tinha visto o rosto dele. Meus pais me tratavam como uma boneca cheia de luxos e sem voz e sem opinião. E eu era muito boba e ingênua. Jamais ia desobedece-los. - soltou um sorrisinho - Minha irmã antes virar as costas para a família e partir de vez para a própria vida, me disse que eu ainda ia me arrepender de ser assim, que eles iam me machucar muito. Era óbvio que ela estava certa, mas como eu era boba não dei ouvidos à ela e ainda a condenei por virar as costas para a própria família. Como me arrependo de não ter aceito a oferta e de ter partido junto com ela.


 


Dulce: Nunca soube que tinha uma irmã até minha primeira consulta com você. - murmurei.


 


Elizabeth: Ela nunca gostou muito dos nossos pais. Mais amava nossa avó materna. - deu um sorrisinho - Quando ela morreu, Jennifer morreu junto com ela também. Desde de criança ela odiava tanta espocisão. Sempre foi rebelde e por isso, decidiu viver a própria vida depois do colegial. Pulamos um ano, por isso aos dezessete já estávamos na faculdade. Jeniffer se recusava à aparecer nas fotografias e reportagens. E depois que ela foi embora, ficamos bem distantes. Quase como estranhas. Por isso, a maioria das pessoas não a conhece. Quando pergunto sobre assuntos de família pra mim, eu evito falar. Hoje ainda somos distantes, mas nós falamos com mais frequência. 


 


Dulce: Sinto muito. 


 


Elizabeth: Ela também sofreu uma perda. - balançou a cabeça - Enfim, se me deixar falando aqui, fico falando dela para sempre. Aos dezessete anos, ela foi embora de casa e de cidade me deixando sozinha com os nossos pais, entrei na faculdade mais disputada de Chicago. Meus pais não queriam me deixar fazer o curso longe, eles não queriam me perder também. Mas era só uma desculpa para continuar mandando na minha vida. Brincando com a boneca deles. No primeiro dia de aula, eu conheci o garoto mais lindo do mundo. - me olhou nos olhos - Ele andava olhando para os livros distraído pelo corredor da faculdade, eu sempre fui uma menina muito delicada e sempre controlada, mas naquele dia meus pés se arrastaram em direção à ele e quando vi estava forjando um esbarrão em cima dele. E como acontece nesses filmes melosos que Alfonso odeia, ele derrubou os livros e ao invés de olhar para o chão, ele me olhou e...- sorriu - Eu me apaixonei alí mesmo pelo seu pai.


 


Dulce: Hoje em dia isso é muito clichê. - não pude esconder o sorriso. Estava ouvindo a minha própria história. Porque a história deles, era a minha história também. - Qual o nome dele? Quantos anos tinha?


 


Elizabeth: Fernando. Ele tinha dezoito. Quase dezenove. - deu um sorriso triste. - Desde do esbarrão não tínhamos nós largado o dia inteiro. Ele também estava fazendo medicina. Tínhamos caído na mesma turma, então, tínhamos colado um ao outro. Naquele dia eu já sabia de tudo sobre ele. E ele de mim. Era filho único, mãe já tinha partido, só tinha o pai, trabalhava numa lanchonete, tinha entrado na faculdade que era o sonho dele através da bolsa, morava com os amigos, adorava animais, café, praia, amava ler, odiava discoteca e aglomeração. E era lindo. - sorriu - Seu pai era tão lindo. O garoto mais lindo do mundo. Eu amava o cabelo dele e a voz dele e ele era tão diferente, tão especial, naquele mesmo dia ele disse que meus olhos eram os verdes mais lindos do mundo, que ele queria contempralos pra sempre. - apertou minha mão - Os dias foram passando, estávamos sempre juntos e...quando não era na faculdade, eu ia vê-lo a tarde na lanchonete e voltava a noite só para vê-lo de novo. Eu amava sentar na mesma mesa sempre, não bebia e nem comia nada. Só ficava olhando para ele. Seu pai era tão bonito Dulce. 


 


Dulce: Era?


 


Ela assentiu.


 


Elizabeth: Ele morreu. - seus olhos encheram de lágrimas novamente. - Mais eu não quero apressar, falando tudo desde do início me faz ficar mais próxima dele de alguma forma. Além de você. É óbvio. 


 


Dulce: Tem fotos dele?


 


Elizabeth: Apenas duas. Na qual guardo à sete chaves. Depois você vai ver como ele era lindo. - limpou o rosto da lágrimas - Uma noite ele me levou para conhecer os amigos no apartamento deles. Eu os conheci e eles foram para uma discoteca, deixando nós dois sozinhos na sala. - falou nostálgica - Foi ali que nos beijamos pela primeira vez e como eu estava tão apaixonada, tão..louca por ele que...bom, você sabe o que aconteceu depois.


 


Dulce: Fui concebida no sofá? - sorri.


 


Elizabeth: Não. Eu não engravidei naquela noite. - o sorriso aumentou - E nem nas outras noites também. Começamos a namorar, eu estava tão feliz que já não conseguia esconder. Meus pais começaram a questionar o motivo da felicidade. E..- fechou o sorriso - Cometi o erro de dizer que estava namorando. Eles odiaram na mesma hora. Já que teoricamente na cabeça deles estava noiva de outro. E quando contei que ele não era da nossa...como meus pais chamavam? - olhou para o teto - Do nosso pedigree, eles se enfureceram. A partir dali me mandaram terminar com ele na mesma hora, achando que mais uma vez eu ia abaixar a cabeça e concordar. Eu apenas fiquei calada. E com isso eles acharam que era o que eu ia fazer. 


 


Dulce: Por quê as pessoas ricas são assim? Por Deus! - suspirei - A mãe de Christopher até hoje não me aceita e até desconfio de que...- parei de falar, não era o momento para isso - Desculpe. Continue.


 


Elizabeth: As semanas foram passando e eu escondia minha felicidade. Meus pais acharam que eu tinha terminado, os trabalhos do curso começaram, o que deixava pouco tempo para seu pai e eu nós encontrarmos. De repente, uma manhã antes de ir para a faculdade o tal do meu noivo arranjado apareceu e foi recebido com honras pelos meus pais dizendo que em questão de dois meses eu ia me casar. Fiquei maluca e gritei que não ia casar coisa alguma, fui para a faculdade deixando os três lá e vendo meu estado, tive que contar para Fernando o quê meus pais queriam e do verdadeiro motivo que não queria que ele conhecesse os dois. Seu pai apenas disse que já sabia sobre eles não o aprovarem. E que não iria deixar os dois nos separar, se realmente o amasse como ele me amava. Que estava disposto a tudo para ficar comigo. E perguntou se eu estava disposta também.


 


Dulce: Óbvio que você estava.


 


Elizabeth: Foi exatamente essas palavras que falei pra ele. - deu um sorrisinho - Ele propôs caso fosse a última alternativa para ficarmos juntos, que fugisse com ele. Eu disse sim no mesmo segundo. Mas perguntei se era isso mesmo que ele queria, já que o curso que ele lutou tanto para conquistar era o sonho dele. Ele apenas encarou meus olhos e disse que os sonhos mudavam e o quê ele mais queria na vida era está comigo para sempre. Então, sabendo que meus pais não iam mudar nunca de opinião, que ia me forçar a casar, eu e ele planejamos nossa fulga. Na época eu mesma não tinha dinheiro, eram os meus pais que davam pra mim, mas eu tinha jóias. Muitas jóias. Então, tinha uma pequena fortuna para sair da cidade e viver por um bom tempo sem se preocupar. Ele também tinha um bom dinheiro guardado. Fui pra casa tentando mudar já sabendo a resposta, que eles iam me forçar a casar em questão de meses. Eles jamais esperavam que eu, a certinha ia fugir, acharam que quando chegasse perto do casamento eu ia me conformar e casar. Fingi que tinha terminado o namoro para assim, não fazer eles apressarem o casamento como os pais do meu "noivo" queriam. Os dois meses passaram, nesse meio tempo passei muito mal e tudo estava pronto para nossa fulga. Faltava duas semanas para aquele casamento ridículo. 


 


Dulce: Eu já..


 


Elizabeth: Os motivos do meus enjoos e vômito era você. - sorriu - Tinha ido ao nosso hospital fazer exames escondido da minha mãe. Meu pai não estava na cidade. Consegui que ninguém de lá avisasse à ela. - me encarou com os olhos lacremejando - Eu te amei desde que o médico disse que você estava dentro de mim. Te quis desesperadamente. Só me deu mais força para largar tudo e fugir para ser feliz com seu pai e você. Decidi contar para seu pai no dia da fulga. Dois dias depois, peguei uma bolsa e coloquei apenas algumas roupas, sai escondida de casa e fui me encontrar com seu pai na casa dele com tanta felicidade. Estava louca para ver a reação dele, éramos jovens, mas nós amávamos tanto e ter você como prova disso era tão... maravilhoso, tão perfeito. Eu não conseguia nem acreditar que estava grávida do amor da minha vida.


 


Fez uma pausa apertando novamente nossas mãos unidas.


 


Elizabeth: Quando cheguei, ele já estava pronto para partimos. Estava apenas se despedido dos amigos dele. Esperei ansiosa para contar a novidade e para fugimos. Quando ele segurou na minha mão, a beijou e disse que estava pronto para partimos, para viver o resto da vida ao meu lado, abri a boca para falar da gravidez, mas ele de repente começou a passar mal e...- voltou a chorar - Desmaiou. Eu e os amigos dele o levamos para o hospital, o meu hospital, ele não acordava e eu desesperada pedia para ele acordar, mesmo ele não ouvindo falei que estava grávida. Quando chegamos e o levaram, passou uma eternidade até que o médico desse notícias. E quando ele veio, segurou no meu ombro e disse que... Fernando tinha um tumor maligno em um estado bastante avançado no cérebro..- balançou a cabeça - Que o tumor tinha se rompido e que já não podia fazer mais nada. Ele já tinha chegado morto. - começou a chorar compulsivamente.


 


Abracei bem apertando.


 


Meu Deus!


 


O meu pai era tão jovem e...


 


Meu Deus!


 


Senti uma lágrima descer por meu rosto.


 


 


 


 


 


 


 


{...}


 


 


 


 


 


 


Elizabeth: Lembro que não consegui ouvir mais nada. Apenas cai no chão e comecei a gritar. - continuou falando depois de pararmos de chorar - Ele estava morto. O amor da minha vida estava morto. Nunca mais ele estaria comigo. E ele nem ao menos ouviu que íamos ter um filho. Lembro que minha mãe apareceu lá e me arrancou daquela sala de espera. Tinha entrado em estado de choque. Precisei ser medicada e por causa disso, o médico revelou para ela que eu estava grávida, não lembro de mais nada depois disso, apenas me drogaram e eu dormi.


 


Dulce: Sinto tanto. Consigo entender muito bem. Só de imaginar Christopher...eu..- não consegui concluír a frase. 


 


Elizabeth: Quando acordei meus pais estavam em cima de mim. Bastante furiosos. Mas eu não conseguia ouvir nada o que diziam. O amor da minha vida tinha ido para sempre. Tinha me deixado. Me deixado com um pedaço dele dentro de mim. E aquele pedaço era tudo o que tinha. O pai dele foi comunicado, mas o pai dele era um bêbado miserável que nunca tinha se importado com ele. E não foi diferente na morte dele também. Foi preciso uma prima distante resolver toda a burocracia. O médico deixou que me despedisse dele. Foi horrível, eu não parava de chorar quando beijei seu rosto uma última vez. O nosso bebê era tudo que eu ainda tinha. - fez uma pausa - Quando ele foi enterrado, eu entrei numa depressão tão grande que tinha ficado presa ao passado. Não conseguia agir, falar, pensar, comer ou tomar banho. Ficava passando um filme na minha cabeça todo o tempo do nosso curto amor. Apenas quando a barriga começou a crescer que eu comecei a reagir. Eu ainda tinha você. 


 


Dulce: Ele não tinha os sintomas?


 


Elizabeth: Na minha frente não. Apenas quando estava longe de mim. Sempre quando ele estava com os amigos. Eles me contaram que eles insistiram para que ele fosse ao médico, mas ele não queria. Por causa dos trabalhos tínhamos pouco tempo juntos, era quando ele ficava sozinho que os sintomas apareciam. A noite ele sempre estava com dor de cabeça. 


 


Dulce: Sinto muito. Muito. Muito.


 


Elizabeth: Você me deu força. Enquanto crescia dentro de mim, você me dava cada dia mais força. Foi uma luta para que meus pais aceitassem ou melhor, fingir que aceitavam. O meu "noivo" quando descobriu da minha gravidez, desfez o noivado. Eu não ia casar. De jeito nenhum. O que enfureceu meus pais, se eu fosse vista grávida e sem marido, eu ia ser muito atacada, eles iam ser atacados, era uma vergonha alguém da minha posição social e classe grávida sem marido e nesse mundo de esnobes e ainda mais naquela época era um pecado gigantesco. Então, eles conseguiram me convencer de que aceitaram a gravidez. Mas com a condição de que eu ficasse escondida até o bebê nascer e quando isso acontecesse, eu ia ser mandanda para fora do país para viver com o meu filho.


 


Dulce: Você acreditou mesmo? 


 


Elizabeth: Sim. Como falei antes. Era boba e ingênua. Além disso, estava sofrendo demais pela morte do seu pai, não acreditava que eles poderiam me causar mais dor. Minha irmã ligou pela primeira vez pra mim quando eu estava de quatro meses. Ela queria saber notícias de mim e revelou que estava grávida também. Contei tudo o que tinha acontecido e passamos a nós falar diariamente. Ela disse que era para mim ir morar com ela e com o marido dela quando o bebê nascesse, já que eu não podia sair de casa naquele momento. Meus pais não deixavam por nada que eu saísse de casa. Eles morriam de medo que alguém descobrisse. Quanto a faculdade, eles inventaram que eu tinha decidido fazer outro curso em outra cidade. O tempo foi passando e aos poucos eu fui começando aceitar a morte dele e começava a fazer planos com você. Com oito meses de gestação, eu já não via a hora de você nascer, tinha feito uma barriga gigantesca. Bem redonda. Não comprava muitas coisas de bebê, já que eu ia morar com a minha irmã.  


 


Dulce: Vocês continuavam se comunicando? 


 


Elizabeth: Sim. Diariamente. Eu ia dar a luz primeiro que ela. Era apenas alguns meses de diferença. Meus pais não falavam com a minha irmã e nem queriam saber dela. Só de mim. Nem ligaram para a gravidez dela. O tempo passou e como vinha acontecendo todo aquele tempo, as consultas médicas em casa mesmo, você nasceu no meu quarto. A médica que estava cuidando da gravidez, foi chamada de madrugada quando entrei em trabalho de parto, você só nasceu onze horas da manhã. Fiquei nove horas gritando e gemendo de dor. - tocou nos meus dedos - E quando a médica colocou você no meu colo, eu só sabia chorar. Você era a bebê mais linda mundo. Com os olhos iguais do seu pai. Era linda, perfeita e saudável. E tinha cara de Alyssa. Você é Alyssa Jones Saviñón. 


 


Dulce: É um nome muito lindo. - sorri.


 


Elizabeth: Não mais que você. Nossa primeira noite juntas foi incrível. Para uma recém nascida, você quase não dava trabalho. Eu fiquei babando em você. Estava triste pela morte do seu pai, por não está com nós duas. Mas estava feliz também. Eu tinha você. E isso era tudo. Não percebi que os meus pais estavam mais estranhos que o normal, você roubava toda a minha atenção e pensamento. No segundo dia que você nasceu, depois do almoço enquanto você dormia, decidi pegar uma fralda de pano e bordar as iniciais do seu nome. Queria que fosse meu primeiro presente.


 


Dulce: Sempre me perguntei o quê significava as iniciais. Pensei que fosse meu nome, nome da minha mãe, avó e que nunca ia descobrir.


 


Elizabeth: Agora sabe. - forçou um sorriso - A última noite que passamos juntas, está gravada na minha memória como se tivesse acontecido ontem. Você dormiu ouvindo uma canção de ninar baixinho em seu ouvido. Você estava com a cabeça no meu ombro. Eu segurava seu corpinho tão pequeno e molezinho com todo cuidado mundo. E em prestes, pedia para que seu pai onde estivesse cuidasse de nós duas. As quatro horas da manhã você dormiu e eu a coloquei no berço junto com a fralda de pano. Fui para minha cama ao lado e fiquei vendo-a dormir até eu mesma pegar no sono.


 


Fez uma pausa olhando o chão.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


Elizabeth Jones 


 


 


Elizabeth: Quando acordei estranhei que não tinha acordado com seu choro, virei para o lado e...- engoli em seco - Você não estava no berço. Olhei as horas e passava das dez da manhã. Levantei com meu coração acelerado e desci atrás de você. Notei que as empregadas da casa me olhavam estranho, perguntei por você e elas não falavam. Meu desespero começou quando entrei na sala de está e vi meus pais sentados no sofá....


 


 


Russel e Margaret Jones, meus pais, estavam distraídos sentados no sofá. Minha mãe lia uma revista enquanto tomava chá. Meu pai lia um jornal e fumava um charuto. Ambos completamente relaxados e a vontade, enquanto um tsunami acontecia dentro de mim. Meu coração parecia que ia sair do peito, minhas mãos soavam e estavam trêmulas, o enjôo era forte e meus olhos começaram a encher de lágrimas. 


 


Olhei ao redor sem nenhum sinal de Alyssa.


 


Elizabeth: Cadê a minha filha? O quê vocês fizeram com ela? - respirava com dificuldade.


 


Minha mãe foi a primeira a tirar os olhos da revista e me encarar.


 


Margaret: Sua filha? Aquela menina não é sua filha Elizabeth. Ela é só um atraso na sua vida. 


 


Elizabeth: O quê está falando? Ela é sim minha filha. Cadê ela? - perguntei olhando em volta da enorme sala.


 


Margaret: Já chega Elizabeth! - deixou a revista de lado - Deixamos que brincassem com essa maldita gravidez, deixamos que conhecesse ela, agora já chega. Siga com a vida que planejamos para você. Aquela menina não é nada sua. Nada. - falou séria.


 


Elizabeth: VOCÊ ESTÁ LOUCA! - gritei me aproximando dela. Margaret levantou do sofá tão furiosa quanto - ALYSSA É MINHA FILHA. MINHA FILHA. O QUÊ VOCÊS FIZERAM COM ELA?


 


Margaret: OLHA COMO VOCÊ FALA COM A SUA MÃE. - gritou de volta - Entenda de uma vez por todas. Jamais íamos deixar aquela menina atrapalhar sua vida. Você é a única que sobrou. Você sempre foi mais inteligente que Jennifer. Jamais íamos permitir que fosse embora com aquela menina para ir morar com a ingrata da sua irmã. Você vai ficar aqui conosco. Solteira e sozinha. Irá para outra universidade, vamos atrás de outro noivo e irá se casar com ele. E ponto. Chega dessa história dessa fedelha, esquece aquela menina que não passa de uma bastardinha


 


Elizabeth: COMO VOCÊ PODE FALAR ASSIM DA MINHA FILHA? DE UM BEBÊ? DO SANGUE DO SEU SANGUE? CADÊ A MINHA FILHA? EU VOU EMBORA AGORA COM ELA. CADÊ ELA? - explodi em lágrimas e a sacudi com força.


 


Russel: JÁ CHEGA! CALEM A BOCA DE VOCÊS AGORA! - gritou jogando o jornal de lado e levantou - Se controle Elizabeth Jones. Sua mãe e eu lhe demos educação. Essa não é a maneira de tratar seus pais. - bufou - Sua mãe e eu deixamos que seguisse com a gravidez e concordamos em nos desfazer daquela...menina. - me encarou sério - Ela foi e é um erro em sua vida. Ela é indesejada e sempre será. Você só tem dezessete anos. É uma criança que acha que sabe o que está fazendo, mas não sabe. Aquela menina além de ser um erro, não tem o sangue pedigree igual ao nosso. Jennifer ao menos se casou com alguém do mesmo sangue que ela. Já você fez questão de misturar nosso sangue com qualquer um. Entenda de uma vez por toda que ela nunca mais irá atrapalhar sua vida novamente. Aquela menina nunca existiu. E acabou.


 


Eu soluçava.


 


Elizabeth: C..omo po..dem fa..zer isso? Ca..dê ela? Ond..e a lev..ou? - meu coração estava destroçado. Eu não conseguia enxergar nada com tantas lágrimas.


 


Russel: Ela nunca mais irá voltar. A mandamos para muito longe. Você jamais irá encontra-lá. - sorriu - Sua vida irá voltar a ser normal. Como deve ser. Agora para com esse choro sem sentido e se acostume. - se irritou.


 


Elizabeth: VOCÊS SÃO DOIS MONSTROS. EU ODEIO VOCÊS. EU ODEIO VOCÊS. EU ODEIOOOOOOOOOOOO - gritei desesperada e sai correndo - ALYSSA! ALYSSA! ALYSSA! - gritei por toda casa.


 


Horas depois que me acalmei, peguei uma bolsa e coloquei algumas roupas, as jóias que ia fugir com Fernando e encarei meu quarto pela última vez. O berço da minha filha vazio desfez de vez o resto do meu coração já esmagado.


 


Eu ia achar minha filha. Eu ia achar minha filha. Ia achar minha Alyssa. Nem que fosse a última coisa que eu fizesse nessa vida. Não ia abandona-lá nunca.


 


Jamais.


 


Eu ia achar minha filha!


 


Várias lágrimas desceram por meu rosto enquanto deixava os destroços do meu coração naquele quarto, naquele berço e dei as costas saindo para sempre daquela maldita casa.


 




Espero que tenha gostado!


Estava com saudades!


Comentem!!!!!



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Autor(a): tatayvondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1700



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  • taianetcn1992 Postado em 18/09/2023 - 07:49:08

    mais mais mais

  • gyh Postado em 16/07/2023 - 10:56:59

    Estou ansiosa pra 3 temporada

  • Vondy Forever Postado em 16/07/2023 - 10:33:34

    Amei espero que na 3 temporada permaneça neste mesma pegada

  • gyh Postado em 15/07/2023 - 23:28:52

    Hj entrei no site com a esperança de ter atualização e qnd entro tenho uma grande surpresa

  • gyh Postado em 28/06/2023 - 14:25:39

    Véi volta pelo amor de Dios 🙆😢😩

  • gyh Postado em 12/06/2023 - 19:43:33

    Véi entro no site todo santo dia pensando que tem atualização, Pena que acho que vc desistiu 😢

  • vondy_eternamenty Postado em 11/06/2023 - 14:57:10

    era tão maravilhosa essa historia pena que ela abandonou

  • reginaccsilveira Postado em 11/06/2023 - 12:44:14

    Não posso acreditar que você desistiu 😩

  • gyh Postado em 30/05/2023 - 10:20:16

    Mulher oq aconteceu faz uns 2 meses que vc num posta vc está bem?

  • camilly Postado em 10/05/2023 - 19:35:26

    Cadê você.. Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa... Beijinhuns


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